AMÉLIA
Eu não estava tendo o melhor dia da minha vida.
Apesar de tentar não magoar a professora Sprout, eu estava presa num redemoinho de mau humor que dificilmente ia passar e Louise estava começando a perceber.
- Desamarra essa cara, petit. - Louise Armand me cutucou com a ponta da pá cheia de terra.
Bufei baixinho, mas logo forcei um sorriso.
- Está tão na cara? - perguntei.
- Está…
Deixando a pá em cima da mesa de madeira, Louise mirou seus olhos verdes para mim e me deu um sorriso condescendente.
- O que o Snape fez?
Não consegui evitar, meus olhos reviraram. É claro que Louise sabia, afinal ela é minha melhor amiga desde quando foi transferida para Hogwarts. Era como se ela fosse um amuleto que conseguia ver minhas emoções. Louise é a minha pessoa.
- Você adora meter esse nariz francês onde não é chamada.
- E você adora esconder seus problemas como uma boa menina americana.
Louise não mentiu. Eu adorava esconder, mas me sentia exausta. Ter essa paixão por Severo me machucava intensamente e eu não sabia como fugir disso. Sem querer, arfei e Louise percebeu.
- O que foi, ele não melhorou de memória? - perguntou Louise.
- Melhorou e foi correndo atrás de Lilian.
Sussurrei como se a frase machucasse minhas cordas vocais e Louise fez uma careta de dó.
- Ah mon petit. - Louise falou baixo para que ninguém percebesse. - Não fique assim. Sabe o que você precisa? De alguém que a valorize.
Louise levantou seus olhos para a turma ao nosso redor e sorriu. Logo na mesa da frente havia um rapaz grifinório de cabelos castanhos se esforçando para não olhar diretamente para nós duas. Louise sorriu.
- Alguém como Remo… Que não para de te encarar. - Completou sorrindo.
Não consegui evitar olhar para a direção do rapaz e sorrir ao ver que ele me encarava. Por um breve momento me perguntei porque não gostava de alguém que também gostava de mim. Me senti estúpida por reparar em alguém que gostava de outra pessoa.
- Irei fazer dupla com ele na aula de feitiços. - falei recebendo um olhar surpreso de Louise. - Ele me chamou ontem na hora do jantar. Achei fofo.
- Incroyable… Nada mais fofo do que um rapaz romântico porém atrapalhado.
Enquanto Prof. Sprout continuava com o seu discurso encorajador sobre os NIEMs, eu e Louise já guardamos nossas coisas para a próxima aula.
- Eu vou deixar passar que você está fazendo dupla com outra pessoa, mon coeur. - Louise sorriu. - Quem sabe seu irmão tapado faz dupla comigo e cria coragem para me chamar para sair.
Jayden… Como pode ser tão idiota de não correr atrás de Louise? Cabelos loiros, olhos verdes e um nariz arrebitado com adoráveis sardas. Ela foi transferida de Beauxbatons e - como a maioria das alunas francesas - ela era veela. Sua beleza era invejada por todas as garotas da Corvinal e das demais casas, porém ela era muito mais do que um rostinho bonito. Louise tinha um grande coração e qualquer um seria um grande sortudo de estar com ela.
- Lou, parece que meu irmão e Severo estão andando muito tempo juntos. - o sinal finalmente tocou. - se você quiser eu peço para o Lupin pedir para o Pedro ser seu par.
Olhando para o meu rosto jocoso, a loira riu e me empurrou de leve.
- Rien fait! Nada feito! Não ouse pedir isso para o Remo.
- Me pedir o que? - Questionou Remo que havia chegado perto de nós duas sem que percebêssemos com a sua mochila pendendo em um ombro só.
- Remo, como está hoje? - Louise sorriu enquanto pegava sua mochila. - Por que não nos acompanha até a aula de feitiços.
Remo sorriu para a loira, porém seus olhos não saiam de meu rosto. Era impossível não sorrir para ele.
- Posso?
- Claro. Afinal você é a minha dupla.
Sem demora, Remo pegou a minha mochila e a de Louise, jogando-as no ombro vago.
- Então vamos senhoritas.
