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História A Maldição do Visco • Severus Snape. - I. Azar ou maldição?;


Escrita por: slythgrimes

Notas do Autor


✨ LUMUS! ✨

eu sei que postar uma fanfic de Natal fora da época de Natal é um pouco estranho, e eu QUERIA ter postado na época certa, mas sai de férias por uns dias e acabei ficando sem um meio de postar. porém, antes tarde do que nunca, certo?

vamos aos avisos!

• inicialmente essa fanfic estava prevista para ser apenas uma one, mas acabei me empolgando e fui obrigada a transformá-la em uma short-fic. não que vocês reclamem, era só para deixar registrado mesmo, KKKKKKKKK;
• trata-se de um IMAGINE, ou seja, a personagem principal será VOCÊ. ela não terá características e nem nome, para que vocês se imaginem em seu lugar. de nada! ❤️;
• eu tinha em mente algo leve e fluffy, mas eu sabia que vocês não me perdoariam, então tive que transformá-la em uma fic +18. e vocês gostam, rs;
• A FIC CONTÉM 4 CAPÍTULOS QUE SERÃO POSTADOS A CADA 2 DIAS!

bom, é isso, vamos lá! 💚

Capítulo 1 - I. Azar ou maldição?;


Fanfic / Fanfiction A Maldição do Visco • Severus Snape. - I. Azar ou maldição?;

Eu nunca gostei muito de decoração em datas festivas e outras coisas até começar a trabalhar em Hogwarts.

Claro, eu sempre tive uma árvore no Natal, algumas lembrancinhas para o Dia das Bruxas, mas como era apenas para mim e minha família, parecia um desperdício de tempo e energia colocá-los apenas para retirá-los algumas semanas depois.

Mas em Hogwarts foi diferente. Quando o primeiro feriado de festividade chegou, fiquei sem palavras. Havia tanta coisa! No meu tempo de estudante, eu jamais passei aqueles feriados dentro da escola, sempre indo para casa, então nunca cheguei perto do vislumbre das decorações que tomavam as paredes sempre tão sem graça do castelo.

Então a Páscoa chegou e as decorações da primavera foram colocadas, depois veio o Halloween, e o lugar foram transformados em uma casa de horrores no qual eu adorei. A partir de então, eu estava contando os dias até que o Natal chegasse.

Para surpresa de todos, inclusive minha, eu realmente tinha um talento especial para decorar, sendo rapidamente coroada a rainha das decorações. Eu realmente tinha uma coroa, cortesia dada por Minerva. A partir daí a maior parte do trabalho caiu sobre meus ombros. E eu absolutamente não reclamei.

Comecei a trabalhar em Hogwarts na primavera, fazia exatamente um ano desde que eu me formara e não havia escolhido uma carreira até então. Durante uma breve passagem de Dumbledore por Hogsmeade, onde eu mantinha residência com meus pais, ele fizera questão de visitar a pequena loja de poções que tínhamos, no qual ele ficou maravilhado com a qualidade excelente que elas dispunham. Meu pai, orgulhoso, frisara que a grande responsável era eu, um fato que não deixou o diretor surpreso. Nos meus 7 anos em Hogwarts, Poções havia sido minha matéria favorita e a que eu mais me destacava. O diretor, com seus óculos engraçadinhos, não tardou em me oferecer um estágio como assistente de Poções no Castelo.

Eu estava parada e sem qualquer ideia de qual carreira seguiria após a graduação, então quando me vi diante daquela abertura, aproveitei a oportunidade. Seriam apenas por alguns meses, disse a mim mesma, até eu me decidir. Eu não achava qualificada para esse tipo de trabalho e esperava que meu tutor, o mais temido professor de Hogwarts, exigisse minha expulsão após as primeiras duas semanas. Porém aquilo não ocorreu. Claro que não era uma relação fácil, dado ao temperamento tempestuoso e ácido do professor, mas no que dizia respeito ao preparo daquela arte tão prazeroso e sutil, era até suportável.

Então, com o passar do tempo, esqueci de procurar uma carreira para me estabelecer e continuei por ali.

