Rakan
Eu não sei se explodo de felicidade ou de nervosismo, pois saber que a Xayah vai dançar comigo nesse festival é uma notícia que me surpreende, mas não parece surpreender essas idiotas aqui ao meu lado... Elas sabiam, armaram pra mim... “AMODEIO” CADA UMA!
Nos direcionamos para a entrada da casa, na qual cumprimentamos o Senhor Nathan novamente e ele sorriu para nós ao me ver de mãos dadas com a Xayah.
Beatrice e Nily poem as coisas do piquenique na pia e puxam a Xayah pelo braço, então, vou atrás para saber o que iriam fazer.
- Onde pensa que vai, mocinho? - Diz Bea olhando para mim.
- Eu? - Pergunto involuntariamente.
- O único mocinho aqui é você. - Continua ela.
- Estou indo com vocês, pô! Não pode?
- Não, seu moleque, vamos arrumar a Xayah. Você já conhece o vestido, mas no corpo dela você nunca viu. Quero fazer uma surpresa, concordam, meninas?
- Não sei o que responder – Diz Xayah.
- Eu concordo com a Beatrie – Diz Nily. - Você poderia, inclusive, já se arrumar, pois do jeito que você é um “princeso”, vai demorar tanto quanto ela para ficar pronto.
- É verdade, hehe. Vou indo então. - Digo
Sigo até o quarto e começo meus preparativos
- Por onde começar? Hmmm. - Abro meu guarda-roupas e vejo toda minha coleção de calções completamente iguais, um para cada dia da semana. Porém, ao ver o espaço vazio que deixo em meu armário, faço reverencia e me lembro da tristeza de não ter um par de sapatos vermelhos... Deixando a tristeza de lado, pego a única peça diferente que encontro e que foi feita especialmente para esse dia: um belo terno branco com tons de rosa e violeta, acompanhado de um broche com um formato de coração incompleto que deve ser o par da moça que usará a outra parte do conjunto, no caso, minha Xayah.
Pego o blazer, a camisa social, o invólucro de meus pés, o bracelete e deixo sobre minha cama. Deixarei que Nily cuide de minha capa, ela tem mãos leves, não bagunçará meu traje ao fazê-lo. Com tudo isso separado, dirijo-me ao banheiro, o qual preparo meu banho.
Nesse momento, tiro todas as peças de minha roupa e admiro-me no longo espelho perpendicular aos dóis vértices do cômodo.
- Hmm, nada mal, Rakan.
Deleito-me com aquela visão do paraíso: abdômen definido, ombros largos, coxas grossas e fortes. Sinto que meus braços estão mais rígidos e o meu cabelo molhado com a umidez das quentes águas que evaporam da terma fica bem sexy... Adoraria que a Xayah visse isso...
Rakan fecha os olhos perdido em seus pensamentos e começa a imaginar a Xayah, lembrando-se do belo corpo da moça, o qual havia tido uma prova de como poderia ser com o pequeno vislumbre de seus seios despidos e a visão daquelas curvas que demarcavam um esguio corpo sexy.
Rakan sente seu corpo ficar quente e, ao banheiro ser contagiado por uma névoa de vapor de água, seu reflexo, deturpado pelas ondas de calor e pela condensação da água no espelho, se esvai enquanto se direciona à banheira, cujo homem na ida foi com uma de suas mãos em uma região delicada.
...
Após terminar meu banho, sigo, secando meu cabelo, em direção ao meu quarto. Nada cobria meu corpo do pescoço pra baixo e, ao deslocar minha visão em direção do sol poente, vejo uma silhueta na frente da esfera luminosa, esfera essa que ofuscou minha visão fazendo com que não conseguisse ver quem era dona daquele corpo. Suas mãos direcionavam-se para a sua boca e um movimento de “mandar um beijo” foi feito, deixando-me em transe e atordoado por alguns segundos. Não tive vergonha de estar completamente nu nesse efeito... ela usou esse tempo que fiquei paralisado para observar cada canto de meu corpo, soltando uma risada e saindo rapidamente ao estalar os dedos.
Esse estalar de dedos me fez cair no chão de joelhos. Peguei a toalha que usava para secar meus cabelos e tampei minhas “partes”, meu corpo inteiro tremia... como ela havia passado de toda segurança da casa? Quem era aquela pessoa? O que ela fez comigo? E o mais importante... por que eu sinto conhecê-la? O sol não me deixou identificá-la.
Levanto-me zonzo após o acontecido e penso em preocupação se a Xayah está bem. Visto pelo menos as partes de baixo do meu traje e me direciono para a porta do meu quarto correndo. Abro-a e Nily, coincidentemente, estava na frente do caminho fazendo com que eu quase esbarrasse nela.
- O que houve, senhor Rakan?
