----- Viego.
-Então se lembrou do seu pai. Nessa lembrança vocês tinham uma luta de espadas? -Swain levou a mão no rosto pensativo. -Provavelmente seu treino desencadeou essa lembrança, é normal que sua mente as traga de volta quando um evento em comum acontece. Sobre o seu irmão, chegou a se lembrar dele?
-Não, nem mesmo me lembro do rosto dele, já o do meu pai, pude ver com total clareza, nem mesmo Isolde em minhas lembranças possuía um rosto.
-Já está na hora de você ver a Aysa, ela pode ajudar a recuperar rapidamente suas memórias.
---- Aphelios
-Olhe só para você, completamente sujo, com cheiro de fezes e urina. Enquanto a mim, tive uma noite satisfatória com Viego, agora eu entendo o que você realmente viu nele... -Ela mordeu seu lábio inferior. -Quase não coube na minha boca...
Aphelios engoliu seco. Fechou seus olhos, mal poderia esperar para sair daquele lugar, tinha esperança que talvez alguns Lunari tiveram a chance de escapar. Ele só tinha uma certeza, quando ele partisse de Noxus, Katarina estaria habitando o mundo dos mortos.
-Vamos ao que interessa, suas feridas já se regeneraram. Está pronto para ter minhas iniciais cravadas no seu corpo?
Segurou sua adaga firmemente indo em direção a Aphelios.
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Dois longos dias se passaram, estava cada vez mais difícil suportar aquilo, por fim, um dos guardas vieram alimentá-lo. No seu peito, havia uma grande sigla Y, ela disse que terminaria sua obra de arte nos próximos dias, e que seria o último dia de Aphelios.
-Aproveite sua última refeição, 'herói'. Tsc. -Ele soltou uma risada.
Ele caminhou até Aphelios com o prato de alumínio em mãos, a comida não possuía cor, era basicamente uma gororoba qualquer. Ao estender, Aphelios não pegou.
-Pegue, seu lixo. -Quando viu que ele não teve nenhuma reação, jogou o prato contra Aphelios, sujando todo seu corpo.
-Espero que morra de fome. -Após dizer aquilo, notou que o corpo não se mexia, seu rosto demonstrou preocupação, seria sua culpa se ele realmente tivesse morrido de fome, já que não quis alimentar o prisioneiro nos dias passados.
O guarda se abaixou, chacoalhando o corpo do menor.
-Ei, acorde...
Aphelios lentamente pegou uma das correntes, quando o guarda percebeu, elas já estavam enroladas em seu pescoço, ele as apertou fortemente, suas pernas faziam força contrária, puxando o corpo do guarda para baixo.
-ACK! ACK!
As mãos dele tentavam puxar as correntes de volta para que pudesse respirar, seus olhos viraram, Aphelios segurou durante um tempo, até que por fim, soltasse aliviado.
-Eu vou sair desse lugar...
Sua voz baixa saía como um sussurro, ainda se recuperando da dose letal de veneno. Passou pela porta de ferro da cela, a trancou para que não notassem que algo estava errado. Aphelios olhou para o seu corpo que estava sujo, viu que em um dos bancos de guarda, havia um grande cobertor, colocou sobre seu corpo para que abafasse o mau cheiro. Conforme andava furtivamente pelos corredores, sentia sua visão ficar turva, seu corpo estava fraco, não se alimentava direito, utilizava muita energia para regenerar suas feridas. Ofegava, quando de forma repentina, se deparou com uma grande escadaria.
----- Viego. POV
Quando cheguei até os aposentos da tal Aysa, era como se eu sentisse uma energia me puxar para dentro. Antes que eu pudesse encostar na maçaneta, ela foi aberta por uma bela mulher, ela possuía cabelos platinados, seus olhos pareciam ser banhados a prata, algo bonito de se ver, aquela peculiaridade era familiar.
-Viego... Estive esperando você durante um tempo. -Ela abriu um sorriso.
Em silêncio, adentrei o lugar, haviam diversos adereços com símbolos estranhos, alguns pareciam ser Lunari.
-Swain disse que você poderia me ajudar, com as minhas lembranças.
-Ah, o general, sim, eu posso. Já deve saber um pouco sobre o que nós, sacerdotes Lunari podemos fazer, não?
-Você é uma Lunari?
-Eu era, até ser expulsa pela anciã, aparentemente existem coisas proibidas, e uma delas é a busca de poder. -Aysa se sentou na minha frente, a anciã não parecia o tipo de pessoa que expulsaria alguém por algo tão banal, fiquei curioso.
-E como você veio parar em Noxus?
-Conquistei o meu lugar, aqui, foi fácil. Sente-se, Rei.
-Não sou mais um Rei.
-Hum... -Ela fechou seus olhos, logo moveu sua mão até a minha coroa, ao tocá-la, a névoa começou a se materializar.
A névoa saía da coroa, criava diversas figuras, como um castelo, guerreiros e não demorou muito para que eu conseguisse ver, aquela era a minha vida.
----Flashback On (7 anos)
-Viego, está na hora de você e Athrien começarem seu treinamento.
O pequeno garotinho olhou sem entender, ele então segurou fortemente no vestido de sua mãe.
-Mãe... Eu não quero ir.
-Kaladris, acha isso mesmo necessário?
-Ele é um príncipe, um dos meus herdeiros, querida.
-Mas ele ainda é meu bebê... -Ela se abaixou pegando o garoto de cabelos castanhos no colo. -Athrien já tem doze anos, já é velho o bastante para isso.
O Rei abriu um sorriso, então selou seus lábios ao da Rainha.
-Se isso a faz feliz, tudo bem.
------
-O que vai ser hoje, mãe? -Viego saltou na cama, apoiou seu rosto em ambas as mãos, encarando sua mãe.