Severus Snape foi meu professor durante todos os 7 anos que permaneci em Hogwarts e eu nunca fui sua aluna favorita, mesmo pertencendo a Sonserina e, modéstia à parte, sendo sua melhor aluna na matéria. Seu desprezo e amargura eram direcionados a mim da mesma forma que era com os outros alunos, mesmo que em alguns momentos ele poupasse suas palavras cruéis por eu pertencer a sua casa. Foi por essa razão que fiquei surpresa com a facilidade com que ele me aceitou como sua assistente e sua vontade de me ajudar quando realmente precisava. Ele sanava minhas dúvidas sempre que possível e me auxiliava quando precisava, aos poucos até mesmo sua hostilidade em relação a mim foi sendo deixada de lado aos poucos. Podia até dizer que éramos quase amigos.

Quase.

Então, maldição, simplesmente aconteceu.

Eu não fiquei surpresa ao constatar que estava me apaixonando por ele cada vez mais a cada semana que passava. Fora natural e tão pateticamente clichê. Mas lá estava eu, caindo de amores pelo meu amargo ex-professor e agora colega de trabalho, com toda a sua hostilidade e uma lacuna gritante na diferença de nossas idades.

Mas, naquele exato momento, eu estava mais preocupada com o aspecto literal sobre o significado de “cair”, pois senti a escada móvel no qual eu estava pendurada se mover debaixo dos meus pés no momento que eu me estiquei para alcançar o topo do beiral da porta do Salão Principal.

Porque não usou magia para pendurar os malditos enfeites?” você se pergunta. A resposta é simples. Eu sempre gostei de decorar manualmente, pois eu sentia que existia mais magia naquele ato do que dar um simples balançar de varinha e todas as coisas ficariam em seus devidos lugares. Não havia graça, não havia emoção. Por essa razão eu preferia reger as coisas no modo trouxa, alguns dos aspectos que herdara de minha mãe, já que a mesma era uma nascida-trouxa.

Toda a minha vida piscou diante dos meus olhos enquanto eu batia meus braços como se fosse levantar voo, tentando me estabilizar, mas não consegui recuperar meu equilíbrio, não importa o quanto eu tentasse. Eu já estava me preparando para a queda, aceitando a ideia de passar o Natal na enfermaria com Poppy, quando a escada parou de se mover.

— Tenha mais cuidado. — bradou acidamente uma voz de barítono conhecida. Consegui agarrar-me aos ombros do meu salvador antes de ir ao chão, e me vi olhando nos olhos negros e profundos de Severus Snape.

— Estou bem! Estou bem! — balbuciei, ofegante e sem jeito, tentando parecer tranquila, embora meu coração estivesse batendo um milhão de vezes por minuto e eu ainda estivesse segurando seus ombros.

Minhas mãos estavam tremendo. Jamais tivera um contato tão grande com ele. Na verdade nunca tivemos qualquer contato físico, nem mesmo acidental. Aquela era a primeira vez, não deixando de ser emocionante e ao mesmo tempo embaraçoso. Severus Snape não era do tipo de pessoa que apreciava toques ou invasão de território. — Estou bem... — repeti. Ele estava me olhando com uma sobrancelha arqueada em uma expressão genuína de desdém escrita em todo o rosto, mas havia uma quase gentileza em suas características que me fazia sentir seguro. Talvez tenha sido apenas o susto, eu sabia que uma emoção forte pode explodir outra desproporcional, mas eu tinha certeza de que aquele fora o momento exato em que percebi que estava amando Severus Snape.

Além disso, minha consciência continuava a gritar que estávamos bastante próximos um do outro, na posição estranha em que nos encontramos. Eu ainda tinha minhas mãos apoiadas firmemente em seus ombros largos e sabia que se eu as deixasse deslizar pelas costas dele, eu poderia cair em seus braços. Então estaríamos perto o suficiente para que eu pudesse escovar meu nariz contra o dele e convidá-lo a me beijar. Mas eu sabia que algo assim era apenas um lindo devaneio. Ele me arremessaria para o outro lado do salão, enquanto amaldiçoava os 4 ventos e me amaldiçoava.

