História A Irmã de Percy Jackson (REVISÃO) - A Madame E Seu Cachorro Buscam Um Bebê Perdido

- Fala sério! Por que esse tipo de coisa só acontece quando as meninas não estão com a gente? - a voz amarga de Nico saiu acompanhada por um bufo indignado. A espada negra em suas mãos fumegava ao estígio frio esperando apenas para atacar e cumprir aos movimentos do rapaz. 

- Deve ser algum tipo de poder anti-defesa que as garotas têm. - sorriu Percy - De qualquer forma você se lembra de como paramos nessa situação?

- Cala a boca que simplesmente não importa. - os jovens apertaram os punhos das espadas com mais força encarando a terrível criatura que mostrava suas presas aos sons de fortes rugidos. A bela mulher a frente apenas sorriu acariciando a cabeça da fera, em seus olhos se via um brilho ríspido e sagaz.

- Essa é sua última chance, semideuses. Se me derem o bebê pouparei suas vidas medíocres.

- Mas que bebê? - gritaram os dois em unissono. - Já dissemos que não vimos criança alguma.

- Opa. Tempo esgotado, queridos. 

Num sibilo furioso a mulher se contorceu em sons quebradiços, revelando por debaixo da pele algo grotescamente escamoso.

***

Meia hora antes...

- Menônia pode estar em qualquer lugar, fiquem de olhos abertos. - alertou Annabeth atenta a todo e qualquer movimento a volta. 

- Mas é claro que vamos ficar de olhos abertos pois se fecharmos não enchergaremos nada. - o comentário irônico de Percy despertou algumas risadas dos amigos, acompanhados por um revirar de olhos da filha de Atena. O Sol brilhava ao calor do meio-dia resplandecendo apenas para Água Azul a visão privilegiada do deus Apolo guiando sua carruagem dourada, turistas com crianças e animais passeavam aos sorrisos pelo parque demonstrando grande animação pelo dia ensolarado, Nico resmungou alto tentando se proteger dos raios solares, preferia bem mais a escuridão de Nix que lhe agradava, fato da grande maioria dos filhos de Hades. Os jovens seguiam seu caminho na pequena trilha a mata aberta quando Annabeth retirou da mochila seu Laptop de Dédalo, digitando algo rapidamente voltou-se para os amigos que esperavam paciêntemente pela sua ocupação.

- Estava verificando algo que esqueçi. - sorriu a loira, virando o Laptop mostrou aos outros uma imagem amplificada da coruja de Atena, em uma cintilante penagem cor de bronze. - Essa é Menônia, de acordo com a lenda Atena a escondia em lugares altos de difícil acesso, a mesma só podia ser pega pôr três serpentes douradas.

- Mas isso já temos. - disse Água, os meninos levantaram o braço onde cada um tinha uma serpente enrolada em forma de bracelete ao decorrer do pulso até o cotovelo, assim como Annabeth. 

- Sim, eu sei. Mas o que quero dizer é que teremos maior vantagem se nos separarmos em duplas, dessa forma a coruja irá até um grupo atraída por elas.

No instante Percy e Nico pousaram seus olhos na azulada que percebendo apenas corou levemente, se concentrando na amiga. Seu coração batia fortemente nas batidas.

- Acho uma boa idéia, dessa forma encobriremos uma área maior. Podemos ir pelas trilhas do bosque de Araucárias e os meninos ficam com os jardins geométricos. Pôde ser? - sugeriu a garota olhando para eles que  disfarçaram seus descontamentos. A filha de Atena sorriu satisfeita antes de puxar a amiga pelo braço, jogando um rápido "Boa Sorte" pegaram apenas o boné dos Yankees deixando a Coroa de Cafira para os outros. Nico acenou assim como Percy que sem perceber sorria para Água. 

