1. Spirit Fanfics >
  2. A Luz de Mirkwood >
  3. As gotas de chuva do amanhecer

História A Luz de Mirkwood - As gotas de chuva do amanhecer


Escrita por: Homefiction

Notas do Autor


Olá!
Mais um capítulo! De novo uma certa demora!
Espero que gostem!
Beijos!

Capítulo 6 - As gotas de chuva do amanhecer


Fanfic / Fanfiction A Luz de Mirkwood - As gotas de chuva do amanhecer

 

Da copa das árvores Aduriel avistou Legolas como um montão no chão, o príncipe sangrava e estava nu. Ele tremeu com nojo e ódio. Somente agora entendia o que aqueles vermes desejavam de seu elfling. Seu rei tinha razão quando desconfiava das intenções dos humanos, e anunciava que essa raça era um povo cruel e adepto à violência.

Os três elfos assistiram aturdidos e congelados enquanto o humano chamado Minel se aproximou do corpo do príncipe se posicionando entre ele e os demais humanos. A luta estava para recomeçar quando Lenduthril disparou a primeira flecha certeira derrubando um dos homens que estava preste a atacar Minel. Com o primeiro disparo os outros dois elfos passaram a disparar seus arcos com extrema agilidade mortífera.

Com algum tempo muitos homens haviam sido abatidos e Arthur, líder dos homens, acabou por dar ordem de retirada aos poucos que sobraram. Ele próprio tentou fugir, mas uma flecha vazou sua coxa o fazendo tombar com um baque e um grito agudo de dor. Os elfos desceram das árvores o encarando com olhos de ódio, aquele homem seria levado aos salões de Thranduil onde ia pagar por sua audácia.

–Meu rei não é conhecido por ser misericordioso com seus inimigos. – disse Aduriel.

–Só retaliamos os malfeitos do seu rei arrogante! – Arthur rendido, rosnou do chão. –Ele negou nos ajudar, nossas crianças morreram por causa dele! – gritou.

–O que ganharam atacando um elfo indefeso? – Minel rosnou do chão onde amparava a cabeça ensangüentada de Legolas. –Vocês mataram meu pai, são uns assassinos alimentados de ódio! – acusou.

Lenduthril não gostou nem um pouco de ver os cuidados daquele humano com seu doce príncipe e tratou de afastar o mortal com extrema grosseria enquanto embrulhava o corpo esguio de Legolas com sua capa. –Eu cuido dele! – disse o elfo enciumado.

–Ele está ferido alem da conta de recuperação normal de um elfo. Precisamos retornar com urgência para o palácio. Ele precisa ser cuidado nas salas de cura. – disse Galhor já antevendo a implicância de seu irmão com o humano, ele próprio não podia deixar de reconhecer o valor daquele homem, senão fosse por ele Legolas podia estar morto.

–Tem razão! – ditou Aduriel. –Amarre esse humano, ele vai prestar os esclarecimentos devidos na presença de nosso rei. – disse se referindo a Arthur, o líder rendido dos humanos. –Quanto a você rapaz, meu rei não vai poupar recompensas por sua ajuda. Thranduil costuma ser muito prestativo com quem lhe é leal.

–Você já deve ter ouvido falar do gosto de nosso rei por tesouros, de certo porá as mãos em uma boa quantidade de pedras preciosas...   – disse Lenduthril desdenhoso enquanto aconchegava Legolas cuidadosamente em seus braços.

–Nem todo ouro do salão de seu rei poderia pagar minhas perdas, mestre elfo. – disse Minel olhando o corpo de Lumir. –Hoje perdi a crença no meu povo, minha casa e um velho pai. – falou tristemente. –Um homem sozinho no mundo é como um barco sem leme e é assim que vou ser de hoje em diante... – disse ele. –Meu destino será navegar e navegar sem nunca encontrar um porto seguro para ancorar.

–Você é um homem honrado. – disse Aduriel. –Virá conosco, amigo dos elfos sempre terá um porto seguro entre nosso povo. – ditou o elfo apertando o ombro do humano.

