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História Afinal, o que é o amor? - Aishiteru


Escrita por: ynari

Notas do Autor


Como qualquer boa e velha Fujoshi tinha que escrever algo depois do último capítulo de Fairy Ranmaru. Para quem não conhece eu indico, é um anime de fadinhas à lá Winks só que com fadas masculinas, um design mais bonito, e transformações de dar vergonha alheia e muito fanservice, em fim um bom anime para quem quer um Yaoi com cara de Shoujo.

A estória de hoje é para um dos três shipes que eu mais gostei: O protagonista Ai Ranmaru e o antagonista Tenrоin Sirius.


Curiosidade: Ai, significa literalmente amor.
Ranmaru: Orquídea.
Betelgeuse é o nome da estrela supergigante vermelha mais próxima da Terra. Fica na constelação de Órion.
Aishiteru: a forma mais profunda de dizer eu te amo. Gosto de traduzir como eu te amo incondicionalmente.


Fairy Ranmaru não me pertence, crédito aos seus respectivos autores. Essa é uma obra de fã para fã sem fins lucrativos.
Imagens oficiais do anime.
Citação de Luís Vás de Camões, por que nossa amo essa definição de amor como fogo que arde e não se ver.

Capítulo 1 - Aishiteru


Fanfic / Fanfiction Afinal, o que é o amor? - Aishiteru

Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer;

 

Ranmaru lia atentamente os versos de Luís de Camões. Aquela definição não lhe parecia errada, apenas insuficiente...

Amor, o que é o amor?

Ele se perguntava em murmúrios doloridos entre lágrimas e soluços em meio ao sono atribulado.

Nenhum dos colegas de quarto falava sobre isso...

Nenhum deles teria uma resposta para oferecer...

Talvez a pergunta fosse mera retórica, afinal logo no café da manhã Ranmaru estava bem.

Aéreo.

Distante.

Alegremente perdido em si mesmo.

Em seu habitual estado de espírito.  

Ninguém percebia o vazio... quiçá nem mesmo ele...

Mas algo lhe faltava...

Algo além de suas memórias perdidas.

Seu peito doía, mas ele não entendia o porquê.

E a rotina seguia...

Mas por dentro aquela pergunta ecoava: Afinal o que é o amor?

 

É um não querer mais que bem querer;

É solitário andar por entre a gente;

É nunca contentar-se de contente;

É cuidar que se ganha em se perder;

 

Aéreo, não percebia a tensão entre Fogo e Água, mas entendia a apatia de Homura e dor de Uruu.

Distante, não entendia como as pessoas podiam ser cruéis, mas notava quando um coração estava ferido.

Alegremente perdido em si mesmo descobriu o gosto da ira ao ver um dos seus ser ferido.

Irou-se!

Foi à luta com força inédita

E descobriu aquele fremir no peito que ardia de uma forma inexplicável enquanto sua espada trocava carícias com a espada inimiga em meio ao caos do coração de uma mulher.

A Fada da Luz se sentiu enegrecer.

Sentiu-se bem!

Desafiada!

Com sede de sangue.

— Você vai pagar por ferir um dos meus! — Declarou em gélida fúria.

— Um dos seus? Achei que eu fosse o único seu. — A Fada da Escuridão respondeu com desdém e alguma sinceridade.

— Meu? Mas quem é você? O que Homura fez para ser atacado covardemente?

— Aquele tolo se deixou levar pelo amor de uma humana, humanos são traiçoeiros, amar um humano só leva uma fada a descobrir a dor. A morte é uma forma de remir os pecados, Betelgeuse.

— Quem é Betelgeuse? Quem é você?

— Então é verdade? Esqueceu-se de tudo? Até mesmo de mim? Betelgeuse.

— Por que me chama desse nome? O meu nome é Amor! Ai Ranmaru!

— Você pode mudar de nome, pode esquecer seu passado, mas eu ainda te amo Betelgeuse, e o Amor é a pior das armadilhas. Logo você entenderá.

E ele se foi...

E a chama se acalmou no peito do herdeiro do Clã da Luz.

Esfriou.

E Ranmaru retornou a seu habitual.

Aéreo.

Distante.

Alegremente perdido em si mesmo.

Mas o nome “Betelgeuse” não lhe era estranho, assim como aquela sensação de que algo ainda lhe faltava.