- A XAYAH ESTÁ BEM?!
- Sim, mas...
- Ainda bem..
- Você está todo vermelho, Rakan. Ficou muito tempo na água quente?
- Sim, mas EU VI ALGUÉM NA ÁRVORE! NA JANELA!
- O senhor deve estar alucinando por ter passado muito tempo “cozinhando”, é melhor se arrumar logo. Estou só ajustando o vestido da Xayah agora para fazer o cabelo dela e ficar tudo pronto; tinha ido pegar o conjunto de costura no meu quarto e estava indo para o que ela está.
Caralho, eu fiquei tanto tempo assim em transe? Ela já ta quase pronta? Eu alucinei mesmo? Aff, é melhor eu não me preocupar com isso... Vou me arrumar rápido, quero vê-la.
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Xayah
Quando a Bea pediu pra ele ir se arrumar sozinho no quarto, foi engraçado, mas tadinho, queria que ele visse o meu corpo de novo... QUER DIZER... Quer dizer... eu quero isso mesmo... quero ele comigo...
Nily e Beatrice me veem perdida nos pensamentos e me dão um puxão de orelha.
- Eu sei que o meu irmão é lindo, mas não precisa ficar tão boba assim por ele, amiga. - Diz a mais jovem.
- É que... - Digo envergonhada.
- Para de envergonhar a menina, Bea, você já não viu o que ela teve de enfrentar lá na cachoeira?
- Nah, Nily, nem se preocupe. Eu agradeço muito a ela por ter me ajudado a criar coragem! - Digo.
- Awn que fofa! - Beatrice responde.
- MAS EU AINDA NÃO PERDOEI POR TE ME DEIXADO VERMELHA AGORA A POUCO! - Digo apertando as bochechas dela.
- AI, AI, AI, AI!! SUAS UNHAS MACHUCAAAAAAAM!!
Solto as bochechinhas dela e começo a rir, dando um beijinho de desculpas logo em seguida, estou feliz hoje. Essa família está me mudando.
- Ok, agora parem de brincadeiras porque temos que nos arrumar! Principalmente você, Xayah. - Nily, a sensata do grupo, interrompe nós duas.
- Certo! - Corro para o banheiro e vou para a ducha, tinha uma linda banheira termal para eu limpar meu corpo, mas como estava ansiosa para provar o vestido, me limpei nesse chuveiro mesmo.
A água estava quentinha e as gotas que escorriam de meus longos cabelos encostavam no chão de madeira, fazendo um barulhinho muito relaxante. Ver meu corpo no espelho daquele cômodo me fez pensar se o Rakan iria gostar de vê-lo... sinto um arrepio, é como se alguém estivesse pensando muito em mim... é você, Rakan? Haha. Deve ser minha mãe e irmãs, não as vejo desde ontem, espero que estejam calmas depois do mensageiro que enviaram.
Lavo meus cabelos carinhosamente e, após isso, deslizo em meu corpo um sabonete de odor doce e leve, sinto novamente os respingos d’água abraçarem-me, levando toda espuma que cobria minha pele. Passando a mão pelas minhas curvas, lembro-me da situação no rio, cujo Rakan havia me visto... daquela forma... fico nervosa, mas um sorrisinho bobo cruza meu rosto.
Pensando nos momentos que eu e o Rakan tivemos ao longo desses dois dias conturbados, não consigo tirar a face alegre de mim. Então, termino meu banho com uma pequena lágrima de felicidade que, ao escorrer, se confundia com o fluido do chuveiro.
Ao terminar o banho, Xayah pega a toalha e envolve seu corpo, de um jeito bem despojado, como uma criança, apoiando-a em seu ombro e fazendo com que suas grossas coxas ficassem expostas.
Saio do banheiro e a Beatrice instantaneamente reage.
- Vamos, Xayah. Nós precisamos ver os ajustes do vestido, então ponha aquela peça de roupa íntima e prove aqui a vestimenta rápido, porque precisamos chegar mais cedo na festa, você vai ser a princesa da noite.
- Princesa? - Indago.
- Sim, você vai dançar com o filho do Xamã, esqueceu? Não é estranho você não saber, até porque nunca aconteceu antes dele dançar no festival com um par. - Diz Beatrice olhando dentro da bolsinha que estava o conjunto de costura que Nily havia trazido.
Admito que agora fiquei um tanto quanto nervosa, não sabia desse detalhe, eu devia ter recusado. Mas que pena, agora não posso mais desistir, haha.
Após Xayah pôr a roupa de baixo, ela segue até uma espécie de palanque colocado no meio do quarto para que ficasse em cima, utilizando o vestido para seus ajustes serem feitos.
- Só ta meio folgado nos seios, vou apertar as costuras dessa parte. - Diz Nily, observando a vestimenta em meu corpo.
