A bala rasgou a pele e se alojou no peito, indiferente a todo o tempo e tudo que ainda era planejado para a sua vida. Indiferente de toda dor ou amor que ainda poderia vir a sonhar. Porque a morte é única, não há como morrer pela metade. Quando você ainda sente a dor, e seu corpo está lutando para se manter em funcionamento, isto ainda é vida. A morte não te permite sentir.
Tobirama ainda estava abraçado a Hinata, aquilo encheu Mei com ainda mais ódio, mas tudo bem, pois os dois iriam morrer, viu os olhos vermelhos encontrarem o dela, sentiu a arma tremer em suas mãos e a noção do que havia acabado de fazer a invadir, mas ela não se arrependia. Não. Mataria os dois, Que morressem todos. Já que negaram a ela a vida que era sua por direito.
Mas a arma continuou a tremer em sua mão, mesmo que ela não entendesse o motivo. Os olhos perolados da Hyuga se ergueram para ela, assustados, ela não entendeu como a maldita ainda tinha forças. Terumi Mei de fato não entendia muitas coisas, como o frio crescente que tomara conta de seu corpo, ou o sangue que saiu da sua boca quando ela por algum motivo tossiu... Sentiu-se fraca e os joelhos cederam, enquanto a escuridão a abraçava, ela pode sentir a dor queimar-lhe e a vida esvair-se, mas isso foi apenas um pouco antes dela compreender o que de fato havia acontecido, de que ela compreendesse que sua arma não havia projetado bala alguma e que aquelas pessoas a sua frente não foram atingidas, mas nada daquilo importava mais, porque para a morte, aquelas coisas era indiferentes.
Os olhos vermelhos do Senju conseguiram enxergar Konan com a arma ainda apontada na direção onde antes estivera Mei, a mão tremia muito, e todo o corpo, as lágrimas desciam. Ela jogou a arma longe e com força, que caiu fazendo um último disparo, cravando uma bala na parede. Estava completamente em choque, nunca havia desejado machucar ninguém, mas amava Tobirama, o amava tão verdadeiramente que não suportaria vê-lo partir assim, o queria feliz. Mesmo que nada disso passasse pela sua cabeça, nada passava além de todo o horror daquelas últimas horas. Nada além do horror de ter tirado uma vida.
Passado o perigo da morte eminente, Hinata voltou a se desesperar por Sakura, mesmo que não soubesse quase nada de primeiros socorros, tentou seu melhor, deixando as mãos e as roupas sujas de sangue inutilmente, a Haruno não tinha tido a menor das reações.
A equipe médica chegou, uma ambulância, a policia, Tobirama envolveu a Hyuga nos braços e aquilo era a única coisa que a ajudava a manter a sanidade. Não permitiram que ela fosse com a amiga na ambulância. Mei e Hidan foram declarados mortos no local e Konan direcionada a um hospital envolta em uma manta elétrica, sem emitir uma única palavra.
°°°°°°
- Eu preciso ir para o hospital... A Sakura, ela... - Tobirama a abraçou, enquanto abria a porta de sua casa.
- Eu vou levar você, mas preciso que tome um banho, provavelmente não teremos noticias dela hoje...
- Mesmo assim... Mesmo assim eu... - O corpo foi tomado por uma onde de tremores. - Se não fosse por ela. Eu estaria...
Tom a ergueu e levou para dentro, preparou as coisas par que pudessem ir ao hospital o mais rápido possível. Havia recebido a mensagem da Haruno quando estava prestes a embarcar, graças a ela havia voltado a tempo. Dirigiu com Hinata para o hospital uma mão no volante a outra entrelaçada a dela. A noiva não conseguiu sorrir, mas segurou firma a mão dele. Pois ele era o que a mantinha firme naquele momento difícil.
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Ino chegou com Sasuke, observou a pequena sala de esperas, Hinata parecia exatamente como deveria estar, extremamente abalada, Tobirama não a deixou momento algum. A Yamanaka abraçou forte sua amiga. Lamentando tudo aquilo e lhe oferecendo todas as palavras de consolo que podia.
Na manhã seguinte, Naruto chegou, parecia assustado, com medo. Amava Sakura, mas havia sido necessário um episódio como aquele para que superasse o passado que tiveram e ele entendesse que não queria perder aquela nova mulher, que ela havia se tornado, alguém que respeitava o outro e se importava com amigos. Uma pessoa real, que estava tentando melhorar, assim como ele.
