História A garota nova - A namorada de Finn Wolfhard

**CAPITULO 6**

 

 

Segunda-feira 25/07/2018 
 

POV MILLIE 

 

“Meu maior erro foi me apaixonar por alguém que não pode ser meu... Eu deveria ter perguntado quem ele era de verdade antes de cair nessa” 

 

Acordo com o som do chuveiro, levanto coçando os olhos e percebo que não estou em meu quarto. Puta merda. Esse é o quarto de Finn. Puta merda. Eu estou nua. 

 

- O que? o que aconteceu? você está bem? - um Finn quase escorregando sai do banheiro com shampoo no cabelo e uma toalha mal colocada sobre o quadril. 

 

- Eu... eu estou... nós... – tento falar, mas as palavras não saem e ele começa a rir. Eu arregalo os olhos não entendo a graça. 

 

- Vou terminar meu banho e já te explico – ele diz me deixando confusa. Espero alguns minutos sobre a cama, apenas rezando para ele não ter notado todos meus hematomas. O que eu estava pensando? sinto as gotas quentes em minha bochecha... não porque eu não quero, mas não consigo pensar em sexo de uma forma tão bacana, ainda mais quando o fiz bêbada. 

 

- Bom – ele se pronuncia já vestido secando seus cabelos de forma descoordenada. Mas quando me olha sua face fica preocupada. Ele vem até mim e me abraça – hey, me escuta. Você foi tomar banho e eu desci para preparar comida para você... quando voltei você estava nua em minha cama – eu arregalo os olhos – não eu não vi nada. Eu juro – ele diz e isso me deixa aliviada. 

 

- Ok, mas porque não dormi na Sadie – pergunto, com o choro cessado. 

 

- Ela e Caleb.... – Ele começa, mas o interrompo não querendo ouvir o restante. 

 

- Já entendi – falo e ele ri 

 

- Suas roupas estão dobradas na primeira gaveta do closet, peguei seu uniforme com sua mãe, está junto com as roupas – ele diz. Eu jurava que o closet dele não ficava dentro do quarto, mas tudo bem é realmente bem escondido – tem toalhas no armário do banheiro... – ele diz e eu me levanto com o cobertor quase cobrindo minha cabeça – Millie – ele diz quando já peguei as coisas e estou prestes a fechar a porta do banheiro – lingerie de renda é incrível, as que você estava usando e a que a sua mãe me entregou – ele diz piscando um olho e se deitando em sua cama. Apenas mostro o dedo do meio para ele e fecho a porta. Minhas bochechas estão tão vermelhas. 

 

Quando percebo já estamos na porta da escola. Por sorte os pais de Finn já haviam saído para o trabalho, eu estava, e ainda estou, nervosa demais para me apresentar. Por algum impulso pego na mão de Finn, ele apenas aperta mais forte em retribuição. Passamos na diretoria e vi que os adultos daquele colégio o amavam. Mas algo me incomodava, talvez todos os olhares e sussurros, todos direcionados para nós. 

 

- Finn porque nos encaram tanto? - pergunto em um sussurro. 

 

- Devem estar olhando apenas para você... você é novata sabe – ele coça o nariz... estava mentindo, não era por isso que me encaravam. Finn é um péssimo mentiroso – tudo bem? - ele pergunta. 

 

- Sim – minto. 

 

- Não é verdade. Você franze o nariz quando mente – ele me encara. 

 

- Você também mentiu – falo e quando ele vai responder nossos amigos chegam até nós. 

 

Sadie me dá um abraço apertado e só percebo que minhas mãos ainda estão entrelaçadas as de Finn quando sua mão magra me impede de retribuir o abraço corretamente. Sadie percebe e me solta com um sorriso malicioso. Finn está entretido na conversa com Noah e não percebe que tento soltar minha mão até Sadie pigarrear. 

 

- Estão juntos! – ela “tosse” na orelha de Finn que se assusta. 

 

- O que? - ele pergunta me olhando e logo em seguida para nossas mãos, fazendo-o me soltar devagar – Errrr... não – ele coça a nuca sem graça – ainda – ele pisca para mim me fazendo franzir o cenho e o resto do pessoal me olhar maliciosamente. 

 

- Melhor anotar isso magrela – diz Noah passando o braço sobre meus ombros. O sinal bate e Sadie sai me puxando já que minha primeira aula seria com ela. 

 

Minha primeira aula foi com Sadie, segunda com Gaten, terceira com Caleb e a quarta está sendo com Finn, que está sentado atrás de mim fazendo trancinhas em meu cabelo ao invés de prestar atenção na aula. Vejo várias garotas olhando para ele enquanto enrolam o cabelo no dedo ou lápis e mascam seus chicletes de uma forma estranha, mas ao perceberem que Finn está atento em meu cabelo curto, elas me olham feio e cochicham algo. 

 

O sinal bate e eu dou graças a Deus arrumando meu material, enquanto faço isso, cerca de três garotas começaram a conversar com Finn, mas na verdade estavam se insinuando e o comendo com os olhos. Saio o mais sápido que posso e ouço Finn dizer “preciso ir” e seus passos apressados na minha direção. 