- Olha, Xayah, meus peitos são maiores. - Diz Beatrice apertando e mostrando-os para mim.
- Tá. - Respondo – Sinta inveja de minhas coxas.
- Uy, desculpe moça das pernonas. - Completa Bea que ri um pouco ao término da frase. Enquanto isso, Nily ajustava os fios na região dos seios, encaixando o corpinho da Xayah no decote da peça.
- Roupa terminada. - Afirma a alfaiate de plantão.
- Oba, agora começaremos a minha parte favorita: O CABELO! - Alegremente, diz Bea.
O vento corre pelo cômodo, adentrando pela janela e atravessando o espaço telhado-parede, fazendo com que ressoasse pelo quarto sons característicos de instrumentos de sopro.
- Eu adoro quando ela faz isso, Xayah. - Diz Nily pegando em meu ombro e dando um leve sorrisinho.
- Isso o quê? - Pergunto sem nem imaginar o que estaria por vir.
Começo a escutar os sons de uma melodia, um vento acolhedor aperta o meu corpo, e então, meu cabelo começou a se elevar como se a gravidade não existisse para ele, enquanto as mãos da Beatrice estavam envolvidas por pequenos turbilhões e, em seguida, começam pouco a pouco a pentear meu cabelo, secando os fios e ondulando-os para que, com pequenos ramos trazidos pelo mesmo ar, fizessem um longo rabo de cavalo baixo enrolado. Após isso, os ventos se acalmam.
- Acabou? - Indago.
- Deixe me ver. - Diz Bea. - Acho que falta um gran finale. O que me diz, Nily?
- Hmmm... Preto? - Sugere Nily.
- Preto. - Afirma Beatrice com um sorriso no rosto.
- Como assim? - Fico sem entender o que elas estavam falando, mas observo Nily indo pegar um saquinho dentro da gaveta de cosméticos da cômoda do quarto. Ela o abre, pega um pozinho brilhante e joga em meus cabelos, fazendo-o ficar com uma coloração escura, preta. - QUE PORRA É ESSA?!
Elas riem ao ver minha reação.
- Magia. - Diz Beatrice, sonsa, porém, para minha sorte, a própria Nily me explica o que aconteceu, dizendo que isso se trata de uma magia que absorve a luz e, ao ser jogado em uma superfície, faz com que fique preta. - Agora você está pronta de verdade.
TOC, TOC, TOC
- Gente? - Diz Rakan do lado de fora do quarto - Já estou pronto, cadê vocês? Temos que ir.
- São que horas, Nily? - Pergunta Bea, recebendo como resposta o susto da empregada que afirmou faltar trinta minutos. - Dá tempo ainda, só falta ela pôr o sapato e fazer a maquiagem, vou fazendo aqui enquanto vocês procuram os sapatos dela.
No fim, eles ficam prontos vinte minutos depois e o casal vastayês segue para o festival na carruagem do Rakan, saindo juntos de mãos dadas do veículo.
Nesse instante, ele me põe em sua frente.
- Ei, Xayah, você sabe que vai ser tratada como uma princesa hoje, não é? - Ele pergunta, encarando-me.
- Não gostei da ideia não, mas é o jeito... - Respondo, logo observando seus lábios.
- Ah, que pena, pensei então que você iria querer usar isso que eu preparei para você.
- Isso o quê? - Tiro os olhos de sua boca, logo ficando curiosa.
- Aqui... - Diz ele, mostrando uma tiara linda com um coração rosa no meio. - Coloco em você se aceitar que vai ser minha princesa por esta noite.
- É sério isso, cara?
- Seríssimo.
- Então vou ficar sem tiara mesmo. - Digo andando na frente dele, aguardando sua reação.
Ele reage meio tristonho e fica sem movimentos.
- O que foi? Vai ficar aí imóvel mesmo... Príncipe Rakan?
Ao ouvir minha frase, um sorriso toma conta do seu rosto e ele segue para perto de mim novamente, colocando a tiara em meus cabelos com cuidado para não desmanchar o penteado.
- Seu cabelo ficou lindo. - Ele sorri de modo dócil.
- Obrigada, o seu também. - Dou um sorrisinho sem mostrar os dentes.
- Eu sei.
- Convencido.
- Realista. - Rimos quando ele diz isso.
- Essa tintura sai do cabelo rápido?
- Sim, só chamar a Nily quando voltarmos e ela tira o feitiço.
- Certo.
- Tudo pronto?
- Sim.
Ao falar isso, sigo junto dele em direção à festa, que seria um divisor de água de agora em diante, nossa última memória feliz antes da chegada da pior notícia que já ouviríamos até hoje.
"Baasi kommu yu-teha!"
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