Mas a realidade não foi assim tão bondosa, Sakura havia sobrevivido, contudo as pancadas haviam sido fortes... Na cabeça e pelo resto do corpo. Estava viva de fato, mas não acordada. O médico foi otimista, a Haruno, a heroína daquele episódio fatídico, poderia acordar a qualquer momento. Entretanto , não foi o que aconteceu. A primeira semana se passou e então a segunda e a terceira, assim se foi o primeiro mês, depois o segundo e assim por diante, a Haruno permaneceu em seu sono inabalado.
°°°°°°
A chuva bateu forte na janela e Hinata se aconchegou nos braços de Tom, mas o despertador tocou, ele a segurou forte e ela quase cedeu, mas foi para fora da cama e começou a se arrumar, finalmente era fim de semana, o trabalho a estava exigindo muito em questões burocráticas, e toda folga era bem vinda.
- Tem certeza que você não quer ficar? - A Hyuga espiou de canto o torso nu de seu noivo. Apenas o tecido fino do lençol a impedia de vê-lo por completo.
- Me sinto muito tentada.
- Posso te convencer se quiser. - Sorriu de canto.
- Não. - Disse de súbito, ciente de que ele teria facilidades se tentasse. - Poderia vir comigo, você sabe.
- Isso não vai acontecer Hinata.
- Já se passaram dois anos... Você poderia...
- É melhor não...
- Talvez se você fosse ela conseguisse... Falar...
- Amor... Eu não consigo, ainda não consigo.
Hinata dirigiu até a casa de repouso, Konan estava internada desde o fatídico dia, mesmo que se envolvesse cada vez mais nas atividades do local, ainda não tinha retornado a falar, os médicos tinham boas previsões sobre o avanço dela, mas sem que dissesse nenhuma palavra era muito difícil, ela também se mostrava resistente a interações sociais, sentia-se assustada. Os olhos âmbares encontraram com os dela, e a Hyuga sorriu se aproximando de Konan que lhe sorriu de volta.
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Naruto estava no escritório, havia assumido a empresa junto a seu pai, tinha conhecido o mundo, durante o ano seguinte ao que Sakura não acordara, não havia conseguido permanecer vendo-a naquele sono eterno. Tinha se aventurado pelos mares, ido de terra em terra, conhecido belas mulheres, mas a meio ano estava ali, de volta. Voltara a visitar a Haruno todos os dias, não houveram mulheres, terras ou mares capazes de afastá-la de seus pensamentos, mas agora sentia-se muito mais calmo, mesmo que a esperança de ver novamente os olhos verdes sorridentes se esvaísse dele.
Mas naquela noite, pouco depois do Uzumaki ter realizado sua habitual visita o telefone tocou.
°°°°°°
Sakura abriu os olhos com dificuldade, os médicos a saudaram um pouco desacreditados, o cabelo róseo estava longo, seu pai e sua mãe estavam juntos no mesmo quarto, e inacreditavelmente sem brigas... Sua mãe lhe pediu perdão, inúmeras vezes. O pai a abraçou e beijou, fazendo promessas sobre estar sempre presente.
Mas não houve no céu ou na terra conforto para o baque que teve quando soube, esteve em coma por dois anos, pediu para ficar sozinha, os olhos dos pais pareceram preocupados. Dois e meio dormindo... As memórias do dia em que tudo aconteceu pareciam muito próximas e muito reais, embora tivessem acontecido há tanto tempo. Respirou fundo, e levantou a cabeça, mesmo que algumas lágrimas lhe percorressem o rosto. Tinha aprendido algo de valor naquele dia, e agora acordada novamente, não havia se esquecido. Não havia esquecido da imensa vontade de viver que sentiu, quando a morte lhe parecia certa. Mesmo com qualquer desafio que pudesse vir a ter. Ela tinha uma certeza, queria viver.
Ouviu batidas na porta, não respondeu, mesmo assim ouviu o som do ranger enquanto a porta se abria, olhos azuis a fitaram cheios de lágrimas, Naruto foi até a cama e abraçou, fazendo com que seu corpo doesse, mas não conseguiu evitar o riso. Ouviu as declarações de amor do rapaz com o coração na mão.
- Naruto eu... Estou acordando... Agora e muita coisa deve ter mudado... - Começou estranhando o som das palavras. - Eu não quero ser um peso para você...
- Um peso? O que está dizendo Haruno... Você é a mulher da minha vida...
- O que? - Perguntou desacreditada.
- Amo você, Sakura. Amo muito, todo esse tempo... Eu nunca quis tanto outra coisa como quis que você acordasse.
