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Newt sentia que não deveria estar fazendo aquilo de maneira alguma. O que sua mãe diria ? Céus, ela com certeza iria ficar furiosa por ele estar acobertando alguém daquele jeito. E seu pai ? Certo, provavelmente ele seria bem mais liberal com aquilo.
O garoto desceu as escadas do castelo praticamente correndo, com um grande risco de prender o pé em algum degrau faltando e nunca mais sair de lá.
Porém, à medida que chegava mais perto da cabana, seus livros pareciam ficar menos pesados e um certo peso saia de suas costas. Hagrid era seu amigo, e Newt ajudava seus amigos, é claro.
— Hagrid ? — chamou em frente a porta, tentando não derrubar nenhum livro — Sou eu, Newt.
A porta se abriu, revelando o grande homem, que tinha suas mãos cobertas por luvas com estampas de flores amarelas.
— Pode entrar, mini Scamander. — Hagrid falou, retirando as luvas e as guardou em um bolso, e abrindo passagem para o garoto entrar — Conseguiu encontrar ?
Newt balançou a cabeça em confirmação, pegando um dos livros que trazia e consultando o sumário para não perder tanto tempo folheando as páginas — ser amigo de Nicolas te transformava nisso, uma pessoa que não gosta de perder tempo.
— Aqui diz que você deve manter o ovo no fogo. — o garoto leu no livro, enquanto Hagrid escutava com atenção — E que quando chocar, deve lhe dar um balde de conhaque misturado com sangue de galinha a cada meia hora. — Newt respirou fundo — Cara, onde você vai conseguir tantas galinhas assim ?
— Não se preocupe, Newt, vou conseguir dar um jeito. — falava, enquanto observava o ovo de dragão com admiração — Se a gente pelo menos soubesse de qual espécie ele é…
O lufano voltou a folhear o livro, pulou alguns capítulos e parou em uma página que continha diversas gravuras de ovos e dragões em tamanho adulto. Ele ergueu o olhar para o ovo que Hagrid tinha em mãos e depois baixou para o livro, repetiu a ação três vezes, apenas para ter certeza.
— É um dragão norueguês ! — exclamou — Aqui também diz que esses são raros.
Naquele ponto, Hagrid já havia colocado o ovo no meio do fogo e trancado as janelas, querendo deixar um ambiente perfeito para o ovo de dragão. Mas não era o ambiente perfeito para uma criança de onze anos.
— Tenho que ir, vou ter aula de herbologia agora. — avisou Newt, levantando-se — Vou deixar o livro aqui, caso precise.
— Obrigado, Newt, você é uma boa criança. — não era possível saber o que brilhava mais, se eram os olhos de Hagrid ou os olhos de Newt.
O garoto se levantou para sair da cabana, mas uma voz em seu consciente pareceu gritar que deveria avisar algo.
— Ouça…— murmurou, virando-se para o homem — tenha cuidado, por favor, estou com um mal pressentimento.
Hagrid concordou com a cabeça e o lufano saiu, indo em direção às escadas, mas nem precisou entrar no castelo pois logo a turma do primeiro ano da Lufa-Lufa saiu.
— Onde você estava, garoto ? — a voz de Susan Dursley sobressai ao seu lado, o menino quase pulou.
— Não faça mais isso. — disse, colocando a mão sobre o coração, e olhou para ela: — Fui conversar com um amigo.
Ela apenas ergueu as sobrancelhas e chamando Scarlet, que estava mais atrás do grupo, os três seguiram juntos para a aula nas estufas.
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[Biblioteca de Hogwarts]
Ter Hermione Granger como amiga, ou apenas conhecer a garota, era realmente algo que salvava o grupo quando estava “perto” dos exames — faltava por volta de oito semanas, mas para a Granger era perto o suficiente para alguém não estudar um determinado assunto e perder de ano.
A garota havia montado algo parecido com um grupo de estudos, haviam alunos das quatro casas e em maioria, os do primeiro ano. Ártemis, Solaris, Nicolas e Newt foram os primeiros a se oferecerem — Harry e Rony foram praticamente obrigados a estarem lá, mas estavam. Neville também havia ido —, da Lufa-Lufa, Scarlet Longbottom e Susan Dursley estavam lá — o grupo se surpreendeu quando descobriram o parentesco de Harry e Susan — da Sonserina, Pandora Riddle e Nash Raeken estavam lá e da Corvinal, Lorena de Fonseca.
