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História A Psicóloga - SasuSaku - Nove


Escrita por: 106Debochada
e Elminna

Notas do Autor


Uma boa leitura a todos 🤍

Capítulo 9 - Nove


Fanfic / Fanfiction A Psicóloga - SasuSaku - Nove

 

Eu não sei se é só comigo! Na verdade sei sim, sou psicóloga e tenho que saber dessas coisas. O cérebro consegue ser a máquina mais incrível já criada e, quanto mais pressão sobre uma mente, mais ela é capaz de fazer várias e várias conexões, tudo em milésimos de segundos. Para nós às vezes pode soar como uma eternidade, todavia, são apenas frações de frações de tempo, semelhante a um processador instalado em uma placa mãe, mas muito, muito mais veloz e potente do que o de qualquer computador.

Em uma dessas frações de segundos… e olha só, 'cês estão muito curiosos pra saber o que aconteceu e eu tô aqui, literalmente enchendo linguiça no texto, mais não, não é por maldade, não é à toa, e sim porque tenho o objetivo de mostrar o quanto nossa mente pode formigar milhares de pensamentos por segundos. Em uma dessas frações de segundo, enquanto meu corpo se afastava da cena do crime num piscar de olhos, tudo que veio à minha mente foi o meme do Leandro Hassum: Fudeu, fudeu de vez.

Que piada! A mente humana já é conturbada, mas a de uma psicóloga? Ah… É um caos, acho que isso vocês já entenderam. Me senti literalmente dentro de um redemoinho no meio do oceano. E como se não fosse o suficiente a minha descrença momentânea, eu ainda pensei na possibilidade de ter uma máquina do tempo e poder refazer tudo aquilo do jeito certo! Quem nunca? Se vocês nunca desejaram uma máquina do tempo, acreditem, um dia vocês farão uma merda tão grande em suas vidas que lhes fará almejar por uma. 

Diante de toda essa zona de milhares e milhares de pensamentos por segundo, como se eu fosse um robô defeituoso, pifando, me levantei não sei nem como,  observei o olhar de Shino transitar de mim para Sasuke e então dele pra mim de volta. Saltitei até ele e, quando cheguei ao pé da escada, ficando diante do homem a quem um dia jurei toda fidelidade do mundo sobre um altar, eu levei ambas as mãos em seu ombro, aproximei meus lábios de seu ouvido e, como uma boa esposa que quer deixar o marido tranquilo no meio de uma avalanche, fiz o que faria uma psicopata fria e cruel:

Menti.

— Desculpa, precisei trazer o meu trabalho para dentro de nossa casa. 

Em meu álibi, não era a primeira vez que isso acontecia, já houve ocasiões do Shino sair às pressas comigo para me levar até um paciente. Ou mesmo os próprios pacientes chegarem até mim. Na maioria dessas circunstâncias, meu marido apenas ouvia meus relatos depois — sem detalhes, é claro — de como aquele caso em específico era delicado e exigia de mim precisas habilidades técnicas. E, como bom companheiro, ele apenas ouvia e alisava meu joelho, me dando apoio e demonstrando estar tudo bem. 

Então, como graças ao bom Kami não fui pega exatamente com a boca na botija — se é que vocês entendem o que quero dizer — eu ainda tinha essa última carta na manga, carta a qual posso chamar de confiança. Pois é. Me senti horrível logo em seguida, afinal, vocês sabem que eu não estava naquela cena de maneira inocente, entretanto, foi o melhor que consegui fazer pra tentar deixar o momento menos embaraçoso. 

Shino assentiu pra mim. Ainda havia confusão em seus olhos, contudo, ele assentiu e aceitou minha breve explicação. Ele se virou e passou a subir as escadas de volta para o quarto, sonolento. Eu o acompanhei com o coração acelerado enquanto me apoiava no corrimão, tentando não dar (mais) bandeira e olhar para trás. Não sei nem como subi aqueles degraus, mas antes de chegar no topo da escadaria, não aguentei e virei a cabeça em direção ao meu paciente. Sasuke olhava eu me afastar com seu olhar indiferente, mas havia algo mudado ali e eu sabia bem o que era. Trocamos olhares cúmplices. 

