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História Ação e Reação - Florescer Espiritual


Escrita por: Poluk

Notas do Autor


Genteeee desculpa a demora pra postar esse cap, é que acabei tendo visita na semana passada T.T
Mas adorei escrever esse cap! espero que gostem

Capítulo 11 - Florescer Espiritual


23:01

Syndra olhava atentamente a cena, Kayn com a cabeça de Zed sobre seu colo, o corpo inerte do ninja, o pesar e a dor de seus discípulos, os ombros caídos em derrota de Shen, enquanto os fogos de artifício iluminavam o interior abandonado do teatro. Ela se alimentava dos sentimentos mais escuros e sôfregos, e a sua frente estava posto um banquete, mas isso não lhe interessava naquele momento, ela já estava junto daqueles a algum tempo, e sentia-se estranhamente próxima, torcia por eles.

 

 - O Festival das Cerejeiras, é mais que um espetáculo para ver as ruas floridas, ele celebra a aproximação do mundo físico e do mundo espiritual - começou a explicar, todos atentos a cada palavra - a barreira que separa os dois mundos está extremamente fina hoje - completou. Nenhum ali entendia como isso poderia ser útil, ou como cruzar essa barreira e trazer Zed.

 

 - Mas mesmo que atravessemos, não coseguiríamos trazer ele de volta, ele morreu naturalmente Syndra - disse Shen, ele conhecia muito bem sobre o mundo espiritual e como funcionava.

 

 - A umas 2 horas de caminhada, houve uma batalha na praia de Navori, Noxus queria atacar durante o festival, as forças de irelia contiveram o ataque mais cedo, a batalha já está cessada a essa altura, mas o campo de batalha está repleto de corpos dos dois lados… - fez uma pausa insinuando o seu plano para Shen, os outros ainda acompanhavam sem entender.

 

 - Syndra isso é loucura, jamais daria certo, e você estaria arriscando qualquer um que fosse para lá, já tivemos uma perda… - Shen sentiu a palavra pesar em seu peito ao lembrar-se de que era seu irmão quem faleceu ali.

 

Toda aquela conversa com meias palavras começava a ferver o sangue de Kayn, “foda-se que é perigoso, se dá pra tentar trazer ele de volta eu faço” decidiu-se - Me fale o que tenho de fazer Syndra - disse Kayn com voz séria e despedindo-se do corpo de Zed com um beijo em sua testa, apoiando a cabeça dele no chão com gentileza

 

 - Você já ouviu a fábula da Ovelha e do Lobo?! - indagou Shen.

 

 - Não tenho tempo para historinhas com lições de moral agora - retrucou Kayn enraivecido, achando que se tratava de algum tipo de advertência.

 

 - Os Kindred! são a própria morte manifesta, encarnada em forma… compreensível por assim dizer - falou Syndra continuando com o mesmo tom cauteloso e respeitoso na voz disse - Eles devem estar no campo onde ocorreu a batalha, ceifando os que agonizam - concluiu quando viu nos olhos de Kayn que ele entendera a ideia.

 

 - Então é só ir lá e pedir para eles?! - animou-se com a ideia de conseguir Zed de volta.

 

 - Não é tão simples, os Kindred levam aqueles que chegaram ao fim de sua vida, são uma força da ordem natural do mundo, e o que você quer pedir é que quebrem essa ordem natural! - explicou Shen - isso é um convite a uma morte prematura no mínimo… e sempre existem coisas piores que a morte.

 

 - Não me importo, eu vou! - disse Kayn agarrando Rhaast.

 

 - Normalmente não é possível ver os Kindred, exceto no momento da sua morte, mas hoje, até a meia noite, os mundos estão tão próximos que será possível vê-los - explicou a bruxa.

 

 - Então temos menos de uma hora, e você disse que são duas horas de caminhada - calculou Han enquanto Sett ajustava o torniquete em seu braço esquerdo perdido na batalha.

 

 - Como eu vou chegar lá a tem… - não conseguiu terminar de falar quando foi interrompido por Kazumi.

 

 - Estamos esperando o que então? vamos agora - disse colocando-se de pé - os únicos em condição somos eu, Sett e Shen, Akali e Han precisam de tratamento imediato - disso olhando para a amada com o ferimento na perna e barriga.

