História Amargo Amor- Alice in Borderland- NIRAGI - Cap.16- Praia sem areia, é a praia da utopia!

Entramos em uma sala de reunião, havia uma mesa um tanto grande com algumas cadeiras, o chefe se senta na principal e algumas outras pessoas incluindo Aguni e o tal Niragi se sentam também

Noto olhares de alguns homens em meus peitos e fecho o zíper de meu casaco cruzando os braços

- 2 de espadas, 6 de espadas, 4 de ouros e duas cartas 2 de paus- Ann diz as entregando na mão do chapeleiro- nenhuma de figura até agora...

- A 10 de copas também nunca apareceu, talvez tenhamos que sair da cidade- um homem murmura

Ainda não entendo por que eu e Arisu temos que participar dessa babaquice, eu só quero ir pro meu quarto e dormir

- Já procuramos, não tem arenas fora de Tóquio- Chapeleiro diz- vamos continuar investigando na cidade, amanhã expira meu visto, quem sabe não dou sorte

- Falando nisso, deve ter uma maneira de aumentar os dias do visto- uma mulher comenta

- Num jogo de copas isso é possível- Chapeleiro ri- o vencedor merece dias a mais de férias depois de matar várias pessoas- caçoa e eu cerro os punhos- não foi isso que aconteceu com você, Violeta?

Seus olhos param em mim, ele está se referindo a carta de copas que estava em meu bolso, eu não joguei sozinha, mas ele não precisa saber que Arisu participou

- Pode nos dar umas dicas, não pode?- Seu sorriso era perverso

- Não ganhei aquele jogo de maneira injusta- digo séria

- Não tem como ganhar um jogo de copas de maneira sincera- Ann ri de canto

- Você não estava lá pra ver, estava?- respondo grossa

- Violeta!- Arisu me cutuca

- Acho que tocamos na ferida- chapeleiro ri- Só vamos continuar jogando, uma hora essas cartas vão aparecer, membros executivos cuidem de tudo quando eu estiver fora amanhã- sorri- fim da reunião!

Dou um passo para dar o fora dali mas sou interrompida

- Arisu e Violeta- o chefe nos chama- vocês não

O que esse idiota tanto quer com a gente??

Caminhamos o seguindo para outra sala, o mesmo se senta em um sofá e nós nos sentamos em sua frente, logo duas mulheres se sentam ao seu lado lhe dando beijos e se esfregando no mesmo

Faço uma careta e olho para Arisu constrangida, o moreno encarava a mesa em nossa frente impaciente e desconfortável 

- Bebam também- ele aponta para as bebidas em nossa frente

- Eu não bebo- murmuro desviando meu olhar daquela cena nojenta, Arisu pega um copo e o encara com receio

- Não tem veneno aí- chapeleiro começa a rir assim como as garotas, se levanta pegando o copo da mão de Arisu e tomando um gole- viu só

- Parece que vocês não confiam em mim...-murmura- admiro tal prudência

- Obrigada- sorrio falsa 

- O que faziam no mundo antigo?

- Nada- murmuro juntamente de Arisu e nos entreolhamos

- Nada? Bom, eu geria uma casa de acompanhantes em Kabukicho...Se chamava praia, já ouviram falar?

Claro que eu já ouvi falar nesse monte de merda, mas não me vejo na obrigação de responder, vou deixar que Arisu o responda sozinho

- Não...- o moreno responde

- Não? Era muito famosa!- ele exclama- Praia sem areia, é a praia da utopia!- cantarola aquela música ridícula

Todos os dia quando eu ia pra escola um carro passava tocando ela, eu lembro que a Sayuri adorava a escutar e sempre passava o caminho toda a cantando

- Era anunciada por toda Tóquio em carros de som, sabiam?

- Eu ficava o dia todo jogando em casa- Arisu dá de ombros e o chefe ri

- Sabe...eu queria ser o melhor de Kabukicho...- se levanta vindo em direção a nós- todos os meus subordinados me admiravam...E eu disse a eles que seria líder, custe o que custasse...mas num dia todos eles se enforcaram- solta derepente

Eu consigo ver a dor em seu olhar, essa é uma história delicada e eu não sei por que ele está  contando pra nós dois

- Eu queria ser o líder junto com eles...mas eles me deixaram- ri fraco- Mas pensando bem, a morte deles foi algo necessário pro meu amadurecimento...

