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História A Ilusionista (Camilo Madrigal - Encanto) - Raízes


Escrita por: MyMissAmora

Notas do Autor


Oláá! Como vocês estão? Eu nem sei como agradecer por todo o carinho e apoio que vocês têm me dado, eu me sinto sempre muito bem e feliz lendo todos os comentários, então muito obrigada de verdade por estarem aqui!
Bom, é quase natal, queridos! Vocês tem planos? Espero que passem esse dia bem e nos seus lares, seja um lugar ou uma pessoa especial. Eu vou tentar atualizar novamente amanhã e depois de amanhã, pois quinta-feira vou viajar para passar o natal com minha namorada e a família dela. Mas também tem uma oneshot especial chegando no dia 25! Enfim, enquanto não estiver em casa, não sei se vou conseguir postar mais capítulos, mas assim que essa época passar tudo volta ao normal!

Dito isto, boa leitura!

Capítulo 6 - Raízes


Fanfic / Fanfiction A Ilusionista (Camilo Madrigal - Encanto) - Raízes



O sol despontava vagarosamente por trás das montanhas distantes, tingindo o horizonte em um degradê suave de tons pastéis que iam do rosa ao laranja de forma harmoniosa conforme a luz se espalhava por toda a vila de Encanto, tocando cada árvore, rua e casa com seus raios calorosos. A maior parte dos cidadãos ainda se perdia em seus sonos profundos, mas os pássaros já se preparavam para mais um longo dia em meio à uma cantoria alta e bem afinada que se alastrava ao redor de todo o lugar, seus assobios cada vez mais animados enquanto começavam a voar em busca de alimento, aproveitando a calma que tomava conta de tudo naquele horário. Era algo assombroso e, inegavelmente, bonito. 


O rosto pacífico e inexpressivo de Camilo era banhado gentilmente pela luz alaranjada e quente do amanhecer, seus traços sendo realçados de forma sutil e os olhos esverdeados brilhando ao refletir o esplendor da paisagem, seus cachos levemente desarrumados caindo por seu rosto graciosamente enquanto o jovem observava sua pequena vila em silêncio. O Madrigal não sabia ao certo o motivo de estar acordado tão cedo – antes mesmo de Mirabel passar despertando todos com sua animação levemente irritante para quem acabou de acordar – mas precisava admitir que nunca havia imaginado que as manhãs podiam ser tão belas. O garoto se mantinha sentado de forma relaxada sobre a sacada de sua janela e sua mente vagava por dezenas de pensamentos incompreensíveis sobre diversas coisas aleatórias.


Camilo respirou fundo ao sentir os olhos se queimando com o contato direto com o sol, fechando-os rapidamente com um gemido baixo de dor e dando as costas para sua vilazinha enquanto se voltava imediatamente para dentro de seu quarto ainda consideravelmente escuro. Ouvia o som inconfundível das primeiras portas se abrindo atrás de si enquanto o povo começava a acordar para um novo dia de trabalho, o que significava que logo sua prima passaria pelo corredor e bateria de quarto em quarto para chamar todos, algo que o preocupava quando pensava que teria muitas tarefas chatas para aquele dia, as quais definitivamente preferia não fazer. Às vezes era extremamente cansativo ter que servir todos que estivessem precisando de ajuda, Mirabel não sabia a sorte que tinha por não ter que se preocupar com esse tipo de coisa. 


Ainda assim, o Madrigal olhou ao redor do cômodo, sorrindo para si mesmo ao ver diferentes reflexos nas centenas de espelhos espalhados pelo seu quarto, cada um com uma forma, cor, moldura e modelo diferentes, de forma que nunca parecia ser a mesma pessoa. 


Longas cortinas vermelhas caíam ao seu lado, amarradas próximas da janela. Mas o que ele mais gostava, sem dúvidas, era o chão de madeira que se assemelhava perfeitamente com um palco e as diversas máscaras e fantasias espalhadas pelo lugar, sem contar nos cenários estampados nas paredes que todos os dias representavam uma peça de teatro diferente, variando desde Romeu e Julieta até O Mágico de Oz de acordo com o humor de Camilo. E, bom, havia também holofotes que se acendiam sempre que o jovem dava um passo pelo quarto, o que conseguia ser muito inconveniente quando acordava no meio da noite para tomar um copo d'água, mas que Camilo amava aproveitar durantes os dias para ensaiar monólogos que havia decorado na frente de um dos seus espelhos.