 

 - Eu ficarei cuidando dos dois, e guardando o corpo de Zed - disse Syndra - agora vão, vocês tem pouco tempo…

 

________________

23:15

Como em um cochilo a tarde, sob a sombra de uma árvore, Zed fechou os olhos por um instante, não sabia quanto tempo havia passado e despertou, com uma leve letargia, “o treino deve ter sido pesado” pensava enquanto se espreguiçava e colocava-se de pé, admirando a paisagem, estava abaixo de uma cerejeira, frondosa e imponente, no topo de uma colina de onde podia avistar um campo e um riacho que o cortava serpentinosamente. Ouviu um barulho atrás de si, ele sentia-se calmo, não teve o ímpeto de entrar em uma postura de combate, apenas virou-se e viu uma linda raposa branca, com a cauda azul cintilante, uma não nove delas. Sentiu-se intrigado e continuou a observar ela enquanto a mesma dava a volta por trás do tronco da árvore, quando surgiu do outro lado, não era mais uma raposa e sim uma mulher raposa, com lindos cabelos rosa e as caudas adornando seu semblante, os olhos calmos mas afiados.

 

 - Olá jovem, desculpe te acordar do seu cochilo - disse com a voz serena e suave como seda - você sabe que lugar é esse? - perguntou examinando seu olhar.

 

Zed lembrava-se pouco ou nada do dia, na verdade não sabia onde estava, e mal se recordava de quem era, lembrou que gostava de tirar um cochilo depois dos duros treinos da Kinkou, mas isso parecia distante, não era isso que estava acontecendo, sua mente turbilhonara em lembranças e memórias, mas parecia tudo tão caótico e fugaz. Com olhar confuso apenas acenou que não com a cabeça para a mulher-raposa a sua frente.

 

 - Você está no mundo espiritual, infelizmente está morto - fez uma longa pausa, esperando a mente dele procurar as lembranças, os olhos dele arregalarem, colocando a mão sobre o peito, local onde fora ferido mortalmente, percebeu que as memórias dos seus últimos momentos em vida haviam retornado, e ao ver isto Ahri pensou“odeio essa parte, é sempre tão triste”.

 

 - Kayn?! ele está bem? preciso saber - perguntou Zed com temor na voz.

 

 - O jovem está vivo, se é o que quer saber - Respondeu pensativa, em como os que ficavam para trás nunca ficavam bem, sempre em agonia e dor por quem perderam.

 

 - Isto me basta, fico feliz em saber que ele vai poder continuar sua vida - respondeu Zed - mas e agora? - perguntou olhando para o lugar onde estava.

 

 - Eu guio os recém chegados, o mundo espiritual é cheio de perigos para aqueles que o desconhecem - explicava a mulher quando um vento forte começou a soprar, era frio e as nuvens encobriram o sol.

 

Um homem, com longos cabelos escuros, adornados com um par de chifres, os fios quase negros, olhar malicioso e pele clara saiu de trás da árvore, ele carregava uma estranha kusarigama, onde a ponto não continha um pêndulo, e sim, uma lanterna que brilhava e bruxuleava com chamas roxas e sinistras.

 

 - Ora, ora Ahri, querendo pegar o que é meu? - disse ele com voz melíflua e insinuante.

 

A mulher lançou um olhar feroz ao homem intimidador, suas caudas moveram-se de forma ameaçadora - Thresh, ele não é seu, ele sentiu o que era o amor novamente.

 

 - E apenas isso apaga uma vida de pecados e crimes?! isso seria injusto com aqueles que ele massacrou - retrucou Thresh com tom maldoso, seu sorriso escapou quando percebeu que encurralou a velha rival.

 

 - Faça o que tem de fazer, se a hora de pagar pelos meu crimes chegou, que seja - disse Zed, agora com as memórias de sua vida já claras em sua mente. Thresh riu e balançou sua lanterna.

 

 - Zed, você fez o que fez não em deleite, ou orgulho, mas o fez porque acreditava em um ideal, porque queria proteger sua terra natal e seu povo - apelou Ahri para o bom senso do ninja - O mundo não é preto e branco, mas em tons de cinza - Completou ela.

 

 - Então por que não perguntamos a opinião de alguém do passado dele? Vejamos se ele concordaria com isso Ahri - sorriu Thresh apontando para trás do ninja, que voltou-se na direção que ele indicava, apenas para ver um homem, idoso e de semblante familiar caminhando em sua direção.

 

 - K-Kusho - sussurrou Zed em espanto e tristeza ao ver seu pai adotivo novamente, o semblante do homem era triste.