Ao chegar no quarto, senti todo o peso do momento anterior, minhas pernas praticamente falharam, e me sentei à beira da cama. Sabia que teria que continuar explicando as coisas para o Shino. Era o mínimo do mínimo que eu devia fazer. 

— O nome dele é Sasuke, querido, é um aluno retido da escola. Seu irmão mais velho tirou a vida do pai e ele… bem, tem se envolvido em situações difíceis — pausei a fala e respirei fundo. — Você estava dormindo tão profundo que não quis te acordar, amor… — murmurei. 

Shino chegou abrir a boca pra falar algo, mas interceptou suas próprias palavras balançando a cabeça de um lado para o outro e sentando-se ao meu lado. — Foi uma emergência — lamuriei, pedindo perdão mesmo sem dizer.

— Você tem um bom coração e é por isso que te amo tanto. — Suas palavras me despedaçaram de dentro para fora. Como poderia ser tão filha da puta ao ponto de estar quase beijando outro homem, enquanto meu marido ainda admirava meu gesto? Puta que pariu, como?!

A mão direita de Shino procurou pela minha e, assim que encontrou, seus dedos entrelaçaram os meus, apertando com ternura. Ao mesmo tempo ficamos em silêncio, de certa maneira ele entendia o valor de uma vida e valorizava minha dedicação. Em contrapartida, me senti o pior ser humano da face da terra. 

Traição não fere somente o traído. A traição também apodrece o traidor. E sim, mesmo não tendo chegado no ato consumado eu havia traído meu esposo, já que não podia mais negar o desejo de que aquilo acontecesse. Como eu lidaria com isso? Bem, acho que vou mesmo precisar de um psicólogo. 

 

•••

 

Depois de alguns minutos, desci antes que Sasuke fugisse, o deixei ciente que estava tudo bem e que queria que ele comesse e depois disso dormisse um pouco. Como o quarto de hóspedes estava inabitável, ainda cheio de caixas e entulhos porque tínhamos certeza que nunca receberiamos ninguém naquela residência, ajeitei uns colchonetes antigos, dois edredons, lençol e travesseiro no escritório — local de trabalho meu e do Shino. 

Sasuke não tocou mais nenhuma palavra depois do acontecido, foi melhor assim, fingindo que nada aconteceu. O deixei confortável e por fim subi ao quarto, Shino estava acordado ainda, deitamos juntos. Ele me deu apoio, me abraçou como quem se orgulha da boa esposa que tem. Novamente me senti imunda. Indigna do amor dele. 

Eu estou errando.

Eu estou me afundando. 

Eu estou perdendo o controle. 

E tudo por culpa do quanto esse moleque mexe comigo, santo Deus…

 •••

Não posso afirmar pra vocês que dormi bem naquele finalzinho de madrugada. Na real levou um bom tempo pra fechar meus olhos e pegar no sono, e quando finalmente meu corpo relaxou, tudo que fiz foi apenas cochilar. Eu despertava a todo momento: ora com a lembrança de Sasuke preso, a angústia de vê-lo atrás daquelas grades agressivas; ora com Shino quase nos flagrando, o cheiro gostoso do hálito de Sasuke sobre o meu, aquele desejo me consumindo à loucura.

Como consegui ser tão dissimulada ao ponto de continuar a situação daquela forma? Caralho… É por isso que dizem que quando uma mulher dá pra ser filha da puta, ela faz isso realmente com maestria. É confidencial o que vou dizer a vocês, óbvio. Mas já tive várias pacientes que traíram seus maridos por anos e eles nunca nem sequer sonharam em descobrir. Diferente dos homens, mentimos muito bem quando nos é conveniente. Parecia até que tinha feito isso outra vezes, mas juro que não. Nunca errei assim. 

