Toc toc toc.
As batidas ecoaram pelo silêncio da casa, só que por mais que eu quisesse o meu corpo se mantivera estático. Demora alguns segundos até que novamente meu corpo se mexa e dou dois cautelosos passos em direção a maçaneta, em uma fração de segundos a porta explode, fazendo com que pedaços de madeira voem pelos ares.
- Mas que... - Ouço Jason soltar antes que eu veja 3 pessoas passando por ela.
- Ei! Não era para sermos cautelosos? - Uma voz doce diz.
Logo consigo finalmente ver o rosto das pessoas que passaram pela porta, eram dois homens e uma mulher, ela possuía cabelos curtos e castanhos que caiam gentilmente sobre os seus ombros, olhos azuis como o oceano e um rosto gentil.
- Ela demorou demais! E nós estamos com pressa, não é? - Um dos homens fala passando a mão pelos sobretudo preto tirando a poeira e pequenos fragmentos de madeira.
Este parecia ter uns 40 e poucos anos, cabelos loiros escuros que atritavam com as suas bochechas, o rosto possuía rugas expressivas ao redor dos olhos e testa, ele parecia cansado. Logo atrás dele, o outro homem de cabelos escuros olhava o vento balançar a cortina à sua frente, diferentemente dos outros dois, ele não olhou na minha direção.
- Liz! Minha querida Liz! - O homem loiro se aproxima de mim mas eu recuo.
- Q-Quem são vocês? - Meu coração palpita.
- Ela não é a Liz, George. - O homem no fundo da sala me olha pela primeira vez.
- Esses anos queimaram a sua memória, Thomas? Olha ela, finalmente a encontramos!
- Ela não deve se lembrar. - A mulher de cabelos castanhos diz. - O que faremos se ela não se lembrar?
- Vocês... Vocês quebraram a minha porta! - Interrompo, e os três me fitam atentos.
- Existem coisas mais importantes agora do que portas quebradas, lindinha. - Diz George. - Precisamos sair daqui agora.
- O que? Não! Eu não sei quem vocês são e não sei quem é Liz, por favor, vão embora da minha casa! - Quando percebo estou gritando.
A mulher se aproxima de mim, cautelosamente, seus olhos brilham como duas safiras azuis e percebo o quanto sua pele é pálida.
- Preciso que confie na gente, eu tenho certeza que você é quem procuramos, não tenho dúvida alguma disso. - Olho atentamente para os seus olhos. - Nós precisamos que venha conosco.
- Annie... - Jason chama, e me lembro que ele ainda está ali ao meu lado. - Acho que está tudo bem.
Antes que eu respondesse ouço um enorme estrondo vindo no meu quarto, e por alguns segundos o mundo parece estar mudo e em câmera lenta. Caio no chão com o impacto. Minha visão começa a escurecer.
- Annie! Annie! Você está bem? - Sinto alguém me sacudir, e percebo que é Jason.
- São os venadores! Eles chegaram! - George fala em meio a fumaça. - Precisamos sair daqui agora! - Ele aponta em direção à porta e o seguimos.
- O que é isso? - Minha voz sai falha entre a tosse da fumaça entrando nos meus pulmões.
Vejo um enorme carneiro caminhando em nossa direção pelo corredor, seus cascos estão em chamas deixando pegadas de fogo por onde tocam, os olhos queimam como brasa. Ele corre em nossa direção enquanto passamos pela varanda em direção às escadas, sinto o vento frio da noite se chocar contra mim por alguns instantes. E por algum motivo paramos quando meus pés tocam a grama úmida.
- O que? Por que paramos? - A voz de Jason sai ofegante.
- Bom... - George tira um maço de cigarros do bolso, e o acende tão rápido que não consigo ver o que acendeu. - Ele não sairá daí até destruir tudo.
Meu coração gela ao ver a fumaça vindo do jardim, e imagino o quanto ver essa cena faria Lydia chorar, esse jardim era tudo pra ela e tudo que restou dela pra mim. Agora ele está em chamas e eu não posso fazer nada.
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