Sua voz grave me tirou do meu transe.

— Não irei mais permitir que a senhorita usar escadas. — disse ele, desviando o olhar. Eu me perguntava se minha expressão me entregava ou ele poderia ter adivinhado no que eu estava pensando.

— Vocês estão debaixo do visco. — a voz de Dumbledore soou pelo salão e nos viramos em direção ao diretor que tinha sua varinha em riste, pendurando seus próprios enfeites na parede a nossa direita. — Vocês conhecem a tradição.

Oh, certo...

Estávamos sob o visco porque era isso que eu estava pendurando no beiral da porta de entrada do Salão antes de quase cair para a morte certa, para que as pessoas tivessem uma razão legítima para se beijar nas festividades natalinas. E agora Severus e eu estávamos debaixo daquilo. Senti meu rosto começar a queimar, então desviei o olhar.

— Ainda não é Natal. — rebati constrangida para Dumbledore, que tinha um enorme sorriso no rosto.

— Creio que isso não faça diferença para a tradição. As fadas vão se aborrecer se vocês não cumprirem. — disse ele. — E vocês não vão querer irritar as fadas do visco.

Olhei para Snape, que parecia tão agitado quanto eu.

— Fadas do visco? Esse tipo de fada existe? — Perguntei, tentando esconder meu próprio constrangimento por trás de uma máscara de confusão.

— Sinceramente, eu não sei. — ele resmungou de volta, mas de forma surpreendente não se afastou.

Eu realmente não queria irritar as fadas. Não tinha certeza se elas existiam ou não, mas as histórias trouxas que minha mãe contava sempre diziam para não irritá-las. E eu sabia que algo ruim aconteceria se você não beijasse seu par debaixo do visco e não estava disposta tentar o destino. Afinal, o Natal estava chegando e eu esperava ter um bom feriado. Além disso, essa seria uma desculpa muito boa para receber um beijo de Severus. Eu sempre quis um, mas fiquei de boca fechada, temendo a rejeição.

Haviam flertes sutis da minha parte, não ia negar, mas eu sempre os fazia em tom de brincadeira e ele mal respondia. No entanto, eu não tinha certeza se ele me levou a sério. Eu não tinha certeza se Severus entendia que a maneira como eu agia em torno dele era diferente da maneira como eu agia com todos os outros, porque na maioria das vezes, em suas respostas, parecia que ele estava tentando ser educado ou apenas evitando me dar uma resposta mal criada, levando em consideração nossa quase amizade.

Eu realmente não tinha ideia do que pensar. E é por isso que eu me acovardei.

Foi a oportunidade perfeita para receber um beijo de Severus, livre de culpa por conta das fadas, mas simplesmente não conseguia fazer isso. Não com Dumbledore sorrindo para nós e alguns de nossos colegas espalhadas pelo salão também atarefados com as decorações natalinas.

Fiquei olhando para ele, minhas mãos ainda apoiadas em seus ombros, esperando que Severus fizesse um movimento, para me dar um sinal, qualquer coisa que me avisasse se ele gostaria de um beijo ou não. Mas ele apenas corou um tom furioso de vermelho, que destacou-se em seu rosto sempre muito pálido, e olhou seriamente para mim, com o cenho franzido, sem dizer uma palavra.

Mergulhei o rosto em sua direção.

Porém, não atingi o alvo desejado.

Covarde, desviei o rosto no último segundo e plantei um beijo em sua bochecha esquerda. Foi apenas um selinho rápido e inocente, mas eu ainda senti como se estivesse pegando fogo. Ele cheirava à especiarias, ervas e uma colônia sutil, quase imperceptível, mas por causa da proximidade eu estava, me tornei hiperconsciente disso.

Eu me puxei para trás e desci a escada, antes de me empolgar, evitando completamente Severus que permaneceu estático no lugar.

— O que foi isso? — Dumbledore questionou, rindo.