Sakura fechou os olhos, enquanto Naruto se aproximava e sentiu os lábios dele nos seus novamente, não queria perder um segundo dessa nova vida. E aquilo incluía seu próprio valor, não iria se desmerecer, se Naruto a amava e estava disposto a ficar ao seu lado, ela teria coragem para enfrentar a vida, e saber que também merecia seu lugar ao sol. Separou-se dele fitando esperançosa as safiras que a encaravam. Não teria feito nada diferente do que fez, estava lidando com um sentimento novo, que a preenchia por completo, estava pela primeira vez, satisfeita consigo. O pensamento pareceu ter ganhado vida, o quarto se encheu de alegria com a chegada de Hinata, Tobirama, Ino, Sasuke... Eles eram seus amigos, ela os tinha conquistado. E estava aproveitando ao máximo a sensação de ser querida. Sorriu satisfeita, enquanto escutava tantas histórias de coisas que aconteceram enquanto esteve em coma.
- Mas me digam, como foi o casamento de você? - Perguntou olhando para Hinata e tom.
- Não foi. - Ele respondeu.
- Como não? - Questionou confusa.
- Nós estávamos esperando nossa madrinha acordar... - Hinata respondeu limpando uma lágrima. - Como poderíamos casar sem você? - A Haruno se emocionou sem conter o choro. - Todo esse tempo, nós sempre estivemos esperando, nunca duvidamos que você acordaria.
- A segunda madrinha mais linda, claro. - Ino completou, rindo sem esconder as lágrimas de emoção.
Ali naquele quarto, depois de passar tanto tempo dormindo, Sakura compreendeu que a felicidade finalmente parecia tê-la alcançado. E que o passo mais importante para isso era que ela tivesse fé... Fé nas pessoas que lhes eram queridas e principalmente fé em si.
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Três meses após Sakura acordar Mito terminava de ajustar os últimos detalhes no vestido de noiva da Hyuga, logo a musica começaria e ela também era uma madrinha afinal. Sakura iria primeiro, as muletas ainda eram necessárias até que ela se habituasse a andar, mesmo que ela estivesse respondendo bem a fisioterapia.
- Mito, Mito... - Hinata segurou a mão da cunhada. - Calma. - Disse com um sorriso gentil. - Assim meu sobrinho vai nascer antes do tempo.
- Ai... - A ruiva passou a mão pelo rosto da Hyuga com carinho. - É que eu amo tanto vocês dois que eu quero que tudo seja perfeito.
- Não precisa ser perfeito Mito, só precisa ser real, só precisa ser o Tom me esperando no altar. - Ambas riram. - Mas você tem que se acalmar. - Disse acariciando a barriga de sete meses da cunhada. - Esse meninão já vai nascer dando mais trabalho que o Shinki desse jeito.
- Ai, nem brinca... - Sorriu limpando uma lágrima. - Olha só, o casamento nem começou e eu já to chorando, meu Deus... É isso que a gravidez faz com você...
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Tobirama ouviu o som dos instrumentos pela igreja, céus! Seu irmão o estava conseguindo distrair com facilidade. Tinha que admitir, era um bom irmão. Respirou fundo, Sakura vinha entrando com Naruto, a passos lentos, sentia orgulho pelos laços de amizade que havia criado com eles, e pela pessoa que a Haruno havia se tornado. Logo após vieram o casal mais esprivitado e engraçado que ele já vira, Ino e Sasuke, os mais boêmios. Enquanto os padrinhos entravam ele se perdeu na ansiedade, até vê-la, mesmo que a sua frente estivessem mais três crianças incluindo Shinki, com as alianças.
Sorriu, sentiu como se o coração fosse sair do peito, segurou a onda. Não iria chorar, claro, mas nossa... A sensação do momento era sem igual. Saber que dividiriam definitivamente o mesmo teto. O vestido branco era todo rendado incluindo as mangas transparentes, era um verdadeiro vestido de princesa. Tinha que admitir, não estava prestando atenção no que o padre estava falando durante a cerimônia, não conseguia tirar os olhos da noiva, de sua mulher. Quando chegou o momento em que teve que fazer seus votos, não precisava do papel no bolso, sabia exatamente o que deveria dizer, não era difícil, quando olhava naqueles olhos de pérola.
- Hinata... Eu prometo amor a você na alegria e na riqueza, na saúde e na doença, confiar em você, amar e te querer a cada segundo. E prometo fazer real todas as coisas maravilhosas que você e eu possamos imaginar. De hoje até o último dia da minha vida. - E com um sorriso completou. - E quem sabe ainda além disso, pois se houverem outras vidas, vou te encontrar em cada uma delas.