E quando a noite chegou, em meio ao sono atribulado, ele abraçou um dos amigos e com o rosto enterrado em seu pescoço murmurando perguntava: Amor, o que é o amor?

 

É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata lealdade.

 

A definição não parecia errada, apenas insuficiente...

E depois da escola mais uma batalha.

Luz e Escuridão fazendo suas espadas se chocarem violentamente.

E Ranmaru ria.

Em seu peito ardia algo que ele não sabia nomear.

Talvez a satisfação de lutar contra um inimigo da Rainha das Fadas.

Talvez a satisfação de combater um anjo caído que disseminava crueldade, egoísmo, degeneração, hedonismo, ira, ódio...

Talvez...

— Então você agora se diverte fingindo ser um humano? Cercado de novos amigos? Sendo o mesmo cão da rainha? Não... Você não é sequer a sombra do que já foi Betelgeuse!

— O meu nome é Ranmaru! Ai Ranmaru! E você é Sirius, a fada que traiu e destruiu o nosso reino.

— É mesmo assim? — E Sirius riu. — Você é um tolo! Desprezível! Mas eu ainda te amo Betelgeuse. Ah e assim como você eu mudei de nome, Sirius era um membro do Clã da Luz, mas agora eu sou uma fada da escuridão, me chame de Chilka.

— Chilka não combina com você! Sirius!

Sirius...

E o nome ardia em sua boca, e chegava escaldante ao coração.

— Ranmaru também não combina com você Betelgeuse! Você não é uma flor, você é uma estrela! Uma estrela fria que reluz na hora errada, mas que pode destruir galáxias! E é por isso que eu te amo.

— Amor? Por que fala tão levianamente sobre amor? O que você sabe sobre amor?

— Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói, mas a gente sente e muito! Amor machuca! Fere! Mata! O amor é o pior dos pecados, a mais ardilosa armadilha! Você entenderá meu amado Betelgeuse. Veja o meu coração, sinta a minha dor!

E Ranmaru viu.

E o vilão não era mais do que um homem que ousou amar e teve o amor não correspondido.

Sirius a amava! Ele amou uma frágil humana.

Ele deixaria tudo por Ela.

Mas Ela lhe foi tomada.

Por ela, a Rainha, que não aceitou que seu fiel servo a deixasse para viver um amor mortal, um amor que só traria dor.

E Ranmaru lhe negou vingança. Defendeu a maldita Rainha até o fim. Seu melhor amigo lhe negou o direito de se vingar, seu amado Betelgeuse ergueu a espada contra si e selou seus destinos. 

Sirius agora o queria morto! Todos Eles, porque a morte é remissão dos pecados.

 

— Amor, o que é o amor? — e a pergunta finalmente fora feita estando Ranmaru acordado, mas as lágrimas desciam da mesma forma que desciam quando ele dormia.

Seu peito doía.

Um vazio aterrador.

— O que é o amor? Deixe-me ficar com seu coração, e eu te mostrarei o cruel amor! — Sirius pediu e Ranmaru cedeu.

Beijaram-se!

E a magia do apego restaurou o  poder de Sirius e também as memórias de Ranmaru.

“O que é o amor?”

Betelgeuse se perguntou quando se descobriu apaixonado por Sirius.

“O que é o amor?”

Perguntou-se quando percebeu que seu amado amava outro alguém.

“O que é o amor?”

Perguntou-se quando decidiu respeitar a escolha do outro e seguir amado de longe, cuidando da felicidade de Sirius em silêncio, sem jamais confessar o que sentia, porque no fundo nem ele mesmo entendia o que era aquele maldito sentimento.

“O que é o amor?”

Perguntou-se quando foi posto em xeque, dividido entre o sentimento não correspondido e a obrigação como herdeiro do Clã da Luz de defender a Rainha.

E quando eles lutavam.

E quando as lágrimas desciam.

E quando as lembranças dos beijos trocados no palco invadiam sua mente.

E quando dormia e sonhava com ele.

E mesmo acordado...

Amor é ferida que dói...

Dói muito.

Dói tanto...

Ah, se ele soubesse nunca teria descido ao mundo humano, nunca teria aberto seu coração, nunca teria se aproximado de Sirius...

Nunca teria amado.

“O que é o amor?”