— Essa é a única coisa que as fadas estarāo recebendo. — eu disse, apontando um dedo para ele. — Vou fazer uma pausa. —Anunciei para ambos.

Severus ainda estava corando violentamente e olhando para qualquer lugar, exceto na minha direção.

— Acho que isso não é suficiente. — ainda capturei a voz de Dumbledore atrás de mim, enquanto irrompia salão afora.

— Uma pena para elas. — gritei de volta.

O tempo estava frio e eu não estava vestida corretamente para estar do lado de fora do Castelo, na neve, mas eu precisava refrescar a mente e isso parecia ser a melhor opção, sentando em um dos bancos de pedra distribuídos aleatoriamente pelo pátio descoberto. Comecei instantaneamente a tremer.

Merda! Eu quase beijei Severus Snape!

Parte de mim ainda estava em choque por ter acontecido, e outra parte estava com raiva por eu não ter aproveitado a oportunidade para fazê-lo corretamente. Eu era uma covarde.

Passos atrás de mim interromperam meu ataque de frustração antes mesmo que ele começasse e eu me virei para ver Severus segurando meu sobretudo ante esquecido em uma das mesas do salão em suas mãos.

— Está frio... — ele resmungou contragosto, estendendo a peça de roupa para mim com mãos firmes.

— Obrigada... — respondi aceitando e a colocando sobre os ombros, e mais uma vez fiquei cheia de amor pelo homem que estava desajeitadamente perto das pilastras.

Foram pequenas coisas como essa que me fizeram apaixonar por ele e reforçaram esses sentimentos. Lamentei mais uma vez por não tê-lo beijado corretamente, porque o desejo de fazê-lo agora era quase esmagador.

— Bem, então... — murmurou ele, parecendo que estava prestes a congelar a si mesmo — Dumbledore pediu para que a senhorita não fique aqui fora por muito tempo. Está frio. — repetiu duramente.

Eu sorri, imaginando se ele estava apenas procurando um pretexto para falar comigo, mas então eu pude sentir meu coração afundar quando ele se virou para sair.

— Professor Snape? — eu disse, fazendo com que ele pare e olhe para mim. — Obrigado por não me deixar cair, isso teria sido bastante doloroso. — Não era o que eu queria dizer, mas como você diz para aquele homem difícil que estava apaixonada por ele e gostaria muito de um beijo?

Ele se limitou a acenar brevemente com a cabeça e assim ele desapareceu, me deixando sozinha.

Sua partida parecia um pouco apressada, então eu me perguntei se ele realmente tinha percebido que eu gostava dele e agora estava tentando se afastar de mim o mais rápido possível. O pensamento me encheu de pavor. Eu sabia que não havia como ele gostar de mim, afinal, eu era apenas eu, não havia muito o que gostar e, bem... Ele era Severus Snape. Sempre fora fechado, arredio, quase cruel com aproximações. Moldar nossa quase amizade torta fora um trabalho árduo que ainda precisava de muitos ajustes. Ele ainda tinha seus momentos rudes, mas dirigidos a mim começavam a ser poucos. Era seu jeito, sua personalidade retraída, séria e antrofóbica*.

Sabia que deveria ter me esforçado mais para manter meus sentimentos escondidos. Agora havia essa sensação irritante de que, embora nenhuma palavra tivesse sido dita, eu havia sido de alguma forma rejeitada.

Puxei o sobretudo para mais perto do meu corpo, e o local onde as mãos dele estiveram exalaram seu cheiro familiar e suave, sutil. Me peguei suspirando profundamente.

Na semana seguinte, Severus Snape me evitou como se eu fosse uma praga, o que só reforçou meu palpite. Uma vez que percebi, certifiquei-me de ficar no caminho dele o mínimo possível, porque não queria parecer que estava me forçando .

Mas realmente doeu.

Meu coração afundava toda vez que eu podia vê-lo se virar e sair assim que me notava, do jeito que ele se fazia ocupado sempre que eu estava perto.

Eu não fazia ideia de que o Natal tinha algo a ver com fadas, mas Dumbledore estava convencido de que elas estavam relacionadas. Eu sabia que havia algo sobre elfos, mas não era especialista em tradições de Natal, então não discuti.