As pernas de Hinata bambearam, torceu com todas as forças para que as câmeras estivessem gravando todas aquelas palavras, queria se lembrar com exatidão de tudo aquilo.
- Eu Hinata... Prometo amá-lo e respeitá-lo, estar sempre atenta ao nosso lar e a nossa harmonia, prometo passar com você pelos piores momentos que tenhamos e também os melhores, dividir cada instante que eu tiver com a pessoa que me faz alguém melhor do que eu sou. Por esta e por quantas vidas mais nós tivermos.
Os olhos vermelhos estavam vidrados nela, não soube dizer se já haviam autorizado que beijassem a noiva, quando a puxou para seus braços e selou os lábios ao dela com vontade, sentiu as mãos femininas percorrerem por sua nuca por entre os fios brancos do cabelo e a apertou com vontade. Ouviu o sacerdote limpar a garganta e se separou dela com um sorriso, contemplando a face corada de sua, agora, mulher.
°°°°°°
Um ano e um mês depois de seu casamento, Senju Hinata estava com a enorme mala arrumada na sala de sua casa. Ino a olhava apreensiva. E incerta sobre tudo. Deu um copo d'água para a amiga pedindo que ela se acalmasse.
- Hina, tem certeza? Você parece muito nervosa, talvez isso não faça bem...
- Certeza Ino, vou beber água, apenas faça sua parte. - Enquanto a amiga foi a cozinha a loira discou o numero de Tobirama.
- Tom. É Ino. Hinata está indo embora. - Disse com voz sussurrante.
- Embora? Como? De onde? - Questionou confuso, deixando de lado o trabalho.
- Daqui, a mala já está pronta. Vou te mandar uma foto. - O senju viu a imagem das duas malas de Hinata na sala de sua casa.
- O que tá acontecendo ? - Começou a ajeitar as coisas para ir embora.
- Hinata estava aos prantos quando cheguei, recebeu um envelope, tem uma foto sua... - A loira hesitou. - Uma foto sua, beijando outra mulher.
- Que porra é essa? Eu não beijei mulher nenhuma.
- É o que há no envelope... Ela me mostrou Tobirama, eu não esperava isso de você... - Ele a interrompeu visivelmente alterado.
- Eu não beijei mulher nenhuma... Você está dizendo que eu trai a Hinata? Claro que não, porra.
- Não estou dizendo... A foto que diz... - Ino suspirou. - Tenho que desligar ela está voltando.
Sakura atendeu o interfone com um sorriso, Ino já havia deixado ciente a que pé estava toda a situação, era bom ser útil. Tinha seu espaço na Senju, Tobirama estava pedindo para que ela assumisse duas reuniões. Estava ligando para ela do carro, tentou tranquiliza-lo inutilmente. Quando ele desligou ela ligou para Naruto, a primeira reunião era com a Namikaze. Nada como negociar com o marido. Só tinha que ter cuidado para não se deixar levar pela lábia dele.
O Senju estacionou o carro frente a casa e saiu, não conseguiu abrir a porta, pôs Hinata o fez e ele a olhou confuso, esperando que ela explicasse aquilo, mas tudo que viu foi a mala na mão dela e outra na de Ino que estava logo atrás.
- O que é isso Hinata? Não pode estar falando sério.
- Me deixe Tom... Tobirama...
- Hinata, não faz isso, você precisa acreditar em mim.
- As fotos... Não deixam duvidas. - Disse desviando os olhos perolados.
- Você sabe que eu jamais faria isso. - Insistiu fazendo com que ela fitasse os olhos vermelhos. Ela suspirou.
- Muito bem, quero que veja a foto. E depois me diga, se é que terá algo a dizer
Ele assentiu, com o coração na mão, estava vivendo feliz com a mulher, não queria voltar a vida que tinha antes dela... Não sabia que foto era aquela, mas que porra, estava com medo. Subiu as escadas com Hinata logo atrás, havia um envelope em cima da cama. Olhou para a esposa que fez um sinal com a cabeça para que ele o visse, os olhos perolados estavam duros e ele quase não os reconheceu sem a habitual meiguice.
Pegou o envelope nas mãos, não havia nenhuma foto nele, leu confuso as palavras, algumas imagens que ele reconhecia de quando Mito havia dito a ele que estava... No final do documento estava escrito a palavra positivo. Ele virou, buscando nela o que precisava para ter certeza daquilo. Nas mãos dela haviam um par de sapatos, pequeninos, feitos de tricô, brancos. Sentiu seus lábios comprimirem, viu o sorriso no rosto dela enquanto ela confirmava para ele... Desta vez... Ele não pode conter as lágrimas que saíram dos olhos vermelhos, quis ir até ela e envolvê-la nos braços, mas as pernas não corresponderam, ele se sentou na beirada da cama.