- Então vamos, Sr. Jackson? - ironizou o filho de Hades caminhando para o lado oposto das trilhas. Percy assentiu tocando mais uma vez na sua caneta-espada que descansava sob o bolso, queria ter a certeza que ela estava com ele, nunca se sabia o que poderia acontecer. A vegetação verde refletia sob o Sol, e o lago brilhava com inúmeros barquinhos de brinquedo dentro onde crianças corriam para impedir que batessem em pedras pontiagudas, por onde passavam atraiam alguns olhares atrevidos de moças jovens ou animais curiosos com o cheiro diferente que apresentavam, ambos conversavam sobre diversos assuntos quando na verdade estavam mais atentos a todo e qualquer movimento fora do comum. O filho de Poseidon passou rapidamente os olhos por grandes árvores percebendo de relance brilhantes cabelos cor de fogo que chamuscavam sob os raios solares, no instante seus pensamentos voltaram a estranha garota que o ajudará no Palácio Folhas Verdes, por mais que soubesse do seu jeito esquentadinho o rapaz se viu desejando ve-lá novamente, como se a mesma escondesse muitos segredos. Quem era ela? O que queria? Infelizmente eram perguntas sem respostas. 

- Percy! Percy! - chamou Nico, impaciente. O moreno saiu de seus devaneios encarando o rapaz. 

- Sim? O que houve?

- Caramba! Você está no mundo da Lua, eu queria dizer que Annabeth falou que essa tal coruja estaria num lugar alto de difícil acesso, não é?

- Sim. - respondeu sem interesse - O que tem?

- O que têm é que o lugar mais alto e de difícil acesso fica bem naquele lugar. - Nico apontou para uma grande estrutura de vidro e ferro de três imensas abóbodas. O queixo de Percy caiu enquanto acompanhava a visão diante de seus olhos. 

- Você realmente está falando sério? - perguntou incrédulo. O rapaz sorriu, maldosamente.

- Sim. A coruja só pôde estar na grande estufa, e é para lá mesmo que vamos procurar.

***

- Sabe, confesso que até gosto quando os meninos não estão pôr perto. - a face risonha de Annabeth atraiu a surpresa da ninfa que permaneceu calada, absorvendo o que ouvirá. - Passa a sensação que tudo está bem, como se nenhum problema estivesse ocorrendo e que somos apenas duas amigas se divertindo num dia ensolarado.

- Eu não sei como é ter essa sensação, Annabeth. - suspirou Água, pensativa - Passei minha vida inteira embaixo d'água, tendo companhia apenas de alguns peixes e vislumbrando a mesma paisagem todo dia. É difícil de acreditar que realmente estou caminhando num parque e aproveitando o calor da carruagem de Apolo. 

Num instante a azulada sentiu um braço passar ao redor de seus ombros a puxando num abraço desajeitado. Surpresa, olhou para a garota loira ao seu lado que tinha uma expressão envergonhada no rosto.

- Não fique assim, basta se acostumar. Estamos aqui para te apoiar no que for preciso. Mas... Se quiser mesmo saber, confesso que nunca pensei que falaria algo desse tipo para você. - a filha de Atena baixou o rosto rapidamente sentindo o calor dos olhos azuis de Água fixarem em si - Realmente não gostava de você no início, para falar a verdade te detestava.

- Eu já sabia. - sorriu Água - Também não gostava de você, a achava ignorante e mal-humorada.

- E eu te achava falsa e metida. - soltou a outra.

A risada solta das duas moças preencheram o lugar provocando curiosidade e atenção de inúmeros pares de olhos que voltaram para si.

- Nem faço idéia de como começei a gostar de você, mas em todo caso saiba que realmente a considero uma amiga... - Annabeth deu uma pausa pensativa se dizia ou não - Para falar a verdade, a melhor amiga que tive em anos.

A garota ao seu lado se calou por alguns instantes, mas ao abrir a boca para responde-lá sentiu na cabeça uma forte tontura, fazendo seu corpo cair para frente sendo segurado a tempo pelos braços da amiga.

- Água! O que houve? - gritou Annabeth em desespero. Passando os braços ao redor da mesma guiou-a até um banco de madeira escura fazendo-na se sentar. - Você está bem?

- Sim. - a garota respirou fundo sentindo fortes pontadas na cabeça - É só uma pequena tontu...

