Me olhei no espelho outra vez para certificar de que nada estava fora do lugar, o vestido que uso hoje nunca foi tão sujo em algum outro corpo a não ser no meu, o vestido foi dado assim que o dia foi marcado e as alças em meus ombros pesavam não com o peso das pedras brilhantes mas sim com o peso da minha culpa, eu não merecia o jantar muito menos o vestido ou até mesmo ele.
Depois que Tobirama atendeu eu disse que precisava dele não sendo mentira mas omiti muito detalhe sobre o que realmente sentia.
⎯ Não consigo dormir e muito menos parar de pensar em você, me desculpe eu me sinto culpada pelo guarda-chuva e eu sei que você não confia em mim...-
⎯ Do que está falando Sakura? Olha eu sinto que você não quer se envolver neste caso e pode ser uma coincidência tudo isto mas não se culpe, olhe eu não estou com muito tempo mas gostaria de te ver que tal um jantar?
⎯ Desculpe eu liguei em uma péssima hora?
⎯ Não exatamente eu estava fazendo um relatório então não estava em uma perseguição ou em um tiroteio, - Soltei uma gargalhada genuína suspirando no final, como posso ser tão falsa? - aceite jantar comigo, eu irei leva-la na casa de minha família mas não será nada tão sério até porque nos vimos poucas vezes mas é que terá uma pequena reunião da minha família.
⎯ Você acha que eu recusaria uma oportunidade de conhecer uma das maiores doutoras do mundo? - Eu ri e ele também, a culpa por estar o enganado causa um aperto em minha garganta ficando mais difícil prosseguir, eu respiro fundo antes de retomar. - Eu aceito jantar com você Tobirama Senju.
⎯ Apenas com essa frase você acaba de tornar meu dia mais feliz, - Ele ri mas uma voz o chama. - Desculpe, a nossa conversa está boa mas tenho que ir, o jantar será daqui três dias então terá muito tempo para se preparar, até mais senhorita Haruno.
⎯ Até mais senhor Senju... - Falei para o telefone mudo.
No dia seguinte eu acordei mais cansada de quando me deitei, escovei meus dentes arrumei o cabelo em um rabo de cavalo alto vesti meu uniforme e fui para a estação de metrô, chegando na cafeteria reparei em um carro preto esportivo estacionado na vaga de funcionários sendo estranho já que o carro parecia de luxo.
⎯ Senhora Ryuu cheguei! - Gritei um pouco animada ao passar pela porta dos fundos da cafeteria mas parei assim que um garoto alto e magro de cabelos negros médios e olhos como ônix me observava entrar, ele parecia nada surpreso em me ver, ele vestia o uniforme da cafeteria me fazendo pensar que deve ser ele o novo funcionário que senhora Ryuu contratou, sua postura é arrogante de queixo erguido e braços cruzados me fazendo ter um leve pressentimento de que ele fosse meio familiar.
⎯ Sakura! - Senhora Ryuu apareceu atrás dele apertando suas mãos calejadas nos ombros do garoto novo. - É dela de quem eu estava falando, Sakura eu quero que conheça Sasuke Uchiha, Sasuke esta é Sakura Haruno.
⎯ Prazer. - Sasuke descruza seus braços estendendo uma das mãos para que eu aperte mas não conseguia me mexer, não deve ser verdade qual a possibilidade de Sasuke ser parente daquele advogado ou daquele homem estranho, só conseguia pensar que com certeza ele não estava aqui para trabalhar como um funcionário comum mas ele estava aqui para me observar de perto, só conseguia pensar nisso. - Irei trabalhar agora, obrigado por me acolherem.
Sasuke recolheu sua mão se virou sem mais uma palavra a dizer deixando eu presa em transe cheia de pensamentos e a senhora Ryuu sem entender nada.
⎯ Ele te ajudará no caixa já que ele é muito bom em cálculos, - Falou senhora Ryuu animada outra vez. - E você só precisará se preocupar com os pedidos e eu como antes irei fazer o trabalho pesado.
⎯ S-sim senhora Ryuu, me desculpe é que eu não estou me sentindo muito bem será que posso ir ao banheiro primeiro? - Me forcei a falar gesticulando com as mãos sem saber exatamente o que estava fazendo, senhora Ryuu não disse nada apenas soltou um "aham" animado me deixando sozinha ali.
Corri diretamente ao banheiro de funcionários trancando a porta pegando meu celular e procurando o número nos registros de chamadas e lá estava.
O número chamou várias vezes me fazendo ficar nervosa mas persisti antes de uma voz grogue me atender totalmente sem paciência, que bom porque eu também estava.
⎯ O que é porra? - Falou em uma voz arrastada.
⎯ Sério? Mandou alguém pra ficar me espionando no meu emprego?! Vocês todos são a droga de uns psicopatas!