Claro que já menti, quem nunca mentiu, ainda mais dentro de um casamento? Pequenas bobagens que criamos e damos volta no outro pra não fazer o cotidiano pesar mais do que o necessário. Se arranha o carro e diz que não viu. Tu joga aquela blusa horrível dele fora e diz que nunca mais achou. Tu gasta o dinheiro dele e diz que ainda não recebeu. Ninguém é 100% íntegro o tempo inteiro. Ninguém. É isso que nos torna seres humanos, a incapacidade de sermos perfeitos, caso contrário, seríamos entidades divinas. Erramos sim, não importa o quanto alguém se ache melhor do que outra pessoa por não cometer certos tipos de erros. Ela também erra ou um dia vai errar. Todos erram. E no fim, todos têm que lidar com isso. É o que nos diferencia em nossas personalidades, em uma palavra, nosso caráter. Alguns fogem de suas realidades, outros culpam terceiros, outros encaram de frente — pessoas são diferentes e o resumo é que julgar é a última coisa que você e eu devemos fazer. É uma posição dura. Porque um dia você pode estar julgando alguém e no outro, lá está você sendo julgado.

Portanto, "aquele que pensa que está de pé é melhor ter cuidado para não cair". Não sou lá muito cristã, troço de ler a Bíblia, mas fiz catequese e esse trecho decorei: I Coríntios 10:12-13

Não ache que estou aqui justificando ou passando pano pra uma ação errada. Não não… Eu entendo que tudo que fiz foi errado e essa é a história de todo o meu erro. A questão é… qualquer um pode errar. Até mesmo você que sempre bateu no peito dizendo que não, que nunca faria isso ou aquilo. Você também está exposto a tomar escolhas erradas. 

Entre cochilos e devaneios, assim que a claridade buscava invadir o quarto pelas beiras das cortinas, retirei o braço do meu esposo de cima da minha cintura e me levantei. Como de cotidiano, eu sabia que faltavam poucos minutos para Shino também acordar, tomar banho, café e ir trabalhar. Trabalho o qual parecia um inferno, coitado, desde que esse tal Madara apareceu. Ou mandou que aparecessem, não é, sei lá. 

E assim foi. Em momento algum naquela manhã Shino se mostrou incomodado com o fato de deixar um estranho comigo na nossa casa, ele confia em mim. De todo modo, preferi esclarecer o que aconteceria a seguir e disse a ele que levaria o rapaz para casa. Nessa parte meu marido não interferiu ou disse qualquer “A”. Ele nunca se opôs a nada do meu trabalho, pelo contrário, ele tem o maior orgulho do fato de eu efetivamente conseguir ajudar o próximo — ou assim ele pensa de mim. Shino é um homem bom, o que me torna ainda mais filha da puta, eu sei.

Fiz minhas higienes matinais, tomei um banho e me vesti com uma calça jeans e uma camiseta soltinha. Fiz de tudo pra descer antes, pois queria confirmar que Sasuke ainda estava lá no escritório. Não me surpreenderia chegar lá e encontrar o cômodo vazio, do jeito que ele era escorregadio, então me apressei.

A cada degrau que eu descia sentia minha barriga gelar. Não sei se de nervosismo, ansiedade, não sei, só sei que me sentia estranha e o motivo nós sabemos qual era e estava a poucos metros. Assim que passei pela sala, avistei o tênis de Sasuke, o que me dava 99% de certeza que ele ainda estava na minha casa. Suspirei aliviada, relaxando a musculatura de um jeito que nem tinha percebido que estava tensa. Me senti uma idiota por me perceber dessa forma, o que, nervosa? Peguei o pequeno corredor que dava para o escritório. Tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Bufei em frente à porta, sem coragem de abri-la. Girei os calcanhares e fui em direção à cozinha. Me sentindo inquieta, deixei o filtro de papel cair umas três vezes antes de enfim conseguir colocá-lo na cafeteira, preparando nosso café, como se fosse um dia comum.

Também arrumei a mesa com o de sempre, não queria transparecer nada diferente pro meu marido. Shino até pode confiar em mim cegamente, mas ele não burro. É um homem observador e a última coisa que quero nesse momento é transparecer minha inquietude. 