E, aparentemente, minha recusa em beijar corretamente sob o visco as perturbaram, então eu deveria esperar que elas se vingassem de mim. No começo, eu estava convencido de que era apenas Dumbledore zombando de mim, mas com o passar dos dias e as coisas começaram a acontecer, eu estava começando a acreditar nele.

Começou inocentemente. Aconteceu que as coisas desapareceriam ou se perderiam, outras coisas foram quebradas quando eu as tocava, mas todos nós culpamos ser o estresse do preparo das festividades. Todos estavam mais cansados do que normalmente, então erros estavam fadados a acontecer.

Então Flitwick escorregou na neve certo dia e ganhando um tombo feio que resultou em um osso da bacia fraturado, mesmo com sua estrutura pequenina, o que deixou um turno de patrulha pelos corredores, a fim de encontrar algum aluno fora da cama depois do toque de recolher, inteiro para ser coberto apenas por mim e Severus. Isso significava que tínhamos que passar ainda mais tempo juntos.

Então todo mundo estava sobrecarregado e cansado e começou a cometer ainda mais erros.

Para surpresa de todos, mas não minha, eu fui a principal afetada. Era como se eu não fosse capaz de fazer uma coisa certa. O armário de frascos vazios de poções pendeu e se chocou contra o chão enquanto eu limpava, por pouco não me atingindo. Eu estava inutilizando até mesmo as poções mais simples até o ponto em que Severus tinha que olhar furiosamente por cima do meu ombro para ver o que eu estava misturando, o que, é claro, me deixou mais agitada e propensa a erros. Eu até deixei um caldeirão cair no meu pé, ficando com hematomas e me molhar com o conteúdo ao mesmo tempo, já que o líquido espirrou para todos os lados. Pelo menos eu não tinha quebrado nada. 

Ainda.

A noite tinha acabado de começar.

— São as fadas. — Dumbledore me alertou pela décima vez só naquela semana, enquanto eu estava sentada na beira da minha maca na enfermaria, para onde Severus havia me mandado por insistência, mesmo eu afirmando que estava bem. — Eles estão começando a pregar peças em você.

Poppy Pomfrey, que aplicava um tipo de pomada na pele do meu pé, olhou de mim para Dumbledore.

Soltei uma risada breve pelo nariz e balancei a cabeça.

— Desista dessa história, diretor.

Minhas roupas estavam molhadas, em um tom feio de amarelo, e pegajosas, meu pé estava dolorido e eu realmente não tinha vontade de ouvir nada sobre fadas.

— Espero que a senhorita possa dizer isso depois que elas terminarem com você.

— A culpa é minha por ser desajeitada e distraída. — interpelei.

Eu sabia que, indiretamente, Severus era o culpado por isso, porque eu estava hiperconsciente de sua presença ao meu redor e completamente alheia a todo o resto. Então, é claro, erros estavam propensos a acontecer quando tudo o que eu conseguia pensar era na oportunidade desperdiçada de beijá-lo. Se ele fosse me evitar, pelo menos eu poderia ter recebido um beijo com isso. Em vez disso, recebi em troca fadas irritadas.

— Tem alguma troca de roupa por aqui? As minhas estão arruinadas e Poppy me proibiu de caminhar além da enfermaria. — olhei acusadoramente para a medibruxa que me devolveu.

— Infelizmente não, as trocas sobressalentes foram retiradas para lavar hoje de manhã. — Pomfrey respondeu por Dumbledore, se desculpando.

— Meu Merlin... — eu suspirei. — Preciso de uma camiseta limpa. — eu disse, puxando para longe da pele a camiseta que um dia fora branca que continuava grudada em meu busto. — Tem vestígio de poção até entre meus seios.

Pomfrey e Dumbledore inicialmente ficaram sem jeito com meu comentário, mas depois se permitiram rir, Poppy chamando um dos elfos do Castelo para que fosse até meus aposentos e me trouxesse roupas limpas.

