Hoje eu irei contar uma história. A história de Ana Lu. Ana Luiza para ser mais exata. Ela tinha vários apelidos dados por sua família e amigos, ou melhor dizendo, por sua amiga.
Ana Lu tem apenas 11 anos e já é atormentada por sua baixo auto-estima. É magra e gosta de ser desse jeito, mas as pessoas queriam a fazer sentir o contrário. Ela tem cabelos grandes e castanhos, como um ruivo acobreado. Eles são lisos na raiz e enrolava chegando em suas pontas. Ana Lu tem olhos castanhos bem claros. Ana Lu é linda, tudo o que ela queria era que sua auto-estima também fosse, e que as pessoas a aceitassem.
Tudo o que ela quer e tudo o que ela faz é tentar agradar as pessoas e ser como elas querem. Tão nova e tão cheia de ideias, ela defende tudo o que acha certo, mas tudo o que tem que aprender é como defender sua própria vontade.
- Eu não aguento mais isso!- Ana Lu gritou. Ela estava de pé em frente ao espelho, então se virou, pegou a primeira coisa pesada que encontrou, e então a arremessou contra o espelho. Ele se quebrou em várias partes, espalhadas pelo chão. Ela se sentou no chão, em meio aos pedaços do espelho quebrado, pegou um dos pedaços, um grande o suficiente para ver seu rosto- Espelho, espelho- ela disse olhando e sua voz começou a ficar tremula, e ela continuou a falar- Existe alguém mais bonita do que eu?- ela se perguntou encarando o espelho. Ficou quieta por 2 segundos e depois riu ironicamente- Mas é claro que existe- ela disse por fim e quebrou o pedaço do espelho ao o arremessar na parede, ficando em pedaços pequenos fazendo com que ela não pudesse mais ver o seu rosto, e isso era tudo o que ela mais queria, não ver o quanto não era o suficiente pra sociedade.
Sentada no chão, juntou suas pernas até seus joelhos encostarem em suas clavículas, os abraçou, abaixou sua cabeça e ficou pedindo bem baixinho para que ela fosse para o lugar de um livro que ela leu, um lugar onde todos aceitavam as pessoas como elas são. Os livros eram seus 'amigos', parece tão deprimente, mas acredite, não é.
No dia seguinte, Ana foi à escola, no turno da manhã. Teve que esperar 10 minutos até sua única amiga, Claire, chegar em sua casa. Assim que Claire passou em sua casa, elas foram à caminho da escola, elas sempre iam a pé e ficavam conversando o caminho inteiro. Claire era sua única amiga, mas ela já ficava feliz com isso, não era nem por ser "melhor ter alguém do que não ter ninguém", e sim porque Claire era O alguém, a única pessoa que mesmo não a entendendo tanto quanto ela queria, era a pessoa com quem ela gostaria de conversar, a única pessoa que não a entendia, mas que mesmo assim ela gostaria de conversar.
Elas passaram em frente a uma loja e Claire viu um vestido lindo, parecia que ficava largo no manequim, mas o vestido seria ideal para Ana.
- Nalu, olha! Que lindo, ia ficar lindo em você - Claire disse olhando para Ana Luiza.
- Não, não ia. E mesmo se fosse ficar, nós nunca saberemos.
- Vamos entrar, experimenta - Ela disse pondo o pé dentro da loja
- NÃO - Ana falou e se virou pronta para continuar seu caminho pra escola- Temos que ir pra escola, Clair.
- Tudo bem- ela disse desistindo- Mas aquele vestido ia ficar lindo em você, aquela loja foi feita pra você, olha pra mim!! - ela disse insistindo em falar sobre o vestido- Aquelas roupas ali, você podia comprar todas. Você tem o corpo feito pra usar elas, VOCÊ PODERIA SER MODELO! - ela gritou.
- Meu Deus, não grite! Eu poderia, mas não vou ser. Seria muito legal andar nas passarelas, mas as "meninas malvadas" da nossa escola iriam nos desfiles só para rir da minha cara e dizer o quanto eu sou magra. Aquele vestido é lindo, eu gostei dele, mas imagina se elas me vissem usando ele, seria uma tragédia!
"Meninas Malvadas" era como Ana chamava as garotas de sua escola que faziam bullying com ela.
- Não deveria ser assim, as pessoas deviam usar o que querem sem se importarem com o que outras vão pensar, só se elas mesmas estão se sentindo bem com o que estão vestindo.
- Eu sei - ela disse com uma voz cansada- Mas a sociedade quer que sejamos como eles querem... mas nós nunca sabemos como eles querem que seremos.
