1. Spirit Fanfics >
  2. Andréas Cardcaptor >
  3. Asas ao Vento

História Andréas Cardcaptor - Asas ao Vento


Escrita por: Ander7Days

Capítulo 1 - Asas ao Vento


Fanfic / Fanfiction Andréas Cardcaptor - Asas ao Vento

Era uma tarde tranquila e ensolarada na cidade de Porto Alegre. O campus da universidade estava movimentado, com estudantes indo e vindo, carregando livros e mochilas pesadas. Entre eles estava Andréas, um jovem loiro de 24 anos, com olhos castanhos, que empurrava sua cadeira de rodas com destreza, desviando dos grupos de estudantes que conversavam animadamente. Usava óculos de armação fina, e seu estilo era casual, com uma camiseta azul escura e jeans.

Ele estava saindo da aula de mitologia, uma de suas favoritas do curso de História, quando ouviu uma voz familiar o chamando.

— Andréas! Espere aí! — Julius gritou à distância.

Andréas se virou, vendo Julius, seu melhor amigo, correndo em sua direção. Julius era um estudante de ciências, alto e de cabelos brancos bagunçados, com um sorriso contagiante. Ele sempre tinha algo a dizer sobre seus experimentos ou uma nova teoria maluca.

— Você está atrasado, de novo. — disse Andréas, sorrindo.

— Eu sei, eu sei! Mas você não vai acreditar no que encontrei no laboratório hoje... — disse Julius, ofegante.

— Alguma descoberta científica revolucionária? — Andréas perguntou.

— Não! — respondeu Julius.

— Alguma anomalia inexplicável? — perguntou novamente.

— Não! — respondeu Julius novamente.

— Então o que você encontrou? — Andréas questionou.

— Uma máquina nova de guloseimas que custa apenas 1 real! — respondeu Julius, animado.

— Sério... — Andréas reagiu desanimado.

— Você está indo para casa? — Julius perguntou.

— Não. Soube que abriu uma livraria nova aqui perto. Eu quero ir lá ver se tem algum livro novo de fantasia e alguns para meu trabalho sobre Idade Antiga. — Andréas respondeu.

— Legal! Também estou precisando de alguns livros sobre química e biologia. Vamos juntos. — disse Julius.

Julius caminhava enquanto Andréas deslizava suavemente pela calçada, em direção à Livraria Eclípse, um pequeno tesouro escondido entre as ruas movimentadas da cidade. Julius falava incessantemente sobre seu novo projeto enquanto Andréas ouvia atentamente, sempre fascinado pelas descobertas científicas do amigo.

Quando chegaram à livraria, a fachada antiga e um pouco desgastada contrastava com a modernidade ao redor. A placa pendurada acima da porta de madeira entalhada tinha letras douradas que brilhavam à luz do sol: Livraria Eclípse. O símbolo do sol e da lua estava na vitrine.

— Uau! Esta loja tem um ar bem antigo e mítico... — disse Julius.

— Eu sempre quis explorar esta livraria. Parece ter uma atmosfera mágica. — disse Andréas.

Eles entraram, sendo recebidos por uma sinfonia de sinos suaves e o cheiro inconfundível de papel antigo e incenso. A livraria era pequena, mas cada centímetro das paredes era coberto por prateleiras repletas de livros, alguns com capas de couro desgastadas e títulos em línguas quase esquecidas.

Enquanto Julius se dirigia à seção de ciências, Andréas se deixou levar por uma estranha sensação, como se algo o estivesse chamando. Ele percorreu os corredores, os dedos deslizando suavemente pelas lombadas dos livros, até que, em uma prateleira afastada, encontrou um livro empoeirado, com uma capa que parecia vibrar com uma energia própria.

— Que interessante... Um livro vermelho com um leão alado na capa. Será alguma história de fantasia? — Andréas sussurrou.

A capa do livro apresentava um design em fundo vermelho, com uma figura central de um grande leão alado com um símbolo vermelho na testa. O leão tinha asas brancas, e ao redor, havia uma corrente dourada que se liga a um grande símbolo solar dourado logo abaixo. O nome "THE CLOW" estava escrito na parte superior da capa, também em dourado, com detalhes decorativos nas extremidades e uma pequena lua.

A contra-capa apresentava um círculo mágico dourado no centro, contendo uma série de formas geométricas e símbolos místicos, incluindo dois círculos menores sobrepostos e um grande sol no centro. Abaixo do círculo, havia uma crescente lunar dourada com asas prateadas. O nome "THE CLOW" também aparecia na parte inferior da contracapa, acompanhando o tema místico e mágico do design.

— Que livro estranho... Nunca vi nada assim antes. — disse Andréas, curioso.

Sem pensar duas vezes, ele pegou o livro, sentindo uma leve corrente de energia percorrer seus dedos. Algo naquele livro o atraía de uma maneira inexplicável.

Em seu colo, estavam os demais livros que ele levaria para casa. Julius, então, surgiu repentinamente assustando o amigo.

— E aí? Encontrou o que precisava? 

— Que susto! Quer que eu morra antes da formatura? — Andréas exclamou.

— Foi mal... É melhor irmos para casa. — disse Julius, que seguiu falando sem parar, distraindo Andréas. 

