Depois de duas horas sentados na lateral da carroceria, todos estávamos com o traseiro dolorido.
-Xavecão será que tem como dar uma paradinha? Assim só pra esticar as pernas e descansar o traseiro... - perguntei.
- Você não aguenta mais 3 horas? Eu não quero dirigir por aqui quando...
-Vai Xavecão por favor só cinco minutinhos a gente já continua. - Insistiu Sofia.
-Gente nem tá tão desconfortável assim. - disse Denise.
Todos olhamos pra ela com cara de sarcasmo. E em seguida rimos. Xavecão cedeu e encostou.
-Apenas cinco minutos. - lembrou.
-Esta bem. - concordamos.
Descemos da caminhonete. Alonguei meus braços e pernas, tudo estralou.
-Nossa como eu tô crocante. - brinquei olhando pro Cebola. Ele riu.
-Aproveitem pra ligar pros pais de vocês. Aqui deve ser um dos últimos lugares que vai ter área.
Todos concordaram e pegaram o celular. Eu fiz o mesmo, disquei pra minha casa.
"Alô?
"Oi pai tudo bem?
"Tudo sim filha. E aí? Já chegaram?
"Ainda não, a gente deu uma parada porque tá todo mundo reclamando de dor no traseiro.
"Entendi. Mônica tome muito cuidado ai, juízo viu. Tenta me ligar quando chegarem na fazenda.
"Ok pai, se tiver sinal eu ligo sim. Manda um beijo pra mamãe.
~~Tuuuu
-ué. O sinal caiu? - perguntei confusa olhando para o celular..
-O meu também desligou Mô, deve ser fraco o sinal aqui. - disse Magali se aproximando.
-O meu também desligou! Logo agora que eu ia postar essa foto mara!!! - Gritou Denise subindo na caminhonete na tentativa de Recuperar o sinal.
-Todos os celulares desligaram. - disse Cebola se aproximando com seu celular na mão. -Muito suspeito isso.
-Relaxa careca, deve ser porque a gente tá no meio do nada! - disse Cascão.
-Na verdade eu concordo com o Cebola. - disse Xavecão. - Deve ser o corpo seco que está fazendo isso pra depois agarrar um de nós e estraçalhar com as suas unhas gigantes.
-C-Corpo seco? - perguntou Magali assustada.
-Sim. Essa história é bem conhecida por aqui. Dizem que era um homem muito ruim, extremamente maldoso. Ele batia em sua mãe, maltratava a todos, e desmerecia seu pai, ninguém gostava dele. Um dia quando ele voltava pro sitio onde morava com seus pais por essa estrada, um raio atingiu uma árvore fazendo ela cair, ele perdeu o controle e bateu a moto na árvore que pegava fogo. Ai ele morreu. E seu espírito era tão ruim mas tão ruim, que nem o céu nem o inferno o quiseram. Então ele ficou preso na terra, durante o dia ele passa de árvore em árvore e durante a noite ele ataca quem ver pela frente, rasgando a pele com suas garras e dilacerando todos os órgãos.
-Que horror! - gritei.
Todos fizeram cara de pavor. Então Xavecão começou a rir.
-Qual é gente, é brincadeira. Sobe ai, que a gente tem muito caminho pela frente.
- Não achei graça! - reclamou Denise entrando na caminhonete e batendo a porta.
-Também não. - Concordamos.
-Beleza mano! Que irado! Tem mais histórias desse tipo pra gente contar por lá de noite? - Perguntou Cascão.
-Terror é o que não vai faltar nessa viagem! - disse Cebola. - Eu trouxe vários filmes daoras pra gente ver!
Xavecão deu a partida e continuamos o caminho. Notei que Magali estava com um olhar triste.
-Tudo bem miga? - perguntei colocando a mão em seu joelho.
-Sei não Mô. Não tô sentindo coisa boa nessa viagem... Até tava animada mas depois dessa...
- Continua
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.