Abri os olhos vagarosamente, o cheiro de café invadia minha barraca com força. Me sentei e percebi que estava sozinha, onde será que o Renato foi? Limpei os olhos e vesti umas roupas que estavam jogadas pela barraca, logo terminei e sai.
Lá fora não tinha ninguém, as barracas estavam todas fechadas, ou o pessoal ainda estava dormindo ou já estavam na casa.
Caminhei lentamente até lá, o chão estava molhado e eu sabia que se não prestasse atenção iria cair!
Na casa, estava o Renato e o Miguel tomando café da manhã em uma mesa na varanda, me sentei no banco junto a eles.
— Bom dia pessoal. Disse pegando uma xícara de café.
— Bom dia Jade. Disse Renan se levantando para sair.
— Bom dia nega. Renato tomava uma xícara enorme de café.
— Onde tá os outros meninos? Perguntei curiosa.
— Acho que ainda estão dormindo..eles foram dormir tarde ontem.
— Hum sim.
Terminei meu café da manhã e resolvi dar uma volta, o clima ainda estava húmido mas o sol insistia em brilhar lá encima.
Desci o morro e fui lá nos lagos que eu comentei com vocês anteriormente. Agora, eles pareciam estar mais cheios e a água estava bastante suja.
Me sentei na grama molhada e fiquei jogando pedrinhas na água para ve-las pular.
Depois de um bom tempo eu decidi voltar para o acampamento, estava ficando calor então iria trocar de roupa. No caminho, peguei uma estrada diferente, essa estrada passava em frente à uma árvore enorme! O curioso disso tudo é que a árvore não era igual as outras, ela tinha muitas folhas e flores e estava repleta de um musgo verde. Chegando mais perto, levei um susto! No tronco tinha muitas coisas amarradas, como garrafas estranhas, bonecas e até um papel que parecia uma carta. Comecei a andar em volta do tronco, até que eu vejo um crânio, sim, um crânio humano. Cara, vocês não tem noção do arrepio que me subiu! Sai correndo daquele local, peguei a estrada certa novamente e não parei até chegar no acampamento, no meio do caminho levei alguns escorregões que me sujaram um pouco, porém não liguei.
Chegando lá, os meninos estavam todos sentados nos troncos ao lado da fogueira que agora estava apagada. Todos eles me olharam assustados quando viram o desespero que estava estampado em meu rosto.
— Jade? Oque foi? Perguntou Léo se levantando.
— Gente...tem uma árvore lá encima...disse tentando recuperar o fôlego.
— Calma, senta aqui e respira. Disse Renato me segurando pelos ombros até eu sentar. — Pega uma água pra ela lá Miguel.
Não demorou muito até o Miguel aparecer com um copo de água. Tomei um pouco.
— Você tá segura aqui, fica tranquila. Disse Tiago.
— Tá mais calma? Perguntou Renato.
— Sim.
— Então conta oque aconteceu. Disse Renato.
— Hoje mais cedo, eu fui no lago né? Então, quando eu tava vindo embora, eu vi uma estrada diferente, aí a curiosidade falou mais forte e eu comecei a andar por ela, quando me dei conta, a estrada já tinha acabado em uma árvore enorme. Quando eu cheguei mais perto, tinha umas coisas amarradas no tronco...umas garrafas, bonecas e até uma carta. Comecei a andar em volta, e vocês não acreditam, tinha um tipo de crânio humano, não sei ao certo, eu saí correndo e nem olhei pra trás.
— Caraí viado, que viagem. Disse Léo se levantando.
— Mano..macabro em. Disse Tiago.
— Relaxa, tá tudo bem agora. Renato disse isso na maior calmaria, parecia que ele sabia oque tinha acontecido.
No almoço, o assunto predominante era esse, alguns meninos até foram até a tal estranha, mas não acharam nada. Eu achei estranho e até duvidei da minha cabeça...será que é verdade oque eu vi? Ou só coisas da minha cabeça...