Com o cair da tarde, os dois amigos saíram da livraria. Julius estava empolgado com o livro sobre física quântica que encontrou, enquanto Andréas, absorto em pensamentos sobre o livro misterioso, nem percebeu que ainda o segurava.

Os amigos dividiam uma modesta casa térrea com um pequeno jardim na frente. Após o lanche, Julius adormeceu sobre seus livros enquanto Andréas foi estudar. No silêncio de seu quarto, decorado com itens de animes, fantasia e prateleiras cheias de livros, Andréas finalmente se posicionou à mesa e colocou os livros diante de si. Foi então que percebeu que estava com o livro misterioso.

— O quê? Eu trouxe o livro! Meu TDAH está cada vez pior... O Julius falou tanto que eu nem percebi. Mas... na nota fiscal não consta este livro... Será que o roubei?! — exclamou Andréas.

A energia daquele livro era como um imã que o atraía misteriosamente. Ele o abriu cuidadosamente, e uma brisa suave soprou pelas páginas, como se o próprio livro estivesse respirando.

De repente, uma luz intensa emanou do livro, enchendo o quarto de uma energia brilhante e dourada. Andréas recuou, assustado, mas não conseguia tirar os olhos do livro.

— O que é isto...?

Ele viu cartas semelhantes às de tarô em um compartimento dentro do livro. Ao pegar a primeira, ele leu seu nome em voz alta.

— Vento...

Assim que pronunciou o nome da carta, um vendaval furioso varreu seu quarto, espalhando todas as cartas do livro pelos ares.

— Aaa... O que está acontecendo? — Andréas gritou.

O vento, então, cessou, e uma estranha criatura surgiu do livro, banhado por uma luz intensa.

— Finalmente! Após tanto tempo, fui liberto! — a voz amigável, mas poderosa, ecoou.

Andréas piscou, tentando se ajustar à luz, e quando finalmente conseguiu ver, uma pequena criatura alada, parecida com um leãozinho de pelúcia, flutuava diante dele, com um sorriso travesso.

— O-o que você é? — disse Andréas, incrédulo.

— Eu sou Kerberos, o guardião das Cartas Clow! E você, meu jovem, é o novo mestre destas cartas... — respondeu, orgulhoso.

Andréas ficou sem palavras, o coração batendo forte. Ele, que sempre se fascinou por histórias de fantasia, agora se via no centro de uma delas.

— Cartas? Guardião? Estou sonhando? Eu morri? — disse Andréas, atordoado.

— Calma, rapaz! Estou falando das cartas que estão neste livro... — Kerberos se virou e percebeu que o livro estava vazio. — Aaa! As cartas! Onde estão as cartas? De novo não! — exclamou, vistoriando o livro em desespero.

— Acalme-se! Eu abri o livro e um vento forte espalhou elas. Devem estar aqui no chão... Eu devolvo tudo, mas não faça nada conosco... — disse Andréas, nervoso.

— Não é possível... Você fez o mesmo que a última guardiã. — Kerberos resmungou, desanimado.

— Por favor, pode me deixar acordar? Tenho muita coisa para estudar. — disse Andréas, com um sorriso tenso.

— Estamos acordados! — disse Kerberos, mordendo o dedo de Andréas.

— Ai! Isso doeu! Espera! Doeu mesmo? Então estou acordado? O que está acontecendo? — perguntou, confuso e atordoado.

O quarto estava um caos. Livros e papéis estavam espalhados pelo chão, e a luz dourada que emanava do livro misterioso havia diminuído, deixando o ambiente em uma penumbra suave. Kerberos flutuava no ar, sua expressão misturando frustração e impaciência. Andréas, ainda atordoado, tentava recuperar o fôlego e compreender o que estava acontecendo.

— Muito bem, vamos às explicações antes que eu surte. — disse Keberos, tentando se recompor. — Primeiro, eu sou Kerberos, o guardião das Cartas Clow. As cartas são artefatos mágicos de imenso poder que foram criadas pelo mago Clow e seladas neste livro há muitos anos para evitar que seus poderes caíssem em mãos erradas.

— Cartas mágicas? Poderes? Mago? Isso parece um conto de fadas... Você está falando sério? — disse Andréas, franzindo a testa.

— Estou falando absolutamente sério! — disse Kerberos, com um tom mais sério. — As Cartas Clow são entidades mágicas que controlam diferentes aspectos. Cada carta possui um poder único, e se não forem manejadas corretamente, podem causar grandes desastres.

Kerberos voou em direção ao chão, onde pegou a carta Vento.

— Ótimo, simplesmente ótimo. Agora, graças à sua falta de atenção, as cartas estão por toda a cidade..., e eu estou em um estado de desespero. Se não as reunir rapidamente, os poderes delas podem causar problemas enormes. — disse Kerberos.

Andréas se aproximou, sentindo-se culpado. — Desculpe. Eu não sabia que isso ia acontecer. Como posso ajudar? O que faço agora?

— Você precisa encontrar as cartas e devolvê-las ao livro. Mas, antes de mais nada, você precisa entender o que é uma Carta Clow e como lidar com elas. — disse Kerberos. — Esta é a Carta Vento. Ela controla o vento e pode criar tempestades ou brisas suaves, dependendo de como é utilizada. Cada carta tem um nome e um poder específico. O livro das Cartas Clow contém a essência dessas cartas, mas para usá-las, você deve se conectar com elas e entender seu propósito.