 

 - Zed… alegra meu coração poder te ver novamente, mas também me enche de tristeza, pois isso significa que você está aqui agora - falou pesaroso o antigo mestre.

 

 - Pai - os olhos do ninja eram tristes e distantes, lembrava-se do passado, de como havia tirado a vida do próprio mestre, de seu pai adotivo.

 

 - Não diga nada, Você não precisa pedir perdão, cada ação gera uma reação, e eu sou o culpado por você estar aqui agora, ter poupado Jhin, ceifou nossas vidas - dizia Kusho segurando o rosto do filho - sou eu quem precisa pedir perdão a você.

 

 - Acho que no final somos iguais, morremos defendendo o que acreditávamos e os que mais amamos - respondeu Zed com um sorriso triste em sua face.

 

 - Entende agora Thresh - disse Ahri - eles entendem a dor um do outro.

 

Com um movimento das mãos o velho mestre desapareceu como fumaça, Zed fez menção em falar algo, mas não havia nada a ser dito, as palavras do mestre lhe acalentaram a dor que ele carregava consigo, e viu que o seu pai havia lhe perdoado.

 

 - O que vi foi apenas um velho sentindo-se culpado por suas atitudes tirar a vida do filho, uma coisa não justifica a outra - falou irritado o espírito anoso - e quanto a ele? - apontou para outra pessoa que surgia subindo a colina.

 

 - E aí rapaziada?! - falou com seu tom de voz maroto usual de sempre

 

 - Jabal?! - indagou Zed reconhecendo levemente o rapaz que matara, que colocou Kayn em sua vida - é você?

 

 - Eu mesmo em carne… pera não, eu morri né - colocou a mão atrás da cabeça e soltou um sorriso bobo - Mas o que você tá fazendo aqui? - colocou ênfase no fato que ele não imaginava o ninja ali.

 

 - Eu morri, salvando Kayn - respondeu Zed com tranquilidade na voz.

 

 - Cara você não pode morrer! o que vai ser do Kayn sem você? - perguntava o loiro com a expressão de preocupação no rosto.

 

 - Se eu não tivesse feito isso, teria sido ele a receber o disparo, e estaria aqui agora - retrucou Zed irritado pela falta de compreensão de Jabal.

 

 - Mas aqui ele seguiria, reencarnaria em uma outra vida, poderia descobrir a paz - falava Jabal enquanto gesticulava - agora lá ele vai viver apenas da lembrança de vocês dois, e cara ele fala toda semana de você pra mim!!! - concluiu vendo a expressão de Zed se alterar para preocupação. Ele não sabia como seria ali, mas pensar em como Kayn deveria estar agora, isso partia seu coração, além disso, ele era um irresponsável, sem ele por perto só iria se auto destruir.

 

 - Quem se importa - falou Thresh irritado - quero saber sobre ele ter te matado - indagou para Jabal.

 

 - Ah isso! tá de boas - falou estendendo a mão para Zed - ele na verdade me libertou e ainda deu uma família pro meu irmãozinho! - mostrou seu sorriso sincero para o ninja, que segurou sua mão respondendo.

 

 - Eu fiz o melhor que pude, gostaria de ter tido mais tempo com ele, na verdade com todos eles - sua voz transbordava de afeto por aquele grupo, que misteriosamente estava se transformando em uma família.

 

 - Os que mais sofrem são os que ficam para trás Zed, eu vi o que aconteceu com Kayn quando eu morri - falava Jabal enquanto olhava para as sombras dançantes da árvore no chão, sua mente vagando longe dali - por isso que eu te digo que ele deve estar arrasado.

 

 - Chega! - Falou Thresh, o mesmo gesto fazendo o loiro desaparecer como uma fina névoa 

 

 - O que foi Thresh? esperava ver ódio e vingança, e acabou tendo perdão e compreensão? - riu Ahri debochando do rival.

 

 - Ahri eu quero voltar - disse Zed com determinação, a preocupação crescente com Kayn apertava seu peito.

 

 - Todos querem - respondeu Thresh - mas sua vinda e estadia aqui não é algo opcional, Ahri apenas acenou com a cabeça concordando com o espírito.

 

________________

 

23:37

 

Kayn, juntamente de Kazumi, Sett e Shen, viajavam o mais rápido que podiam para o local da batalha, eles sabiam onde era o local, e tentavam correr o mais rápido que podiam, demorariam mais para conseguir cavalos do que o tempo que esses economizariam, as pernas de Kayn começavam a fraquejar e o fôlego lhe faltava, sentia uma leve tontura devido a respiração frenética e descompassada. 