Assim que ele desceu, tudo já estava pronto: pão na torradeira como ele gosta, uma generosa fatia de bolo formiga, seu sabor preferido, manteiga, queijo e geleias.  Pra mim, mesmo sem fome, fiz uns ovos mexidos e o acompanhei na primeira refeição do dia. 

— Talvez hoje eu chegue mais tarde — comentou, ainda soprando o café. 

— Mas está tudo bem? 

— Vai ficar. — Shino me dá um sorriso. O conheço suficiente pra saber que está mentindo. — Não se preocupe. 

— Certo. — Não era hora de insistir, tampouco estava com cabeça pra isso. 

— E o rapaz? 

Cof, Cof. Acabei me engasgando. 

— Acredito que dormindo ainda. — Falar de Sasuke  não era tão confortável como era quando eu falava de qualquer outro paciente. — Pretendo deixar ele descansar, ele teve uma noite bem difícil. 

— Entendo. 

Pra minha salvação seu telefone tocou, o fazendo levantar da mesa e se afastar um pouco. Fiquei o observando enquanto andava sem parar de um lado para o outro na cozinha, se articulando. Assim que terminou a ligação, Shino veio até mim. 

— Vou de táxi, hoje pego o meu carro. 

— Ótimo, amor. 

Selou meus lábios:

— Te amo. 

— Eu também.   

Mantive meu olhar sobre ele até o perder de vista. Não demorou muito para ouvir o som da porta bater. Me senti aliviada por estar finalmente a sós em casa. A sós com Sasuke. 

 

•••

 

Depois de alguns minutos, ouvi sons vindo do corredor. E lá estava ele, tão vulnerável e, ainda assim, com o semblante tão fechado e raivoso quanto sempre.

— Dormiu bem? 

— … — Ele demorou um pouco pra me responder, deu os ombros antes de abrir a boca. — Tsc…  Não sei. 

— "Não sei"? — Franzi o olhar, sustentando contra o seu andar sonolento. 

— Os remédios me deixaram com sono, mas senti dores por todo meu corpo. 

— Entendi. Bem, o café da manhã está sobre a mesa. 

— Não estou com fome. 

— Tenho certeza que quando mastigar algo irá mudar de idéia. 

— Sakura, obrigado por ontem, mas não precisa se preocupar mais comigo. Eu só quero ir pra casa. 

— Entendo… 

— Minhas roupas, onde estão? 

— Eu coloquei pra lavar, mas separei essas aqui. — Tinha algumas peças dobradas no braço do sofá. 

— Eu prefiro as minhas. 

— Como disse antes, eu as coloquei pra falar. — Levantei-me, entregando as peças. — Tome um banho, se troque e venha tomar café. Depois disso te levarei pra casa. 

Não muito satisfeito, Sasuke me obedeceu, se virou e foi caminhando até o banheiro social. 

 

•••

 

Quando ele voltou, não pude deixar de analisar como ficava tão apresentável de forma bem vestida. Sasuke poderia ser o que quisesse, tinha beleza e postura para isso, contudo sempre optava por aparentar ser um cara perigoso. O que também confesso que chama minha atenção de um jeito… excitante. 

Droga.

— Preferia estar pelado a tá usando isso — murmurou como uma criança birrenta.

— Sinta-se à vontade —  minha resposta foi mais rápida que o meu pensamento. Quando me dei conta do que havia dito, mesmo sendo sem nenhuma maldade, fiquei sem graça. — Venha — impus minha voz pra tentar esconder o climão que ficou depois do que eu disse. — Tem café, leite, suco. O que você prefere? 

— … — Outra vez seu silêncio como resposta enquanto puxava a cadeira. — Pode ser café. 

Levei uma xícara até ele e me sentei à sua frente, mas percebi que havia algo acontecendo. Seu olhar sobre mim estava de certa maneira diferente, senti que ele queria perguntar alguma coisa. Talvez lá no fundo eu até soubesse o que ele queria saber…

 

Depois que ele comeu, decidi que faria novos curativos antes de deixá-lo ir.  A princípio Sasuke não quis, pra variar, todavia outra vez fui mais rígida, não lhe dei escolhas. Fomos para a  sala, onde julguei ser o lugar mais confortável e iluminado para realizar aquela tarefa. Sentamos no mesmo sofá da madrugada, talvez eu estivesse em busca de reviver um déjà vu sentada ali mais uma vez com aquele rapaz.