— Então, qual é o meu papel nisso tudo? Por que eu sou o novo mestre das cartas?  — perguntou Andréas, tentando se concentrar.

— A antiga guardiã, Sakura, foi a última mestra das cartas e, após sua partida, o livro foi guardado para não cair em mãos erradas. Agora, você, por um acaso do destino, encontrou o livro e se tornou o novo mestre. Isso só aconteceu porque, certamente, você possuí magia... Sua tarefa é recapturar as cartas que escaparam antes que elas causem o caos. — Kerberos explicou.

— Entendi... Mas e você? O que vai acontecer com você? Como faremos isso? — Andréas perguntou, tentando assimilar as ideias.

— Eu estou aqui para guiá-lo, ajudá-lo a entender e controlar as cartas. Sem a minha assistência, seria impossível para um novato como você lidar com o poder das cartas. Vamos começar a recolher as cartas e resolver essa bagunça. 

— Certo. Vamos encontrar essas cartas e colocá-las de volta no livro. Não deve ser tão difícil... São apenas cartas de papel... Podem ter voado pela janela... — disse Andréas.

— Não... As cartas têm uma forma de se esconder e se adaptar ao ambiente. Precisamos usar suas habilidades e intuições para localizá-las. Além disso, você deve aprender a usar o poder das cartas para que não causem mais danos. 

Kerberos foi até o livro, pegando a chave mágica. — Esta é a chave que sela as cartas. Usaremos sua magia para pegá-las. 

— Mas magia não existe... Apenas ciência. Quem sabe pede ao meu colega Julius? Ele entende de ciência. — disse Andréas, tentando escapar da situação.

— Você abriu o livro! É o único que possui magia, então será seu dever recuperar as cartas! — disse Kerberos, irritado.

— Ei! Era seu dever protegê-las! Por que não as impediu de fugir? — Andréas questionou.

— B-Bom... É que fazia tanto tempo que eu estava selado que acabei adormecendo. — Kerberos respondeu com um sorriso tenso.

— Olha, se isso tudo for verdade... Essas cartas podem causar problemas na cidade? — Ander questionou.

— Sim. Por isso vou ensiná-lo a usar a magia. A propósito, onde e em que ano estamos? — disse Kerberos.

— Em 2020... no Brasil. — Andréas respondeu.

— Brasil?! Como o livro veio parar na América do Sul? Eu estava no Japão! — exclamou o leão.

— Japão? Só podia ser... Que chave curiosa. Como funciona? — disse Andréas, pegando o objeto.

— Concentre-se e repita... — disse Kerberos.

Andréas ouviu atentamente as palavras de Kerberos, concentrando-se. — Bom, se for um pesadelo, talvez isso me acorde... Chave que guarda o poder das Trevas, mostre seus verdadeiros poderes sobre nós e ofereça-os ao valente Andréas que aceitou essa missão. Liberte-se! 

Um círculo mágico apareceu sob seus pés, e a magia começou a atuar com uma força vibrante. A energia e o vento retornaram ao cômodo, envolvendo-o em uma aura mística e brilhante. A pequena chave que Andréas segurava começou a se transformar, se esticando e contorcendo até se transformar em um magnífico báculo mágico. O bastão exibia detalhes elaborados em azul e dourado, e na sua extremidade, uma estrela de oito pontas com asas se destacava, cintilando com uma luz etérea.

— Isso foi... É magia? — Andréas gaguejou.

Foi então que Andréas e Kerberos ouviram um som de abertura de porta. Julius, com os olhos arregalados de espanto ao testemunhar a cena inusitada, ficou paralisado por um momento. Ele observou o círculo mágico, o vento soprando pelo quarto, e o báculo mágico transformando-se diante de seus olhos. A expressão de choque foi rápida, e em questão de segundos, ele desmaiou, caindo no chão com um leve baque.

Andréas virou-se rapidamente para Julius. — Julius! Não, não, não! O que eu vou fazer agora?

— Ele está bem... Só se assustou com o que viu. Acha que pode confiar nele? — disse Kerberos.

— Sim. Que loucura... — Andréas resmungou.

— Parece que vai começar tudo outra vez... — Kerberos resmungou.

Andréas se aproximou rapidamente de Julius, que estava estendido no chão. Ele deu leves tapinhas no rosto do amigo, tentando despertá-lo.

— Julius, acorda! — Andréas dizia, preocupado. — Vamos, cara, abre os olhos!

Julius começou a se mexer, lentamente recuperando a consciência. Ele abriu os olhos, piscando várias vezes, ainda atordoado pelo que havia acabado de testemunhar. Quando finalmente conseguiu se sentar, seu rosto estava pálido e sua expressão, perplexa.

— O que... O que foi aquilo? — Julius gaguejou, tentando processar o que acabara de ver. — Um círculo mágico, ventos... e um... um boneco falante?! 

— Boneco?! — Kerberos resmungou.

Andréas, tentando manter a calma, respirou fundo. — Julius, eu sei que parece loucura, mas... isso realmente aconteceu. Não grite e não desmaie... Esse aqui é Kerberos, o guardião das Cartas Clow.

Julius olhou para Andréas com descrença, e então se virou para encarar a pequena criatura alada que flutuava perto deles. Ele esfregou os olhos e  ajeitou os óculos, como se esperasse que, ao abri-los novamente, tudo tivesse voltado ao normal.