 

 - Kayn, se continuar assim você vai desmaiar, não vai conseguir chegar até lá - falou a foice com calma, sabia que ele não daria ouvidos, mas começava a se preocupar com o rapaz.

 

 - Rhaast, se nós não conseguirmos, se não chegarmos a tempo, prometa que vai tirar a minha vida - pensou em confidência e em tom suplicante - viva no meu lugar, pegue meu corpo, mas por favor, não me deixe viver essa agonia.

 

Rhaast sentiu preocupação, começava a se afeiçoar aquele insuportável, mas entendia o seus sentimentos, sabia o que ele estava sentindo e como o fino fio de esperança que Syndra lhe dera era tudo o que o mantinha inteiro - Eu prometo… - respondeu por fim.

 

A visão de Kayn subitamente turvou, ele sentiu que cambaleou alguns passos, seu fôlego quase no limite, seu peito doía pela força que fazia para respirar, o coração disparado batia ensurdecedor em seus ouvidos, sentiu ânsia causada pela força da musculatura abdominal que tentava buscar cada vez mais ar. Kazumi segurou o amigo colocando o braço de Kayn atrás de seu pescoço e segurou o peito dele.

 

 - Você vai chegar lá, nem que eu precise te carregar, mas você vai - falou com determinação - até por que não quero te aturar depressivo - brincou ela tentando animar Kayn, mas ele mal conseguia manter a consciência.

 

Sett se aproximou deles - Olha ele tá atrasando a gente, Shen é muito mais rápido que isso, nós dois também, e cê me deu uma ideia - exclamou sorrindo enquanto os dois olhavam confusos para ele, que se agachou de costas para Kayn - sobe, eu te carrego, assim vai ser muito mais rápido! - Kazumi ajudou Kayn subir nas costas largas e musculosas do meio-vastayo, ele abraçou o pescoço de Sett - só pela mor, não conta isso pro Zed depois senão ele me mata - riu enquanto retomavam a corrida, muito mais rápidos agora, ainda tiveram dificuldades de acompanhar Shen, mas chegariam em cima da hora.

 

 - Eles são bons amigos - disse Rhaast, Kayn apenas concordou mentalmente.

 

23:45

 

O grupo avistou um destacamento de soldados Noxianos fazendo a patrulha pela estrada, ao menos quinze homens, o que complicava a situação do grupo, pararam um pouco antes de serem avistados, Kayn agora já melhor, desceu das costas de Sett.

 

 - E agora? - perguntou Kayn preocupado em qual a melhor opção

 

 - Desviar vai nos atrasar, e já estamos muito perto do horário limite - respondeu Shen olhando para o céu e calculando a hora pela posição das estrelas.

 

 - Lutar também vai nos atrasar, mesmo que pouco, cada minuto conta - disse Kazumi mordendo o polegar pensativa

 

 - Então tá decidido! porrada neles, enquanto eu e a Kazumi esmagamos as caras Noxianas deles, vocês passam direto e vão pra lá beleza Shen?! - explicou o simplório plano. Shen se perguntava como alguém poderia ser como ele e ainda estar vivo lidando com o submundo, mas ele estava certo, era a melhor opção.

 

 - Vocês vão ficar bem? - perguntou Kayn preocupado com eles.

 

 - Para de show, são só quinze ou vinte, eu e Ka vamos atropelar esses merdas - riu batendo no ombro da prima que mostrou o muque para Kayn - agora vamos rápido, não temos tempo.

 

Dispararam em direção ao destacamento, que os avistou quase que sem tempo de reação, já estavam muito próximos quando o líder do grupo levantou a palma da mão em sinal para eles pararem, entreabriu os lábios para dizer algo, mas as shurikens arremessadas por Shen acertaram precisamente a face do homem, derrubando-o em segundos - Pelo meio deles Kayn - disse o ninja, vendo o rapaz se aproximar dele. Sett Acertou em cheio o único homem que estava montado e que poderia perseguir os dois, o golpe derrubou o cavalo no chão junto com o homem sobre ele.

 

 - Quem quer levar porrada?! - disse Sett sorrindo e estalando os dedos das mãos unidas em um arco.