Desliguei o telefone antes de receber alguma resposta mas depois pensei direito e percebi que poderia ter sido um erro, não importava eu estava cansada de tudo aquilo e nem ligava para o que iria me acontecer depois eu só estava querendo gritar para aliviar essa culpa que eles plantaram dentro de mim.
Ouvi batidas na porta me tirando da minha angústia, passei as mãos no cabelo me olhando no espelho, suspirei antes de abrir a porta e dar de cara com aquele par de ônix tão familiar.
⎯ Desculpe, eu não queria demorar tanto assim já estou saindo. - Tentei passar por ele mas seu corpo me bloqueou.
⎯ Você não tem medo? - Seus olhos semiserrados reparava cada traço de meu rosto me fazendo corar.
⎯ Eu estou é cansada de ter medo, apenas me deixe passar e faça seu trabalho. - Dei ênfase na palavra trabalho pois nós dois sabíamos de que ele não estava ali para trabalhar coisa nenhuma.
⎯ Não estamos brincando com você Sakura, trabalhamos duro para chegar até onde chegamos e ser respeitados sem ninguém desconfiar do que realmente fazemos, lembre-se de que nosso destino também está em suas mãos então não fique brincando de vítima porque com toda certeza você passou a fazer parte disto desde o momento que escutou o nome "Obito" - Sasuke cuspia as palavras não se importando em me ferir, suas palavras eram baixas mas tinham o mesmo efeito se ele falasse gritando.
Apenas assenti com a cabeça e ele me deixou passar para abrir a cafeteria e trabalhar.
As horas passavam devagar no trabalho, eu tentava não pensar que qualquer movimento meu estava sendo observado e que aquele telefonema provavelmente teria uma consequência.
⎯ Até que seu primeiro dia você não errou tantos pedidos assim, Sasuke. - Senhora Ryuu falou rindo toda animada, eu realmente não estava no clima então estava apenas arrumando minhas coisas antes de partir.
⎯ A senhora não se arrependerá de me contratar. - Sasuke falou com um sorriso mínimo nos lábios.
⎯ Espero que sim... - E assim eu saí sem nem mesmo me despedir de senhora Ryuu que estava bastante animada.
Os dois dias se passaram devagar me fazendo perguntar se era alguma punição do universo, Sasuke não falou mais comigo mas não podia fugir o tempo todo de seu olhar de falcão sobre mim.
Tobirama ligou assim que tomei meu café da manhã de sábado sua voz parecia animada então forcei o máximo possível para não estragar sua animação.
⎯ Irei lhe enviar algo então aceite com carinho está bem, quero ve-la usando. - Isso foi uma ordem mas não podia falar não.
⎯ Eu não gosto de presentinhos vindos de namorados...-
⎯ Está dizendo que estamos namorando? - Falou ele se divertindo.
⎯ Espere, não, quero dizer... Ah pare com isso você entendeu! - Falei rindo enquanto ele gargalhava de minha confusão.
⎯ Eu entendi Sakura estava apenas brincando com você mas use porfavor eu te peço apenas nesta noite e prometo que não darei nada nos outros jantares...
⎯ Está dizendo que irá me levar em outros jantares?
⎯ Eu estou disposto a leva-la a vários jantares se quiser.
⎯ Eu irei aceitar de bom gosto. - Sentia minhas bochechas queimarem e minha barriga ficar cheia de borboletas ao vôo.
Tobirama e eu conversamos por mais alguns minutos que depois vi que se passou 1 hora de conversa, é bom perder o tempo e as preocupações com ele, Tobirama é uma pessoa que em uma conversa não se exalta e rara as vezes em que ele aumenta a voz, ele tem seu jeito calmo e firme de falar que me deixa encantada querendo ter mais e mais dele me fazendo esquecer por vários minutos dos meus problemas e o que estou fazendo com ele, eu sou horrível.
A campainha tocou então fui correndo atender, já eram 16 horas da tarde e eu estava prestes a me arrumar para o jantar que seria às 20 horas, abri a porta e um carteiro parado segurava uma caixa preta pequena de uma marca bem conhecida aqui em Konoha.
⎯ Senhorita Haruno? - Perguntou ele.
⎯ Sim sou eu.
⎯ Assine aqui, - Ele me mostra papéis onde eu assino e ele sorri gentil para mim. - Tenha uma boa tarde.
Fecho a minha porta e vou direto para meu quarto onde sento na cama e abro a caixa preta um pouco pesada, me vi arfar em resposta ao que tinha em minhas mãos.
Um vestido vermelho vinho de seda magnífico revestido de pequenininhas pedrinhas que brilhavam à luz do sol que estava se pondo, olhei para a caixa outra vez percebendo que havia um cartão onde a seguinte frase estava gravada:
"Não fique nervosa, eu sei que você não irá gostar mas aproveite, ele é seu."
Eu realmente não o merecia.
Minha campainha tocou fazendo minha barriga ter borboletas ao vôo de novo, eu nem preciso olhar no olho mágico para saber quem é, eu já sei, abro a porta e tudo o que eu já vi de belo eu deveria reconsiderar, Tobirama estava vestido em um terno cinza grafite bem justo sem gravata dando um ar de "macho-alfa" deixando ele bem sexy.