— Cer... Cérberos? — Julius perguntou, confuso, enquanto tentava ligar os pontos com o que conhecia da mitologia. — Como o cão de três cabeças do Hades?

Kerberos inflou as bochechas, claramente irritado. — Cerberos?! Não, não, não! Eu sou Kerberos! E, por favor, não me compare com aquele cachorro feioso e assustador! Eu sou muito mais adorável!

Julius piscou, ainda tentando absorver tudo. — Isso... isso desafia todas as leis da física, química e biologia! Como pode um... boneco alado e falante... surgir de um livro antigo e estar aqui, flutuando diante de mim?

— Ouça, rapaz, eu não sou boneco! 

— Eu sei, Julius, eu sei... — Andréas tentou tranquilizar o amigo. — Mas eu também não sei como isso tudo funciona. 

Kerberos, ainda pairando no ar, cruzou os braços e disse: — Olha, Julius, o mundo é cheio de mistérios que a ciência ainda não pode explicar. Mas isso não significa que eles não existam! E, além do mais, estamos em uma situação crítica aqui. As Cartas Clow estão soltas, e precisamos recuperá-las!

Julius respirou fundo, tentando organizar os pensamentos. — Isso... isso é muita informação para processar de uma vez só. Mas... se isso tudo é real... eu vou precisar de uma explicação muito mais detalhada, e talvez de algumas respostas científicas, para conseguir ajudar vocês.

Kerberos, agora mais calmo, sorriu para Julius. — Eu prometo que vou tentar explicar as coisas da melhor maneira possível. Mesmo que isso signifique misturar um pouco de magia com ciência! Mas temos um problemão!

— Como vamos encontrar essas cartas de que falou? — Andréas perguntou.

— Infelizmente elas possuem suas próprias identidades... Elas podem estar em qualquer lugar, mas sempre se manifestam de forma anormal. — disse Kerberos.

A janela do quarto se escancarou subitamente com a força de um vento impetuoso. Quando os três se aproximaram, puderam ver o céu se transformando em um turbilhão de nuvens escuras. No meio desse caos, um imenso pássaro com asas majestosas cortava os céus, seu voo rasante acompanhado por um vendaval que sacudia as árvores e os prédios ao redor.

— O-O que é aquilo? — perguntou Andréas.

— Não é possível... Não existem pássaros daquele tamanho... — disse Julius, incrédulo.

— Já vi isso antes... Parece que você deu sorte, moleque. Aquela é a carta Alada. Precisamos capturá-la antes que seja tarde demais. — disse Kerberos.

— Como caça um animal assim? Querem que eu ligue para as forças armadas? — Julius questionou.

— Não. Você ficou com uma única carta em mãos. Usará ela para capturar a outra. Vamos lá! — disse Kerberos.

— Isto é um pesadelo... Só pode ser um pesadelo. — disse Julius.

Andréas e Julius saíram apressadamente para o exterior, com Kerberos flutuando ao seu lado. O enorme pássaro voava com uma agressividade impressionante, suas asas poderosas batendo no ar e gerando rajadas de vento que balançavam as árvores e faziam os telhados das casas próximas tremerem.

— Isso é perigoso! — disse Julius.

Andréas, sem saber como lidar com a situação, olhou para Kerberos em busca de orientação.

— O que vamos fazer? 

— A qualidade da carta Alada é o Vento, então use a carta Vento para capturá-la — explicou Kerberos, mantendo a calma em meio ao caos.

Os três se aproximaram do local onde o pássaro gigante sobrevoava, quando de repente, a criatura deu um rasante em direção a eles. Julius, em um ato reflexivo, empurrou a cadeira de rodas de Andréas para longe, e os três correram em busca de proteção.

— Ai, ai, ai! — exclamaram.

— A gente vai morrer! — Julius exclamou.

— Calma aí, "Einstein"! Andréas, use o báculo e a Carta Vento! — comandou Kerberos, tentando se fazer ouvir acima do som do vento uivante.

Andréas, ainda inseguro, segurou firmemente o báculo e sentiu as palavras surgirem de seu coração:

— Acalme a fúria da carta Alada com suas correntes de paz... Vento!

Ao pronunciar as palavras, a energia ao seu redor mudou. O vento que antes era uma força destrutiva agora se materializou em correntes suaves, envolvendo o pássaro gigante e desacelerando seu voo agressivo. A criatura, antes indomável, começou a perder altura, suas asas batendo com menos intensidade até finalmente pousar com suavidade no chão.

— Agora use o báculo para aprisioná-la! — ordenou Kerberos com urgência.

Andréas, com o báculo em mãos, apontou-o para a criatura e disse com firmeza:

— Carta criada pelo Mago Clow, transforme-se e volte à forma humilde que merece para servir ao seu novo dono! Carta Clow!

Uma luz dourada emanou do báculo, envolvendo o pássaro em uma aura brilhante e sugando-o para a carta. Em questão de segundos, a criatura se transformou em uma carta, que flutuou gentilmente até as mãos de Andréas. Ele respirou fundo, sentindo o peso da responsabilidade que acabara de assumir.

— O que está acontecendo? Já podemos acordar? — Julius sussurrou, tirando as mãos dos olhos.

— Não é possível... É magia. — afirmou Andréas.