O garoto se trocou rapidamente e deu algumas batidinhas em seu poncho enquanto analisava sua própria imagem no espelho central do quarto, o único que o mostrava como realmente era. Um biquinho exigente se formou em seus lábios enquanto bagunçava os cabelos distraidamente, se perguntando se aquele estilo seria bem aceito caso saísse de Encanto algum dia. Ali, era algo realmente normal e ele sabia que estava bem. Mas e as pessoas de fora? O que elas vestiam? O que achariam de suas roupas?


O garoto suspirou ao ouvir batidas fortes contra sua porta e a voz animada de Mirabel ecoando por toda a casita, já se preparando mentalmente para suas atividades. Ele sabia que a prima era naturalmente energética e que aquilo não mudaria com ou sem dom, mas acordar todos os dias daquela forma era quase sufocante. Camilo não era fã de ver pessoas tão alegres quando tudo o que mais queria era voltar para a cama e dormir por mais duas horas, mas ficou aliviado por já estar acordado naquele momento pelo menos uma vez na vida. O jovem sorriu sutilmente ao mandar um beijinho dramático para seu reflexo e sair do quarto distraído, imaginando o que deveria fazer primeiro quando chegasse na vila, mas seu pensamento foi repentinamente interrompido quando sentiu um baque forte contra seu corpo e ouviu um estrondo no chão a sua frente, arregalando os olhos e soltando uma risada alta ao ver S/N caída.


— Hey, o que está fazendo aí? É hora do café da manhã — o garoto exclamou ao estender a mão para a jovem de expressão irritada, a qual o encarou seriamente por longos e silenciosos segundos antes de dispensar sua ajuda com um aceno indiferente e se levantar sozinha, batendo em sua saia com força e o observando.


— Ainda não são nem sete da manhã e você já está tão disposto a acabar com meu dia? — a garota questionou ao erguer as sobrancelhas, cruzando os braços de forma birrenta e suspirando. — Bom saber que é aqui seu quarto.


— Ah, é? — o jovem Madrigal sorriu de lado ao franzir a testa enquanto analisava as feições bravas de S/N, as quais combinavam perfeitamente com seu rosto inocente e lhe presenteavam com um ar engraçado e fofo ao mesmo tempo, apesar de definitivamente ser assustador vê-la quando estava realmente irritada. — E por quê? Pretende vir me ver hoje à noite?


A garota sorriu docemente em resposta e se aproximou de forma inesperada de Camilo, tocando seu ombro devagar e encarando diretamente seus olhos, o que provocou um leve rubor no garoto enquanto sentia a respiração da jovem contra seu rosto. Camilo sabia que seu coração havia falhado uma batida em seu peito, mas ignorou ao sentir o aperto de S/N se intensificar e sua expressão se escurecer de forma sombria.


— Porque assim eu nunca mais passo perto dessa porta — a jovem comentou com a voz arrastada e mantendo um tom baixo e assustadoramente simpático antes de respirar fundo e se afastar do Madrigal, o qual a encarava boquiaberto e sem palavras. Definitivamente aquela garota era intrigante em um nível que beirava o insuportável. — O que foi? O gato comeu sua língua?


— Uau, parece que você acordou bem afiada hoje — Camilo se limitou a comentar enquanto se virava para seguí-la até a cozinha, alcançando-a e se mantendo ao seu lado com um enorme sorriso preenchendo seus lábios de forma cínica e divertida. 


— É isso o que acontece quando se tem uma garota que parece movida à base de café te acordando antes das sete da manhã — S/N brincou enquanto os dois caminhavam, dando uma risadinha baixa e suspirando de forma cansada. Camilo tentava não observá-la muito, mas seus olhos pareciam sempre voltar para a imagem sonolenta ao seu lado. — Se eu soubesse que seria assim, eu teria preparado meu samba.


— Samba? — Camilo questionou confuso ao arquear uma sobrancelha, voltando completamente o rosto para a jovem e observando seu sorriso largo e alegre. 