Hinata se aproximou dele e Tom a puxou deixando-a entre suas pernas, encostou a cabeça na barriga da esposa e a abraçou, a Senju acariciou a cabeça do marido , enquanto ele chorava.
- Você gostou? - Perguntou um pouco incerta.
- Porra Hinata. - Disse sorrindo em meio as lágrimas e levantou a cabeça para olhar nos olhos dela... - Você quase me mata, fingindo que ia embora... Arruma mala e tudo... Você... - Ele teve que parar pra tomar fôlego. - Claro que eu gostei. Você vai me dar um filho...
Viu o sorriso aumentar nos lábios femininos, ela se abaixou o beijando com vontade, provando o gosto dele, e de toda felicidade que compartilhavam.
°°°°°°
15 anos depois
Tobirama acordou cedo, sabia que era um dia especial, o jardim já estava pronto para receber os convidados que viriam passar o dia ali. A esposa o havia feito um pedido que ele não sabia se seria capaz de cumprir. Saiu mesmo assim. Ainda incerto do que faria. Havia aprendido muitas coisas com Hinata, durante todo o tempo em que estiveram juntos, a bondade que parecia ser infinita na esposa, era uma das coisas que havia aprendido, mas ele estava longe de ser como ela, entretanto esperava não ser alguém tão rancoroso... Suspirou fundo, enquanto desejava ter se tornado alguém melhor.
Hinata começou a receber as pessoas que chegavam para passar o dia.Hanabi e Konohamaru chegaram cedo, para o aniversário da Senju. Hiashi veio logo depois. Aos poucos todos os amigos vinham chegando. Sasuke e Ino depois de muitas idas e vindas haviam se casado e levavam a vida mais agitada que um casal poderia levar. Tinham uma filha chamada Harumi de 13 anos, com cabelos negros e olhos azuis. Muito bem educada, e por incrível que pareça, contrariando todas as expectativas, era tímida e reservada.
Mito e Hashirama chegaram com Shinki e Kay. Senju Kay era uma rapaz tranquilo aos seus 16 anos, na verdade desde criança sempre fora tranquilo, diferente do agitado shinki, possuía o cabelo vermelho e os olhos escuros e era o pesadelo de Tom. Kay Tinha diferença de idade de um ano e oito meses dos gêmeos, era o melhor amigo de Hayato o filho mais velho de Hinata que era afilhado de Ino e Sasuke. Ele tinha os cabelos negros da mãe e os olhos vermelhos do pai, era alegre, vivia sorrindo e não tinha o menor interesse nas empresas do pais, Hinata havia temido que Tobirama e ele tivessem desentendimentos por isto, mas o marido apoiava o filho em seu sonho de se tornar fotógrafo.
Entretanto o verdadeiro motivo para que Kay fosse o pesadelo do tio era a gêmea de Hayato. Sayuri, havia recebido o nome de uma flor em homenagem a sua madrinha Sakura, Sayuri, assim como o irmão tinha os cabelos negros e os olhos vermelhos, entretanto havia herdado uma extrema paixão pelos negócios, sempre conseguindo dos pais cursos e estágios que a preparassem para a vida de uma mulher empreendedora. Kay e Sayuri eram jovens e não sabiam disfarçar os sentimentos que afloravam entre eles. Mesmo que a brava garota se fizesse de dura, avida por corresponder as expectativas do pai, que amava de todo coração. Mas Hinata sabia que os primos cediam vez ou outra aos amores que sentiam um pelo outro. Não que houvesse resistência por parte de Kay.
Neji e Tenten chegaram mais tarde sem o filho estava em uma viagem, mas Hinata se alegrou ao ver seu filho mais novo que havia passado o dia com o tio correr para abraça-la, Shiro tinha oito anos era meigo e gentil, diferente dos irmãos que tinham grande parte do temperamento do pai, o menino havia saído a mãe, até na timidez, para o lamento de Hinata. Shiro tinha os olhos de lua da mãe e os fios brancos do pai. A Senju morria de medo que o filho fosse excluído pela aparência, o achava lindo, claro, mas era assim como o nome dizia, branco, a única coisa que fugia a regra, eram os dois riscos vermelhos na bochecha que havia herdado da avó. Entretanto os medos de exclusão se mostraram infundados, Shiro havia mudado de escola cinco vezes, mas por motivos contrários, era um jovenzinho retraído e as meninas vivam o agarrando, deixando cartinhas em sua mesa, o envolviam em disputas. A Senju não conseguia deixar de rir. O filho corava e gaguejava como ela.