— Alguém entendeu algo de poções ? — lamentou-se Solaris, jogando o livro que tinha em mãos na mesa e descansando a cabeça no mesmo livro — Eu acho que vou desistir.
— O que você não entendeu ? — perguntou Pandora, chamando a atenção da ruiva, que logo se recompôs e abriu o livro — Eu posso te ajudar, se quiser.
— Eu agradeceria muito. — Solaris mudou de lugar, sentando-se ao lado da sonserina e a loira começou a explicar sobre o antídoto de venenos incomuns. Não demorou muito para Scarlet Longbottom se juntar às duas.
Neville ajudava Susan com o estudo de herbologia. A garota não gostava da matéria, e por sorte, Neville era muito bom com a matéria e com plantas.
A tarde seguiu-se nesse estilo, os alunos ajudando-se entre si. Vez ou outra, alguns levantavam-se e faziam perguntar aos outros com relação ao tema que haviam visto a algum tempo; faziam anotações e compartilhavam essas entre si.
Só perceberam que o tempo havia passado quando Madame Pince foi avisar ao grupo que logo a biblioteca iria fechar temporariamente para o jantar.
Despedindo-se uns dos outros, cada aluno seguiu para sua comunal.
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[.]
Naquela manhã, Harry, Rony e Hermione haviam ido ver o dragão de Hagrid sair do ovo, e tiveram a grande surpresa de encontrar Newt Scamander ansioso para o evento. Mas para o azar desses, Draco Malfoy havia tomado conhecimento do segredo de Hagrid quando espiou pela janela da cabana. Agora, os quatro tentavam ao máximo que podiam negociar com o homem para que ele deixasse o dragão ir ou mandá-lo para um lugar seguro, eles temiam o que Malfoy poderia fazer com Hagrid se revelasse para alguém a existência do dragão nos terrenos da escola.
— Se pelo menos tivéssemos alguém de confiança para mandar Norberto. — suspirou Newt, jogando-se em uma das grandes poltronas que havia na cabana. Cansado, o garoto jogou as mãos no próprio rosto.
Harry encarou o lufano, e depois se voltou para Rony: — Carlinhos.
— Você também ? — lamentou-se o ruivo — Eu sou o Rony, está lembrado ?
— Não..seu irmão Carlinhos. — repetiu o Potter — Ele estuda dragões na Romênia, não é ? — o outro concordou com a cabeça — Poderíamos mandar Norberto para lá, Carlinhos cuidaria e depois o devolveria para a floresta.
— Brilhante ! — exclamou — O que você acha, Rúbeo ?
Depois de várias lamentações do homem, um quase choro, e mais e mais argumentos das quatro crianças, acabou com Hagrid concordando em mandarem uma coruja para consultar Carlinhos.
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Carlinhos havia respondido a carta, informando que alguns amigos iriam passar no sábado por perto de Hogwarts, e se pudessem, levassem o dragão para a torre mais alta do castelo. O plano inicial era que Harry e Rony o levasse, mas Noberto havia mordido o Weasley e o corte estava feio — havia adquirido uma cor verde, que deixou alguns alunos desconfiados e Hermione em desespero —, e de acordo com Madame Pomfrey, o ruivo não poderia fazer muito esforço nos próximos dias.
E como qualquer bruxo que se preze, o azar daqueles era gigante. Malfoy havia ido ameaçar Rony de contar o segredo que guardava, e com a desculpa que havia ido pegar um livro emprestado, apenas puxou o primeiro que viu ao lado do garoto. Mas era naquele livro que estava a carta de Carlinhos.
— Espero que eu beba veneno. — lamentava-se Newt, com um claro tom de ironia, mas com um fundo de desespero.
— E agora ? — perguntou Harry.
— Vou com voc…— Hermione ia falar, mas o lufano interrompeu.
— Não. Eu vou com o Harry. — falou — Você fica cuidando do Rony e precisa garantir que Ártemis e Solaris não saiam da comunal no sábado.
Não era o que a garota queria, mas sem opções, ela apenas concordou.