Porém, talvez o fato de eu não ter exemplificado uma muda de roupas específicas tenha sido um problema, já que Jing, a elfa, apareceu pouco depois com uma grande camiseta entre os dedos. A camiseta gigante, pelo menos 4 números maior que o meu manequim, era a que eu usava para dormir. Mas não tinha outra opção de qualquer maneira e eu não queria mais incomodar, então aceitei e agradeci. Pelo menos eu não ia mais parecer um pássaro molhado.

Fui mancando ao banheiro da enfermaria, me limpei e coloquei a camisa. A camiseta realmente ficava enorme e eu tinha costume de usar apenas ela para dormir, nunca me importei já que jamais me imaginei usando els se ser como pijama, então precisei fazer o meu melhor para tentar fazer parecer apresentável. Depois de muita amarração, dobra e enrolamento de mangas, consegui torná-la funcional.

A única coisa que realmente me irritava era que, como era  tecido demais para colocar no meu jeans, eu tinha que amarrá-la acima da cintura e sempre que levantava as mãos, uma parte da minha barriga ficava em exibição. Bem, eu teria que conviver com esse inconveniente por algumas horas. Ainda era muito melhor do que a blusa encharcada de poção que estava grudando nos meus peitos.

Mas isso não foi um incidente isolado, então eu não poderia simplesmente chamar de dia ruim e seguir em frente com a minha vida. Foi uma série de eventos infelizes que de alguma forma ficaram cada vez mais irritantes.

E perigoso, devo dizer.

Mesmo que Severus incrivelmente estivesse sempre lá para me salvar, isso só tornava os momentos em que ele parecia me evitar ainda mais dolorosos. Como quando foi a minha vez de escorregar no gelo, quase quebrando alguma coisa.

Tinha sido uma noite surpreendentemente fria de neve. Severus e eu estávamos voltando para o castelo após uma patrulha pelos limites do terreno. Estávamos com um pouco de pressa já que era muito tarde, e precisaríamos acordar cedo na manhã seguinte para terminar os preparativos da festa de Natal que a escola sempre promovia para aqueles que optavam por passar a data em Hogwarts, então eu realmente não prestei atenção em onde estava pisando. Não que eu pudesse ver cada faixa de gelo escondida sob a neve fresca de qualquer maneira, mesmo com a varinha acessa em Lumus. Eu escorreguei algumas vezes, mas consegui recuperar meu equilíbrio a tempo, prometendo ter mais cuidado e depois escorregar novamente. Severus estava me olhando com uma expressão irritada e impaciente no rosto, provavelmente premeditando que um desastre aconteceria a qualquer minuto.

E ele estava certo.

— Estou bem. — disse eu, recuperando o equilíbrio. — Não é como se um pouco de gelo fosse me matar.

Rapaz... Eu estava errada.

Naquele momento, meu pé escorregou debaixo de mim e a única coisa que eu poderia fazer para me impedir de cair era agarrar a manga da capa de Snape e arrastá-lo para baixo comigo. Ele pegou meu cotovelo e tentou me estabilizar, mas seu pé escorregou no gelo também, então passamos alguns segundos em uma dança descoordenada e humilhante antes de girarmos e cair na neve, comigo caindo em cima dele. Nossas varinhas tomaram rumos desconhecidos, voando de nossas mãos.

Felizmente, fui amortecida ou estaria participando do meu próprio funeral agora.

Gememos em uníssono, deitados na neve por alguns segundos, antes de eu perceber que eu estava realmente em cima dele. Entrei em pânico e tentei me levantar, apenas para escorregar novamente e esmagar meu rosto em seu peito.

— Mas que tipo de maldição caiu sobre você? — ele perguntou furioso.

— Não fala nada, por favor, isso já é humilhante o suficiente. — murmurei derrotada, fazendo outro esforço para me levantar. Desta vez eu consegui apoiar minhas mãos em seus ombros e me levantar um pouco, então agora eu estava estranhamente montada nele.