A única menina que sabia lidar com ele tinha sete anos, os cabelos loiros e os olhos verdes, filha de Naruto e Sakura. Saori era agitada feito Naruto e conseguia fazer com que Shiro se soltasse mais. Mesmo que Naruto as vezes olhasse de forma desconfiada para os dois, Hinata reconhecia aquele olhar em Tobirama quando Sayuri e Kay eram crianças e passavam horas brincando. Hinata, Mito, Ino e Sakura gostavam de rir daqueles pais bobões. Mesmo que a Senju se preocupasse verdadeiramente com os olhares mortais que via Sasuke dirigir a Hayato quando o filho não conseguia segurar os olhares apaixonados perto da doce Harumi.
- Mamãe, você prometeu que se eu não ficasse bem nesta escola você deixava eu ter professores em casa. - Queixou-se Shiro, aproveitando o momento a sós com a mãe na cozinha.
- Ah, meu amor... Seu pai não é muito a favor disto...
- Ele não gosta de mim... Porque eu não sou como o Hayato e a Sayuri. - Lamentou-se com os olhos cheios de lágrima e Hinata o abraçou se ajoelhando no chão. Ela reconhecia bem toda aquela insegurança infundada.
- Claro que seu papai te ama muito meu amor... Você não sabe disso? - Shiro assentiu.
- Mas eu não sou como eles...
- Ah, meu amor, não precisa ser como eles...
- Mas eu não consigo gostar dessas escolas.
- Você só é inteligente demais... - Superdotado disseram os especialistas. - E quando você crescer um pouco mais irá para uma escola especial, que vai estimular da forma correta seus potenciais. - O menino assentiu novamente.
- Não posso estudar em casa até lá?
- Eu falei com seu papai, o que você acha de estudar na escola da Saori? Ele mesmo vai levar você até lá.
- Todos os dias? - Perguntou deixando um sorriso escapar.
- Sim, todos os dias.
- Mas é muito longe.
- Mas o papai não liga, porque ele ama você e quer que você aprenda a se inteirar bem com os outros. Para que isso não seja um problema no futuro, se você ficar em casa isso pode não ser legal.
- A Sayuri vai morrer de ciúmes. - Disse deixando o sorriso sapeca que a mãe tanto amava aparecer.
- Ciúmes tenho eu, de vocês dois querendo tanto assim a atenção do seu pai, acho que se esquecem de mim. Só o Hayato me ama muito.
- Que bobagem mamãe. Claro que eu amo muito você. - Desviou os olhos de lua dos da mãe, enquanto as bochechas coravam.
- Aaacheiii vocês! - Era a filha de Sakura.
Saori espiou a cozinha estava com os longos cabelos loiros soltos. Shiro abraçou a mão escondendo o rosto no ombro de Hinata. Mas a morena não se abalou, ao invés disso deixou a loirinha fazer o trabalho dela.
- Shirooooooooo. - Ela se aproximou e o cutucou. - Você não vai brincar comigo hoje? - O menino sacudiu a cabeça negativamente. - Shiiiiiiiirooooo. Brinca comigo, senão eu choro muito.
A garota tinha o sorriso mais arteiro que Hinata conhecia, sabia bem que Shiro não resistia a manha dela, detestava ver a amiga chorar, ele levantou a cabeça timidamente e olhou nos olhos verdes.
- Não chora Saori. - Disse gentil.
- Vou chorar sim. - Replicou com um bico.
- Ah, não... Eu vou pegar os brinquedos pra gente brincar, então... Aí você não chora... Tá bom... - Hinata se segurou para não gargalhar, do que adiantava ser super dotado se era tão ingênuo?
- Eu trouxe brinquedo pra gente Shi, minha mãe foi buscar pra gente brincar lá no jardim.
- Na frente de todo mundo?
- É ué, todo mundo é da nossa família. - Hinata achava graça da desenvoltura da afilhada. - Mas pega o seu dinossauro que eu gosto?
- Tá bom Sao... Vou lá pegar... - A Senju viu o filho se afastar e Saori cair no riso.
- Madrinha... - Disse sussurrando fazendo uma conchinha com a mão e Hinata se inclinou para ouvir o segredo. - Eu vou me casar com o Shi, mas não conta pro papai, ele tem ciúme.
- Aí meu Deus, eu vou ter que guardar um segredo desses? - Levou a mão no coração e a menina gargalhou.
