「Amigas」
Para todos que veem de fora, você e Roseanne são apenas amigas.
Talvez não melhores amigas, mas amigas. Compartilham do mesmo círculo de amizades, frequentam os mesmos ambientes, têm gostos parecidos. Só… amigas.
— Gostou do meu batom? — Você vira o rosto na direção da Park, unindo os lábios num biquinho. — A cor — especifica.
Rosé acena com a cabeça, positiva. Abre a torneira, lava as mãos e as enxuga com o papel descartável disponível ao lado da pia.
— Tá linda a cor, amiga — uma garota morena te elogia, encostada no mármore, de costas para o espelho.
— Achou? — Você torna o olhar para ela. — Mas nem sei por que estou me preocupando — confessa —, daqui a pouco o Simon vai tirar tudo mesmo.
As risadinhas das demais meninas preenchem o banheiro da boate. Todas já estavam de olho em você, em como parecia mais do que interessada no rapaz americano. E com essa fala, tudo ficou mais óbvio.
Em meio ao divertimento, praticamente ninguém percebeu o semblante neutro da Park; como ajeitou os fios soltos do cabelo loiro atrás da orelha sem se dar ao trabalho de exibir um sorrisinho que fosse.
Ninguém exceto você, claro.
O grupo de amigas deixa o local em conjunto, da mesma forma que chegaram. De braços dados, conversando sobre assuntos variados, retornam para a pista de dança, onde mais alguns conhecidos esperam.
Roseanne desvia-se do caminho, vai até o bar primeiro.
O garçom a cumprimenta, simpático.
— Aquele de sempre, Roseanne? — pergunta, e ela confirma.
Já é cliente habitual do estabelecimento, sempre opta por vir ao local, ainda que sozinha, tomar a mesma bebida.
O sabor cítrico da tequila se mistura com a amargura do limão, desce com uma golada só pela garganta. Ela apoia as costas na bancada, os cotovelos na superfície de vidro. Mesmo sem intenção, o olhar vai parar sobre o seu corpo a pouco de distância.
Você dança, conforme dita o ritmo da música. Chama a atenção com seus olhos felinos, marcados pelo delineador rosa.
As mãos deslizam pelas próprias curvas, contornam o quadril com sensualidade. Transmite toda a luxúria da batida para seus movimentos cativantes.
Você. É de você que Roseanne não consegue tirar os olhos agora.
Sem dúvidas, uma vista e tanto. Excitante e encantadora. De tirar o fôlego. Mas seria ainda mais entorpecente se uma segunda pessoa não tivesse se juntado à cena.
Simon é um rapaz nascido em Detroit. É loiro igual a Park, esguio como ela também, tem praticamente a mesma altura, o mesmo estilo de se vestir, e seria uma cópia esfarrapada se não fosse pelo fato de que ele é um filho da puta.
Isso, daqueles que traem, mentem e pedem desculpas dizendo que não farão mais. Rosé, felizmente, não foi uma vítima, mas já teve que consolar muitas das pobres amigas que sofreram nas mãos do americano.
Ele se aproxima de ti, a envolve em um abraço enquanto mexe o corpo de acordo com o dela.
E você não se afasta, ao contrário, chega ainda mais perto. Num movimento ligeiro, vira-se sobre os calcanhares e segura o queixo masculino. Não hesita antes de colar os lábios nos dele, invadir com a língua a boca alheia.
Quando dá-se por satisfeita, ergue o olhar para a amiga no bar; encara, provocante.
Para todos que veem de fora, você e Roseanne Park são apenas amigas. Talvez não melhores amigas, mas amigas.
Então, não haveria motivo para que a loira estivesse fervendo em fúria. Apertando o copo com outra dose de tequila e limão entre os dedos a ponto de preocupar o garçom com possíveis cacos de vidro espalhados pelo chão.
Ou teria?
Rosé prefere não continuar presenciando o showzinho, despede-se de alguns conhecidos e deixa a balada. Caminha pela calçada, desviando das pessoas que tumultuam a entrada.
Vai até o carro estacionado na rua de trás, porém antes que possa colocar as mãos na maçaneta externa da porta, uma voz feminina a faz desviar a atenção.
— Já vai, Rosie? — Você encosta-se na lataria. — Mas tá tão cedo ainda…
Roseanne ignora, destrava o automóvel e entra. Junto com o estalo da porta do motorista, a do carona se faz presente.
— Sai do meu carro — a Park tenta soar o mais educada possível, olhando para a rua.
— Não gostou do DJ, foi? — você finge não ter escutado. Espia a aparência pelo retrovisor, ajeitando a aparência. — Eu gostei das músicas… Talvez tenha sido a aglomeração — arrisca, sonsa, virando-se para encarar a loira. — Você não gosta de lugares cheios, não é?
— Sai. Do meu carro — repete, mais severa, porém com o mesmo tom moderado de anteriormente.