–Mas, Thranduil admitirá humanos em seus salões? – perguntou o humano desafiador.

–Um humano comum não, mas aquele que salvou seu filho. – disse Aduriel.

Minel deu um passo atrás. Aquele bonito elfo loiro era o príncipe de Mirkwood? Como não soubera disso antes? Ele vira Legolas no palácio do rei, falara com ele, tocara nele, mas sequer sonhara que estava diante do príncipe. Aquele belo elfo não parecia arrogante como um filho de Thranduil deveria ser. –Ele... Legolas! Ele é um príncipe? – perguntou surpreso e admirado.

–O príncipe de Mirkwood! – anunciou orgulhosamente Lenduthril amparando o corpo ferido em seus braços.

–Virá conosco, está decidido! E tratemos de partir com urgência! – sentenciou Aduriel.

 

A comitiva partiu de volta para o palácio. Os três elfos, carregando um Legolas ainda desacordado e ferido, o humano Minel e o humano Arthur, amarrado e amordaçado. Andando às pressas logo a clareira e os corpos ficaram para trás.  A floresta estava em silêncio, assustada com a barbárie e mortandade que havia presenciado. Os pingos de chuva passaram a cair fortes, como se a água pudesse lavar o solo manchado pela violência.

 

***~*~***

 

Em Mirkwood o clima era tenso. Thranduil havia preparado um grande grupo de elfos para realizarem as buscas floresta adentro. Ele estava na sala do trono, de onde podia pensar melhor, quando Haldir adentrou seguido de Kethemar, o elfo de Lothlórien se antecipou à Thranduil.

–Meu rei. – disse ele com respeito, mas seus olhos expressavam desconfiança. –Acabei ficando ciente que o príncipe Legolas não é favorável ao enlace com meu irmão, assim como seu filho não age de acordo com o comportamento esperado para um príncipe. Principalmente um príncipe na condição dele. – concluiu Haldir.

–Legolas é jovem ainda, ele terá tempo para aprender. – disse o rei sem paciência para aquele tipo de conversa. Estava de fato preocupado com o bem estar do filho e receber uma crítica tão direta não estava fazendo bem a seu temperamento.

–O príncipe Legolas, almeja uma vida diferente daquela que foi prevista para ele, meu rei. E temo que não será um casamento sem amor que o fará desistir dela. – disse Haldir.

–Com todo respeito, Senegal, de meu filho entendo eu! – Thranduil ergueu o queixo delineado em desafio. Seus olhos azuis faiscaram perigosamente. Não seria afrontado por aquele elfo de Lothlórien dentro de seu território.

Haldir ia retrucar, mas nesse momento uma comoção pode ser ouvida, as árvores e os ventos pareciam clamar aos ouvidos élficos. Eles souberam que choravam por Legolas.

–Os ventos parecem trazer notícias. – disse o rei gravemente. Seu coração palpitando contra o peito. –Notícias de Legolas. – disse ele se retirando da sala do trono.

Thranduil se apressou pelos corredores, seu impecável manto ricamente decorado ricocheteando pelo chão, uma vez distante dos olhos curiosos dos demais elfos, ele deixou seus ombros pendessem sobre o peso do medo, numa postura tão diferente da sempre altiva que ostentava. Ele caminhou pelos corredores até chegar às salas pessoais da família real e olhou pela janela para a imensa árvore de troncos largos e sorriu lembrando como Legolas amava ficar sentado nos galhos do velho Cipreste.

–Oh! Doce Elbereth. – o rei gemeu sentindo seu coração se espremer de dor. Os ventos agitaram os galhos do Cipreste avisando Thranduil sobre a chegada da pequena comitiva, a que trazia seu filho abatido.

 

Kethemar já estava no saguão principal quando adentraram Aduriel, Galhor e Lenduthril com Legolas molemente em seus braços. Sua decepção foi instantânea, era para o príncipe morrer na noite passada. Mas os olhos do assessor se assombraram quando viu os dois humanos e, sobretudo, o humano chamado Arthur amarrado.