Elas chegaram na escola, e depois de alguns tempos de aula, 2 tempos vagos cheios de zoações e bolinhas de papel amassadas com ofensas escritas dentro, tacadas na cabeça de Ana, finalmente o sinal tocou e elas foram pra casa. Claire foi com Ana até sua casa, elas se despediram e então ela foi para sua casa.
- Mais um dia...- ela disse jogando a mochila no chão e se sentando na cadeira em frente a mesa do computador, ligando o mesmo- Pelo menos eu sobrevivi- disse e deu uma risada irônica.
Ela tinha a mania de ver vários sites e blogs, de algum jeito ela acabou parando em um blog que nunca tinha visto antes- O que é isso?- ela disse rolando a página para baixo e depois voltando ao topo novamente... Era um blog de auto-ajuda para todo tipo de pessoa que por algum motivo se sentia pra baixo- "Eu vim ajudar você!"- ela leu o nome do blog em voz alta e então rolou a página pra baixo e achou vários textos da autora do blog, e quando viu... Ela estava chorando, e então botou as mãos no rosto para abafar o barulho, e não parava de soluçar.
No dia seguinte ela não foi pra escola, no dia anterior ela tinha mandado mensagem para Claire dizendo que não precisava passar em sua casa, e quando a amiga perguntou o porquê, ela disse que não iria pra escola, e que depois explicava tudo. Quando Clair chegou da escola, ligou pra Ana, ela parecia preocupada, como se a amiga tivesse feito algo grave. Assim que Ana atendeu o telefone, Clair já começou a falar desesperadamente:
- Não presta atenção no que elas dizem, por favor, você é tão linda e importante, não liga pra isso- Ana riu do outro lado da linha ao ouvir tudo isso.
- Do que você está falando?
- É tão bom ouvir sua voz- ela respondeu- Eu não sei, eu pensei que você tivesse se cansado e sei lá, poderia fazer alguma loucura e por isso não foi pra escola, eu sei lá. Eu to tão preocupada com você.
- Ta bom, calma- ela riu, ela sabia que Claire se importava com ela, mas era difícil de acreditar quando todos não se importavam... Quando ela demonstrava isso, ela se sentia como se não importasse quem não gostava dela, ela tinha alguém que estaria com ela- Eu não fui pra escola porque achei um blog fantástico, ele ou ela, a pessoa que escreve, é uma pessoa maravilhosa.
- Como assim "ele ou ela?"
- A pessoa que escreve o blog, é uma pessoa anônima- e então ela começou a contar do blog para Clair- Ele ou ela, enfim, a pessoa... Ela se... Se chama de "alguém que se importa com você"- e então ela ouviu um "o que?" do outro lado da linha, ela riu, e então continuou falando- Não da pra explicar muito bem, mas os textos são maravilhosos, eu conheço esse blog só faz um dia, e sinto que essa pessoa me conhece e eu não sei quem é, mas o blog não pode ser seu, sem ofensas, mas você não me entende tanto assim- ela ouviu um "tudo bem, isso não me ofende" e uma risada do outro lado da linha.
Ana contou tudo o que achava sobre o blog, falou no telefone com a amiga por uma hora até sua mãe a chamar para almoçar e ela ter que desligar.
Ela passou semanas acessando esse blog, todos os dias, e todos os dias tinha post novo, ela comentava nos posts do blog, pela primeira vez não tinha medo ou vergonha de interagir mesmo que pela internet, não se preocupava se as "meninas malvadas" veriam, mas tinha em mente que elas não acessariam aquele tipo de blog e que aquele blog também não seria delas.
"Queria saber quem é você, você tem me ajudado tanto", Ana comentou no último post que tinha lido no blog, e pela primeira vez em tantos comentários que ela deixou, ela teve uma resposta:
"Oi, aqui é alguém que se importa com você. Já li muitos comentários assim, mas prefiro continuar anônima, mas saiba que é ótimo poder ajudar você, esse é o único motivo pelo qual estou aqui com esse blog, quero que as pessoas entendam que podem ser elas mesmas. Não pare de acessar até sentir que não precisa mais, beijos."
Ana surtou, ela estava ansiosa, nervosa, queria saber quem estava a ajudando tanto, e ela sabia que não era alguém que ela conhecia, pois o que ela achava das pessoas ao seu redor era que não sabiam se importar com nada.
Ana Lu faltou aula diversas vezes para acessar o blog, e para madrugar escrevendo em seu computador, escrevendo textos e dizendo como se sentia e comentando nos posts do blog e várias vezes tendo respostas da "pessoa que se importa com ela".