Tirei as gazes que estavam um pouco úmidas após seu banho. Certamente Sasuke não teria o mínimo cuidado com aqueles ferimentos durante a semana, mas dentro da minha casa era o mínimo que eu poderia fazer. 

Peguei a maleta de primeiros socorros mais uma vez. Já tinha a deixado na sala durante a noite. Molhei o algodão num óleo de coco que trouxe da cozinha, pra terminar de retirar o adesivo sem machucar sua pele. Não fui capaz de conter os suspiros que escapavam de mim ao tocá-lo. Como isso foi acontecer? Como fui deixar que um garoto com praticamente a metade da minha idade pudesse mexer tanto comigo? 

Parte de mim gritava pra parar, para levá-lo logo em casa e mantê-lo bem longe de mim. Contudo, outra parte era totalmente inconsequente e agia por um impulso imprevisível. Nunca fui assim, impulsiva ou inconsequente, então me sentia temerosa. Que Sakura é essa que eu desconheço? O que posso esperar dela? Merda, não sei, definitivamente não sei! E a presença de Sasuke dispara essa tal "outra Sakura" de um jeito… incontrolável.

— Sobre ontem… — ele rompeu o silêncio, me fazendo concentrar os olhos em seus lábios se movendo.

— Você não precisa falar sobre nada do que aconteceu agora, Sasuke — respondi, voltando a me concentrar na minha tarefa. — Nada além do que já me falou. Podemos conversar sobre tudo depois, no meu consul-

— Não é sobre isso — ele prontamente me interrompeu. Meu coração gelou junto à minha barriga. Eu sabia do que se tratava. Eu sabia. —  É sobre o que aconteceu aqui.

— O que aconteceu aqui? — Me fiz de desentendida. 

— Você sabe do que estou falando. — Com a outra mão, Sasuke segurou meu punho, o apertou e afrouxou logo em seguida, subindo seu toque pelo meu antebraço. 

Eu não podia acreditar que aquilo estivesse acontecendo. Ou melhor, eu não podia deixar aquilo acontecer.  O toque das pontas de seus dedos foram subjugando cada centímetro de minha pele. Subindo pelo meu braço, cotovelo, ombro, e diminuindo a velocidade ao chegar na minha clavícula. Engoli seco antes de sentir meu corpo amolecendo como uma barra de chocolate próximo ao fogo. Aos poucos, tudo em mim foi ficando febril e fraco e, assim que a mão grande envolveu minha nuca, eu soube que eu queria aquilo, e não era por capricho ou sem vergonhice. Eu só queria. Eu queria descobrir o que tinha por trás da porta com a plaquinha de “perigo, não entre”. 

Mas antes que eu pudesse abrir essa porta, um balde frio de consciência foi jogado em mim. EU NÃO PODIA! 

Nem percebi que meus olhos haviam se fechado, mas os abri ao mesmo tempo que me afastei. 

— Sasuke, não. — Coloquei a mão em seu peito, nos afastando. — Desculpa, eu… eu não sei que impressões te passei, mas, como viu ontem… — Girei meus olhos em direção à escada, fazendo-o se lembrar de como e especialmente por quem fomos interrompidos na noite anterior. — Eu sou casada — concluí, para que a coisa ficasse clara e muito bem clara. 

Mais pra mim do que pra ele, óbvio. A quem eu queria convencer de que isso fazia tanta diferença assim, depois de quase encostar em seus lábios na escuridão da noite?

Mas devia importar, não devia? E importava, caralhos!, Shino importava muito! Mas algo em mim não podia mais se conter. Era como se eu mesma quisesse tanto conhecer aquela Sakura, ser apresentada a ela. Uma Sakura que não correspondia ao que esperavam de mim; que não tirava boas notas; que não era excelente em tudo. Eu só queria, talvez pela primeira vez em minha vida, me sentir viva de verdade, humana, falível, em uma palavra — sim, meus amigos — idiota. E a única coisa que ainda me segurava era meu imenso senso de ética profissional; a lembrança de que estava diante de mim um aluno da escola onde eu trabalhava. Um paciente. 