 

Os dois passaram por entre os homens sem complicações, conseguiram alcançar o outro lado do grupo apenas tendo que se defender de um ou outro golpe sem muito risco, os homens estavam despreparados para a investida. Um arqueiro levantou uma pesada besta de duas mãos, e mirou nas costas de Kayn, Kazumi ao ver a cena rapidamente bateu a mão espalmada no chão - Ah mas não vai atirar isso aí não! - a sombra do próprio homem segurou seus pés e os puxou para trás, fazendo ele vir ao chão com força, sua cara direto na estrada.

 

Kayn olhou por um instante para trás, viu os dois engajados na luta, conseguindo o precioso tempo para eles, entendia que esse era o melhor jeito, mas sentia-se culpado por eles correrem risco para o ajudar.

 

 - Kayn, eles escolheram fazer isso, agora concentre-se, porque o que você está prestes a fazer é conversar a própria morte de trazer alguém de volta - explicou Shen, seus olhos focados no horizonte

 

Kayn focou na sua corrida, mas não havia pensado nisso, na verdade não havia o que pensar, ele não tinha ideia do que iria dizer aos Kindred caso chegassem a tempo, mas estava determinado a convencer eles, mesmo que a força, a trazerem Zed de volta, ou ele morreria pela lâmina de Rhaast, e se juntaria ao ninja da mesma forma.

 

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23:57

Ao chegarem à praia Kayn se espantou com o cenário que a batalha havia deixado, haviam corpos por toda parte, sujos de areia e sangue, tornava quase impossível distinguir os Ionianos dos Noxianos a primeira vista. Os abutres já disputavam o farto banquete com os corvos, e a maré, que estava vermelha de tanto sangue derramado, começava a revogar alguns dos corpos, levando-os para alto mar. A brisa soprava em direção ao continente, mas não o suficiente para dissipar o cheiro férreo de sangue e morte do local, e a lua estava cheia, e ostentava seu parasselênio como uma coroa, o que conferia um ar mais mistico e solene a astro. Alguns estandartes rasgados, de ambos os lados, jaziam fincados na areia e balançavam com o vento dando a impressão de um lento bater de asas. Os dois caminhavam por entre os corpos, de forma respeitosa e com pesar, haviam soldados de Ionia tão jovens quanto os de Noxus, aquela guerra tornava-se cada vez mais brutal.

 

 - Chegamos a tempo Shen? - fora a voz de Kayn que cortou o silêncio, e mesmo que falando baixo, parecia alto demais para aquele lugar. O ninja olhou para as estrelas, não sabia com precisão, mas acreditava que sim, esperava que sim.

 

 - Tenhamos fé - fechou os punhos como se segurando a esperança que começava a querer esvair-se - agora devemos procurar alguém a beira da morte - instruiu pesaroso.

 

Kayn não imaginava como poderia haver alguém ali que ainda tivesse um último suspiro, a batalha havia sido feroz, os golpes deixados nos corpos eram repletos de ódio, enquanto caminhava Rhaast abriu o olho, vidrado em uma direção

 

 - Ali Kayn, alguém ainda respira - disse com uma voz tenebrosa, de algo que já viveu muitas guerras e estava acostumado àquele cenário. Kayn saltou por alguns corpos o que espantou as aves carniceiras em seu caminho e fazendo Shen o acompanhar. Viram um rapaz, Noxiano, não mais que dezesseis anos, respirando de forma pesada, o ferimento em sua barriga era profundo, causado por uma lança e que sangrava profusamente.

 

 - Como conseguiu ouvir ele? - perguntou Shen ao se aproximar e ver que a respiração era tão fraca que nem mesmo ele percebera.

 

 - Rhaast ouviu - respondeu Kayn levantando a cabeça do jovem, tentava dar algum conforto para ele nos seus momentos finais quando ouviu o rapaz dizer algo, Kayn voltou-se para seu rosto, estava cheio de lágrimas.

 

 - Eu tô com medo… n-não quero morrer - disse ele com a voz quase desaparecendo, seu corpo já estava frio e os lábios descorados.

 

 - Eu vou ficar com você, não precisa ter medo, é como… dormir - respondeu Kayn, tentando segurar suas próprias lágrimas frente aquela cena. Uma mão, delicada e alba, feminina em seus detalhes, cobriu a de Kayn que segurava o peito do rapaz, e ele ouviu a respiração cessar, o semblante dele era sereno como em agradecimento. Ele levantou os olhos, apenas para ver uma garota, vestida com pele de ovelha, e uma assustadora máscara negra com olhos vazios a sua frente, atrás dela uma assustadora presença esfumaçante, uma cabeça de lobo tão grande quanto o torso de um cavalo de guerra, seus dentes manchados de sangue e alguns restos de tecido presos entre eles, sua máscara branca e os mesmos olhos vazios.