- "Oi, aqui é alguém que se importa com você"- Ana disse em voz alta, lendo mais um texto do blog- "eu vim ajudar você... é claro, só se você quiser, mas se não quiser, leia mesmo assim... Talvez isso mude seu dia... saber que eu me importo com você mesmo sem saber quem você é, ou se você existe, você é um robô?"- ela leu e riu- Não, eu não sou um robô- ela disse rindo, e continuou lendo o texto, na madrugada de terça-feira, no dia seguinte não foi pra escola novamente.
Se passou 2 meses, nas 4 semanas dos meses, ela tinha ido pelo menos 2 ou 3 vezes em cada semana, as vezes ia sem dormir e com olheiras, mas sinceramente? Ela não estava se importando mais. E ela não precisaria mais acessar o "Eu vim ajudar você", ela não sentia mais que precisava, e como a pessoa que se importava com ela dizia "não pare de acessar até sentir que não precisa mais", e quando ela acordou naquela manhã, ela sentiu que não precisava. Que não precisava mais de um incentivo pra gostar de si mesma. Ela não precisava mais ler textos ou pedir conselhos, então, quando acordou, deixou seu último comentário no blog:
"Olá, aqui é alguém que também se importa com você, na mesma intensidade que você se importa comigo, mesmo não sabendo quem eu sou, mas eu garanto que existo e não sou um robô, haha. Esse é meu último comentário aqui... Hoje eu acordei e senti que não precisava mais acessar aqui, não queria deixar de acessar, mas realmente não preciso mais. Você me ensinou tantas coisas, e me deu tantos conselhos conversando comigo nos comentários, madrugando e etc, eu não vou esquecer isso, nunca. Eu sempre soube quem eu sou, mas agora eu sei que posso aceitar quem eu sou, mesmo que os outros não aceitem. Eu queria saber quem você é, talvez daqui uns anos eu acesse esse blog, espero que você ainda esteja aqui ajudando as pessoas, talvez eu comece um blog assim também, aprendi tanto com você e comigo, e com como você se ama, e agora eu me amo também, do jeito que eu sou, sofrendo bullying ou não, não permitirei mais me deixarem pra baixo. A minha auto-estima está mais alta do que nunca. Espero que quando eu voltar aqui daqui uns anos, você esteja pronta (ou pronto) pra dizer quem é que se importa tanto assim comigo e com todas as pessoas, e que gasta seu tempo em um blog escrevendo textos e dando conselhos pra crianças, adolescentes, enfim, pessoas de auto-estima baixa. Mas se você ainda não tiver revalado quem você é, tudo bem... Desde que você continue escrevendo, mesmo que ninguém leia. E sempre que eu estiver pra baixo, eu acessarei aqui, mas não vou deixar mais as meninas malvadas me atingirem e espero nunca mais sentir que preciso vir aqui. Ei, aqui é alguém que, realmente, se importa com você. Muito obrigada!"
Era manhã de quinta-feira, ela tinha mandado mensagem pra Claire naquela mesma manhã, depois de postar o comentário no post do blog "Eu vim ajudar você", dizendo que não precisava passar na casa dela antes da escola. Provavelmente, Clair achou que Ana não iria pra escola... Mas ela iria, aquele era o dia que ela diria em voz alta tudo que ela leu e aprendeu por 2 meses, e tudo que ela escreveu em seu computador, ou pelo menos uma boa parte do que ela queria dizer.
Assim que ela entrou na sala, as meninas malvadas começaram a gritar coisas, ofensas, rindo e dizendo coisas do tipo "finalmente apareceu na escola", "por que não ficou em casa?", "quem disse que alguém sentiu sua falta?", "nem sua única amiga deve se importar mais com você" e então Clair gritou "cala a boca, você é nojenta!". Mas dessa vez, Ana não fez nada, quer dizer, ela nunca revidava com medo de "perder", pois não sabia o que dizer, ninguém na sala a defendia, o que ela poderia falar? Mas, naquele dia, ela não foi pro seu lugar de sempre e se sentou e abaixou a cabeça, não pediu pra ir no banheiro e ficou chorando lá... Ela não fez nada que ela faria se se importasse com o que pensam dela, ela apenas falou com a professora e pediu para falar algo na frente da turma, a professora deixou, então ela ficou em frente ao quadro, totalmente reta, e encarou os alunos, como se quisesse poder ver o que eles sentiam.
- O que a corpo de boneca com defeito vai fazer dessa vez? Vai falar na frente da turma? Alguém assopra pra essa menina voar, eu não quero olhar pra cara dela- disse uma das meninas malvadas.