-Vamos lá, que tal esse aqui? -Ela puxou um livro com capa vermelha.
Ele tentava decifrar as palavras na capa, sua leitura ainda não era muito boa.
-P-P-Poem-as d-de H-e-n-r-y
-Depois você vai ler por si só, não tenta agora, meu amor. -Ela acariciou os fios castanhos de Viego. -Ackam... -Ela coçou a garganta antes que pudesse começar.
"O tempo é muito lento para os que esperam
Muito rápido para os que têm medo
Muito longo para os que lamentam
Muito curto para os que festejam
Mas, para os que amam, o tempo é eterno."
Ambos abriram um sorriso, ele a encarava absorto em suas palavras.
--- (12 anos)
Um empurrão forte com o escudo foi desferido contra o seu corpo, fazendo ele soltar a espada e cair no chão.
-Até as meretrizes da casa do prazer batem mais forte que você. Não sou o pai, não vou amolar pra você.
Viego semicerrou os olhos. Ele pegou a espada novamente, tentando golpear seu irmão que defendia todos seus golpes com o escudo.
-Tsc. Isso é um tédio, não sei o que ele vê em você. -Levantou o escudo, desferindo uma grande batida no rosto do menor.
Cuspiu um dente. Viego recém havia começado seu treino com espadas, seu irmão ao contrário, já era bem experiente, dada a diferença entre idades. 12 e 17 anos. Os olhos de Viego lacrimejaram, ele levou a mão na boca que logo se encheu de sangue. Não gostava daquilo, sentia saudades da sua mãe, perdê-la havia sido horrível, mas sabia que tinha responsabilidades como príncipe para assumir, pois ela não estava lá para defendê-lo.
-Você é uma vergonha. -Soltou o escudo, mudou sua postura ao ver que o Rei se aproximava.
-O que está acontecendo? Viego está sangrando?
-Devo ter batido um pouco forte nele, mas não é nada, não é, irmão?
Viego virou o rosto para que seu pai não visse as lágrimas. Se sentia pressionado com o olhar de seu irmão.
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Ele sentia dor no seu maxilar que ainda estava um pouco inchado, se deitou na cama, nos lençóis, era como se ainda pudesse sentir o perfume doce de sua mãe.
-Snif... Por que você se foi? -Lágrimas molhavam o travesseiro.
----- (22 anos)
Viego observou a entrada do reino, lá embaixo estava seu irmão Athrien, ele utilizava uma armadura com adornos dourados, manchada de sangue. Atrás de si, um exército o seguia, todos os camponeses os aplaudiam. Apesar de tudo, Viego não via a motivação por trás da guerra, algo que seu irmão particularmente adorava, antes dos 20 anos de idade, ele havia se tornado comandante da guarda real, depois disso, começou a liderar invasões e trouxe conquistas para seu reino.
-Athrien retornou, pai. -Viego disse saindo do parapeito.
-Isso é ótimo. Por que não vai recebê-lo? Cof...Cof... -Sua tosse piorava cada vez mais. Levou um pano até a boca, limpando um pouco do sangue que saía.
-Eu disse a Eren que compareceria hoje.
Viego deu passos saindo do salão principal, parou ao ouvir ser chamado por aquela voz sarcástica.
-Irmãozinho... Pai, como vocês estão? Não veio ao menos me receber?
-Não quis incomodá-lo, acho que deve estar cansado demais depois de derrubar sangue de mulheres e crianças.
-Viego. -Seu pai se pronunciou o repreendendo.
-Ao menos eu faço alguma coisa para representar a nossa casa, e não escrevo poemas como um boiola.
-Tsc. -Viego cerrou os punhos olhando para Athrien. -Prefiro ser um boiola do que um macaco burro com uma espada.
-Viego, é melhor que se retire, não vou admitir que meus dois filhos fiquem se alfinetando como crianças.
----- Flashback Off.
-Aysa... -Disse incrédulo com a situação.
-Não posso continuar mais com isso hoje, talvez amanhã, descanse, isso gasta muito da sua energia, e da minha também.
-Certo... Eu agradeço por isso. -Abri um grande sorriso, nunca imaginei que pudesse me lembrar com tanta facilidade.
Estava saindo do quarto dela, quando ouvi um barulho peculiar, eram como gemidos, alguém que estava sentindo muita dor. Ao invés de voltar, eu apenas segui aquele barulho, ao andar entre os corredores, pude ver no final, uma escadaria que levava para baixo, provavelmente era a entrada de alguma masmorra, o que pude ver fez com que eu ficasse incrédulo.
-Aphelios...?
Dois dos guardas o seguravam, ele parecia tentar lutar, mas seu corpo estava completamente ferido, seus orbes tristes me fitaram com o olhar, algo que eu não pude resistir.
-Soltem ele agora.
-Ele é o nosso prisioneiro, você não dá ordens aqui, volte para o seu quarto.
Fiz com que dois espectros de névoa se formassem atrás de cada um dos guardas, os espectros cravaram suas presas, sangue jorrou. Apenas estalei meus dedos fazendo com que as sombras desaparecessem, antes que Aphelios pudesse cair no chão, o segurei.
-Você... Ei... Vai ficar tudo bem. Que merda eles fizeram com você?!
Ao levar a mão no rosto de Aphelios, ele estava queimando, era como se seu corpo tivesse se desligado completamente. Aquele mal cheiro, todo aquele sangue pelo seu corpo, cuidadosamente o peguei no colo, decidi que cuidar dele era o melhor a se fazer naquela ocasião. Quando ele pudesse acordar, estar melhor, eu mesmo confrontaria o responsável por aquilo. Noxus era um perigo, tudo era uma farsa, e eu havia caído como uma criança inocente.
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