História Amor Platônico - Daemon e Rhaenyra - Capítulo único: O deleite do Reino.

Eu estou apaixonada. E isso é ruim, muito ruim! 

Para mim, esse lance de coração palpitar, pupilas se dilatarem, mãos tremerem, estômago se encherem de borboletas e pelos se eriçam quando ver a pessoa desejada era romantização dos livros. Que essa coisa brega jamais ocorreria na vida real ou comigo.

Mas aconteceu. 

Sou definitivamente uma adolescente careta que facilmente perderia horas do meu dia escrevendo as iniciais dele e minha dentro de um coração. Eu sei, muito brega! É claro que jamais deixaria que alguém me visse nessa situação. Uma futura Rainha suspirando de amor é algo inadmissível e patético na sociedade em que estamos inseridos. Amar se tornar algo fútil e dispensável. O casamento é apenas um arranjo político, um contrato para beneficiar alguns, não necessariamente os noivos que apenas fazem parte desse acordo.

Mas como dito anteriormente, aconteceu. Me rendi, caí de quatro, ajoelho-me aos pés da paixão, a qual chegou devastando tudo, me invadiu como a lava de um vulcão e se solidificou em meu coração. Não sei quando ou como, só sei que não consigo desde então tirar ele da cabeça.

Talvez essa admiração por Daemon fosse desde infância, eu não sei. Quando o via-o apenas como um tio legal, bonito e audacioso, o qual me trazia presentes e mimos de suas viagens para lá de Westeros. Lembro que adorava ficar a madrugada toda escutando suas aventuras e de como ele era um guerreiro formidável, trazendo cada vez mais glória a casa Targaryen e a Coroa.

Ainda muito jovem, com 16 anos, ele fora presenteado pelo Rei Jaehaerys, O Sábio, com a darksister, a segunda espada mais importante e poderosa de toda Westeros, o que apenas destaca sua implacabilidade em combate. Lembro o quanto ele tinha ciúmes da espada, deixando que nem os empregados limpassem, mas para mim, sua sobrinha predileta, deixava-me empunhá-la e até me divertir cortando malhas de vestidos antigos. E claro, não posso deixar de comentar sobre Caraxes, seu dragão formidável e ágil, mas não tão veloz, pois Syrax tinha vencido cinco vezes consecutivas nossas competições diárias de Porto Real a Pedra do Dragão. Mas no fundo, desconfiava que ele me deixava ganhar de propósito; afinal, ele também era o melhor cavaleiro de Westeros, não era a toa que estava tão rendida.

Mas não era do guerreiro fenomenal ou das narrativas que apreciava tanto sua companhia... 

Eu simplesmente adorava escutar sua voz máscula, no entanto, suave, enquanto narrava empolgado os eventos, e que de algum modo, me trazia paz, como uma melodia para meus ouvidos. Era sempre um deleite adormecer escutando aquele som, e era sempre um pesadelo acordar e saber que ele havia partido, de novo. Meu tio nunca fora de ficar quieto, sempre metido nas mais diversas confusões, não é à toa que logo foi nomeado como: O Príncipe Rebelde. 

Eu sempre ficava arrasada com sua partida, principalmente nos primeiros dias, pois ele era o único que entendia! Minha mãe tentava me ensinar os deveres de uma mulher ‘’temos úteros reais, Rhaenyra'' ela dizia e meu pai, bem, me ignorava a maior parte do tempo. Sei que ele me ama, mas nunca serei um filho homem que tanto deseja, e Alicent, minha melhor amiga, era rendida aos preceitos que a sociedade exigia ‘’Você tem muita sorte Rhaenyra, és uma princesa e lordes de toda Westeros querem você’’. E o que tem demais nisso? Se a pessoa que eu quero não posso ter-la?

Daemon não precisou cortejar ou beijar meus lábios para me deixar atordoada, ele apenas sorriu. Um sorriso presunçoso e cafajeste que parecia ser exclusivo dele.

Oh céus, como estou perdida. Dói ver aquele sorriso e não poder chamar de meu, dói sentir seu perfume inebriar minhas narinas e não poder chegar mais perto, dói querer tocá-lo e não poder, dói acordar e não achá-lo ao meu lado, dói desejá-lo, querer, sonhar e amar. Dói a incerteza de se Daemon me quer também.

Me acho fraca por não contar, amando e venerando por trás do véu. Bem, pelo menos Daemon me admira e ama em meu sonho particular. Então por quê resistir a tentar esquecer? Se meu ímpeto não deixa mentir que estou amando. E se eu contar, será que a magia vai acabar? Ele irá rir de mim? Dizer que é nojento e indecente? Eu não sei. Porque nunca revelarei esse segredo.