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[Sábado, 23:35]
Harry e Newt se dirigiram até a cabana de Hagrid com a capa da invisibilidade, acabaram atrasando-se um pouco por terem que esperar Pirraça desimpedir o caminho para o saguão de entrada. A noite estava escura e enevoada, parecia combinar com a tristeza que Hagrid sentia naquele momento.
O homem havia embalado o dragão dentro de um grande caixote. Hagrid disse que havia colocado muitos ratos e um pouco de conhaque para a viagem, além de um ursinho de pelúcia para que ele não ficasse solitário.
— Até a vista, Norberto ! — soluçou Hagrid, quando os dois garotos cobriram o caixote com a capa e entraram debaixo dela — Mamãe nunca vai esquecer você !
Quando aproximava-se da meia noite e os dois subiam pelas escadas carregando o caixote, já estavam quase sem fôlego pelo o peso. Quase que uma lâmpada acendeu sobre a cabeça do lufano.
— Espera aí. — sussurrou, puxando a varinha e proferindo o feitiço de Pena Onnus. Na verdade, ele nem esperava que fosse funcionar, já que nunca havia tentado usar o feitiço com algo daquele tamanho, mas logo o peso do caixote foi diminuindo, facilitando para que os dois terminassem o caminho que seguiam — Porque eu não pensei nisso logo.
Eles continuaram andando, mas um movimento quase os fez derrubar o caixote. Rapidamente os dois encolheram-se nas sombras, esquecendo completamente que estavam invisíveis. Uma lâmpada acendeu.
— Está detido ! — gritou a professora Minerva, num robe de lã escocesa e rede no cabelo, enquanto segurava Malfoy pela orelha — E são vinte pontos a menos para a Sonserina.
— A senhora não compreende, professora, Harry Potter está vindo aí, vem trazendo um dragão. — o menino se debatia enquanto tentava explicar.
— Que absurdo ! Como você se atreve a contar tais mentiras ?! Vamos, vou conversar com o Professor Snape sobre você, Malfoy !
E os dois se afastaram. O resto da escadaria pareceu apenas mais uma caminhada normal depois do que viram. Apenas quando saíram no ar frio da noite foi que sse livraram da capa da invisibilidade.
— Espere só até os outros ficarem sabendo. — Newt falava animado — Draco foi detido ! Que beleza de noite.
— Nunca achei que fosse ficar feliz por sair de madrugada. — Harry também ria, concordando com o que o Scamander falava.
Conversando e rindo de Malfoy, os dois esperaram, enquanto Norberto se debatia dentro do caixote. Passando por volta de dez minutos, quatro vassouras surgiram da escuridão e mergulharam em direção à torre.
Os amigos de Carlinhos eram realmente um grupo animado. Mostraram para os dois os arreios que tinham trazido para suspender o dragão entre eles. Todos ajudaram a prender Norberto nos arreios e então Harry e Newt apertaram as mãos de todos, agradeceram e desejaram boa-viagem — Newt pediu, se possível, que mandassem notícias quando chegasse ao destino.
Finalmente Norberto estava indo...indo...e finalmente se foi.
A dupla desceu a escada sem fazer barulho, de corações e mãos leves. Sem dragão e com Malfoy detido, teria como algo estragar aquela noite ?
Sim, e a resposta para aquela pergunta estava esperando ao pé da escada.
Quando chegaram ao corredor, a cara de Filch assombrou-os, emergindo da escuridão.
— Merda. — Newt disse baixo.
— Estamos encrencados. — sussurrou Harry.
Tinham deixado a capa da invisibilidade no alto da torre.
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As coisas não poderiam estar piores.
Filch levou-os à sala da Professora Minerva no primeiro andar, onde eles ficaram sentados esperando, sem trocar uma palavra entre si. Newt constantemente limpava as mãos que suavam sem parar na calça de suas vestes. Desculpas, álibis e justificativas fantásticas substituíram-se umas às outras na cabeça de Harry, cada qual mais capenga do que a anterior. Ele não conseguia ver como iam se livrar desta encrenca. Estavam encurralados. Como podia ter sido burro a ponto de se esquecerem da capa? Não havia nenhuma razão no mundo para a Professora Minerva aceitar que estivessem fora da cama, esgueirando-se pela escola a altas horas da noite, e muito menos que estivessem na alta torre de astronomia, que era proibida aos alunos a não ser durante as aulas.