- Vaaaai.
- Nossa, mas se seu papai brigar comigo você vai me proteger?
- A mamãe protege a gente, ela já sabe.
- Ah... Então eu já me sinto melhor.
- Vamos Sao. - Shiro chamou da porta e ela fez sinal de silêncio para Hinata que repetiu o gesto. No Jarim Kushina, Ino, Sakura, Tenten e Mito estavam rindo juntas.
- Então você já sabe que a Sao vai casar com o Shiro? - Sakura riu.
- Meu Deus Hina... Ela é tão apaixonada, Naruto quase morre.
- Quem diria que seriam os filhos da Hina o terror de nossos maridos. - Inteirou Ino. - Harumi por mais tímida que seja não consegue nem esconder que gosta do Hayato. Sasuke fica para morrer.
- Cuida do meu filho Ino. - Pediu Hinata.
- Não fica assim meu amor, eles sobrevivem. - Tranquilizou Kushina.
- Aaaaaaah, mas pelo menos meu filho dá toda dor de cabeça possível ao rabugento do Tobirama, Kay veio para lavar minha alma.
- Mas seu filho é muito bonito mesmo Mito, Sayuri é cabeça dura como o pai, mas ninguém é de ferro. - Ponderou Tenten.
- Meu príncipe logo, logo vai fazer o tio ter um infarto.
A explosão de gargalhada foi enorme, Hinata olhou ao redor, só faltava seu amor ali. Tom... Toda aquela alegria era da vida que eles haviam conquistado, esperava que ele chegasse com a pessoa que faltava. Que ele conseguisse perdoar, para tornar tudo aquilo completo.
°°°°°°
Konan terminou de arrumar a mala com as poucas coisas que possuía, os olhos âmbares percorreram pelo quarto que havia a abrigado por tanto tempo. Sabia que era aniversário de Hinata, a única pessoa que fora visitá-la durante todo aquele tempo, mesmo que depois que Sakura tivesse acordado elas tivessem trocado mensagens sobre aquele terrível dia, a Haruno nunca chegou a ir até ali.
Tinha voltado a falar há apenas um ano. Depois daquele dia, suas palavras haviam se perdido, todo o horror sempre voltava a aterrorizar suas noites. Esteve amedrontada demais para falar. Aterrorizada demais para voltar para o mundo lá fora. Mesmo que Hinata tivesse prometido a ela um emprego de médica e um curso para que ela se atualizasse, não era o que desejava, Mei a havia feito sentir horror do mundo, e fora necessário muito tratamento para que esse terror diminuísse.
Fazia um bonito dia de sol, quando ela atravessou a porta da casa de repouso, os funcionários fizeram fila para se despedir, afinal foram muitos anos. Era uma mulher sozinha no mundo, não possuía laços, não tinha família, mas agora aquelas coisas não importavam, era hora de seguir em frente. Caminhar com as próprias pernas. Ergueu o rosto ao sol, assim que saiu e permitiu que ele a aquecesse e mesmo com toda a tristeza e medo conseguiu sorrir.
Konan quase entrou novamente quando viu parado do outro lado da rua recostado em um carro Tobirama. Pois pensou que mal havia saído e já estava delirando. Pelo menos era ele que ela reconhecia, tão bonito como sempre, o cabelo branco continuava rebelde, as marcas no rosto... Alto, ela sorriu pelo visto ele ainda corria todos os dias pela manhã. O rosto sempre tão sério, parecia mais suave. Ficou estática, não sabia o que fazer, ele nunca havia ido vê-la, nenhum dia sequer.
- Vai ficar aí parada? - Disse ao caminhar até ela, pegou sua mala e pôs no carro. - Estamos perdendo o aniversário da Hina.
- Você... - Tentou.
- Eu o que? - O Senju nunca havia sido muito bom, com sentimentalismos e todas aquelas coisas. - Se está tudo bem para a Hinata, está tudo bem para mim. Ela já perdoou você há muito tempo.
- Nós seremos amigos outra vez? - Os olhos vermelhos focaram nos dela.
- Você nos salvou Konan... Qualquer um que se disponha a salvar quem eu amo merece uma chance. Desculpe não ter vindo antes.
- Não... - Ela não tentou limpar as lágrimas que corriam. - Obrigada por me dar uma nova chance.
- Venha cá. Eu disse que estaria ao seu lado não foi? Me desculpe por demorar tanto.