 

 - A morte dele foi serena - disse ela com voz calma e sedosa, era reconfortante o timbre de sua voz, como uma cantiga de ninar - ISSO PORQUE ELE NÃO FUGIU - rosnou o terrível e negro lobo, sua voz gutural parecia o ecoar de um pesadelo.

 

Kayn colocou-se de pé rapidamente, a presença dos dois era aterradora, antes de chegar pensou que poderia enfrentá-los caso decidissem por não trazer Zed de volta, mas agora, estando na presença dos Kindred, essa ideia se esvaiu completamente. A ovelha se pôs de pé, segurando seu arco na mão, o lobo cintilando e voando atrás dela adornando-a atrás deles a lua os destacavam. Rhaast sentia-se ameaçado, era antigo, participou de inúmeras guerras, mas nunca se acostumava com a presença dos Kindred, eram algo que mesmo lendário Aatrox temia.

 

 - OVELHINHA ELE PODE NOS VER?! - perguntou com seu rosnado que mimetizava a fala humana - parece que sim caro lobo - respondeu ela de forma cortez.

 

Shen apenas curvou-se no chão, em respeito a eles, e enquanto o fazia, disse a Kayn - agora é com você rapaz, tente não nos matar - e ali permaneceu esperando que o rapaz soubesse o que iria dizer.

 

 - Eu vim aqui pedir que vocês tragam Zed de volta - disse de forma direta e com a voz trêmula.

 

 - NÃO LEMBRO DESSE, ELE NÃO FUGIU?! - perguntou com expressão confusa e as orelhas murchas - não lobo, ele não fugiu, morreu defendendo esse que nos fala - respondeu ela.

 

 - SE NÃO CORREU LOBO NÃO LEMBRA - disse ele com um grunhido que parecia uma risada - mas por que acha que traríamos alguém de volta, nós caçamos e ceifamos, não devolvemos nossas presas - disse ela calmamente para Kayn - DEVOLVER A MARCA?! NUNCA - complementou o lobo de forma feroz.

 

Kayn não sabia o que dizer, como poderia explicar tudo o que Zed era para ele, como a presença do ninja de cabelos brancos e olhos carmesim significava a vida para ele, como ele poderia explicar sua solidão - E-eu - as lágrimas de Kayn escorriam por sua face - ele é tudo o que tenho, eu sempre estive sozinho, Jabal cuidou de mim, mas eu era incompleto, apenas existia por existir - dizia ele ao lembrar-se de como Zed o aninhou nas noites que dormiam juntos, de como ele sempre cuidara dele, e de como ficaria bravo ao ver que usou Rhaast novamente - ele é minha outra metade, ele que valida a minha existência… - completou.

 

 - Mas tantos perderam quem amam, por que com você seria diferente? - perguntou ela aproximando-se e começando um lento afago na cabeça de Kayn, que encontrava-se de joelhos e em prantos - É! POR QUE? - repetiu o lobo.

 

 - Porque não quero viver sem ele, eu não consigo viver sem ele, eu não existia antes dele, e voltar para essa inexistência é demais para mim - falou olhando para a ovelha, sua dor expressada em suas íris heterocrômicas - e também porque Zed voltou a viver, ele pode ser feliz, ele nem teve tempo de ser feliz, de ter algo dessa vida… - dizia ao ver Shen olhando-o com os olhos marejados.

 

 - Por favor, nos dê uma chance de sermos felizes, essa vida só tirou de nós - continuou a explicar, a voz cada vez mais pesada em dor e saudade.

 

Os Kindred começaram a desaparecer, seu semblante apagando-se aos poucos, tornando-se translúcidos até sumirem completamente. Os olhos de Kayn e Shen se arregalaram, o rapaz correu até eles e tentou segurar a ovelha, mas ela sumiu em um instante

 

 - N-não, não NÃOOO! VOLTEM POR FAVOR - gritou em súplica e desespero, mas eles já haviam sumido, “Eles não atenderam” pensou, seu corpo caiu de joelhos no chão, seu choro saia aos soluços e de forma incontrolada.

