------ Ariel Narrando ------
Eu me despedi do Kléber, e segui caminhando de volta a sala de aula, porque o sinal já havia tocado, anunciando o fim do intervalo.
Eu entrei na sala, e vi Sabrina, que revirou os olhos assim que me viu entrar.
Ela abriu o enorme livro de história que estava em sua mesa, tentando evitar contato visual comigo.
- Você não vai falar comigo gatinha? - eu perguntei em seu ouvido.
- Me chama de gatinha de novo pra ver se eu não acabo com a sua raça, seu merdinha. - ela me olhou furiosa.
- Qual é? Vai ficar "bravona" comigo agora? - eu perguntei.
- Sério? Você quer discutir sobre isso, dentro da sala de aula? - ela perguntou irônica.
- Podemos ir lá pra fora. - eu disse
- Me segue. - ela disse se levantando e lá vamos nós matar aula.
Sabrina me guiou por toda a escola e logo entramos no auditório do colégio.
- Sério? Se alguém nos ver aqui vão achar que transamos. - eu disse rindo.
- Eu jamais iria encostar no seu pau. - ela disse com cara de nojo.
- Ok. Porque jogou o suco na minha cara? - eu perguntei cruzando os braços.
- Hã? Não é óbvio? Qual o seu problema? É cego? Tem algum retardo mental ou amnésia? Eu joguei o suco na sua cara pelo jeito que você tratou o Chris caralho! - ela disse brava, colocando o dedo no meu peito.
- Mas o que eu fiz demais? - eu perguntei.
- É, você com certeza é a porra de um doente mesmo. " O que eu fiz demais?" - ela repetiu minha pergunta com uma voz bem escrota - Não é óbvio? Você está todo na dúvida se é gay ou não, beijou o Chris, levou ele pra sua cara, querendo foder com ele, que contou o segredo que guardou por anos, que é amar você, e o que você faz?
- " A culpa não é minha se você é gay e está apaixonado por mim". - ela fez a voz escrota de novo. - Ah vai se foder Ariel! Você não é obrigado a gostar do Chris, mas deve ter o mínimo de respeito por ele, que primeiro de tudo, é o seu melhor amigo!
Não vem me dizer que é mentira o que tô falando agora, porque o Chris me contou tudo. - ela disse ainda brava.
- Eu estraguei tudo né? - eu perguntei cabisbaixo, porquê comecei a entender as merdas que eu havia falado pro Chris.
- Estragou? A minha vontade é de deitar você no chão e te encher de porrada seu gay machista do caralho! - ela me empurrou.
- Eu não sou--
- VOCÊ É GAY SIM! SE NÃO FOR GAY É BI! SÓ SEJA HOMEM E ASSUMA ISSO PRA SI MESMO! - ela me cortou berrando e eu fiquei em silêncio.
Sabrina tinha razão, eu era gay, eu era machista, eu era babaca e magoei o meu melhor amigo, e ao invés de tentar entende-lo, eu quis transar com ele, deixei outro cara me chupar no banheiro da escola, que merda eu estava fazendo da minha vida?
Eu ainda estava calado e Sabrina me encarava, não mais com raiva e sim, com preocupação.
- Você está coberta de razão, eu não sei aonde eu estava com a cabeça, o que eu estava pensando, eu não sei porque agi assim, dessa forma.
Christian é o meu melhor amigo, nos conhecemos desde pequenos, mesmo que eu não sinta o mesmo por ele, eu deveria respeita-lo. - eu disse já começando a chorar.
- Você pisou na bola, e muito feio. Eu espero que o que você esteja dizendo agora, seja realmente sincero, porque você precisa se desculpar com ele. - Sabrina me disse, ela já estava mais calma.
- É muito sincero sim, eu não queria magoar ele! Eu fui um puta babaca. - eu dizia chorando e Sabrina me abraçou. Eu agora entendia a dor do Chris.
- Aí Ariel, você me obriga a ser malvada. - ela disse me abraçando.
- Você é a melhor pessoas em tempos. - eu disse abraçado a ela, enxugando as minhas lágrimas.
- Eu sei, eu sei... - ela riu.
Eu e Sabrina ouvimos o barulho da porta se abrindo e nós jogamos no chão rapidamente, tentando se esconder, já que poderia ser qualquer inspetor e nos dar uma advertência, por matar aula.
- As vezes alguns alunos matam aula e vem aqui pro Teatro transar. - disse uma voz masculina rindo. - eu e Sabrina nos encaramos, aquela voz era familiar.
- Transar no teatro da escola? Isso é bizarro. Você já fez isso? - a outra voz perguntou e aquela voz... Aquela voz parecia com a voz do Christian...
- É o Chris? - Sabrina cochichou e eu dei de ombros.
- Não, por incrível que pareça, eu sou virgem e esse é um segredo nosso. - a outra voz respondeu rindo.