SEVERO
Ir para a aula hoje foi uma tarefa excruciante. Jayden também estava com um péssimo humor, mas havia me perguntado sobre a conversa com a Lilian.
Estranho. Ter um amigo que se importa com você é estranho. Jayden não pedia nada em troca e eu não conseguia me lembrar da última vez que tive uma amizade sem ser por interesse. Jayden me ouvia e dava opiniões sinceras. Eu não queria admitir, mas já estava me acostumando mais do que devia com aquela vida.
Porém a única coisa que me incomodava era a incessante dor de cabeça que sentia naquela manhã. Minha memória estava ficando turva e eu não conseguia lembrar de coisas simples da minha antiga vida. Era como se as antigas memórias fossem substituídas por daquela linha temporal e eu começava a sentir meu antigo eu sumindo.
Eu não estava reclamando. Ver que minhas memórias eram mais felizes, menos dolorosas e mais parecidas à de um adolescente normal me dava uma expectativa de que tudo seria diferente. Tudo que eu via era sobre meu cotidiano com a Amélia e Jayden em Hogwarts, sendo indo para a aula ou indo para Hogsmade. As memórias com Amélia eram as mais vívidas, como se minha mente quisesse destacar o quão importante era lembrar da corvinal.
Antes de chegarmos na aula de feitiços minha mente se encheu da memória de quando eu conheci a menina no 4º ano, quando ela foi transferida para Hogwarts. Lembro de ter encontrado os irmãos no trem para Hogwarts, gêmeos parecidos e extremamente diferentes.
- Fomos transferidos de Ilvemorny para cá. - Esclareceu Amélia, colocando uma mecha cacheada atrás da orelha. - Somos americanos, nosso pai está trabalhando como diplomata aqui na Inglaterra.
Eu não pude deixar de sorrir quando essa memória o atingiu.
- Aposto que o Flitwick fez esse aulão para tentar forçar amizade entres as casas pela última vez no ano. - disse Jay, olhando para os alunos da Lufa-Lufa com um certo desprezo. - Isso nunca vai dar certo.
- Não diga isso. Já consigo te ver ajudando o Sirius Black a fazer feitiços segurando a varinha dele - murmurei ferino.
- Cala a boca - Jayden respondeu revirando os olhos. - Onde estão Amélia e Louise?
Boa pergunta. Já fazia alguns minutos em que eu encarava aquela maldita porta esperando a morena de cabelos escuros passar, mas só passava alunos que eu não lembrava e nem fazia questão de lembrar. No meio deles Lilian passou pela porta, e como se seus olhos fossem atraídos magneticamente atraídos pelos meus, porém fiz questão de desviar.
Jayden assoviou e riu.
- Ela ficou brava.- falou.
- Que fique. - respondi sem interesse, esperando ela sair da porta para voltar a olhar.
Quando finalmente Amélia atravessou aquela porta, ele praguejou.
- O que ela está fazendo com o Lupin?
Segurando a mochila de Amélia e de uma loira corvinal, Lupin andava com um ar presunçoso que não era típico dele enquanto conversava olhando profundamente para Amélia.
Novamente meu corpo foi invadido com uma sensação estranha de repulsa… Seria ciúmes? Como eu poderia, só estou conhecendo Amélia por agora, mas eu não podia fingir que não estava incomodado. Ela olhava para o lobisomem enquanto jogava a delicada trança para trás dos ombros e sorria como se ele tivesse feito a maior gentileza do mundo segurando a sua mochila.
Ciúmes de Amélia… Não de Lilian. Tudo está tão diferente.
Enquanto sentavam em suas mesas, Flitwick começava com sua aula patética em duplas.
- Muito bem alunos, a aula vai ser uma revisão simples e sem muitos segredos. Vamos fazer uma série de exercícios práticos.
***
Alguma coisa na minha cabeça me falou que não era novidade eu ter montado dupla com Jayden, aparentemente era óbvio. A aula passou sem maiores problemas e novidades, porém para mim estava ficando difícil acessar memórias do meu antigo eu. Para piorar meus olhos sempre se desviavam dos feitiços de Jayden para ver o que Amélia e Lupin estavam fazendo.