Esse cara é maluco, como ele pode falar que a morte de alguém foi algo bom para si mesmo? Narcisista de merda...

- Amadurecimento?- questiono e ele sorri se levantando

- Nesta nova praia, todos os jogadores devotaram o corpo e vida a mim!

Eu sabia, ele é esse tipo de chefe, se você quer ficar em baixo da asa dele deve jurar que dará sua vida por ele caso necessário

- E eu serei um herói...- sorri- o único herói que conseguirá sair deste país...este sou eu, o chapeleiro

Sinto um calafrio, ele me assusta de certo modo, sua personalidade parece ser instável, nunca sabemos quando ele pode surtar

- Para heróis é necessário tragédias- o mesmo pega um copo e o estica para que Arisu brindasse- Á segunda praia!

- Á segunda praia...- o moreno murmura sem cerimônias e brinda com o chefe, observo a cena com tédio

- Pode ir agora, Arisu- sorri- preciso falar com a Violeta

- O que?- arqueio a sobrancelha e Arisu me olha preocupado

- Fique tranquilo, não a farei nenhum mal- o chefe sorri- Mathew, leve ele e me traga o Niragi!

O que ele quer agora? E por que mandou chamarem o idiota de mais cedo? Eu só quero ir dormir, poxa!

- Meninas, podem ir- ele sorri

- Mas já?- uma delas pergunta com a voz manhosa

- Agora!- Chapeleiro grita me causando um leve susto e as duas saem em passos rápidos

- Você tem uma beleza extraordinária, sabia?- me encara

- Agradeço

- Violeta significa lealdade...fidelidade- sorri- e amor, pode dar isso pra mim?

- Lealdade talvez, quanto ao resto, não pensar- sorrio falsa

- Não vai demorar muito para que os homens daqui se interessem por você- arqueio a sobrancelha

- Onde quer chegar?

- Não quero que toquem no que é meu

- E o que seria seu?- pergunto sem entender

- Você- arregalo os olhos

Quem ele pensa que é? Eu não sou um objeto para pertencer a ele e muito menos quero isso, espero que ele não esteja pretendendo me forçar a nada

- Mas forçar você a ficar comigo vai ser chato- ele ri de canto- quero você do meu lado por vontade própria

- Isso não vai acontecer, sinto muito- sou sincera

- Com certeza vai- ele ri

- Me chamou?- uma voz ecoa atrás de mim e eu me viro, Niragi...

- Sim, se aproxime- o chama, o mesmo se aproxima ficando de pé ao lado de meu sofá, sua metralhadora ainda estava em mãos, ele não solta isso nunca?

- Tem certeza que sua resposta é não, Violeta?- chapeleiro me encara sério- só te darei uma chance de decidir

- Eu já disse- cruzo os braços e me encosto no sofá- não vou ser seu brinquedinho ou sei lá o que

- Niragi- seu olhar sai de mim e vai pro soldadinho- Te dou permissão pra fazer tudo o que quiser com ela

O que?

- Não quero que saía da cola dela nem por um instante, não deixe que nenhum outro cara da praia a toque- diz sério- ela está proibida de ter qualquer relacionamento

- Como é?- o olho incrédula

- Você vai acompanhar ela em todos os lugares, menos no banheiro, claro

- Isso é um absurdo, você é doente?!- pergunto

- Posso fazer o que eu quiser com ela?- Niragi me olha com um sorriso ladino

- O que quiser, faça da vida dela um inferno- o chefe volta a olhar pra mim- Quando você cansar eu estarei aqui de braços abertos- sorri

- Você é louco...- murmuro

- Posso contar com você, Niragi?

- Claro, vai ser um prazer- o mesmo sorri malicioso pra mim e eu reviro os olhos

- Muito bem, comece amanhã, por hoje ela pode descansar

Me levanto sem esperar mais nenhuma palavra e saio dali caminhando pro meu quarto, eu não vou aceitar isso, nem que eu tenha que fugir daquele garoto o dia inteiro, mas não vou permitir que ninguém me trate como propriedade...não vou mesmo!