— Sim. Agora só faltam as outras cartas. Para um iniciante, você se saiu muito bem. — disse Kerberos.

— Outras quantas, pequena entidade cósmica? — Julius questionou.

— Você possui duas, então faltam cinquenta. — disse Kerberos, flutuando.

— Cinquenta?! — exclamaram os dois amigos.

— Não posso fazer isso, Kerberos! Eu não ando! — disse Andréas.

— Calma! Olha, sei que parece loucura... Mas as cartas podem te ajudar e eu também. Talvez... a carta que acaba de pegar faça... É isso! Use a carta Alada para voar. — disse Kerberos.

— Voar? Como assim? Ele não pode montar aquele animal gigantesco! — disse Julius.

— Não estou falando isso! Experimente com todo o seu coração... — disse Kerberos.

Andréas olhou a carta, concentrou-se segurando seu báculo e ouviu as palavras de seu coração mais uma vez. 

— Conceda-me a capacidade de voar... Alada! 

A carta se manifestou, concedendo a Andréas um par de asas que o fez flutuar de sua cadeira. Julius e Kerberos observaram a cena, o amigo incrédulo. Quando Andréas abriu seus olhos, estava nos ares.

— Aaaa! Estou voando! — exclamou.

Julius olhou para Kerberos, a incredulidade em seus olhos lentamente se transformando em um sorriso de alívio e alegria. 

 

O amanhecer trouxe raios de sol suaves, filtrando-se pelas cortinas e iluminando o quarto de Andréas. Ele abriu os olhos lentamente, ainda meio adormecido, sentindo-se estranhamente exausto. Por um breve momento, acreditou que os eventos da noite anterior haviam sido apenas um sonho extravagante. Contudo, sua ilusão foi rapidamente desfeita quando uma voz familiar e bem-humorada interrompeu seus pensamentos.

— Bom dia, belo adormecido! — Kerberos flutuava ao seu lado, com um sorriso travesso no rosto.

Andréas piscou algumas vezes, tentando processar o que via. — Então... não foi um sonho? — murmurou, ainda meio atordoado.

— Não, não foi um sonho. E pelo jeito, você está sentindo os efeitos do uso da magia pela primeira vez, não é? — disse Kerberos, dando uma pirueta no ar.

— Estou me sentindo... esgotado. Isso é normal? — Andréas perguntou, ainda deitado, sentindo uma fadiga intensa percorrer seu corpo.

— Sim, é normal. Usar magia consome energia, especialmente quando você ainda está se acostumando a ela. — explicou Kerberos. — Mas não se preocupe, com o tempo, você vai se fortalecer e se acostumar com isso.

Andréas se sentou lentamente, ainda assimilando tudo que estava acontecendo. — Mas por que eu? Por que eu tenho magia? — perguntou, a confusão clara em sua voz.

Kerberos pousou na cabeceira da cama e respirou fundo, como se estivesse prestes a contar uma história que já havia contado muitas vezes antes. — Acho que é hora de você saber a história completa. Vou te contar sobre o Mago Clow, o criador das Cartas Clow, e como tudo isso começou.

Andréas ouviu atentamente enquanto Kerberos falava. O guardião explicou que Clow Reed era um mago extremamente poderoso, que combinava magia oriental e ocidental para criar as Cartas Clow, artefatos mágicos com grandes poderes. Clow, preocupado com os perigos que essas cartas poderiam causar se caíssem em mãos erradas, criou dois guardiões: Kerberos e Yue, para proteger o livro onde as cartas estavam seladas.

— Muitos anos depois, uma jovem garota chamada Sakura Kinomoto acidentalmente espalhou as Cartas Clow pelo Japão ao abrir o livro, assim como você fez. Ela se tornou a nova mestra das cartas e, com minha ajuda, conseguiu capturar todas elas novamente. — contou Kerberos, com um toque de nostalgia em sua voz. — Sakura também descobriu que tinha um grande poder mágico, herdado de Clow Reed.

Andréas estava fascinado pela história, mas ainda haviam perguntas em sua mente. — E o que isso tem a ver comigo?

Kerberos deu um sorriso enigmático. — Eu acredito que você possa ser um descendente de Clow Reed. Isso explicaria por que você foi capaz de abrir o livro e usar a magia tão naturalmente. Sua habilidade de conjurar magia, tanto oriental quanto ocidental, é um indício claro de que há uma conexão com Clow.

Andréas sentiu um misto de surpresa e descrença. — Então... eu posso ser descendente de um mago lendário? Isso é... muita coisa para processar.

— Eu sei que é muita informação, mas não precisa se preocupar. Vou estar aqui para te ajudar em cada passo do caminho. — disse Kerberos, com um olhar reconfortante.

— E como pretende ajudá-lo tendo tão poucos centímetros? — disse Julius, entrando no quarto.

— Lá vem o projeto de Newton... Ouçam, eu não sou assim. A minha forma original é muito bonita e poderosa. — respondeu Kero.

— E como faz para te transformar? — Andréas perguntou.

— Vou te explicar... As Cartas Clow possuem uma hierarquia complexa, dividida entre os poderes da Lua e do Sol. Metade das cartas está sob o domínio da Lua, enquanto a outra metade é governada pelo Sol, representado por mim. As duas cartas principais que governam esses domínios são a Luz, que comanda todas as cartas do Sol, e a Escuridão, que controla todas as cartas da Lua...