- Uau!- disse Ana- Você é realmente muito criativa, já me deu tantos apelidos, mas nunca tinha ouvido esse, pena que você não usa sua criatividade de um jeito bom- a turma se calou, não estava mais rindo com o comentário da garota, prestaram atenção em Ana, pois pela primeira vez, ela não se importou.
- Saia daí antes que você chore- disse a mesma menina malvada que deu um novo apelido à ela. Dessa vez, ninguém riu, ficaram olhando para Ana, esperando outra reação.
- Não! Hoje eu vou falar. Então...- Ana respirou fundo... Nesse momento, Claire pegou seu celular e resolveu gravar Ana, que estava ali, na frente da turma- Olá, aqui é alguém que cansou de vocês. Não necessariamente de vocês, mas dos seus rótulos e ofensas. Há cerca de 2 meses atrás, eu acabei descobrindo um blog, não sei como fui parar nele, eu acessei tantos sites que acabei parando lá- ela riu, ela riu na frente deles, pela primeira vez. E não foi uma risada irônica- O blog se chama "Eu vim ajudar você", e a pessoa que o escreve é anônima, então não sei se é 'ele' ou 'ela', mas essa pessoa se denomina como "alguém que se importa com você". Esse blog me ajudou, eu nunca tive algo errado por ser magra, nunca achei errado, mas vocês queriam que eu achasse que era errado, tudo porque vocês querem que eu seja algo que eu não sei o que é, não sei o que vocês querem que eu seja. Eu não tenho "corpo de boneca com defeito", posso ter "corpo de boneca", posso ter defeitos, mas não sou uma boneca mal fabricada. Eu sou linda. Eu me acho linda, eu me amo! E vocês também deveriam se amar. E vocês, meninas malvadas, podem dizer que se amam, e que se acham maravilhosas, mas se vocês ofendem alguém, vocês não se amam tanto assim. Se amar não é só sobre você mas também sobre as outras pessoas, se você as aceita como são, você aceitará você mesma, independente de como você seja. O bullying é uma coisa horrível, pessoas se suicidam por isso. Mas eu nunca tiraria minha vida por causa de vocês, eu posso até ir pro banheiro e chorar lá, mas eu não chegaria ao ponto de perder a vida que eu tenho pela frente, porque vocês não se aceitam. Eu sei que vocês não gostam de si mesmos, se gostassem, gostariam dos outros. Eu sei o quanto é ruim quando dizem algo que vocês não gostam, eu sei, mas vocês preferem ser as pessoas que dizem do que as pessoas que ouvem. As pessoas que já se suicidaram por causa de bullying, elas não tiveram ajuda ou alguém que se importava com elas. Eu tenho! Eu pensava que não tinha ninguém que se importasse comigo, apenas porque vocês não se importavam mas... mas eu tenho tanta gente. Eu tenho meu pai, minha mãe, minha família, tenho minha amiga Claire, que pode ser a única que eu tenho, mas se importa comigo como se fosse todas as pessoas dessa sala. E acima de tudo, eu tenho Deus, Ele me ama e se importa comigo. E agora, eu me amo e me importo comigo, e não vou mais deixar vocês me deixarem mal, não to falando isso apenas para vocês pararem, podem continuar... mas saibam que não vai estar mais me afetando. Queria que vocês tivessem a consciência de que palavras machucam as pessoas, eu posso não ter feito nada de ruim contra mim mesma, mas existem pessoas que fariam, pensem nisso! Hoje depois da escola eu vou comprar um espelho novo, eu estou 2 meses sem um espelho,- ela riu- eu quebrei meu espelho 2 meses atrás, quando eu ainda me importava com como eu deveria ser pra vocês. E ah, depois que eu comprar meu novo espelho, que aliás, será maior que o último, para eu poder me ver da cabeça aos pés e ver como eu sou, eu irei comprar um vestido, aquele vestido, Claire- ela disse e olhou para Claire, e percebeu que ela estava filmando e então riu um pouco- ah, meu Deus...- ela sorriu- Eu passei lá na loja, eu perguntei se tinha aquele vestido ainda, por incrível que pareça ainda tem, a moça disse que ficaria lindo em mim, e acho que não foi papo de vendedora, e mesmo que fosse... Eu também acho que irá ficar lindo em mim. Hoje vamos as compras, na loja que você diz que "foi feita pra mim", e que eu tenho o corpo certo pra todas aquelas roupas. Finalmente vou usar algo que quero sem me importar com o que vão pensar se me virem usando. Como a Clair disse uma vez: "Nós temos que nos sentir bem com o que vestimos", se nos sentirmos bem, não importa nenhuma opinião negativa. E isso vale pra roupa, pro cabelo, pro corpo, se você se sente bem assim, se você está feliz, deixa pra lá o que pensam. E mesmo que vocês já tenham me ofendido e já tenham me feito chorar tanto,- ela riu, parecia que ninguém entendia porque ela estava tão feliz- eu sou alguém que me importo com vocês. Se um dia vocês se sentirem que nem eu, ou só se sentirem pra baixo... pensem em tudo de bom em vocês, na vida, nas pessoas ao seu redor. Gente, vocês são maravilhosos!!