O sorriso no seu rosto dobra de tamanho ao ousar: “Ou talvez você esteja com ciúmes”.
Roseanne devolve o contato visual, séria. Mas logo, desfaz-se numa risada divertida.
Aperta o volante entre as mãos, balança a cabeça negativamente. Dispersa o olhar.
— Por que eu teria ciúmes dele?
— Porque ele me beijou — a resposta vem rápida, simples.
— E?
— E você não.
— Vai, me poupe, garota. — Revira os olhos.
De repente, se inclina para mais perto, um risinho debochado ecoando e a voz que soa algumas notas mais baixas.
— Ele pode te beijar o quanto quiser, não me importo — garante — porque é pra mim que você vem implorar pra gozar.
Amigas, eles acreditam.
Você afunda o corpo sobre o banco, as pernas vão descansar no painel. Infla as bochechas, cruza os braços, como se o que ouviu pudesse emburrá-la quando, na prática, nada mais do que aumentou a umidade entre as coxas.
A verdade é que vocês duas possuem sua própria dinâmica. Você gosta de ter alguém lhe dando ordens, embora não obedeça na maior parte do tempo, fato que não incomoda a Park, já que não há nada melhor para ela do que educar sua menina.
— Foi só eu sair da balada que você veio atrás, não foi? — Roseanne prossegue. — Veio correndo igual uma cadelinha sem dono. Coitadinha… — Segura uma mecha dos seus cabelos, mas recebe um empurrãozinho em troca.
— Engano seu.
— Ah, é? — Tomba a cabeça para o lado. — Então, por que está no meu carro agora?
Você não refuta. Encolhe-se, abraçando os joelhos.
Geralmente tem uma resposta para tudo que sua mulher diz, adora contestá-la e ser punida por isso. Porém, aqui, nesse instante, não consegue pensar em nada para aborrecê-la.
— Você nunca aprende, garota — Rosé arrasta as mangas da jaqueta marrom pelo antebraço. — Não importa quantas vezes eu te ensine, te mostre…
“Sempre vai continuar agindo feito uma pirralha comigo”, espaça as pernas, a mão pressionando a beirada do banco do carona. “Quer chamar a minha atenção, é isso?”, arqueia a sobrancelha.
“É claro que sim. Tudo que sabe fazer é agir feito uma vagabunda quando eu estou por perto. Ficou se esfregando naquele idiota lá dentro, como se pudesse me atingir…”, desdenha. “Por que justo ele, hein? É por que ele te faz lembrar de mim?”.
Você permanece calada, evita retribuir o contato visual. Sabe que, se olhar, até através do brilho nos olhos, vai deixar bem claro o quanto está se satisfazendo com as palavras rígidas ditas de um jeito tão elegante.
— Olha pra mim enquanto eu falo com você! — Ela segura a sua mandíbula. — Gosto de ver a sua reação toda vez que te chamo de ‘vagabunda’ — alega. — Você gosta tanto… Perde até o orgulho, porque se rebaixa, chorando pelo mínimo de carinho.
Você sorri ladino, atrevida como sempre.
Curva-se para frente, ameaçando roubar um beijo. A loira, porém, é mais rápida para impedir. Cobre a sua boca com a palma da mão, empurra o seu corpo para trás levemente.
— É melhor você não me beijar — avisa —, porque se eu sentir o gosto daquela vodka que ele estava tomando, eu vou ficar muito puta. E você não quer me ver brava, quer?
A resposta para a pergunta é óbvia, ambas sabem.
Por isso, a Park nem tenta atrapalhar quando você segura a mão dela, entrelaça alguns dedos, exibindo aquela carinha de travessa, com os dentes mordendo a ponta da língua.
— É exatamente isso que você quer — ela afirma. — Prefere quando eu sou malvada com você, não é? — E você balança a cabeça, em concordância. — Que patética…
— Rosie… — Tomba as pernas fechadas no sentido da mulher.
Esfrega o interior das coxas um contra o outro, necessitada de toques mais íntimos. Um choramingo manhoso ecoando da garganta.
— O que foi, bebê?
— Me toca, vai.
— Te tocar? Onde? — ela pergunta, apesar da resposta evidente. — Onde você quer que eu te toque?
— Aqui. — Escorrega a mão do umbigo exposto pelo corset até o sexo coberto pela calça larga.
Roseanne sorri.
— Aqui? — Leva a mão ao local, pressionando.
— Uhum.
— E por que eu faria isso? — cessa o carinho. — Você é muito desobediente, não está merecendo os meus dedos.
Você estala a língua, impaciente. Quando quer algo, precisa conseguir. Se tem dificuldades no caminho, persiste.
Assim, deixa o banco do carona para se colocar no colo da mulher ao seu lado, de frente para ela.
Roseanne não impede, recebe sua menina com um aperto suave nas nádegas, erguendo o queixo para encará-la.