O Senju a abraçou e ela se permitiu chorar um pouco mais, tinha cometido tantos erros, teve sorte de esbarrar em pessoas tão boas, mesmo que não se julgasse merecedora de perdão, conseguia compreender que todos eram capazes de mudar, para o bem e para o mal, a verdadeira tragédia era não ter a chance de mudar. E ela aproveitaria bem a nova chance, desta vez, de verdade.
°°°°°°
Tom observou de longe a família reunida em sua casa, viu a esposa ali, sua pequena lua, e os filhos, tinha aprendido que os amigos também eram sua família e logo ele que sempre apreciou o silêncio, estava feliz com a casa cheia, estreitou o olhar quando viu Kay ao lado de Sayuri. Os dois rindo como se ouvissem a piada mais engraçada do mundo.
- Então, Konan... Acho que você vai ter que voltar de onde veio...
- O que, por que? - Perguntou confusa e assustada.
- Por que quem vai cometer um assassinato hoje, sou eu. - Disse oferecendo um sorriso sinistro para a amiga.
A Senju viu o marido sair do carro com Konan e sorriu feliz, foi até eles e abraçou a amiga, a havia visitado semanalmente durante todos aqueles anos e sempre quis que ela conhece seus filhos, beijou Tom que estava de olho na filha, mas Sayuri assim que havia visto o pai havia se afastado instantaneamente de Kay, que agora ao lado do irmão Shinki, não escondia o descontentamento. Hinata chamou os filhos que se aproximaram e foram apresentados a antiga amiga do pai. Os gêmeos que haviam encantado Konan com seus olhos vermelhos e temperamento, logo voltaram a festa, mas Shiro permaneceu escondido atrás da mãe.
- Oi. - Tentou Konan ao se abaixar. - Você não quer falar comigo?
- Ele é muito tímido. - Tobirama disse. - Saiu a mãe. - Hinata sentiu as mãos do filho a apertarem.
- O que não é algo ruim. - Tratou de emendar.
- Claro que não. - Concordou Tom. - É o rapaz mais carinhoso e gentil que conheço. - Sorriu para o filho que não pode evitar sorrir de volta para o pai.
- Claro que não. - Remendou Konan, com voz doce. - Sua mãe me disse que você quer ser médico Shiro. É verdade?
- É... - Concordou num fio de voz.
- Sabia que eu também sou médica.
- Mesmo? - Perguntou olhando para o pai, que assentiu. - Eu quero ser neurocirurgião.
- Nossa, isso é bem difícil, mas bem legal também. Acho que eu posso te ajudar com algumas coisas...
- Mesmo? - Perguntou diretamente para ela que lhe sorriu. - Sao também quer ser médica. Posso apresentar ela a Sao mamãe? - Hinata assentiu e sorriu.
Shiro pegou Konan pela mão e a levou para o jardim, deixando Tom completamente surpreso, o filho não era de conversar com pessoas que tinha acabado de conhecer, ainda mais tocar. Se manteve ali com Hinata por um momento olhando de longe todas aquelas pessoas que faziam parte da vida deles. Sentiu os braços de Hinata o envolverem e a abraçou.
- Obrigada...
- Não foi nada.
- Foi sim, sei que deve ter sido difícil.
- Na verdade... Assim que eu a vi, bom... Ela se parece mais com a menina que eu conhecia agora... Acho que essa é a Konan de verdade.
- Mas não foi por isso que eu agradeci.
- Não?
- Não, foi por nossos filhos maravilhosos e por tudo isso... Lembra como isso começou? - Ele jogou a cabeça para trás e riu um pouco.
- Por Deus, lembro bem.
- Tudo que nós temos agora. Tudo o que você me deu. - Olhou com carinho para os olhos vermelhos, tocando as marcas na bochecha.
- Eu não dei nada a você. Tudo o que nós temos aqui, construímos juntos.
- Acho que eu seduzi você.
- Certamente, mas toda a teoria da sedução tem seus riscos e se você você tivesse lido o material saberia que ao encontrar a pessoa certa, acaba sendo sobre amor. - Sentiu-se satisfeito com o som melodioso da risada de Hinata.
Ficaram ali mais um pouco, antes de voltar a comemoração, a vida poderia não ser perfeita, mas não era este o objetivo. Já haviam entendido que a vida era para ser vivida, e que valia muito a pena, o objetivo era ser feliz, e muito além disso ter alguém que atravessasse com você entre os bons e os maus momentos. Ter ao seu lado alguém que segurasse a sua mão quando tudo parecesse perdido e sorrisse com você seus melhores sorrisos, que dividisse com você a euforia que era estar no mundo. Tudo o que haviam passado e o que construiam a cada dia não deixava duvidas que a vida... É sobre amor.
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