–Como ousam trazer ao palácio esses humanos imundos? – disse o assessor tremendo. Ele precisava dizer alguma coisa. –Esses...

–Legolas!? – a voz grave do rei soou pelo salão de entrada. Ele correu até o pequeno grupo. –O Cipreste me falou, mas... – o rei parou vendo seu filho naquele estado. Legolas estava ferido, os olhos estavam fechados. –Para a sala de cura! – disse ele reassumindo a postura imperial.

–Esse humano vai direto para o calabouço! – disse Aduriel ordenando que os guardas levassem Arthur. Thranduil não o questionou, o rei confiava plenamente no julgamento daquele elfo. –Os demais para a sala de cura como o rei ordenou! – gritou fazendo com que Lenduthril se apressasse com Legolas.

Kethemar e Haldir, bem como os demais elfos de Lothlórien apenas observaram desconfiados o grupo passar.

 

***~*~***

 

O rei observava os curandeiros debruçados sobre o príncipe. Era doloroso ver seu filho machucado. As horas se arrastaram enquanto Thranduil aguardava notícias de Legolas. Aduriel lhe havia atualizado sobre o ocorrido.

–Meu rei. – Kethemar se apressou. –Os elfos de Lothlórien vão deixar...

–Haldir de Lothlórien, não precisa de porta-voz! – a voz grave do loiro tomou a enfermaria. Ele estava com sua capa de viagem e com uma expressão rígida. –Sentimos por Legolas, mas recebemos ordens de nossa senhora para regressar a nosso lar. Ela nos encomendou a informar que estão liberados de qualquer vínculo que previamente tenha sido firmado entre nossos povos. – disse se curvando educadamente ao rei.

–O que? Não pode! – Thranduil se antecipou.

–Não ousamos questionar as decisões de nossa senhora. Ela é sábia e correta em suas idéias.

–Correta!? Repudiar um príncipe!? E com as especialidades de Legolas! – Thranduil rosnou.

De nada adiantaria a discussão. O trato estava desfeito e Mirkwood estava perigosamente isolada, o fim daquele acordo era também o fim de um lucrativo esquema de contratos comerciais entre os reinos. Lothlórien era uma grande esperança de sobrevivência para o povo de Mirkwood.

–Meu rei? – chamou o curandeiro responsável pelos cuidados de Legolas. –O príncipe foi estabilizado, mas seus ferimentos ainda requerem cuidados. Ele logo vai acordar. – disse ele.

–Por Elbereth! – o rei exclamou aliviado. –Ele foi tocado? – perguntou com medo da resposta.

–Fisicamente está intacto, mas as marcas dessa violência podem macular a alma de nosso jovem príncipe.

–Como é a situação atual?

–Pois bem... Ele sofreu dois graves traumáticos no crânio. A boa notícia é que Legolas é jovem e forte. Em poucos dias ele vai curar esses traumas, a lesão cerebral é outro problema. Como demorou a ser atendido, o sangue que ficou preso na cabeça aumentou a pressão intracraniana... Bem, em resumo tivemos que colocar um dreno e precisamos aguardar para o cérebro dele desinchar, somente ai poderemos avaliar quais seqüelas ficarão. Os ossos do tórax e as costelas foram corrigidos, e em algum tempo estarão firmes o suficiente.

 

***~*~***

 

Esculpida entre os belíssimos vales da região verdejante, estava a imponente Valfenda, conhecida como a última casa amiga. Morada de Elrond, o meio elfo, dono de Vala, o anel, e dono de uma imensa sabedoria.

Lorde Elrond observava a natureza da varanda. Seus olhos antigos e sábios sempre pareciam enxergar além do tempo e do espaço.

–Parece preocupado, meu amigo. – disse Glorfindel se aproximando, eram amigos desde longa data, tão próximos e tão íntimos que Elrond acreditava que Glorfindel o conhecia melhor que ele próprio.