Enquanto Sasuke me evitasse, me zoasse, me chamasse de “tia", me lembrando eternamente a distância que havia entre nós, tudo estaria muito bem e seguro pra mim. 

Mas parece que era exatamente isso que ele NÃO estava disposto a fazer hoje. 

Com aquele telefonema, Sasuke deixou claro que não queria mais que houvesse tanta distância. Bom… talvez não aquela de antes. Alguma ele ainda queria, já que continuava emburrado e silencioso como sempre. 

Ele foi respeitoso diante do meu não. Soltou meu braço e ficou em silêncio. Apenas observava eu retirar as gazes velhas, limpar seus ferimentos e substituir por novas. Seu semblante, como sempre, parecia indiferente. Me perguntava se era assim que ele realmente se sentia. 

Limpei suas mãos e seu rosto e me sentia quente com seus olhos pousados sobre cada um de meus movimentos, mas também não tive coragem de dizer mais nada. Só quando cheguei ao principal hematoma:

— Deixe eu passar uma pomada nessas costelas. Vai aliviar a dor. 

Ele foi discreto e obediente. Apenas levantou a camisa até a parte onde sua pele estava roxa. Um braço ele levantou até a altura da cabeça, me dando espaço; com o outro, ele segurava a camisa. Infelizmente tive que ficar perto demais e senti mais uma vez o seu cheiro inebriante. Não era aquele perfumado da escola, amadeirado e delicioso, mas um da sua própria pele. Um cheiro simples, do sabonete da minha casa, misturado com seu hormônio natural. Um que eu já era capaz de identificar como o cheiro de Sasuke. 

Lambi meus lábios involuntariamente. Acho que nunca me concentrei tanto em passar um creme, uma pomada sem cor, mas eu me sentia uma artista, altamente focada na pintura de uma tela contemporânea: o roxo, o branco, o transparente; hematoma, pele, pomada. Minha respiração e a dele em sincronia, meus cabelos escondendo meu rosto, já que eu olhava para baixo e era melhor assim, não queria que ele visse meu estado, eu devia estar a pura luxúria, com as bochechas rubras e os lábios entreabertos, podia sentir prestando atenção em mim mesma, algo nada fácil diante dos meus dedos tocando em sua pele quente. Não me lembro de jamais ter desejado alguém com a força que meu corpo desejava o daquele garoto naquele momento, eu… eu preciso terminar de passar isso aqui e sair correndo, correr para o mais longe possível de Sasuke Uchiha, porque ele tem toda razão quando me disse aquela frase:

 

Eu sou perigo, Sakura.

 

Sua frase nunca fez tanto sentido pra mim como faz agora, apesar de ter um significado totalmente diferente do que a que ele deu naquela dia, eu tenho certeza. Continuei minha tarefa, vendo o creme desaparecer, sendo absorvido por sua pele, mas perdi tudo quando sem querer apertei em algum lugar mais dolorido e ele fez aquele:

— Sss! — puxando o ar entre os dentes, se afastando minimamente do toque dos meus dedos pela dor instantânea. 

Eu também me assustei, perdida que estava em meus próprios pensamentos e loucuras e devo ter levantado a cabeça e o olhado nos olhos de maneira assustada.

— Han, desculpa! — pedi no susto, tirando meus dedos do lugar.

E foi o que bastou.

Nossos olhos se encontraram mais uma vez, preto e verde. Ele soltou sua camisa branca, passou o outro braço ao redor da minha cintura e sibilou:

— Sakura…

Não, garoto, por favor! Me chame de "tia", "senhora", "psicóloga", "doutora", qualquer coisa, por favoooor. Me abuse, me encha o saco, me repreenda, se afaste, eu imploro. Continue vivendo como um borrão eternamente preto em minha frente: casaco, botas, cabelos, olhos, tudo sempre preto, desapareça na escuridão de onde você veio, é o que eu te peço!