Some-se a isso Norberto e a capa da invisibilidade e seria melhor começarem a fazer as malas.
Os dois simplesmente achavam que as coisas não podiam ficar pior, mas estavam completamente enganados, e perceberam isso quando a Professora Minerva vinha trazendo Neville e Scarlet.
— Harry ! Newt ! — exclamaram os dois ao mesmo tempo, mas apenas Neville continuou a falar: — Estávamos tentando encontrar vocês para avisar que ouvimos Malfoy dizer que ia pegar vocês, disse que...
Harry apenas sacudiu a cabeça e o outro calou-se na mesma hora. Pela expressão da professora, parecia mais provável que ela cuspisse fogo pelas narinas ao invés de Norberto, enquanto olhava os quatro de cima para baixo.
— Eu jamais teria acreditado que vocês fossem capazes disso. — e olhou para o lufano — Sr. Scamander, o que está acontecendo ? — depois voltou a encarar os quatro — O Sr. Filch disse que vocês estavam no alto da torre de astronomia. É uma hora da madrugada. Expliquem-se.
— Acho que tenho uma boa ideia do que anda acontecendo — disse a professora — Não preciso ser um gênio para somar dois mais dois. Vocês contaram a Draco Malfoy uma história da carochinha sobre um dragão, tentando tirá-lo da cama e metê-lo em apuros. Eu já o apanhei. Suponho que achem engraçado que os Longbottom tenham ouvido a história e acreditado nela também.
Harry surpreendeu o olhar e olhou para os dois, tentando dizer, sem falar, que aquilo não era verdade; porque Neville tinha uma expressão de espanto e mágoa. Por sorte, Scarlet pareceu ter notado e disfarçadamente, avisou o irmão.
— Estou desapontada. — disse a professora Minerva — Cinco alunos fora da cama em uma noite ! Nunca ouvi falar numa coisa dessas antes ! E você, Newt Scamander, achei que o senhor tivesse mais juízo do que os outros três — provavelmente referia-se à Ártemis, Solaris e Nicolas, já que era difícil de vê-los separados —, e quando a você Harry Potter, achei que a Grifinória significava mais para você do que parece.
Harry engoliu uma reclamação, não queria piorar sua situação. Mas é claro que a Grifinória lhe significava muito mais, quase havia engasgado com o pomo de ouro para tentar ganhar uma partida e já havia se machucado mais em outras partidas.
— E aos Neville e Scarlet Longbottom — virou-se para os irmãos — irão pegar uma detenção junto com os outros, nada permite que vocês andem nos corredores durante à noite, principalmente nos dias que correm, é muito perigoso. — respirou fundo e completou: — Vou tirar cinquenta pontos da Grifinória e quarenta da Lufa-Lufa.
— Cinquenta ? — Harry ofegou.
— Cinquenta pontos de cada um. — acrescentou a professora Minerva, respirando com esforço.
Harry parecia que iria ter um treco ali mesmo, Neville tremeu, Scarlet parecia — e sentia — que ia desmaiar e Newt sentiu que seu olho havia começado a tremer.
— Professora...Por favor...A senhora não pode...
— Não venha me dizer o que eu posso e o que eu não posso, Harry Potter. Agora, voltem para a cama, todos vocês. — e se voltou para Neville e Harry — Nunca senti tanta vergonha de alunos da Grifinória antes — virou-se para Scarlet e Newt —, e terei uma conversa com a Professora Sprout sobre vocês dois.
Derrotados, os quatros saíram da sala. Cada casa havia perdido cem pontos, desfavorecendo ambas.
— Newt. — chamou Harry, antes dos lufanos seguirem seu caminho — Obrigado pela ajuda.
— De nada, quando precisar é só chamar. — disse ele.
— Mesmo que te envolva em encrenca ?
Um sorriso surgiu nos lábios do garoto. O sorriso que quem conhecesse Ártemis ou Solaris reconheceria de longe. Aquele que indicava que algo bom — de acordo com as regras da escola — não iria vir em seguida.
— É claro. — respondeu, segurando uma risada — Principalmente para isso, por favor.
Neville e Scarlett se abraçaram, e cada dupla seguiu para sua determinada casa.