A azulada semicerrou os olhos olhando ao redor, seus ouvidos zuniam em um som estranho quase como um aviso de advertência. Em seu sexto sentido de imortal aspirou o ar profundamente sentindo queimar na garganta um odor estranhamente fedorento, algo ali não estava certo. Annabeth se aproximou da mesma com uma expressão séria. 

- O que houve?

A expressão de Água se contorceu em preocupação.

- Icor divino. Há criaturas imortais aqui no parque. 

***

Subindo as densas escadas de pedras calcáricas ambos os semideuses não perceberam atrás de si a multidão de turistas que chegavam para visitar a estufa. Pessoas com câmeras de filmagens e celulares apontavam para a enorme construção de vidro tirando inúmeras fotos a gosto, crianças corriam de lá para cá ansiosas para entrarem no lugar deixando cada vez mais irritado o guia de chápeu bege que gritava por atenção.

- Melhor entrarmos logo. - advertiu Percy. Passados da entrada em ferro branco os meninos pararam de frente a enormes escadas que levavam para o segundo piso da estufa, admirados ambos olharam para as diversas plantas típicas da Mata Atlântica lendo com atenção as plaquinhas de informações, passado algum tempo subiram as escadas esperando que Menônia estivesse pôr lá, em seus braços as serpentes começavam a aqueçer misteriosamente.

- Percy... - chamou Nico, virando-se para o amigo o semideus fixou os olhos cor de mar em sua expressão séria - Estou com um pressentimento, e infelizmente não é bom.

O moreno assentiu em concordância, também sentia zumbir aos ouvidos uma estranha sensação pessimista. De repente, uma jovem mulher de longos cabelos escuros passou por eles com um cachorrinho de pelagem dourada nos braços, sua beleza intensa despertou curiosidade de várias pessoas inclusive dos rapazes.

- Com licença - a voz melosa embalou os ambos ouvidos, a moça sorriu de um jeito sinistramente belo. Por mais que fosse incrívelmente impossível de se acreditar Nico jurava ter visto uma língua bifurcada dançar sobre seus dentes brancos. - Será que os meninos poderiam me ajudar?

Percy arqueou uma sombrancelha intrigado pelo estranho brilho maldoso e sagaz em seus olhos. Era quase como familiar.

- Claro, senhorita. - respondeu levando disfarçadamente a mão até seu bolso onde sua caneta-espada descansava. 

- Estou procurando uma criança, mais precisamente um bebê de brilhantes olhos dourados. Vocês por acaso a viram? - em seu colo o cachorro começou a latir furiosamente. A moça abriu um sorriso acariciando gentilmente sua cabeça. - Querido, tenha calma. Você já vai comer.

- A senhora perdeu sua criança? - admirou-se Nico.

- Oh não, só preciso encontrar esse bebê, digamos que é muito importante eu acha-lá...

Ambos os rapazes trocaram um rápido olhar duvidoso. A mulher levou os olhos para os braços dos semideuses onde as serpentes radiavam um estranho brilho dourado. Seus olhos se contorceram em uma friagem raivosa e um sibilo furioso escapou de seus lábios.

- Não vimos nenhuma criança. - respondeu Nico querendo mais que tudo se afastar dela  - Sugiro que peça ajuda a um guarda do parque.

A moça abriu um sorriso forçado afastando-se sem ao menos agradecer. Em seu colo o cachorro continuava a latir, espuma saia de seus dentes pontudos. Soltando o ar sem saber o porque Nico virou-se para o filho de Poseidon que estava estranhamente pálido.

- O que aconteceu? - indagou tocando seu ombro. O semideus o encarou de volta.

- Eu tenho a leve sensação que já vi essa mulher em algum lugar... Só não me lembro de onde.

- Ela me causou arrepios estranhos, de qualquer forma a sensação pessimista ainda não passou. Percebeu o estranho odor que ela exalava?

- O de perfume falsificado?

- Não. Algo como cheiro de réptil.

- Odeio dizer isso, Nico. Mas acho melhor ficarmos de olho nela. - opinou Percy segurando Contracorrente ainda no bolso - Algo está muito errado por aqui.