–Pensativo, eu diria. – disse Elrond. –Um novo tempo está para se iniciar.

–Tempos escuros, eu suponho. – disse o deus.

–Tempos muito escuros, mas lembre-se, que mesmo na maior e mais intensa escuridão a faísca de uma chama pode trazer claridade.

 

 

***~*~***

 

 

Thranduil definitivamente não era um elfo a ser contrariado. Ele já havia decidido que não faria prisioneiro o humano que ferira seu filho, no entanto, a tortura não era uma prática admirada pelos elfos.

Arthur sabia que teria seu fim pelas lâminas dos elfos de Mirkwood. Ele estava agora de joelhos de frente para o imponente Thranduil, cercado pelos guardas. Os olhos do humano pararam em Kethemar, por um breve momento, mas o rei começou a falar a língua comum, com sua voz extremamente forte

–Humano, a última vez que pisou em meus domínios, você e sua desagradável comitiva, foram convidados a sair e lembro-me de lhe ter avisado que não mais lhe seria permitido retornar, sobre julgo de punição. – disse o rei élfico. –No entanto, estamos aqui. – ele ergueu os olhos azuis de gelo para o humano ajoelhado no meio do salão, contido por correntes e dominado pelos guardas fortemente armados. –Você e sua gente, não só desafiaram minhas ordens diretas, como arriscaram a vida de meu filho. – completou Thranduil.

–Suas ordens!? Os humanos não as acatam, um rei orgulhoso e frio como Thranduil. – rosnou o prisioneiro sem respeito.

–É um insolente! Mas será punido de forma exemplar. Você e sua raça fraca! – rebateu o rei. –Aos humanos não devia ser atribuída qualquer confiança. São seres menores e mesquinhos.

–Acusa-nos com grande facilidade, o tão poderoso rei élfico, mas não consegue ver, mesmo com olhos tão afiados, que em teu palácio habitam os traidores. – o homem falou alto com ironia, seus olhos negros agora estavam fincados no assessor do rei.

Thranduil por sua vez ergueu uma sobrancelha loira. –Traidores dentro de Mirkwood? – ele acompanhou o olhar do humano. –Acaso me diz que um de meus elfos se ergueu contra mim e contra meu filho? Contra meu povo e contra toda a história de nossos antepassados? – o rei se empertigou.

–Ora, meu senhor. É besteira confiar nas palavras de tão inferior raça. – saltou tenso Kethemar. Ele esteve tão perto de destruir Legolas e agora se via ali sob o medo de ser descoberto e punido com algo que seria somente a morte.

–Diz que é besteira saber se temos um enganador entre nosso povo? Um trépido e vil ser que caminha entre nós, nos aperta o ombro nos momentos difíceis, como só os bons amigos fazem, mas que nos mantém em vigília aguardando-nos lhe voltar às costas para nos apunhalar? –Aduriel disse com força.

–Viveremos sem paz, sem poder confiar em nossos irmãos se acaso não lhe dermos ouvidos. –outro elfo da guarda real falou.

–Mas, meus amigos, meu rei, – apelou Kethemar. –Não percebem que o humano nos quer jogar um contra o outro? É truque! E dos ardilosos... – ele acusou desconfiado.

–Então deixem o humano levar adiante os seus joguetes. – o rei sentenciou se voltando para Arthur. –Diga o nome do traidor! – exigiu Thranduil. –Ou cale-se e agregue a teu nome o de covarde e agora mais o de mentiroso. – completou em desafio o rei dos elfos.

–Não sou um covarde... – o humano falou, mas os elfos vaiaram com fúria erguendo suas lâminas em ameaça.

–Não é!? – dessa vez Aduriel pôs sua própria lâmina élfica contra o pescoço do homem. –Tua lâmina se ergueu contra aqueles que não podiam se defender. Nosso príncipe foi sua mais recente vítima! – disse ao homem.

–Meu pai também. – assomou Minel baixo e com pesar. Era a primeira vez que falava no tribunal de Thranduil.