 

 - Fizemos o que podíamos, você fez tudo o que pode Kayn - disse Shen com a mão no ombro do mais novo, tentando buscar consolo para si mesmo.

 

 - Rhaast… por favor, termine com isso - disse aos prantos e em súplica

 

 - Kayn eu… - começou a dizer mas foi interrompido pelo rapaz

 

 - VOCÊ ME PROMETEU - urrou colocando a mão sobre o peito, a dor consumindo-o como fogo, a mente a beira de se partir.

 

 - Eu farei - respondeu a foice, que começou a levitar sozinha, Kayn abriu os braços expondo seu coração, Shen apenas arregalou os olhos, quando a imagem de Syndra surgiu entre a foice e kayn, olhando nos olhos do rapaz, sua feição era de alívio de serenidade.

 

 - Acalme-se Kayn, Zed está de volta! você conseguiu, os Kindred despertaram ele - disse com tranquilidade, a notícia fizera Kayn começar a chorar, mas agora de alegria, a foice caiu no chão, ele podia sentir o alívio de Rhaast, Shen ao seu lado o abraçou com força.

 

 - Vamos encontrar Sett e Kazumi, temos de voltar para Zed - disse vendo Kayn sorrir em meio ao choro.

 

Os kindred observavam a cena, ali presentes mas efémeros, viram a determinação do rapaz e a verdade em suas palavras, a solidão os lembrou de alguém a muito tempo já esquecido, o homem cinza, que dera origem aos dois, para que não vivessem mais em solidão.

 

 - POR QUE TROUXE ELE DE VOLTA OVELHINHA?! - perguntou o lobo com tom calmo e pensativo, e ela respondeu com sua voz serena - porque eles são como nós caro lobo, nunca um... - ...SEM O OUTRO - completou ele a frase dela.

________________

00:52

Estavam de volta ao teatro abandonado, encontraram Sett e Kazumi pouco depois de deixar a praia, eles já haviam dado cabo no destacamento Noxiano sem grandes problemas e estavam indo de encontro aos dois, o caminho fora repleto de conversa e explicaram tudo o que havia acontecido, Kazumi deu uma dura em Kayn sobre ele pedir que Rhaast o matasse, e alertou que contaria para Zed, o que ele havia feito, Kayn acanhou-se, mas se sentiu feliz em pensar em ver Zed bravo com ele novamente, tudo o que ele mais queria era ver o ninja, mesmo que fosse bravo com ele. Adentraram o local, o coração de Kayn pulava pela boca, Zed voltara mesmo? estava bem? lembraria de quem ele era? sua mente estava uma espiral crescente de perguntas.

 

Viram Han Sentado em uma poltrona descansado, Akali estava sentada ao lado dele, no palco Syndra entregava um cantil com água para o ninja que estava sentado sem sua máscara. Kayn largou a force no chão e disparou em corrida até ele, subiu o palco em um único movimento e jogou-se em Zed, abraçando-o com força.

 

 - Ai ai ai - gemeu o ninja - calma aí que tudo ainda dói moleque - reclamou, vendo as lágrimas de Kayn escorrem

 

 - Você tá mesmo de volta?! - perguntou com tom preocupado e carente

 

 - Sim, eu tô de volta, não vou te soltar tão fácil! - disse ele abraçando Kayn - começaram a se levantar, Kazumi juntou-se a Akali abraçando-a, Sett apoiou Han para ajudá-lo, Syndra sorriu para Kayn dando uma piscada de olho, seu plano funcionara, Kayn olhava com agradecimento a ela enquanto ajudava Zed a ficar de pé, Shen apoiava seu outro lado.

 

 - Bom vamos embora dessa merda de teatro, prometo que na próxima vamos aproveitar a descansar de verdade - disse Zed rindo, todos soltando suspiros de alívio enquanto começavam a sair do lugar.

 

 - Tá esquecendo nada não Kayn? - perguntou Rhaast de forma irritada, Kayn deu um pulo de susto e voltou para trás correndo e apanhou a foice do chão

 

 - Nossa quase esqueci a foice - disse Kayn colocando a língua para fora com cara de culpado pela burrada, ou outros colocaram-se a rir

 - Arrombado - disse o darkin furioso.


Notas Finais


É isso ai gente, o próximo cap vem logo prometo! espero que tenham gostado e qualquer comentário, critica ou sugestão estamos aí S2


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