— Não me lembro de ter deixado você sentar no meu colo.
— Eu não preciso de permissão — retruca.
— Garota… — a mão rodeia o seu pescoço, aperta. Você entreabre os lábios, prende a respiração por alguns segundos devido à ação inesperada. — Não abusa da sorte. Qualquer dia eu vou me cansar e destruir você.
Os movimentos circulares sobre as coxas da Park a fazem rir, achando graça da reação imediata às palavras. Quanto mais maltrata, mais prende a pirralha que você é na palma das mãos.
— Rosie… — o apelido ecoa da sua garganta com facilidade mais uma vez.
Você pressiona as laterais do banco, empinando o bumbum conforme força o quadril para baixo, buscando maior contato.
O encontro de tecido com tecido resulta numa sensação deliciosa, principalmente nas vezes em que se mexe e estimula o clitóris. Ser enfocada também só colabora para aumentar o prazer. Algo na dificuldade de respirar, na queimação da pele deixa tudo ainda mais intenso. “Rosie…”, lamuria de novo.
— Vai, geme meu nome mais alto. — Ela força o seu torso para trás, colando as suas costas contra o volante. — Quem sabe aquele filho da puta não desce e vê você nesse estado? Se esfregando em mim sem um pingo de vergonha… — diz. — Você gosta tanto de atenção que nem vai se importar se qualquer pessoa passar aqui na calçada e te ver. Mesmo dentro de um carro, no meio da rua, sua alma de puta consegue falar mais alto.
— Foda-se — rebate, sobrepondo as mãos sobre a da Park no pescoço para afrouxar o aperto. — Eu não me importo mesmo. Quer que eu grite? Eu grito — as palavras saem uma atrás da outra, num tom destemido e apressado ao mesmo tempo. — Eu só quero você, Rosie. Eu quero agora. Me toca, me faz gozar. Eu quero sentir você. Eu preciso — interrompe o rebolado. — E você vai me dar o que eu quero, não vai?
Ela relaxa a postura sobre o banco.
Sem pensar duas vezes, desfere um tapa estalado na sua bochecha.
— Isso é o máximo que você vai conseguir de mim hoje, bebê.
Você tomba a cabeça para o lado, cínica, depravada. O local atingido fica vermelhinho. Arde. Mas essa dor já não é novidade, causa um sorriso de canto, sádico.
A Park desabotoa a sua calça. Abaixa a peça até perto dos joelhos em conjunto com a calcinha de tecido fino.
Leva dois dedos para serem chupados, lambidos pela sua boca — onde os empurra pela língua, acerta a úvula e te faz engasgar uma, duas vezes seguidas somente para se divertir com os sons molhados.
Depois, desce o toque pelo ventre, a virilha e termina entre os lábios íntimos. Vai e vem, roçando pela pele quente e molhada.
— Essa bucetinha tá precisando de algo pra arrombar ela — sacana, pontua ao encaixar-se na fenda.
Três dedos forçam a entrada. Afundam pelo buraquinho sem dó alguma.
As contrações fortes os esmagam, fazem Roseanne sentir o próprio íntimo pulsar junto.
Você geme baixinho, o sexo se alargando, acostumando com a presença em seu interior. E quando recebe as investidas brutas, o prazer vocalizado se torna ainda mais comum dentro do carro.
— Foi pra isso que você ficou fazendo gracinha? Hm? — Roseanne detém nas mãos algumas mechas perto da sua nuca, traz o rosto para mais próximo. — Pra eu poder meter nessa buceta até você gozar nos meus dedos? — O barulhinho úmido mistura-se ao estalo da palma da mão chocando-se contra a virilha, atingindo em cheio a região do clitóris. — Eu te fiz uma pergunta, porra — mantém o mesmo tom manso, ainda que num momento de irritação.
— Sim... Sim, Rosie.
— Você quer gozar, bebê? — aposta num jeitinho dengoso de falar que só colabora para levar a sua excitação às alturas. — Quer, é? Quer muito?
Você faz que sim. “Muito, muito”.
Ela morde o lábio inferior, sorrindo. A voz volta a soar profunda e calma ao dizer: “Mas não vai”.
Os movimentos se encerram nesse instante.
O líquido que mela os três dedos é chupado pela loira, a qual não se comove com a expressão melancólica na sua face.
— Mas…
— Calada — corta a oposição logo no começo. — Eu disse pra você que o máximo que receberia de mim hoje ia ser um tapa — ri, soprando o ar para fora.
“O que estava esperando? Que eu fosse te dar exatamente o que queria? Ah, garota, você é mais inteligente que isso…”. Desliza as mãos das suas coxas para as nádegas. Apalpa a carne. “A não ser que queira ficar com o rosto vermelhinho de novo, é melhor sair do carro agora. Tô a fim de ir pra casa, e não quero nenhuma vadia choramingando no meu ouvido”, informa. “Então… como vai ser?”.
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