— Tinha mesmo um dragão ? — a voz de Scarlett foi ouvida de longe pelo o irmão.
— Sim. — Newt respondeu no mesmo momento.
Neville gostaria de perguntar aquilo para Harry, mas haviam tido muita emoção para uma noite só.
Harry não dormiu a noite inteira. Ouviu Neville soluçar com a cara no travesseiro durante o que lhe pareceram horas. Harry não conseguia pensar em nenhuma palavra para consolá-lo. Sabia que Neville, como ele mesmo, estava com medo do amanhecer.
O que aconteceria quando o resto de Grifinória descobrisse o que tinham feito?
A princípio, os alunos de Grifinória que passavam pelas gigantescas ampulhetas que marcavam o placar das casas, no dia seguinte, acharam que tinha havido um engano. Como podiam de repente ter cem pontos a menos do que no dia anterior?
E então a história começou a se espalhar. Harry Potter, o famoso Harry Potter, seu herói dos jogos de Quadribol, fora o responsável pela perda de todos aqueles pontos, ele e mais um panaca do primeiro ano. E então a história começou a se espalhar. Harry Potter, o famoso Harry Potter, seu herói dos jogos de Quadribol, fora o responsável pela perda de todos aqueles pontos, ele e mais um panaca do primeiro ano.
E os da Lufa-Lufa se encontravam na mesma situação, como poderiam o doce e gentil Newt Scamander ter feito com que sua casa perdesse cem pontos em uma noite ? — Newt havia dado um jeito de cobrir que Scarlet estava junto com ele na noite anterior, não queria que nem ao menos olhassem torto para algum amigo seu e sempre tratava de protegê-los quando podia. Era uma pena que não tivesse conseguido fazer o mesmo com Harry e Neville.
Da posição de aluno mais popular e admirado na escola, Harry passou a ser o mais odiado. Até os alunos da Corvinal e Lufa-Lufa se voltaram contra ele, porque todos desejavam há muito tempo ver a Sonserina perder a Taça das Casas. Para todo lado que Harry ia, às pessoas o apontavam e não se davam ao trabalho de baixar as vozes para xingá-lo. Os de Sonserina, por outro lado, batiam palmas quando ele passava, assobiavam e davam vivas.
"Obrigado, Potter, ficamos lhe devendo essa !"
— Olhe, eu acho que nós já deveríamos ter feito alguma azaração em pelo menos cinco deles. — sugeria Solaris.
— Eu sei que você não é inteligente, mas quero ter certeza — suspirou Nicolas, um dos poucos sonserinos que pareciam não estar tão contente com o rebaixamento da casa dos amigos — você é burra ?
— Cala a boca, Nicolas. — a ruiva disse, quase arremessando um livro no garoto, esse que foi impedido de ser levantado porque Ártemis o enfeitiçou.
— Nico tem razão. — lamentou-se a Lupin — Se fizermos isso, podemos perder mais pontos.
Naquele momento, Newt se aproximou do grupo.
— Oi.
— Grande Newt ! — Nicolas passou o braço pelos ombros do amigo — Porque não chamou a gente para uma aventura ontem ?
— Achei que eu fosse burra. — zombou Solaris, mas o sonserino apenas deu língua em troca.
— Não queria que mais pessoas fossem envolvidas, estava com um pressentimento ruim — suspirou ele, arrumando a gravata da lufa-lufa — e olha, eu estava certo. Mas, só dessa vez, eu preferia estar errado.
— Hermione disse que você pediu que não deixasse que Sol e eu saíssemos da torre.
— Se o tio Rem recebesse uma reclamação sua, ele com certeza iria sentir que falhou criando vocês. — alertou o Scamander.
— "Eu passei sete anos organizando e colocando pegadinhas em prática, como vocês foram pegos na primeira ?" — Nicolas fez uma péssima imitação do tio.
— Ele provavelmente diria algo assim. — concordou a Lupin, olhando para o lufano em seguida — Mas isso não quer dizer que apenas você tenha que levar reclamações, não acho que o Sr. e Sra. Scamander iriam gostar.
Respirando fundo, e sem escolha, Newt concordou com a cabeça. Pediu licença quando alguns amigos da Lufa-Lufa o chamaram para a próxima aula. Quase que no mesmo instante, Pandora Riddle aproximou-se de Nicolas, avisando que iriam se atrasar para a aula; eles se despediram das garotas e seguiram seu caminho.