Ele estava deitado lá, cabelos jogados na neve, flocos de neve pegando em seus fios negros e um contraste glorioso. Ele parecia agitado e colérico, com os lábios ligeiramente separados e um pouco sem fôlego, bochechas tingidas de vermelho. Ele era tão bonito que eu quase esqueci como respirar. Se essa fosse qualquer outra situação, ou se eu fosse mais corajoso, talvez eu tivesse tentado beijá-lo. Mas, infelizmente, eu ainda era eu, então apenas olhei para ele por alguns momentos antes de perceber que poderia simplesmente rolar para longe dele, em vez de tentar me levantar.

E foi o que eu fiz.

— Sinto muito. — pedi, cobrindo meu rosto. Eu estava agora deitada na neve ao lado dele, com meu rosto queimando de vergonha.

Ele resmungou alguns praguejos ininteligíveis e eu pude ouvi-lo se levantando, a neve esmagando sob seus pés.

Descobri meu rosto e olhei para ele. Não havia dúvida de que ele estava corando, e talvez não era apenas o frio. Severus desviou o olhar enquanto eu me colocava de pé com certo esforço e me senti mal por envergonhá-lo daquela forma.

— Olha, sinto muito-

— Podemos não falar sobre isso? — me cortou de forma áspera, ainda sem me olhar nos olhos.

— Ok. —  me dei por vencida quando ele deu as costas em um movimento abrupto, pegou sua varinha do chão e caminhou apressadamente para dentro, me deixando para trás.

Não me esforcei para acompanhá-lo. Já era ruim o suficiente que estivesse me sentindo como um desastre ambulante, eu realmente não precisava dele para me tratar como um.

E de alguma forma depois disso só piorou.

Cheguei ao meu ponto de ruptura um dia, quando a xícara de café que eu tomava em uma manhã simplesmente explodiu, derrubando o líquido fervente pela mesa e minhas mãos.

Corri para o banheiro mais próximo, fechei a porta atrás de mim e me permiti chorar com as mãos debaixo da torneira. Depois de cerca de cinco minutos consegui me acalmar, lavar o rosto e sair.

Para minha surpresa, Severus estava me esperando no corredor. Eu sabia que ele era muito educado e retraído para apenas me seguir até dentro do banheiro, mas ainda me perguntava se ele me ouviu chorar pela porta fechada. Eu realmente não queria que ele me visse assim, então fiz um esforço para sorrir.

— Vou levá-la até a enfermaria. — foi categórico.

— Está tudo bem, estou bem. — eu disse, mostrando-lhe minhas mãos. A pele estava vermelha e algumas bolhas já estavam se formando, mas eu sabia que não era sério.

Severus abriu a boca, pronto para argumentar, mas depois me olhou nos olhos e apenas assentiu com a cabeça. Devo ter parecido tão patético quanto me senti.

— Me acompanhe. — pediu.

Me limitei a apenas assentir, seguindo-o até as masmorras e o laboratório de Poções, onde me sentei em uma das mesas e Severus foi até as prateleiras, pegando um frasco de Poção e outro que se assemelhava a uma pomada.

Bebi a poção que instantaneamente tornou a dor das queimaduras mais branda. Ele pegou minhas mãos e aplicou um a pomada. Eu estava muito grata, porque minhas mãos realmente doíam muito. Mas seu toque frio junto aos remédios amenizaram o incômodo.

Por fim, com um toque de varinha, ele conjurou uma faixa e as enrolou em minhas mãos. Ele tomava todo o cuidado do mundo para não me tocar e eu não sabia dizer se era por causa das feridas ou propositalmente. Mas o toque mínimo não deixava de enviar pequenas descargas elétricas pela minha pele, fazendo meu coração derreter.

Quando ele terminou a bandagem, eu estava me sentindo um pouco melhor.

— Sugiro que fique longe dos preparativos por hoje. — disse ele, guardando os itens usados e senti meu coração afundar mais uma vez.

— Mas eu quero ajudar. Vai ser um dia agitado e eu posso usar luvas. — quase implorei. Pelo menos eu não caí em lágrimas.