–Mas de forma alguma sou mentiroso. A prova disso é ele! – Arthur apontou, como era possível com as correntes lhe limitando, para o assessor ao lado do rei. –Ele é o grande idealizador do ataque ao seu príncipe. – disse e todos na sala lhe deram total atenção.

O humano pareceu relembrar dos fatos por um momento e tornou a falar, decidido a dizer aqueles elfos toda a verdade. –Tínhamos acabado de deixar Mirkwood, depois da conversa infrutífera que tivemos com o rei a respeito de nos ajudar a livrar nossas crianças da criatura, íamos escoltados por uma comitiva de guardas do rei, mas esse elfo, chamado Kethemar nos abordou. Era noite feita, ele se escondia pelas sombras quando nos revelou que a grande fraqueza do rei era o filho. Encheu-nos de detalhes sobre os hábitos do príncipe, e nos deixou de prontidão para o melhor momento de atuarmos contra ele. – o humano fez uma pausa.

–Ele sempre odiou Legolas, mas seria capaz dessa monstruosidade? – refletiu Aduriel.

–Recebemos uma mensagem dele nos dizendo que o príncipe estaria sozinho nas bordas da floresta. – revelou Arthur.

–Mentiroso! Humano vil! – Kethemar fez um gesto rigoroso com as mãos teatralmente estendidas e nisso, foi descuidado deixando cair o pedaço de pergaminho das vestes.

A sala do trono caiu em um silêncio profundo, com todos olhando para Kethemar.

–É o bilhete que Legolas deixou no quarto dele! – anunciou Aduriel. –Você invadiu o quarto do príncipe, tomou o bilhete e mandou os humanos com ordens de atacá-lo.

–Não... Eu... – Kethemar balbuciou.

–Você sabia! Você me interceptou antes de eu sair em busca de Legolas! – falou Aduriel.

–Porque fazer uma coisa dessa contra seu príncipe, que é a mais doce criatura que eu já vi?– disse Minel sem se conter.

–Legolas é uma luz para todos de nosso reino!? Porque o machucar desse jeito? – outro elfo questionou o assessor.

–Criatura doce!? Ele é um cretino!!! – gritou Kethemar, ele arregalou ainda mais os grandes olhos cobrindo a boca com as mãos. O assessor era um elfo falso, era dissimulado, letrado nas artes da enganação. Atuava com facilidade e teria sido comum para ele rebater as acusações tão frágeis. Era a palavra de um humano, um criminoso, contra a sua, mas dessa vez foi diferente. Talvez cansado de tantas tramas acabara por se entregar.

–Como teve coragem? –Thranduil estava mais surpreso que furioso, mas aos pouco a revelação ia perdendo impacto, logo o rei estaria mais furioso que surpreso.

–Sabem de uma coisa? – disse Kethemar finalmente. –Estou farto! – gritou. –Menti sobre tudo, todos esses anos. Sou antigo aqui, vi muitas passagens de lua, vi tombar Orophir e ascender Thranduil. E vi minhas chances indo e vindo muitas vezes. Até que esse parco Legolas nasceu. – disse transtornado. –Tive que assistir ele crescer e se tornar a Luz de Mirkwood. O odeio de todo o coração! Odiei desde sempre. Desejo-lhe a morte feia e dolorosa! – disse tudo aos gritos, e era tão diferente da personalidade pacata que sempre fingiu ter.

–A morte lhe seria pouco. – alguém acabou por falar, todos ali na sala do trono, e em todo o reino amavam o príncipe Legolas, era unânime o sentimento de revolta.

–Seu coração está cheio de ódio e trevas. O que acontece com um elfo que cai no vale das sombras nós todos sabemos. – disse Thranduil. –Não retiro tua vida com minhas próprias mãos, porque o dom do valar, dado a um dos primeiros nascidos não será por seu igual retirado, mas na autoridade de rei de Mirkwood, eu, Thranduil Orophilion, te sentencio, Kethemar, a permanecer o resto de tua longa vida nos calabouços de meu palácio. – disse o imponente rei.