— É uma das coisas que dançamos de onde eu venho — S/N explicou quando finalmente adentraram a cozinha, sorrindo de forma simpática para Isabela e acenando para Julieta enquanto observava a casita servir uma xícara de café a sua frente, a qual ela rapidamente pegou e bebeu um gole, sentindo seu peito se aquecer com a bebida de forma boa e familiar. Ainda assim, nem mesmo o café era como em sua casa. — Assim como rock, sertanejo... bom, acho que as pessoas escutam e dançam de tudo por lá, mas o samba é diferente disso. 


— E como é? — o garoto perguntou de forma curiosa ao pegar sua própria xícara de café e sorrir, interessado em saber mais sobre o mundo que não conhecia. Todos se moviam de forma desordenada e barulhenta ao redor dos dois, comendo e conversando sobre o que iriam fazer durante o dia, de forma que frequentemente precisavam dar espaço para algum membro dos Madrigal passar. Um sorriso sutil e levemente nostálgico se formou nos lábios da garota enquanto sua mente era rapidamente invadida pelas centenas de letras que havia aprendido ao longo de sua vida, as imagens de suas tias e mãe dançando juntas nas festas de família e nos almoços de domingo enquanto as crianças se distraíam com a feijoada recém pronta. Ela quase podia ouvir os instrumentos e as vozes harmoniosas de seus tios e primos se unindo umas às outras.


— Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça — S/N cantarolou em um tom inicialmente baixo, sua voz suave ecoando pela cozinha e atraindo a atenção dos que ainda estavam por ali. Camilo arregalou levemente os olhos ao vê-la deixar a xícara vazia sobre a mesa e se afastar alguns passos de todos, as mãos se movimentando no ritmo de sua própria voz e os pés rapidamente começando a acompanhar a cantoria com movimentos rápidos e complexos à primeira vista, apesar de manter uma simplicidade boa e bonita de se assistir. Os olhos de S/N se fecharam tranquilamente enquanto ela parecia se perder na música e em suas memórias mais queridas, era como se ela brilhasse naquele momento. Camilo não conseguia tirar seus olhos da garota, não conseguia parar de admirar o quão linda ela ficava enquanto sua longa saia se movia de acordo com a dança, enquanto seu cabelo balançava e parecia dançar junto em uma confusão ao redor de seu rosto. — É ela, menina, que vem e que passa num doce balanço, caminho do mar...


S/N abriu brevemente os olhos e seu sorriso se aumentou ao notar que todos os olhares estavam sobre si, mas se manteve focada na imagem de Camilo a sua frente, o qual a encarava sem sequer piscar. A jovem soltou uma risadinha ao segurar repentinamente a mão do garoto e puxá-lo para junto de si, ignorando o espanto do Madrigal enquanto ele tentava seguir desajeitadamente os passos da jovem, observando com atenção seus movimentos e copiando quase imediatamente até finalmente conseguir se soltar e acompanhá-la com mais naturalidade, sorrindo e se perdendo no ritmo da voz de S/N, soltando pequenas risadinhas sempre que tropeçava em um de seus pés. 


Os demais Madrigal sorriam enquanto observavam ambos, alguns se arriscando a se unir aos dois e tentar copiar a dança, como Isabela e Mirabel. Mas, principalmente, Pepa se manteve estática no lugar enquanto os assistia, os olhos esverdeados como os de Camilo arregalados e fixos sobre a imagem dos dois até que um sorriso brilhante dominasse seu rosto e um belo arco-íris se formasse magicamente acima de sua cabeça quando a ruiva deixou uma cesta de roupas sujas de lado e caminhou rapidamente até Camilo e S/N, se juntando ao resto da família com risadas animadas e uma leve garoa refrescante sobre todos, girando sobre seus pés de forma excêntrica e alegre. Camilo segurou a mão de sua mãe carinhosamente enquanto a ajudava com os passos, feliz por vê-la se divertir daquela forma, apesar de saber o que ela deveria estar pensando naquele momento.


Pepa era doida por casamentos e, mesmo já se mantendo ocupada com os preparativos para o futuro matrimônio de Dolores, ela reconhecia naquilo um potencial relacionamento. Claro, seu filho ainda era muito novo para algo como aquilo, mas ele iria crescer algum dia. Ela nunca havia visto Camilo demonstrar interesse por ninguém e chegou a cogitar que ele seguiria o mesmo caminho de Bruno e não teria uma esposa ou filhos, mas seu coração parecia explodir de alegria no peito ao ver que poderia sonhar com o dia em que também o acompanharia em seu próprio casamento. Ela o apoiaria de qualquer maneira, mas... não podia evitar se sentir tão feliz ao vê-lo daquela forma com alguém.