Europa Wood se aproximou na mesma velocidade que os outros dois saíram, parecia eufórica para contar o que descobrirá.
— Harry contou para vocês ? — ambas negaram com a cabeça — Meu irmão disse que ele pediu demissão do cargo de apanhador.
— O que ?! — exclamou Ártemis — E Oliver aceitou ?
— Não, — falou negando com a cabeça — disse que se não tivessem um apanhador, não iriam conseguir recuperar os pontos no Quadribol.
— Ouvi dizer que eles estão estranhos. — comentou Solaris.
— Sim, — confirmou a Wood — meu irmão disse que os outros jogadores referem-se a Harry como "o apanhador".
— Oh céus.
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[.]
Então, uma semana antes de começarem os exames, a nova resolução de Harry de não se meter em nada que não fosse de sua conta, foi submetida a um teste inesperado. Ao voltar da biblioteca, sozinho certa tarde, ouviu alguém choramingando numa sala de aulas mais à frente. Ao se aproximar, ouviu a voz de Quirrell.
— Não... Não... Outra vez não, por favor...
Parecia que alguém o estava ameaçando. Harry se aproximou um pouco mais.
— Está bem... Está bem — ouviu Quirrell soluçar.
No segundo seguinte, Quirrell saiu correndo da sala de aulas ajeitando o turbante. Estava pálido e parecia prestes a chorar. E desapareceu de vista, Harry achou que Quirrell nem sequer reparara nele. Esperou até que o ruído dos passos de Quirrell desaparecesse e, então, espiou para dentro da sala. Estava vazia, mas havia uma porta entreaberta na outra extremidade. Harry já ia em direção à porta, quando se lembrou de que prometera a si mesmo não se meter em nada.
Assim mesmo, teria apostado doze pedras Filosofais que Snape acabara de deixar a sala, e pelo que Harry acabara de ouvir ganhará uma nova agilidade nos passos. Quirrell parecia ter finalmente cedido.
Harry voltou à biblioteca, onde Hermione estava tomando os pontos de astronomia de Rony e Ártemis terminava um trabalho da mesma matéria. Contou-lhes o que ouvira.
— Snape então conseguiu — exclamou Rony, — Se Quirrell contou a ele como quebrar o feitiço anti magia das trevas...
— Mas ainda temos Fofo — lembrou Hermione.
— Olhem...— Ártemis interrompeu antes que Rony respondesse a Granger — E se...e se o Snape não tiver nada haver com isso ? — respirou fundo quando viu os olhares de surpresa dos três — Eu não gosto muito dele, e dá de notar que o sentimento é recíproco, mas não faz sentido um professor se voltar contra Hogwarts. Principalmente com um homem como Dumbledore como diretor.
— É isso ! — exclamou Hermione, olhando para a amiga — Vamos procurar Dumbledore. Isto é o que deveríamos ter feito há séculos. Se tentarmos alguma coisa por conta própria, com certeza vamos ser expulsos.
— Mas não temos provas — disse Harry. — Quirrell está apavorado demais para nos apoiar. — e como se nunca tivesse ouvido Ártemis, o garoto continuou com a teoria que o professor estava por trás de tudo — Snape só precisa dizer que não sabe como foi que o trasgo entrou no Dia das Bruxas e que nem chegou perto do terceiro andar. Em quem vocês acham que eles vão acreditar, nele ou em nós? Não é bem segredo que nós o detestamos, Dumbledore vai pensar que inventamos isso para ele ser despedido. Filch não nos ajudaria nem que a vida dele dependesse disso, é muito amigo de Snape, e quanto mais alunos forem expulsos, tanto melhor, é o que ele pensa. E não se esqueçam que nós nem devíamos saber da Pedra nem de Fofo. O que vai exigir muita explicação.
Ártemis suspirou, voltando sua atenção para o trabalho. Hermione pareceu convencida, mas não Rony.
— Se déssemos só uma espiadinha...
— Não — respondeu Harry decidido —, já demos muitas espiadinhas.
E, dizendo isso, puxou um mapa de Júpiter para perto e começou a aprender os nomes das luas.
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