 

- Hey está se achando veterana? - ele brinca, mas eu não consigo disfarçar minha cara de incomodada. Não era ciúmes, mas eu já sinto que todas as garotas dessa escola me odeiam, com exceção de Sadie. - Ok, vamos para o pátio, o pessoal já deve estar lá – ele diz colocando seu braço a minha volta e alisando meu braço delicadamente com as pontas dos dedos me causando leves arrepios. 

 

Sentamos na mesa exatamente no cento do local, aquilo parecia estra reservado para nosso grupo, pois todas a outras mesas estavam cheias, tinham pessoas em pé, mas ninguém se sentava ali mesmo antes de chegarmos. 

 

- E aí? o que está achando? - Noah pergunta. 

 

- Legal, mas as garotas me matam com os olhos – falo e todos riem. 

 

- É porque você é gata, te acham uma ameaça – diz Caleb e todos concordam. 

 

- Fique tranquila, você só tem mais uma aula com o insuportável do Finn e depois as duas últimas são comigo – Noah diz sorrindo – os dois últimos horários serão os mais felizes da sua vida durante todo o ano – ele diz fazendo todos revirarem os olhos, mas começamos a rir em seguida. 

 

- Ah não – Sadie diz olhando para algo atrás de mim e Finn. 

 

- Problema – diz Noah olhando para o mesmo local. 

 

Eu e Finn nós viramos na mesma hora e, antes que eu possa ver quem é a dona dos cabelos loiro escuro e lisos, ela cola seus lábios nos do garoto ao meu lado. Nesse momento tudo congelou, eu achei que estava surda, eu não conseguia ouvir nada de verdade. O choro queria sair, mas eu prendia minha respiração com tanta determinação que cheguei a ficar vermelha e tonta. A garota loira direciona palavras para mim, mas estou surda. Aos poucos minha audição volta e posso ouvir a voz da loira. Nossa ela é linda, todas são, deveria ser um anjo se não estivesse me destruindo, andava com outras duas garotas loiras também, uma de cabelo liso e outra encaracolado. Parecia combinado. A que acabou de enfiar uma faca no meu peito tinha olhos azuis, as amigas azul e verde. Eram todas o mesmo padrão. Ela era a abelha rainha. 

 

- Oi. Você está me ouvindo? - a ouço perguntar com desdém – quem é você? - ela pergunta fazendo alguns movimentos com as mãos como se eu fosse louca. 

 

- Mi-Millie – boa Millie, gaguejar é sempre uma boa. 

 

- sou Maddie Ziegler, essa é Iris, - ela aponta para a de cabelo enrolado - essa Lilia – ela aponta para a garota com o cabelo mais claro das três - e você é a novata de quem tanto falam! – ela diz com um falso entusiasmo – fique longe do meu namorado – ela diz e eu vou um pouco para trás com a intensidade de suas palavras – o que ainda está fazendo aqui? - ela pergunta me fazendo sair da mesa rapidamente e correr para a sala que seria minha próxima aula. 

 

Sento na primeira mesa encostada na parede e respiro fundo inúmeras vezes para não chorar enquanto olho para a carteira. Sinto dedos longos e magros tocarem meu braço. Droga era Finn. 

 

- Millie não é absolutamente nada do que você está pensando – ele fala se agachando ao meu lado. 

 

- Ah não? a única verdade é que você me deixou te beijar, me aproximar de você e me.... – engulo a palavra que iria soltar – e não me contou nada sobre você ter uma namorada? - o olho incrédula – isso é traição e eu nunca participaria disso! E aquelas garotas da aula de redação? você trai sua namorada com elas também? - pergunto e ele permanece calado – eu não imaginava que você era assim – falo voltando a olhar para minha carteira, contando inúmeras vezes até 10 enquanto ele me observa. 

 

- Millie, eu nunca. Nunca faria isso. Você não entendeu a história. Não te culpo, pois pareceu estranho, mas... – ele tenta, mas o sinal bate e os alunos começam a entrar, ele se senta atrás de mim enquanto a professora escreve no quadro – Millie, podemos conversar depois? – ele sussurra me fazendo arrepiar. Eu não posso falar com ele. 

 

- Não – falo olhando para a professora que já começou a aula de matemática. 

 

- Millie, por favor – ele diz e eu bufo. 

 

- Finn por favor preste atenção na aula querido – a professora diz a ele. 

 

- Desculpe senhorita Norman – ele diz e ela sorri voltando a aula. 

 

Saio o mais rápido que posso assim que o sinal bate e tenho as duas aulas com Noah que tenta falar comigo, mas depois de falar que não estava afim, se cala. 

 

Volto para casa correndo. Sim correndo. Tentando extravasar, mas quando abro a porta do meu quarto e vejo meu pai me esperando com sangue nos olhos minhas pernas ficam bambas e eu caio de joelhos deixando todas as lagrimas caírem. Porque ele voltou mais cedo? para complementar minha dor... o mundo me odeia. 