A corvinal não tinha dificuldade nenhuma com feitiços. Os entoavam com calma e tranquilidade, alguns ela nem falava. Ela olhava para Lupin com simpatia, tinha um pequeno sorriso bondoso nos lábios que só se desfazia quando ela precisava se concentrar.
Eu estava encarando tanto ela que jurava que ela sentia, mas tinha optado por não olhar.
- Snape, se perdemos pontos por você ficar encarando a minha irmã… - Jayden parou para observar a luz que saiu de sua varinha. - Juro que te deixou mais duas semanas na ala hospitalar.
Bufei. Aquela aula não iria interferir em nada, afinal já tinha passado por isso. Mesmo sendo um Severo mais novo, por dentro eu continuava sendo o Severo Snape que é exímio em DCAT, poções e legilimência…
É isso, Legilimência!
É óbvio que eu podia entrar na cabeça dela para descobrir porque ela estava me evitando.
Quando entrei na sua mente estava uma confusão de pensamentos. Por um breve momento quase me perdi, a cabeça de Amélia era uma amontoado de lembranças e pensamentos que colidiram em risadas e ideias mirabolantes. Vi a memória mais recente de uma Amélia que trançava os longos cabelos escuros em frente ao espelho, seus dedos finos trabalhavam com rapidez enquanto ela analisava sua aparência com rigidez.
Sua amiga loira apareceu no espelho segurando os ombros da amiga e sorrindo.
- Você está linda! Vamos, estou morta de fome.
Sorrindo docemente, Amélia prendeu sua trança e encarou o porta-retrato ao lado de sua cama que eu não havia reparado.
Lá estávamos nós. Amélia me abraçava e colava seu rosto ao meu. Com um sorriso travesso, segurava minhas bochechas na tentativa de transformar meu rosto em um biquinho. Amélia tocou a foto com melancolia e foi atrás da amiga.
Algo no meu peito apertou, me senti extremamente incomodado e ansioso por mais memórias de Amélia. Mas antes que eu conseguisse entrar mais a fundo me senti sendo expulso, por mais que eu tentasse continuar algo me bloqueava.
Quando voltei a mim, vi Amélia me encarando com raiva. Ah não, ela é oclumente. Antes que eu pudesse esboçar um pedido de desculpas, ela virou-se para Remus e lançou um feitiço bobo enquanto sorria para o lobisomem.
Jayden assobiou enquanto girava a varinha entre os dedos.
- Isso! Invade a memória ao invés de conversar. Minha irmã adora quando você faz isso.
- Petrificus Totalus. - Resmunguei e sorri vendo o Jayden deixar a varinha cair no chão, totalmente imobilizado.
...
A maldita aula acabou e Jayden sumiu da minha visão assim que a loira da Corvinal passou pela porta, assim me deixando para trás. Pensei em me mandar dali para conversar com o Dumbledore sobre o que deveria fazer, mas sair daquela sala sem ver Amélia estava fora de cogitação.
Caminhando lentamente, sai da sala e me escorei na parede ao lado da porta. Joguei minha mochila no chão e passei a mão pelos meus cabelos, já podia ouvir as vozes de Amélia e de Lupin se aproximando da saída.
Quando vi a bela trança de Amélia passar por mim não hesitei em alcançar a sua mão para chamar sua atenção. A corvinal parou imediatamente e olhou para nossas mãos, deixando Lupin andando sozinho, percebendo a minha intromissão só três passos depois.
- Não se abandona um acidentado daquele jeito, Srta Allen. – falei com a voz baixa para só ela ouvir. Meus olhos alcançaram os seus e pude ver ela estremecer. – Por que você está me ignorando?
- Não te abandonei, você estava acompanhado. – respondeu.
Ela tentou soltar minha mão, mas eu a segurei. Eu não iria desistir tão fácil.
- Algum problema, Snape?
Sem ser chamado, Lupin se aproximou de nós.
Sorri com desdém. Seria pedir muito para voltar pro passado e não lidar com um dos idiotas dos marotos? Aparentemente não.
- Está tudo bem Remo, só estamos conversando.