⎯ Uau... - Soltou ele como se fosse um suspiro. - Você está muito bonita.
Ri de seu elogio eu não estava tão extravagante apenas o longo vestido vermelho uma maquiagem leve que realçava meus olhos com batom levemente vermelho deixando meus lábios rosadinhos como se fosse natural, meu cabelo estava em um coque um pouco frouxo que eu sabia elaborar desde minha adolescência e salto cinza agulha.
⎯ Eu agradeço pelo vestido... - É bem provável eu estar parecendo um tomate agora que sentia meu rosto ferver. - V-vamos?
⎯ Sim, claro, me acompanhe senhorita. - Tobirama estende seu braço educadamente para eu enlaçar o meu como um casal, e este pensamento me fez lembrar o que eu exatamente estava fazendo.
O caminho todo nós conversamos sobre várias coisas e eu acabei esquecendo minhas preocupações outra vez, estar com ele era tão bom.
⎯ Espere, seu irmão tem quantos anos? - Perguntei incrédula rindo o olhando dirigir.
⎯ Ele tem 37 anos mas tem a mentalidade de uma criança de 12! - Tobirama diz rindo também olhando para a estrada, nós estávamos bem longe do centro indo para a parte rica da cidade.
⎯ Ata e você é o irmão sensato né? - Provoquei.
⎯ Bem sensato comparado à aqueles dois. - Disse ele com aquele sorriso de lado que o deixa irresistível.
⎯ E você quantos anos tem?
⎯ Eu tenho 32 mas isto não tem problema não é? - Perguntou ele olhando para mim.
⎯ Não eu só perguntei por perguntar mesmo. - Falei olhando as belas mansões de luxo pelo lado de fora, pelo visto estávamos quase chegando já que a velocidade do carro diminuiu. - Casas bonitas...
⎯ São mesmo mas não gosto de coisas de luxo, quando morava aqui com meus pais mal saia de casa apenas ficava trancado no meu quarto ou algo do tipo. - O carro parou atrás de um Mercedes c180 azul que se destacava mas o mais impressionante foi a reação de Tobirama que inesperadamente soltou um "merda" baixo me fazendo olhar para ele surpreendida até porque não me lembrava de escuta-lo falando algum palavrão, seu aspecto mudou dando lugar à testa franzida e lábios apertados.
⎯ Está tudo bem? - Perguntei preocupada levantando minha mão para tocar seu ombro mas seu corpo desviou de meu toque antes mesmo de eu o encostar, Tobirama saiu do carro dando a volta para poder abrir a porta para mim.
⎯ Vamos logo não quero ter dores de cabeça antes mesmo de começar o jantar. - Não acreditei no que ouvi, hesitante saí de seu carro de cabeça baixa tentando entender a mudança repentina de seu humor, não entendi a razão de ele falar aquilo para me magoando um pouco.
Eu apenas segui um pouco atrás dele pelo gramado verde da casa, as luzes vindo de dentro deixava a enorme mansão de vidro mais linda o que me fazia ficar mais hesitante ainda, Tobirama aparentava estar de mal humor repentino e eu mal conhecia as pessoas desta mansão.
⎯ Não falei pra você, ele trouxe uma acompanhante! - Uma voz masculina ecoou pelo lado de dentro da casa o que me fez olhar para cima e ver o vice prefeito mais adorado da cidade na porta sorrindo tão calorosamente para nossa direção, sem pensar duas vezes senhor Hashirama andou até Tobirama o abraçando firmemente como se eles não se vissem a anos.
⎯ Irmão, estou tão feliz em te ver olha como está mais forte e quem é esta moça linda? - Disse senhor Hashirama me observando de cima a baixo.
⎯ Para com isso Hashirama está passando vergonha, - Tobirama falou incomodado com os olhares de Hashirama sobe mim. - Ela é uma amiga que eu trouxe para jantar, ou será que apenas você pode trazer amiguinhos?
⎯ Como não muda esse homem viu Hashirama... - Meu coração bateu forte e o sorriso gentil que estava em meu rosto desapareceu imediatamente, um frio na barriga e mãos suando foi o resultado daquela curta frase vinda de trás de Hashirama, escorado na porta de braços cruzados nos encarando com olhar de arrogância nos olhos ônix que eu já conhecia muito bem. - Parece disco arranhado que não muda não é Tobirama?
⎯ Cala boca Madara! - Madara, então "aquele cara" se chama Madara. - Eu estou sem paciência para você hoje e vamos entrar logo porque mamãe deve estar nos esperando.
Tobirama pega em meu pulso me levando para a entrada, nós dois passamos por Madara que tinha um sorriso convencido no rosto mas que seu olhar esperto caia sobre mim que cada vez mais gostaria de ter passado reto pelo aquele beco escuro onde havia vários problemas esperando por mim.
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