Betelgeuse se perguntou após ter ferido de morte seu primeiro e único amor.

O amor é de fato a mais cruel das armadilhas!

Ah, agora ele sabia.

Ele se lembrava!

Ele o amava e isso doía...

Ensandecido ele havia caminhado sobre escombros do palácio. “O que é o amor? Afinal, o que é esse maldito amor?”

Com a mesma lâmina que ferira a Sirius ele ferira a si mesmo na vã tentativa de por fim a sua dor.

E como a estrela lhe dava nome, seu coração partido entrou em supernova destruindo tudo que estava em seu caminho.

Não foi Sirius quem destruiu o reino das fadas, foi Betelgeuse.

Foi sua mágoa.

Sua frustração.

Seu amor sufocado.

Sua incompreensão.

Seu coração quebrado em desespero.

 

Mas tudo ficou no passado.

 

O amor, no entanto, é imortal.

Betelgeuse renasceu como Ai Ranmaru carregando o amor no nome.

O maldito amor que ainda estava lá.

Ardendo.

Ferindo.

Descontente.

Doendo.

E tudo era passado...

Então por que eles ainda trocavam golpes de espada?

Por que lutavam?

— Por que ainda insiste em proteger sua maldita Rainha?

— Não é a ela que eu estou tentando proteger, Sirius!

— Acabou! — E em um golpe certeiro a fada da escuridão arrancou a espada da fada da luz.

Preso entre suas pernas, sentindo o calor de sua respiração em sua nuca, e o fio da espada em sua garganta, Ranmaru ainda não se rendia, ainda havia algo que ele poderia fazer, não, o que ele precisava fazer antes de morrer!

— Betelgeuse, eu te amo. Agora morra!

E sem hesitar, antes que a lâmina cortasse sua garganta Ranmaru se soltou e puxou Sirius para um último beijo.

“Deixe-me ficar com seu coração.” Ranmaru pediu sem palavras enquanto sua língua se entrelaçava a de Sirius fazendo o outro provar do sabor seu sangue.  

E desta vez foi Sirius quem pôde ver o passado.

Ele não fora abandonado, ele era amado! Ela o amava! E se tentou deixá-lo foi apenas porque não queria que ele deixasse de ser quem era por um amor que logo acabaria, pois ela sabia que sua vida estava chegando ao fim.

Ela não foi morta, foi um acidente infeliz. Mas Ela morreria logo, de qualquer forma...

Ela não foi para o céu porque sua alma estava apegada a ele, sofrendo por vê-lo se corromper, perder seu brilho, sua luz...

E mesmo sem Ela aqui ele ainda era amado!

E ainda havia outro alguém que o amava!

Que sofria por ele.

Que o esperava silenciosamente.

Sem entender o que sentia.

Sem poder confessar...

Afinal, o que é o amor?

 

Quem sabe?

 

 

Quando tudo esfriou, Sirius voltou ao lugar onde conhecera aquela a quem ele amou. Agora liberto da dor, as Cerejeiras forneciam, mesmo fora da época, elas floresciam!

Para ele.

Por ele.

Por causa dele.

Pela certeza que ele foi amado.

E ainda era.

E seria novamente!

— Sirius! — a voz animada da fada da Luz lhe chamou a atenção. — Aishiteru! — Ranmaru declarou com um sorriso nos lábios e sem esperar resposta correu para junto de seus amigos.

E não houve perguntas.

E nem mais noites de choro.

E nem mais incertezas.

Ou vazio.

Ou dor.

Ou ódio...

Porque o Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer;

E a definição de Camões não parecia estar errada... Talvez apenas...

 

— Então era isso... Tudo faz sentido agora... Eu também te amo Betelgeuse... Apenas deixe minhas lágrimas secarem e quem sabe a gente possa tentar recomeçar.  Ou melhor começar… da forma certa, porque agora esse tolo sabe o que você sente. Perdoe-me por não ter notado antes. Por ter te feito sofrer. Mas eu também precisava descobrir o que era o amor. E agora eu sei.

E a fala foi dita ao vento.

Sirius sorriu para as flores de cerejeira.

Ao mesmo tempo em que chorava.

O que é o amor?

O amor é uma bagunça!

 

 

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

 

 


Notas Finais


Agradeço a você que leu.
Bjos!


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