— Ah, se ela soubesse que quando ela passa o mundo, sorrindo, se enche de graça e fica mais lindo por causa do amor... — S/N respirou fundo ao parar de cantar, deixando a última parte de lado por não ser tão boa com o inglês e sorrindo com as bochechas avermelhadas e levemente úmidas enquanto ouvia a família Madrigal aplaudir em meio à risadas e conversas altas, de forma que os ombros da jovem se encolheram envergonhados. Sentia falta de ouvir músicas como aquela, sabia que nunca se esqueceria da batida e das letras. Era como se estivessem cravadas em sua própria alma, como se fizessem parte de suas raízes.


— Ah, lindo! Lindo! — Pepa exclamou com a voz alta e estridente ao segurar carinhosamente o rosto da jovem entre suas mãos, sorrindo enquanto a observava como se analisasse todo o seu ser. S/N hesitou brevemente com um passo lento para trás, sorrindo de forma tímida para a ruiva, a qual percebeu finalmente que estava se deixando levar pela sua animação e a soltou com uma risadinha suave. — Eu não sabia que as pessoas de fora tinham tanta energia.


— Bom, eu não posso falar por todas as pessoas de fora, mas posso dizer que não conheço um brasileiro que não seja animado desse jeito — a garota comentou com um sorriso mais natural e calmo enquanto ajeitava seus cabelos com cuidado, tentando recuperar o fôlego. 


— Então vocês devem ser tão felizes por lá — Camilo divagou enquanto observava as duas, se juntando a conversa com um sorriso tranquilo enquanto respirava de forma rápida e cansada, seu corpo ainda parecia dominado pela adrenalina e energia que adquirira.

 

— Bom, nem sempre — S/N confessou ao fazer uma careta repentina, os olhos se tornando distantes antes que ela os revirasse junto de um suspiro, balançando levemente a cabeça. — Não é isso o que importa exatamente... não somos todos felizes e definitivamente todos passamos por problemas horríveis, mas... é assim que a gente lida com as coisas: nós brincamos e rimos das nossas desgraças, nós cantamos e dançamos quando tentam nos calar e nós nos expressamos com toda nossa energia contra todas as dificuldades. Não acho que já tenhamos sido um povo que se rendeu à tristeza em algum momento, por mais sombrias que as coisas tenham sido.


— Parece que você se orgulha disso — Camilo comentou enquanto a observava, sorrindo inconscientemente enquanto seu coração gritava dentro de seu peito. Ela parecia se tornar alguém cada vez mais interessante conforme ele a conhecia, já não era apenas a garota estressada e durona da floresta. 


— Eu me orgulho do lugar de onde eu vim porque foi onde eu cresci, minha avó costumava dizer que não importa o quanto tentem tirar nosso lar de nós, ele sempre estará vivo em nossos corações e é isso o que eu sinto quando me lembro de casa — a garota soltou uma pequena risadinha enquanto todos se dispersavam para cumprir seus trabalhos do dia, suspirando e olhando para Camilo com os olhos dóceis e repletos de uma felicidade sem igual. Parecia que S/N havia sido invadida pela própria luz do sol e agora estava resplandecendo como o astro. — Mas acho que você deveria ir também, deve ter muitas coisas para fazer.


Camilo pensou por alguns segundos enquanto seus olhos se voltavam para uma das janelas da casita, observando a imagem imponente da montanha que agora servia como uma passagem para fora, um sorriso travesso se formando em seus lábios quando segurou a mão da jovem.


— Na verdade, eu tenho uma ideia melhor. Vem comigo! 



Notas Finais


Heey, o que acharam do capítulo de hoje? Eu sei que nem todo brasileiro gosta de samba ou essas coisas, mas eu adoro essa parte da nossa cultura e queria muito representar ela através da S/N! Também não sou uma pessoa muito patriota levando em conta nossa situação, mas gosto da história e das diversas culturas do Brasil, e principalmente da alegria que permanece até em momentos sombrios como esse. Enfim, eu espero que tenham gostado, obrigada novamente por estarem aqui comigo!


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