Amélia o olhou com doçura, me fazendo arrepiar de raiva. Parece que eu estava destinado a disputar o amor de uma garota com mais um idiota, mas agora eu tenho a vantagem. Já vi o que o futuro me aguarda caso eu a perca, não estou disposto a passar a minha vida adulta cuidando de mais uma criança que não é minha.
- É, estamos só conversando. Por que você não vai farejar alguma coisa para fazer?
Cruel da minha parte? Sim, eu sei. Mas a simples sugestão sobre sua condição o fez recuar e balbuciar alguma desculpa para Amélia, já sumindo pelos corredores.
- Severo, isso foi insensível. – Amélia me olhou com dureza, mas podia ver no fundo dos seus olhos que ela perdoaria a minha crueldade. – Dumbledore já conversou com você sobre ficar provocando o Remo e eu já disse que eu não concordo com isso.
Mesmo com a bronca, ela continuava segurando a minha mão. Sem falar nada, dei um sorriso ladino e levei sua mão até minha boca para depositar um beijo. Da onde aquilo tudo estava vindo? Não sei. Mas eu estava gostando.
- Você passou o dia inteiro me ignorando e andando por aí com esse boçal, como eu deveria agir? – rocei meus lábios em sua mão e vi ela suspirar. – Por que você me ignorou o dia inteiro?
- Severo, não te ignorei. – Ela mentiu – Remo era minha dupla e nos encontramos na aula da herbologia. Além do mais, imaginei que estaria com a Lilian.
Ai estava o cerne do problema. Vi o belo rosto endurecer e me senti levemente irritado. Nunca tive paciência e isso não mudará, mas me senti irritado por estar me sentindo injustiçado, pois estar lidando com todos sem um pingo de conhecimento do que eu fiz ou deixei de fazer nesse atual presente.
- Amy, eu não perdi minha memória. – falei sério. – Pra ser sincero, eu não tenho memória nenhuma.
A corvinal me olhou perdida, talvez um pouco incrédula, mas logo seu rosto se concentrou em uma luz de entendimento. Puxando minha mão de maneira abrupta, ela me levou para um dos corredores mais vazio e parou na minha frente com resignação.
- Severo, já adianto que se isso for uma brincadeira... – Ela suspirou fundo, fechando os olhos e os abrindo intensamente, mostrando que não iria tolerar. – Vai, desembucha.
Suspirei. O sentimento era de estar lançando um feitiço no vazio sem saber o que iria atingir. Ela poderia se afastar, poderia surtar, poderia fazer várias coisas desagradáveis, porém eu estava disposto a não ser mais um agente duplo, mas como não ser algo que você conhece a sua vida toda? Eu precisava de ajuda para ser o que eu iria me tornar caso não tivesse me aliado com o Lorde das Trevas.
-Amy, eu não me lembro de nada que passei nessa vida. Nada mesmo. Eu tinha morrido quando acordei na enfermaria.
Amélia franziu o cenho.
- Como assim morrido? Madame Pompfrey disse que você só tinha desmaiado por causa da mistura de poções, ela não disse que você teve uma parada cardíaca.
Foi difícil conter meu sorriso ladino. Corvinais, sempre tão lógicos, ela não iria acreditar se eu não fosse detalhista.
- Não, Amy. Quando eu morri era 1998. Morri no meio da guerra de Hogwarts, onde Lord... – Me contive, difícil se livrar de algemas antigas. – Você-sabe-quem invadiu para matar Harry Potter e assumir o poder. Eu morri com golpes de sua serpente e quando acordei estava na ala da enfermagem.
Amélia me avaliava com seriedade. Longos segundos de silêncio seguiram antes dela falar.
- Em que lado você estava, Severo?
Desviei meu olhar. Era besteira eu me sentir envergonhado perante a pergunta de Amélia, eu só a conhecia a dois dias, mas meu coração pesava perante o julgamento negativo que poderia vim.
- Severo, você ia chama-lo de Lorde. – Amélia preencheu meu silêncio. – Você virou comensal. Por que? Não éramos amigos? Você sabe o que ele já fez com a minha família!
