Nessa época, por volta do ano de 403, nasce dentro da casa real huna Átila, filho de Mundzuk com uma mãe desconhecida (cujo nome a história não registrou) e sobrinho de Rugilas, Oktar e Aybars. Além de Átila, Mundzuk teve mais um filho, Bleda. Átila e seu irmão cresceram como típicos guerreiros nômades das estepes. Por volta dos 16 anos é mandado para Roma em troca de Aécio, o qual por sua vez passa alguns anos entre os hunos. Nessa mesma época, Mundzuk morreu.
Terminada sua estadia em Roma, Átila volta aos domínios hunos, e a partir de então passa a ser cada vez mais próximo de seu tio Rugilas. Rugilas é o governante supremo do Império Huno. Para ser mais exato, os hunos são uma grande confederação, tendo vários povos distintos sob seu domínio, mas que são governado por uma elite huna.
No ano de 424, Átila, já casado (suas duas primeiras esposas se chamam Arikan e Kerka) e com alguns filhos, se engaja sob o comando de seu tio Aybars (o qual era o encarregado das relações internas entre os hunos) em uma grande expedição contra os saxões e os jutos, situados nas atuais Alemanha e Dinamarca. Estes povos foram vassalizados antes pelos hunos ainda nos anos 390, mas resolveram se rebelar contra seus dominadores. Os hunos prontamente e energicamente trataram de debelar tal revolta. Mesmo se valendo de táticas de guerrilha (tais como se esconder dentro da floresta e de lá jogando flechas e armando emboscadas contra seus adversários), os hunos promoveram um grande massacre contra os dois povos, de forma a vencê-los pelo medo, mostrando aos demais povos o que lhes acontecerá caso se rebelem contra os hunos, de forma a desestimular futuras revoltas. Uma típica tática de guerra psicológica, que séculos mais tarde viria a ser largamente empregada por outros guerreiros das estepes como Čingis Khan e Tamerlão. O massacre foi tal que as cabeças dos líderes do levante dos saxões e jutos foram decepadas e depois exibidas em praça pública.
Os saxões e jutos, após serem vencidos, reafirmaram sua lealde aos hunos. Já Átila e seu prestígio cada vez mais crescem dentro do Império Huno. No ano de 426, já passada a campanha contra os saxões e os jutos, Átila mais uma vez acompanha seus tios Oktar e Aybars, desta vez em uma grande missão diplomática pela a Ásia. Fazendo o caminho inverso que Balamir e sua hoste fizeram cerca de cinco décadas antes, Aybars, Átila e sua comitiva atravessam as infinitas estepes do sul da Rússia, no antigo país dos citas e dos sármatas. Próximos a atual Astrakhan, em uma área pantanosa próxima embocadura do Volga, mataram um tigre (comuns por aquelas bandas), muito bonito, imponente e majestoso por sinal, dotado de uma pelagem um tanto avermelhada, que impressionou e muito Átila em particular.
Em seguida rumaram ao sul, adentrando nos montes Cáucaso. Foi uma passagem difícil, devido à geografia acidentada da região. Após passarem pelo passo de Darial (situado próximo à atual fronteira da Rússia com a Geórgia), Átila e sua comitiva mataram alguns bisões e um bando de leões nas cercanias da atual Derbent (situada na República do Daguestão). Passado os vales, montes e encostas caucasianas, a comitiva huna adentra no Império Persa, então governado pela Dinastia Sassânida (224 – 651).
O caminho trilhado para ir à Pérsia é o mesmo do da incursão de 395, com a diferença que dessa vez eles estão em uma missão de paz, e não de guerra como daquela vez. Os hunos, após atravessarem o rio Kura e descerem por Tabriz e contornarem os montes Zagros, dirigem-se até a capital persa, Ctesifonte, situada nas margens do rio Tigre, próxima à atual Bagdá e de Selêucia, a capital do Império Selêucida (um dos estados sucessores do Império de Alexandre o Grande).
Lá são recebidos de forma calorosa pelo xá da Pérsia, Bahram V, em seu próprio palácio imperial. As duas delegações trocam muitos presentes entre si e uma aliança entre os dois poderes foi estabelecida. O soberano persa convidou seus visitantes para uma caçada real, o que foi prontamente aceita. Tal caçada se realizou próxima ao rio Karun, no sul do Irã, nas proximidades da atual Ahvaz. Entre os animais mortos estão 20 leões, 7 leopardos, 5 guepardos, 15 lobos, 4 ursos pardos, 12 gamos e 14 cervos.
Depois do encontro com o xá persa (o qual precedido por um grande banquete), os hunos se dirigiram para o norte, ao encontro dos hunos brancos, também conhecidos como heftalitas. A comitiva de Átila, Oktar e Aybars se encontra com o soberano heftalita próximo à Samarkand. Em seguida tomaram a direção do leste, rumando para os territórios dos últimos remanescentes xiongnu no norte da China. Um grande e verdadeiro reencontro triunfal com seus antepassados que ainda estão em seu local de origem.
Por fim Átila se dirige até a China, então dividida pelos Wei ao norte (de origem Xianbei) e ao sul os Liu Song. Átila se encontra com o imperador Taiwu em sua própria capital Pingčeng (atual Datong). Assim como com o xá persa, os hunos trocaram presentes com os chineses, além do estabelecimento de acordos diplomáticos e comerciais. Após o encontro, os hunos marcham de volta até a Hungria, passando pelas atuais Mongólia (onde tiveram um breve encontro com os remanescentes hunos locais e com os Žuan-Žuan), Cazaquistão, sul da Rússia e Ucrânia. A missão diplomática ao Oriente foi um grande sucesso. O prestígio huno aumentou ainda mais e é um poder a ser considerado na geopolítica eurasiana.
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