— Não deve se preocupe com isso, podemos lidar com um desfalque. — argumentou sem dar brecha para questionamentos. — Creio que será melhor.

Suspirei em resigno.

— Certo. — me dei por vencida. — Mas eu não gosto disso.

— Isso não é relevante, garota tola, seu bem estar sim. — foi duro, balançando a cabeça.

Ele saiu e eu continuei sentada na cadeira por mais alguns minutos, olhando para minhas mãos enfaixadas e incapaz de me mover, ponderando suas palavras e sentindo-me como um triste e inútil saco de batatas.

Fui amaldiçoada.

Eu neguei, e depois neguei um pouco mais, mas estava começando a acreditar. Em todos esses meses em que estava trabalhando em Hogwarts, eu nunca tinha sido tão desajeitada e azarada. Então, sim, eu poderia estar mais cansada do que o habitual, um pouco mais distraída por estar apaixonada por Severus Snape e tinha certeza de que ele não retribuía meus sentimentos; e é claro que passei a maior parte do dia ciente de sua presença, pensando demais em cada pequeno gesto, enfatizando cada vez que senti que ele estava me evitando. Mas não poderia ser tudo culpa minha, poderia?

Não, a culpa era das fadas.

Então, é claro, depois que retornei para o Salão, alcancei Dumbledore, o único que parecia ter ideia do que estava acontecendo.

— Então, aquelas fadas de que o senhor tem falado... — comecei, tentando ser casual para não revelar meu desespero.

— Elas estão te dando bastante trabalho ultimamente, não é? — ele riu da minha desgraça e sua alegria estava se tornando um pouco irritante.

— Eu não acho que elas existam — fiz uma careta, tentando salvar um pouco da minha dignidade — Mas se existissem, como eu seria capaz de fazê-las me deixar em paz?

— A senhorita tem que dar o que querem e elas vão parar. — disse ele, com um sorriso consciente no rosto.

— O que uma fada iria querer? — Eu perguntei, meu rosto amassado em confusão.

— O que uma fada de visco pode querer? — Dumbledore rebateu, balançando as sobrancelhas sob os oclinhos de meia-lua.

— O que quer que seja, deve me deixar em paz. Nesse ritmo, vou perder minha vida antes do Natal. — Eu suspirei.

Dumbledore achou graça no meu comentário, mas por fim decidiu me ajudar. Ele me aconselhou a deixar oferenda a elas. Firewhisky com cascas de noz (o que havia de errado com os firewhisky tradicionais? E porque raios firewhisky?), chocolate orgânico (ênfase em orgânico), cogumelos orgânicos (novamente orgânicos), bagas orgânicas, sementes de pássaros (???), bezoar e muitas outras coisas que não faziam sentido para mim, como por exemplo, água da lua.

Infelizmente, não tinha nenhum desses em meus aposentos. Eu só bebia firewhisky em ocasiões realmente raras, já que não era muito chegada a álcool, além de cada garrafa ser cara, meus chocolates eram apenas vindo dos bolos e sapos de chocolate que eu ocasionalmente furtava da cozinha e duvidei que as fadas gostassem disso, não haviam cogumelos pela região e quem diabos tinha frutas frescas e orgânicas em dezembro?

Certamente precisei fazer uma pequena viagem até Hogsmeade. Voltei com tudo, exceto bezoar que eu consegui facilmente no estoque de ingredientes do laboratório de poções e firewhisky de noz, já que eu não tinha dinheiro para uma garrafa autêntica e, pelo tom de Dumbledore, as fadas não gostavam de nada menos do que o melhor.

Montei um pequeno santuário no peitoril da minha janela. Arranjei tudo da melhor forma possível porque tinha a sensação de que fadas gostam de coisas bonitas, fechei a janela, puxei a cortina para lhes dar um pouco de privacidade e fui dormir.

Que Merlin me ajudasse...


Notas Finais


*antrofóbica = fobia de pessoas.

quanto a atualização de Marjorie, logo logo terá capítulo novo. eu estava MUITO animada para postar essa short e precisei me adiantar, perdão! ❤️

NOX!


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