As cartas do domínio do Sol, sob a minha proteção, incluem, além das cartas do atributo Luz,      os elementos Fogo e Terra. Essas cartas são poderosas e geralmente associadas à energia, claridade e força física. 

Por outro lado, as cartas do domínio da Lua, sob o comando de Yue, incluem as cartas do atributo Escuridão e dos elementos Água e Vento. Essas cartas têm um caráter mais introspectivo e místico, conectadas à fluidez, adaptação e mistério.

Esses dois domínios complementam-se, formando um sistema equilibrado de poder mágico nas Cartas Clow. 

— Ai, que complexo... Parece matemática... — disse Andréas, confuso.

— Isso é fascinante! — disse Julius.

— Calma. Vamos continuar... 

As Cartas do Atributo Luz são cartas cuja ação giram em torno do seu mestre. São elas: The Big, The Create, The Glow, The Little, The Return, The Shadow, The Sweet. São cartas orientadas para à inícios, novos começos, mudanças e ações de um estado estacionário para um estado móvel.

Sob domínio da Luz está a Carta do Elemento Fogo e todas as cartas que são regidas por ela. São cartas também direcionadas à ação, mas combativa. Enquanto a ação da Luz era o nada que agora se torna algo, a ação do Fogo é algo já existente que se move para fazer algo acontecer, um ataque, uma defesa, um movimento. São elas: The Arrow, The Flight, The Power, The Shot, The Sword, The Through, The Thunder, The Twin.

Também sob domínio da Luz está a Carta do Elemento Terra. Sob seu domínio estão cartas direcionadas à consolidação, proteção e estbilidade. Apesar de também serem solares e ativas, este naipe é mais estacionário. A ação já aconteceu e agora recebe seus frutos, observa-se o caminho, se perde, se erra, se acha. São elas: The Flower, The Libra, The Lock, The Loop, The Maze, The Mirror, The Sand, The Shield.

A Escuridão... O escuro é tempo de recolhimento, de impressões e do subconsciente. Se a Luz é a ação que cria, a Escuridão é o insight antes da criação. É o voltar para dentro. Sob seu domínio estão as cartas ligadas ao mundo do desconhecido: The Change, the Dream, the Erase, the Illusion, the Silent, the Sleep, the Time.

Sob domínio da Escuridão temos a Água e todas as cartas regidas por ela. São cartas de crescimento e nutrição, da infância, as coisas que começam incertas mas que estão caminhando para o desconhecido. Elas trazem a dualidade entre o calmo e o agressivo. São elas: The Bubbles, The Cloud, The Freeze, The Mist, The Rain, The Snow, The Wave, The Wood.

Também sob domínio da Escuridão estão o Vento e todas as cartas de seu domínio. São cartas de habilidade física, tanto de ataque, como de defesa, de encanto e de perdição, de ação e de contemplação. Assim como o vento, pode ser uma brisa suave que trás uma música desconhecida como também pode ser o vento cortante, que traz o furacão. São elas: The Dash, The Float, The Fly, The Jump, The Move, The Song, The Storm, The Voice.

— Ui, ui, ui... — exclamou Andréas, confuso.

— Quando terá sua forma forte e bela? — Julius provocou.

— Vou dar um exemplo... Você tem a carta Vento, isso faz com que a carta Alada fique mais forte. Quando reunir as cartas do Fogo e da Terra, posso recuperar meus poderes e minha forma original. Quanto mais cartas do Sol tivermos, mais forte ficarei. — disse Kero.

Andréas respirou fundo, tentando absorver tudo o que havia aprendido. Ele sabia que sua vida nunca mais seria a mesma, e que uma jornada incrível estava apenas começando. 

— Cara, isso é tão... É fantástico! É incrível! É mágico! — Julius exclamou.

— Esperem... Quem é Yue? O outro guardião? Onde ele está? — Andréas questionou.

— Yue? Bom, Yue... Ele só aparecerá quando reunir todas as cartas. Até lá, ele possui uma identidade humana falsa. Não temos como saber quem ele é ou onde está. — disse Kero.

— Com o tempo você vai se acostumar. Kerberos, bem que poderia me deixar estudar tudo isso. — disse Julius.

— Eu lá sou cobaia?! Além disso, se despertamos neste tempo... É possível que algo ou alguém ameace a Terra. Eu serei  seu guia, Andréas. — disse Kero, orgulhoso, quando sua barriga começou a roncar.

— Parece que estão com fome. Eu vim justamente dizer que o café está pronto. Não podemos perder a aula. — disse Julius.

Eles se dirigiram até a cozinha, onde Kerberos atacou como se não houvesse amanhã, deixando Julius e Andréas surpresos com o tamanho de sua fome.

— Nham, nham... Que gostoso! 

— É melhor irmos ou vamos nos atrasar. — disse Julius.

— Vocês estudam o quê? — Kero perguntou.

— Faço faculdade de História e Julius estuda Ciências. Locamos esta casa por ser perto do campus. Precisamos nos organizar para irmos para a faculdade. Kero, se puder, fique por aqui. As pessoas não podem saber da sua existência. — disse Andréas.

— Certo. Não digam nada a ninguém. Guarde bem a chave mágica e as cartas. Nunca sabemos onde ou quando elas podem aparecer. — disse Kero.