Depois de tirar um cochilo pós almoço, Renato me chamou para dar uma volta pelos campos, e eu aceitei.
Fomos andando devagar, não tinha nenhum assunto para ser conversado, a não ser o evento que aconteceu mais cedo, mas eu não queria lembrar disso.
— Jade, acho que preciso te falar uma coisa. Renato parou de caminhar e ficou me encarando.
— Oque? Perguntei me aproximando mais que o suficiente para lhe beijar.
— Sabe aquela árvore que você viu?
— Sei...Respondi desorientada.
— Eu também já vi ela.
— Oqu..Que? Como assim?
— Ah uns três anos atrás, quando eu iniciei a série caçadores de lendas, eu tinha uma equipe, só que eram outras pessoas, você não deve conhecer. Então, nós ficamos sabendo de uma "Lenda da árvore" e fomos nela, que no caso, é a mesma que você viu. A lenda era o seguinte: A árvore no inverno, chama as pessoas que estão próximas dela, e instantâneamente a pessoa chamada se aproxima da árvore, e ela pega a pessoa com os seus galhos, e as mata.
— Caraca...
— Nos fomos no inverno, a árvore estava seca, sem vida...e eu acho que você já sabe oque aconteceu...ela pegou um dos nossos e o matou...na minha frente Jade...na minha Frente! Renato estava com os olhos lacrimenjando.
— Eu acho que eu tô com muita informação....Renato, por que ela não fez isso comigo? Por que ela não me matou? Perguntei confusa.
— Nós estamos na primavera, na primavera a árvore muda de " Árvore da morte" para " Árvore da Vida", você teve sorte.
— Então...o símbolo dos caçadores de lendas é uma homenagem ao seu amigo?
— É..tipo isso, é uma lenda muito macabra. Eu imagino que você queira ir embora depois dessa? Não quer? Perguntou ele me olhando nos olhos.
— Não sei...Tô muito assustada.
— Vamos embora então, é melhor.
— E os meninos, oque vamos falar pra eles?
— Eu falo que você não tava muito bem...Relaxa, eu dou um jeito.
— Tá bem.
*
É..Eu sei que passamos muito pouco tempo no acampamento, mas eu espero que vocês entendam, eu estava assustada, não ia conseguir passar uma única noite se quer naquele local.
*
Depois de conversar com os meninos, resolvemos ir apenas eu e o Renato, o resto ia ficar até semana que vem.
Então, pegamos nossas coisas, jogamos na carroceria e partimos para Londrina novamente.
A rodovia infinita e o barulho dos outros carros me deixavam sonolenta, acabei caindo em um sono profundo no banco da frente da L200.
"A árvore não parece tão assustadora...Acho que vou chegar um pouco mais perto...até por que uma árvore não faria mal a ninguém não é mesmo?
— Venha...se aproxime de mim...
Espera, oque? A belíssima árvore fala? Por que eu estou chegando tão perto? OQUE? Oque tá acontecendo? Eu não consigo controlar a minha mente....eu não quero andar.....a Árvore não parece tão bonita agora, ela está triste, a neblina cinzenta deixava tudo macabro...oque aconteceu com a belíssima árvore de antes? E eu continuo a andar...agora que eu olhei ao redor, vejo que tem algumas pessoas me olhando...Espera, eu os conheço! É o Renato e o Miguel...RENATO? Tá me vendo? Por que eles estão me dando tchau? Renato? Eu tô aqui! Me ajuda...
A Árvore agora sorri...Com os seus dentes e galhos cobertos de sangue."
Acordei com um grito! Eu estava quase sem fôlego. Olhando ao redor vejo que estou no quarto de Renato, e ele está ao meu lado me olhando curioso.
— Oque aconteceu meu bem? Teve um pesadelo?
— Sim, foi horrível! Disse tentando limpar as lágrimas que insistiam em sair.
— Vem, deita aqui comigo, vamos descansar.
Me deitei em seu peito e logo o sono veio novamente, com mais intensidade do que antes.
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