Mas havia cores demais naquela manhã. 

Roxo, branco, transparente, preto, marrom. Todas aquelas cores se tornaram um borrão colorido antes que eu fechasse minhas retinas e ouvisse meu nome sendo pronunciado como uma canção doce sobre meus próprios lábios:

— Sakura.

Eu podia resistir aos meus desejos sobre ele. 

Só não podia resistir ao desejo de Sasuke sobre mim. 

Então apenas me deixei ser puxada para perto dele, seus lábios pressionando os meus de um jeito delicado e intenso, minhas mãos soltas, sem saber o que fazer. 

Ele me apertou, colando meus seios sobre seu peito, enfiou os dedos no meio dos meus cabelos e fez sua língua pedir passagem para dentro da minha boca e da minha vida.

E agora eu sabia o cheiro e também o sabor de Sasuke Uchiha. 

Senti o gosto do tabaco que ele deve ter fumado dentro do meu escritório e também do hortelã da pasta de dentes. Sua língua era quente, grossa, decidida e lenta. Sasuke não tinha pressa. Ele me dominava, levantou minha cabeça na direção que queria, como se aquele beijo não fosse algo impetuoso e absolutamente impensado, mas desejado dia após dia. Ele pensava em mim como eu pensava nele? 

Quando pensei em me afastar para dizer qualquer coisa, ele apenas me puxou para ainda mais perto. Era forte. Segurou minha cintura e, não percebi como, mas lá estava eu, sentada em seu colo, me rebolando com uma perna em cada lado de suas coxas, sobre o meu próprio sofá.

Meu próprio sofá!

Como se fosse possível me grudar ainda mais em seu corpo, ele me puxou e nos encaixamos de modo perfeito, até que eu sentisse seu… meu deus! Seu cacete armado debaixo das calças do meu próprio marido.

As calças do meu próprio marido!

Eu… eu mal podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Sim, eu estava sentada sobre o colo de Sasuke dentro da minha própria casa, ele vestido com as roupas que peguei emprestadas de Shino, e eu podia sentir seu pau nada pequeno se encaixar perfeitamente bem sob a minha vulva. Pra variar, eu estava com uma calça legging, vestuário que eu gosto muito, já disse a vocês, mesmo não indo para a academia, e pude sentir muito bem o seu volume. 

Claro que eu devia ter me afastado, o empurrado, dado um tapa nele, meu Kami, que delícia, digo, que absurdo. Mas como boa putinha que eu sou — e nem sabia que era, céus! — o que eu fiz?

Rebolei em cima da sua rola.

— Ann! — e gemi.

Sim, meus amigos, não bastasse a safadeza de estar sentada sobre ele, eu girei minha cintura, sentindo toda a extensão do seu pau sob a minha lycra e gemi sobre seus lábios, arfando sobre seu rosto, claramente querendo mais, muito mais, daquele corpo sob o meu. 

Sasuke não se fez de tímido, apertou com vontade as duas bandas da minha bunda, intensificando ainda mais o contato de sua rola em minha buceta. Eu me sentia umedecer e tenho certeza que ele podia sentir também, mesmo através dos panos. Ele puxou o ar novamente entre os dentes, mas desta vez não era de dor, nós dois sabíamos, que era só o mais genuíno e absoluto tesão.

— Sss! 

Um tesão tão errado, errado em tantos níveis que nem posso nomear. Eu não sabia mais onde iria parar com aquilo, sinceramente, eu não iria parar, se um dia tive limites, perdi em algum lugar ali entre o roxo e o branco, quando ainda podia enxergar alguma coisa além do desejo avassalador de Sasuke por mim. 

Então meu cérebro apagou as únicas duas lâmpadas de sanidade que eu tinha. Uma quando ouvi ele gemer no meu ouvido:

— Gostosa…

E outra quando ouvi ao longe a voz de Shino entrando pela garagem:

— Saky, amor, eu esqueci de pegar o…

Puta que pariu.

 


Notas Finais


Então, né...


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