 

POV SADIE 

 

Estava andando em direção a casa de Millie, para dizer a ela que ela precisava ouvir Finn quando vejo sua mãe, a reconheci de fotos que vi quando stalkeei Millie. 

 

- Olá senhora Brown – falo e a mulher me olha com o cenho franzido – sou Sadie, amiga de Millie e Finn – falo e ela sorri me abraçando. 

 

- Ah sim, eles me falaram de você durante um jantar – ela diz amigavelmente – sua casa é por aqui? - ela pergunta. 

 

- Na verdade estava indo ver Millie, fiquei presa conversando com uma professora e não conseguimos sair juntas – minto. Na verdade, Noah disse que Millie saiu correndo assim que o sinal bateu. 

 

- Oh, já estava indo para casa – ela diz – aceita uma carona? - ela diz. 

 

- Claro – falo e andamos em direção ao carro da mulher. Wow. Isso sim é um carro. 

 

O caminho todo foi bem agradável, a senhora Brown deveria mesmo ser uma rainha. Tão graciosa e gentil. É de se admirar. Ao chegar na casa subo as escadas e subo em direção ao quarto que a mãe de Millie me indicou. Vejo o pai de Millie saindo de lá e decido me apresentar. Vai que ele acha que sou assaltante. Aliás, há realmente muitas coisas valiosas aqui. 

 

- Olá senhor Brown – falo o assustando. 

 

- Quem é você? - ele questiona enquanto me aproximo. 

 

- Sadie, melhor amiga da sua filha – falo sorridente. 

 

- Ela não pode receber visitas agora – ele diz bloqueando a porta. 

 

- Mas... eu vim com sua esposa e ela disse que estava tudo bem – falo confusa. 

 

- Ela já chegou? - ele pergunta saindo rapidamente – saia daqui, ou vai se arrepender – ele diz fazendo algo frio percorrer minha coluna inteira. Finjo que vou sair, mas assim que o vejo entrando em um cômodo, corro e entro no quarto de Millie. 

 

- Não, por favor – a ouço dizer em um sussurro. Ela está jogada no chão, nua e completamente machucada. Ensanguentada. 

 

- Millie?! – corro até ela que apenas se mexe no chão. Está sem forças. Eu não conseguia pensar. Apenas senti um gosto de sangue em minha boca e uma vontade quase incontrolável de matar aquele homem – eu vou cuidar de você amiga – falo passando minha mão sobre sua cabeça. Corro até a porta e a tranco. Vou até a banheira e a ligo. Enquanto ela enche apenas abraço Millie que começa a chorar. Oh céus porque alguém faria isso com um ser humano tão doce? quando vi que a banheira estava cheia o suficiente, ajudei Millie a entrar e lavei seu cabelo e corpo ensanguentado. Millie não se movia ou falava. Ela só chorava. Não era só por ter sido estuprada, era por Finn também e mesmo que eu soubesse a verdade senti vontade de mata-lo. Senti vontade de matar todos. Quando terminei vi que Millie ainda chorava de soluçar. Apenas entrei na banheira, com roupas e sapatos e a abracei. 

 

- Millie o que seu pai fez foi errado, e você não teve nenhuma parte de consentimento nele. Você não precisa se sentir culpada ou envergonhada, embora eu entenda que pode ser exatamente o que você está sentindo agora. Ele é o culpado aqui, e a bola está inteiramente no seu tribunal se você optar por denunciá-lo, o que você tem o legitimo direito de fazer – falo tentando não me descontrolar – e sobre Finn... apenas o ouça... mas não agora. Agora nós vamos nos trocar e você vai para minha casa e passará o tempo necessário lá, se quiser pode ser para sempre. Podemos forjar sua morte e te dar outro nome, eu não sei... mas eu vou cuidar de você amiga – falo acariciando seus cabelos molhado, enquanto estamos mergulhadas naquela agua vermelha. 

 

- Sadie – ela me olha – obrigada por existir – ela diz e eu não aguento mais e começo a chorar junto a ela, eu sei que não ajuda, mas o que eu posso fazer? ela é como uma irmã para mim. Eu não tinha amigas meninas antes dela e isso é importante. Temos uma conexão. 

 

Trocamos de roupa e fazemos uma pequena mala para Millie, penteei seus cabelos e saímos da casa sem que ninguém nos notasse, minha casa não era muito longe, mas cada passo era doloroso para Millie, o que doía em mim também. Quando finalmente chegamos ela se deitou na minha cama e começou a chorar. 

 

- Eu mereço isso? - ela perguntou entre lagrimas – isso acontece desde minha infância! Eu devo ter feito algo muito erado para merecer isso – ela diz inconsolável. 

 

- Não... ninguém merece isso Mills. Muito menos você – falo – escolhe um filme, vou trazer muitas besteiras para comermos ok? - falo e ela assente, tentando sorrir. Ao sair do quarto deixei mais algumas lagrimas escaparem, mas me recompus logo. Ela precisa de mim.