- Ah eu sou muito curiosa. - disse Sabrina se levantando e eu levantei junto e avistamos Christian e Luciano caminhando no corredor central do teatro, os dois estavam sorridentes, mas Chris fechou a cara quando me viu.
- O que fazem aqui? - Sabrina perguntou quando os dois chegaram mais perto.
- Com certeza, o mesmo que vocês. - Luciano disse rindo.
- Fumando maconha? - Sabrina perguntou debochada.
- Definitivamente não. - Luciano riu.
- É brincadeira, vim dar uns conselhos para o Ariel. - Sabrina me deu uma cotovelada me encarando e eu a encarei sem graça.
- Eu também estava com o Chris dando uns conselhos pra ele. - Luciano sorriu largamente. Agora ele e Chris eram amigos? - eu pensei.
- Vem, vamos lá para a sala de figurinos e deixar os dois conversarem. - Sabrina disse puxando Luciano pela mão que saiu sorrindo.
Ficamos eu e o Chris, um encarando o outro, um silêncio mortal e eu senti imensa vontade de abraça-lo e sentir todo o calor do seu corpo.
Senti vontade de beija-lo de novo e sentir todo o seu gosto doce, eu acabo de descobrir outra coisa que eu não queria assumir: o Chris de fato mexia comigo, com a minha mente, com o meu corpo...
- Eu... Eu nem sei por onde começar... - eu disse coçando a cabeça.
- "Me desculpa por ser um babaca" já seria um bom começo. - Christian disse se sentando em uma poltrona.
- Me desculpa por ser um babaca, por não dar atenção suficiente para os seus sentimentos, não procurar entender como você se sente e dizer na frente da Sabrina que você é gay. Me desculpa mesmo. - eu disse o fitando sério.
- Você me magoou muito Ariel, eu não esperava isso de você. - Chris disse olhando em meus olhos.
- Eu sei! - me agachei ficando cara a cara com Chris - Fui muito estúpido, agindo feito uma criança, mas por favor, me perdoa. - eu disse juntando minhas mãos.
Chris ficou parado e me encarou um pouco e depois suspirou;
- Eu só vou desculpar você, porque tenho imenso carinho por ti e gosto muito da nossa amizade, então eu te desculpo. - ele disse sorrindo e o meu coração se encheu de alegria, eu o abracei forte e quando saímos do abraço, eu fui beija-lo e Chris desviou e eu o olhei decepcionado.
- Ei, eu te desculpo, mas somos só amigos. - ele disse rindo.
- Tá bom... - eu disse sem graça.
- E sério, essa foi a primeira e única vez que você me magoa e eu te perdoo, okay? - ele perguntou.
- Sim, nunca mais vou te magoar. - eu disse sorrindo.
- Ruun, acho bom. - ele sorriu e eu sorri de volta.
- Podem voltar. - Chris gritou e Luciano e Sabrina voltaram da sala de bastidores.
- Vocês não transaram nessas poltronas né? - Sabrina perguntou fazendo Luciano rir.
- Sabrina! - Chris a repreendeu e ela riu.
- Brincadeira, brincadeira. - Sabrina riu.
- É..., vocês querem ir almoçar no restaurante do meu pai hoje? Eu tinha um compromisso, mas prefiro almoçar com amigos. - eu disse sorrindo, eu queria estar ao lado do Chris agora, eu o queria muito perto de mim.
- Eu aceito, mas, o Luciano pode ir também? - Chris perguntou com um sorriso enorme, me causando estranhamento.
- É... Pode... - eu disse meio sem graça.
- Não, imagina. Não quero atrapalhar vocês. - Luciano disse sem jeito.
- Você não atrapalha, vamos, por favor. - Chris pegou em sua mão tentando convencê-lo.
- Ah, tá bom, tá bom. - Luciano sorriu largamente para o Chris que comemorou.
- Então tá... Nos encontramos na saída do colégio... - eu continuava sem jeito.
- Vamos indo? - Chris perguntou e foi puxando Luciano pelo braço, sentido a saída do Teatro e eu fiquei os olhando sem entender, Luciano era só o nosso colega de sala, mas ele e Chris pareciam tão íntimos agora...
- Isso que você tá sentindo, é ciúmes meu amigo. - Sabrina colocou a mão no meu ombro.
- Eu... Eu não tô com ciúmes. - eu não sabia direito se aquilo era ciúmes, mas com certeza havia me causado um pequeno incômodo, tamanha intimidade entre os dois.
- Ah você está. Até eu fiquei, Luciano capitão do time de futebol, gostoso, cheiroso, ele cheira Rexona recém passado cara, a pele cheira a Dove. - ela disse babando.
- Você também está tão íntima dele assim? - eu perguntei surpreso.
- Não, mas acabamos de ficar juntos em uma sala minúscula. Enfim, até o horário do almoço. - Sabrina disse e foi até a saída do Teatro.
Será que Luciano e Chris tinham alguma coisa? - eu me questionei.
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