- Você não existia no meu futuro. Aliás, você nunca havia existido para mim. Nem você, nem o Jayden. – expliquei em um fio de voz. – Tive uma vida miserável, minha vida foi miserável. Vi minha mãe sendo sub julgada pelo meu pai, impedida de usar magia e negligenciada pela sua família. Vim para Hogwarts esperando ter refúgio, pois tinha a Lily, mas eu a chamei de sangue-ruim assim que a vi com o Potter. Eu fiquei sozinho, sendo aliciado pelas trevas. Me prometeram reconhecimento, me prometeram vingança, mas única coisa que eu tive foi amarguras. Lily e James casaram, tiveram Harry Potter e eu estava perdendo a vida para um causa que pregava intolerância. Uma profecia surgiu declarando que o Lorde poderia ser derrotado por uma criança que nasceria no sétimo mês de 1980 com poder de derrota-lo. – respirei fundo, sentindo minha garganta secar de raiva por mim mesmo. – Eu levei a profecia para o Você-Sabe-Quem, os Potter’s sabiam da profecia e se esconderam, confiaram o segredo para Pedro Pettigrew, achando que o Lorde nunca suspeitaria que o segredo estava com ele, mas Pedro já tinha se aliado as trevas e entregou a localização. Você-Sabe-Quem assassinou James, Lily também foi assassinada, mas ao morrer pelo filho, lançou uma magia protetora sobre o bebê que ricocheteou a maldição do Lorde das Trevas. Todos acreditavam que ele havia sido derrotado.
Sem coragem para encara-la, passei a mão pelo meu rosto. Buscando coragem para continuar.
- Pouco antes de Lily ser assassinada, eu havia trocado de lado. Me tornei agente duplo durante a segunda guerra, mas de nada adiantou. – declarei. – Virei professor de poções de Hogwarts, sob a proteção de Dumbledore. Quando Harry Potter chegou em Hogwarts, os indícios que Lorde das Treva voltaria ficaram evidentes... Minha marca tinha escurecido e em 1994 ele retornou e Dumbledore me mandou ser agente duplo novamente. Assim eu morri, fingindo ser leal ao Lorde das Trevas. Sendo odiado. Morri sozinho.
Assim que me calei, um silêncio seguiu. Aguardei o julgamento vim. Levantei meu olhar e busquei os olhos azuis de Amélia, buscando algo que pudesse me dar esperança, mas a única coisa que eu via era espanto. Quando eu já estava pronto para implorar, Amélia se aproximou e agarrou meu braço, levantado a manga.
Não havia nada.
Ela passou as pontas dos dedos em minha pele pálida, fazendo-me arrepiar.
- Como é possível você ter uma vida e voltar ao passado? – ela perguntou mais para si. – Não, você não voltou ao seu passado. Eu e Jayden não estávamos lá, você voltou ao um passado diferente... Um passado de outra dimensão? Como a teoria M?
Olhei para ela perplexo.
- Como você sabe disso? Dumbledore te contou? O que é teoria M?
Amélia rolou os olhos.
- Pode parecer que não, mas eu sou inteligente, Snape. - ela bufou. – E meu pai é trouxa, era. Um comensal o matou.
-Amélia, me desculpa...
-Você não tem que se desculpar. – Amélia me cortou. – Aqui nessa dimensão você nunca foi comensal. Teoria M é uma teoria que os estudiosos trouxas supõem que existem universos paralelos ao nosso, que funcionam da mesma forma. Mas nunca foi comprovado e nem essa teoria comprova você ter vindo parar aqui com as memórias de uma outra dimensão. Parece mais uma segunda chance.
O olhar de Amélia suavizou e um pequeno sorriso brotou nos lábios vermelhos. Apesar da beleza ser a primeira coisa que notamos em uma pessoa nada é mais recompensador do que uma pessoa que possuí uma beleza intelectual. Existe algo como esse termo? Beleza intelectual? Talvez eu tenha inventado agora, mas não posso mentir que minha admiração cresceu por ela.
- Foi por isso que você tentou ler minha mente na aula de feitiços. Você queria saber como nos conhecemos. – Conjecturou. – Você, como de sempre, botando os hipógrifos na frente da carroça.
Pela primeira vez, ri genuinamente.
- Me mostre então, Amélia Allen. - Pedi. - Me mostre quem é o Severo Snape dessa dimensão.
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