— Acho melhor o Kerberos ficar com este smartphone. Se precisar de ajuda, poderá se comunicar. — Julius sugeriu.

— Olha... Fazem muitos anos que estou selado. Poderiam me deixar algumas guloseimas e algo para distrair? 

— Comer? Mas você comeu por três! — Andréas exclamou.

— Sabe, magia dá muita fome... — Kero respondeu, envergonhado.

— Acha que consegue jogar nosso videogame? Mas tome cuidado para não quebrar. — disse Julius.

— Oba! — Kero exclamou, feliz.

 

Faculdade

O sol já estava alto quando Andréas e Julius chegaram ao campus da faculdade. O ar estava carregado de excitação e ansiedade, e os corredores movimentados mostravam que o semestre havia começado a todo vapor. Andréas tentava disfarçar o cansaço que ainda sentia após os eventos mágicos da noite anterior, mas a adrenalina de estar novamente no meio acadêmico o mantinha em pé.

Ao entrarem no corredor das salas de aula, foram recebidos por Anna, uma estudante de Jornalismo de cabelos castanhos e olhos verdes que sempre estava por perto, registrando momentos e fatos interessantes do cotidiano. Com um sorriso curioso, ela se aproximou dos dois.

— Bom dia, Andréas, Julius! — Anna saudou, ajustando a câmera no ombro. — Vocês parecem um pouco diferentes hoje... Algo de novo acontecendo?

— Ah, nada demais, só... uma noite mal dormida — respondeu Andréas, tentando soar casual.

— Sei... — Anna respondeu com um olhar suspeito, mas divertido. — Você sabe que eu adoro uma boa história, certo?

— Estamos estudando muito e dormindo pouco. Sabe como é. — disse Julius.

Antes que Andréas pudesse responder, a conversa foi interrompida por Leon, um aluno ruivo de olhos verdes que cursava Línguas e era conhecido por sua inteligência e pelo charme que parecia sempre envolvê-lo. Andréas não pôde deixar de sentir seu coração acelerar um pouco mais rápido quando Hugo se aproximou.

— Ei, Andréas, Julius... — disse Leon, com um sorriso caloroso. — Estão prontos para mais um dia de batalhas acadêmicas?

— Ah, sempre prontos — respondeu Julius, disfarçando o nervosismo de Andréas com uma piada. — E você, como está?

— Sobrevivendo, como todos nós! — respondeu Leon, rindo levemente. — Aliás, Andréas, tenho um artigo interessante sobre línguas antigas que pensei que você poderia gostar. Podemos conversar sobre isso depois?

— Claro! Isso seria incrível... — respondeu Andréas, tentando esconder sua empolgação.

— Ele mexe mesmo com você, não é? — Anna sussurrou.

— Adorei o conto novo que publicou em seu blog. Preciso ir... Ate mais. — disse Leon.

— Eu também preciso ir. Hoje teremos alguns experimentos científicos. Ate mais. — disse Julius.

A conversa foi interrompida novamente, dessa vez por um estudante de cabelos pretos, olhos púrpura e um ar misterioso, que se aproximou dos armários sem fazer muito alarde. Ele era novo na faculdade, sempre mantinha uma distância dos outros alunos, o que só aumentava o mistério ao seu redor. Seu nome era Tayroni, e apesar de ninguém saber muito sobre ele, sua presença não passava despercebida.

Andréas e Julius trocaram um olhar rápido, como se estivessem tentando decifrar quem realmente era aquele rapaz enigmático. Havia algo nele que chamava a atenção de Andréas, um sentimento estranho de familiaridade que ele não conseguia explicar.

Quando Julius se retirou, Anna questionou Andréas novamente. — Andréas... Sabe, ontem à noite eu fiquei até mais tarde por aqui e vi uma mudança climática incomum. 

— Viu? Que engraçado, eu nem percebi! Hahaha! — disse Andréas, nervoso.

— É? Vocês moram aqui pertinho. Eu, como uma jornalista curiosa que sou, peguei a filmadora e notei uma cena um tanto inusitada... No início, pensei ser uma gravação de filme com efeitos especiais... — disse Anna, mostrando a filmadora.

A filmagem mostrava Andréas capturando a carta Alada. Ele ficou em choque e arrastou Anna para um canto silencioso.

— Anna... Eu posso explicar. Aconteceu muita coisa, mas ninguém pode saber. 

— Entendo, Andréas. Somos amigos há muitos anos, esqueceu? Não direi nada a ninguém, mas gostaria de saber o que está acontecendo. — disse Anna.

— Tudo bem, eu vou te contar. Pode ir jantar lá em casa? Temos um trabalho em parceria mesmo. Por favor, não mostre a ninguém. — disse Andréas.

— Pode confiar. Estou tão feliz! — disse Anna, que saiu saltitante para sua aula.

A aula começou e, com ela, a rotina de estudos intensos e discussões acadêmicas que todos ali conheciam bem. Andréas tentava se concentrar, mas sua mente insistia em voltar à noite anterior, às cartas Clow e ao fato de que sua vida estava mudando de maneiras que ele nunca poderia ter imaginado. 

Ao final da aula, enquanto os alunos se dispersavam, Anna se aproximou novamente.