 

Após a sentença todos se silenciaram. Era uma tarifa alta demais a ser paga. Kethemar ia se tornar uma parte do frio calabouço, sentenciado ao vazio, ao silêncio. Com os anos longos e vindouros seu nome seria esquecido, seria como se nunca tivesse existido. Não teria a chance de partir com os outros para os portos Cinzentos. E não teria morada nem acolhida nos salões de Mandos. Seria como uma sombra muda ocultada na escuridão do frio calabouço.

Com o desfecho de todo o caso e com Legolas caminhando para a cura os visitantes de Lothórien despediram-se.

–Minha senhora é sábia e poderosa, ela me veio em sonho avisar que devemos partir de volta a nossa casa e deixar para o esquecimento o trato firmando entre Lothorien e Mirkwood. – disse Haldir perante o rei. –Minha senhora e meu senhor, assim como meu próprio irmão e eu também acredito, que nenhum de nós pode aprisionar uma alma como a do príncipe Legolas. Há grandes feitos escritos para ele nas linhas do tempo, meu bom rei. – ele falou respeitosamente. –Mas nessas linhas o Valar não escreveu o glorioso nome de Lothorien. Há outros caminhos por onde os pés do valente Legolas devem passar e muito ainda irá se dá antes que o príncipe possa ver a beleza das nossas florestas douradas. – disse Haldir. E numa reverencia ao rei e seus assessores ele se retirou.

As gotas de chuva continuaram a cair durante todo o dia. E aquela tarde chuvosa tornou-se também silenciosa.

 

***~*~***

 

Sozinho, na agora sala do trono, Thranduil ficou pensativo. Quase perdera seu filho, um filho que ainda não havia visto as coisas do mundo. E bem ele sabia o tesouro do Valar que era seu Legolas e mesmo sendo um rei, ele não tinha o direito de privar toda a terra média da luz de Legolas.

Quando Legolas acordou pela primeira vez após o ataque ele viu seu pai velando sua cabeceira. Thranduil parecia mais desgastado. O príncipe ficara sabendo pelo pai dos últimos acontecimentos e que estava liberado do ato do casamento.

Algumas coisas haviam sido obrigadas a mudar. A pureza intocada de Legolas fora de certa forma maculada, o príncipe havia sido de alguma forma alterado. Sua forma doce e inocente de enxergar as coisas havia ido embora definitivamente. Essa mudança, por mais que pudesse ser vista como triste, era também necessária.

No tempo certo, após a recuperação de seu corpo, e algumas cartas entre o rei e Lord Elrond, foi decidido que Legolas passaria uma temporada em Valfenda, onde completaria o treinamento em diplomacia e política.

 

Assim, muito cedo nessa manhã, estava pronta para partir a comitiva do príncipe Legolas. Iam Legolas, o príncipe, Galhor o sentinela, Lenthurir o guerreiro apaixonado, Minel, o humano guardião e por fim Aduriel, o experiente pajem.

Dizer que Legolas estava ansioso ou excitado era bobagem. Seria uma grande jornada. Ele se despediu de seus amigos sorridente e de seu pai com um abraço forte e tão doloroso.

Por mais que tivesse sonhado com aquela vida durante seus 500 anos, Legolas experimentava pela primeira vez a tristeza da partida. Enquanto seu cavalo deixava o palácio ele olhou para trás e pensou quando seria a próxima vez estaria ali. Quando teria a chance de refazer o caminho?

 

Thranduil olhou o filho e sua comitiva ficando menor e menor, até sumir, escondidos na escuridão da mata. Com aquele olhar de um pai que vê ser filhote decolar para longe ele perdeu Legolas de vista. Seu coração estava apertado.

Seria um longo tempo antes de pôr seus olhos novamente no rosto bonito do seu elfling, e quando ou se Legolas voltasse, seus próprios olhos já teriam visto muito.

 


Notas Finais


Beijos!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...