- ela falou quase gritando e com uma animação tão grande, ela abriu um sorriso que eles nunca tinham visto antes em seus lábios- Bom, depois desse discurso enorme, eu não queria falar tanto, eu vou parar por aqui, mesmo tendo muita coisa pra falar ainda. Bom... É isso! Vocês meio que me ajudaram também, claro que se vocês não tivessem feito bullying comigo eu não estaria passando por isso tudo, mas, eu aprendi muita coisa, mas não achem que isso é tão bom assim, não façam isso com alguém pensando que o ajudará, isso pode levar ao pior. Sejam pessoas boas. Meninas malvadas...- ela olhou para as garotas que sentavam uma atrás da outra- sejam meninas boas, por favor. Então, tchau, e ah, aqui é alguém que não sente mais que precisa ler textos de auto-ajuda, agora eu os escrevo. E, obrigada a "pessoa que se importa comigo".
Ela olhou pro lado, sua professora estava emocionada, então ela sorriu pra ela. Todos da sala quietos, ela foi para o seu lugar, ninguém a encarou, talvez eles estivessem com vergonha ou apenas pensando no que ela tinha dito e no que eles fazem ou não para as pessoas. Ela se sentou em seu lugar, tirou sua mochila e olhou pra Claire e deu um sorriso, Claire já tinha parado de gravar, ela levantou um pouco de sua cadeira e deu um abraço nela e disse "você foi tão confiante falando, eu sempre quis te ver assim. Eu amo você".
- Eu também amo você. E eu estava falando sério, vamos naquela loja depois da escola, vi uma blusa linda quando entrei lá- ela disse sorrindo e Claire também sorriu, e então elas se abraçaram de novo.
Depois da escola elas foram em uma loja de espelhos, e Ana comprou um espelho lindo que dava pra ver seu corpo inteiro e ainda sobrava espaço em cima, ela até brincou dizendo "vai dar pra ver meu teto por esse espelho", mas o espelho não era tão grande assim. Depois, ela e Claire foram à loja e compraram várias roupas, Ana ficou tão animada que foi em mais duas lojas e comprou mais roupas, Claire também comprou algumas, pois Ana insistiu que algumas roupas ela tinha que levar, que ficariam lindas nela.
Quando chegou em casa, encostou o espelho na parede e esvaziou as bolsas com as roupas e as arrumou em seu armário, tirando também algumas roupas de dentro do armário e jogando no chão, roupas que ela não usaria mais, ela iria doar para caridade, eram roupas em bom estado e bonitas, apenas largas demais com a intenção de esconder seu "corpo de boneca com defeito", ela riu ao pensar nesse apelido, e logo depois sorriu. Chamou seu pai para ajuda-lá a por o espelho em pé em seu quarto, ele a ajudou e ela agradeceu, ele gostou de ver que ela comprou um espelho novo, já que tinha quebrado o seu, ele gostou que ela queria se olhar no espelho depois de 2 meses sem um espelho em seu quarto para se arrumar para ir pra escola e etc. Seu pai desceu as escadas, e então ela ficou parada em frente ao espelho, reta, aquela cena a lembrou de 2 meses atrás... quando quebrara o seu antigo espelho, mas dessa vez ele não seria quebrado. Ela sorriu, e repetiu em frente ao espelho que se amava, algumas pessoas achariam isso coisa de gente "carente", mas ela gostava de se ouvir dizer isso em voz alta, pois ela acreditava em si mesma quando dizia isso.
Ela se sentou na cadeira em frente a mesa de seu computador e o ligou, viu que a "pessoa que se importava com ela", tinha a respondido:
"Oi, aqui é alguém que se importa com você. Eu gosto quando as pessoas dizem que não vão mais acessar, espero um dia não ter mais acessos, pois significará que ninguém mais precisa de ajuda com sua auto-estima. Obrigado você. Talvez daqui alguns anos eu diga quem eu sou, não tem mistério, só não queria por meu rosto e nome pra todos saberem como sou e terem conclusões superficiais. Até alguns anos então, aqui é alguém que tem orgulho de você."
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