— Andréas, tenho que te perguntar... Você conhece aquele aluno novo? O Tayroni? — ela perguntou, seus olhos brilhando com curiosidade.

— Não muito — Andréas respondeu, tentando não parecer interessado demais. — Por quê?

— Ei, galera! Como estão? O dia foi muito bom! Aprendemos muitas coisas na aula prática. — disse Julius, interrompendo.

— Que bom. Vamos? Anna vai com a gente para fazermos aquele trabalho em parceria. — disse Andréas.

— Ir com a gente? Para casa? Mas e o... — Julius gaguejou.

— Eu vi vocês à noite, Julius. Só não sei exatamente o que está acontecendo. — disse Anna.

— Viu? O leãozinho ficará furioso contigo... — disse Julius.

— É, eu acredito que sim... Kero! Ai, ai, ai... Eu esqueci dele. — Andréas lamentou.

Enquanto eles saíam da sala, Andréas sentiu que sua vida na faculdade nunca mais seria a mesma. Havia segredos para descobrir, novas amizades para cultivar, e talvez até mesmo um romance à espreita. Mas acima de tudo, havia um destino mágico que ele ainda estava aprendendo a aceitar e entender.

Após a saída de todos os alunos, o silêncio da faculdade foi interrompido por um brilho estranho que vinha do laboratório. Lá, um vaso de planta usado no experimento de Julius, emanava uma luz intensa que fez a planta começar a crescer.

No caminho, Adréas tentou explicar tudo o que havia acontecido na noite anterior. Anna estava em um misto de curiosidade, dúvida e medo. Os três estudantes, então, chegaram na casa de Andréas e Julius. 

— Não sei se consigo crer em tudo o que falou e... — disse Anna.

Ao entrarem, se depararam com Kero jogando o videogame empolgado enquanto comia salgadinhos. Anna estava perplexa.

— Vamos! Não é possível que o chefão seja tão difícil! — exclamou Kero. 

— Anna, quero que conheça o Kero... — perguntou Andréas, surpreso com a visita inesperada.

— Aaaa! Garotos? Trouxeram uma humana para casa! — Kero exclamou, assustado.

— Kero! Você está comendo salgadinhos e jogando com as mãos engorduradas! — disse Julius.

— Eu sabia que tinha algo estranho acontecendo! Eu achei que fosse só uma brincadeira, mas... — Anna fez uma pausa, o rosto cheio de expectativa. — Quem é ele?

Andréas suspirou, sentindo o peso da situação. Não havia como esconder mais a verdade. 

— Ela viu e filmou tudo. Não tive como esconder... Desculpe. — disse Andréas.

Kero, que estava em cima do sofá, flutuou lentamente até se posicionar na frente de Anna, cruzando os braços e com uma expressão carrancuda.

— Eu já vi essa cena antes... sou Kerberos, o guardião das Cartas Clow! — disse ele, com um tom de voz que soava tanto orgulhoso quanto irritado. — E agora que você sabe, vai precisar manter tudo em segredo. Não podemos deixar que todos saibam sobre isso!

Anna arregalou os olhos, surpresa ao ver o pequeno guardião flutuando na sua frente. Ela se abaixou um pouco, para ficar na altura de Kero, e olhou-o com admiração.

— Isso é... isso é incrível! — exclamou ela, ainda tentando absorver tudo. — Eu nunca imaginei que algo assim pudesse ser real. Prometo que não vou contar para ninguém. Mas, Andréas... Você vai me explicar o que está acontecendo?

Ali, Kerberos explicou tudo novamente. Anna ouviu tudo com atenção, seu rosto agora misturando curiosidade e preocupação.

— E eu sou o guardião que ajudará o Andréas nessa missão — acrescentou Kero, ainda com um tom autoritário. — Mas ninguém deveria saber disso. Não é seguro.

— Então, você está caçando essas cartas mágicas? Isso é... surreal, Andréas. E perigoso também, pelo que parece — comentou ela.

— É fascinante, não é? — disse Julius.

— É perigoso, sim — Andréas confirmou. — Por isso eu estava tentando manter tudo em segredo. Não queria que você, ou qualquer outra pessoa, se metesse em problemas.

— Bem, agora que eu sei... — Anna disse, com um sorriso determinado. — Eu vou ajudar como puder. E pode confiar, esse segredo está seguro comigo. Que legal! Você é um mago!

— E, por favor, mantenha aquele vídeo longe de qualquer rede social ou coisa parecida. — disse Kerberos.

— Pode deixar, Kero. Prometo que o vídeo fica entre nós — disse Anna, olhando para Andréas com uma mistura de empolgação e determinação. 

— Parece que a equipe aumentou. — Julius sorriu.

Andréas sorriu, aliviado por Anna ter reagido tão bem à verdade. 

— Agora que tudo terminou bem...Que tal pedirmos uma pizza?! — exclamou Kero, animado e com fome.

Andréas respirou fundo, tentando absorver tudo o que havia acontecido. Ele sabia que sua vida nunca mais seria a mesma, e que uma jornada incrível estava apenas começando. Mas com Kerberos ao seu lado, sentiu que estava pronto para enfrentar qualquer desafio que viesse pela frente.


Notas Finais


E aí, Cardcaptors! Gostaram do capítulo? Espero que sim! Continuem Andréas Cardcaptor para que possamos dizer juntos "liberte-se!"


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...