1
Felipe está dando uma festa em casa, o que é surpreendente.
Há cerca de 40 pessoas rodeando a piscina e dançando na sala, o que dá a entender para Vitor que se ele e Marcel escaparem um pouco, ninguém vai sentir falta deles.
Logo eles estão discretamente subindo as escadas até o estúdio, com uma ansiedade palpável.
Eles estão nisso a quase três meses, mas resolveram que não estão pronto para contar aos outros ainda, já que eles nem sabem o que são direito. Mas isso não quer dizer que a tensão sexual entre eles é baixa, uma vez que maioria dos fãs desconfiam do que está acontecendo, mas todos levam como piada.
Vitor fica cada vez mais alucinado por Marcel a cada toque, e ele vê um problema se o amigo resolver que isso é só um jogo, porque ele está se apegando rápido demais.
— você tem certeza que ninguém vai vim por aqui? — Marcel pergunta, fechando a porta.
— está todo mundo lá em baixo, acho muito difícil isso acontecer.
É então que Marcel dá um sorriso que faz o coração de Vitor palpitar e o puxa para um beijo torrido, naufragando toda sua mente em um desejo não mais contido. Ele puxa Marcel pelo cinto até a cadeira mais próxima, sentando o amigo em seu colo, aproveitando-se do processo para descer os dedos pelas coxas internas do outro, escutando um gemido abafado de contentamento.
Vitor ama como ele pode enlouquecer Marcel com mínimos gestos.
Eles estão nisso até que Marcel precise de ar, se afastando a contra gosto. Vitor ver a oportunidade de descer seus lábios até o primeiro botão da camisa, o tirando da casa da forma mais sexy que Marcel já pensou ver.
— tem perigo de alguma dessas câmeras está ligada? — o professor pergunta ofegante, segurando o rosto de Vitor para encara-lo.
— eu desliguei tudo mais cedo — responde com um piscar quase ingênuo.
— porque eu tenho a impressão que você já tinha planejado isso?
Vitor não responde, apenas aproveita a distração para alcançar a bunda do amigo e aperta-la com força.
Marcel não pode segurar o ofego em sua garganta, então, em vingança ele começa a rebolar sem pudor no colo de Vitor, que também solta um gemido esganiçado.
— meu Deus, você vai me matar — Vitor resmunga antes de puxa-lo de volta para seus lábios.
É intenso.
Vitor não consegue ouvir outra coisa além do sangue correndo em seus ouvidos, e seu sistema nervoso mando eletricidade por todo seu corpo. Ele precisa de Marcel mais do que tudo agora, ou seu corpo corre o risco de não resistir.
Ele está tão entretido em como a língua de seu amigo passeia em sua boca que nem escuta os passos no corredor.
— AI MEU DEUS.
O estrondo alto de algo caindo no chão e o grito são o suficiente para Marcel se desequilibrar de susto e ter o mesmo destino da garrafa de cerveja.
Samanta está estranhamente parada, como se o choque tivesse a congelado. Vitor entende o pavor, porque seu sangue parou de 300 quilômetros por minuto para 10 em menos de um segundo.
— S-samanta — Marcel gagueja sem sair do chão.
— eu não vi nada — ela tapa os olhos como se isso adiantasse de alguma coisa e sai como se nada tivesse acontecido.
Vitor e Marcel se encaram por alguns segundos antes do professor se jogar de volta para o chão, cobrindo seu rosto. Vitor apenas decide que tem que limpar o vidro antes que o amante se corte.
2
O clima fica estranho desde a festa.
Samanta não contou nada para os outros, entretanto, também não comentou nada com eles. Então Marcel presume que ela deve achar que foi um colapso de bebedeira. Ainda é esquisito quando estão só os três sozinhos, mas eles superaram isso com algumas semanas.
Era dia de jogo do BotaFogo, então todos estavam reunidos na casa de Felipe para assistir a partida do time contra o Atlético mineiro.
Com poucos minutos, Felipe, Samanta e Vitor já estavam berrando com a tela, então Marcel, tentando evitar uma dor de ouvido, foi lá para trás com Bruno.
Eles estavam vendo memes no celular do Correa, rindo de um vídeo de uma senhora dançando quando Marcel inconscientemente se apoiou com a mão na coxa de Bruno, ficando mais próximo do amigo.
Para os dois, isso era um gesto bastante inocente, sem nenhuma maldade por trás, principalmente porque Bruno é hétero. Mas o que Marcel não percebeu, é que a partir do momento em que eles começaram a rir, Vitor já estava olhando para eles.
Foi poucos segundos até a tela do celular de Marcel brilhar com a mensagem.
"Me encontra lá fora"
Ele olhou para Vitor com uma sobrancelha arqueada, mas o botafoguense retribuiu sério, anunciando que ia ao banheiro.
Marcel não sabia o que estava acontecendo, então esperou cerca de um minuto para dizer que ia a cozinha beber água.
Assim que ele saiu pela porta do cinema, Vitor o puxou para o lavabo ao lado, o botando contra a porta quando a fechou.
— isso tudo é desespero para pôr as mãos em mim, baby? — ele brinca um pouco, tentando decifrar o que aconteceu.
— não parece que sou o único, não é ?— Vitor quase rosnou, o que despertou um arrepio no professor.
Agora ele entendia, foi tudo um mal entendido.
Porém, ele nunca tinha visto Vitor com ciúmes de si, e ele achou isso tão sexy. Não custava provocar um pouco, custava?
— não é? Bom, não julgaria, eu sou irresistível mesmo — ele dá um sorriso afiado, sentindo seu corpo ser mais prensado contra a porta — você está malhando mais? Está mais forte.
— não me provoca, Marcel, você sabe que eu vi você se alisando no Bruno. — ele o olha com raiva.
— ó, esse é o problema? — se finge de desentendido — Desculpe, não percebi, os músculos do Bruno estavam tomando minha atenção.
Marcel não pode segurar o ofego quando Vitor agarrou sua cintura com muito mais força que antes.
— você está brincando com o que não deve brincar, Marcel Albuquerque.
É tão quente quando o amigo fala seu nome assim.
— e o que você pretende fazer sobre isso?
Vitor não se dá o trabalho de responder, avançando em seus lábios de forma dura e acalorada, tentando tirar tudo que Marcel tem para se manter em pé. Ele pretendia mostrar ao amante o que acontece quando é provocado dessa maneira.
Em um manejo bruto, Vitor descola suas bocas, virando Marcel e o guiando cegamente até a pia. É hipnotizante para o mais baixo quando o botafoguenses preciona seu peito contra o mármore frio, e empina seu quadril para cima. Vitor vai faze-lo seu ali, com seus amigos na sala ao lado, perdendo o jogo de seu time de coração. Marcel está toa ansioso por isso.
Vitor está prestes a puxar sua calça para baixo quando ele escuta batidas na porta do banheiro.
— Ó Vitor! — a voz de Bruno fica alta do outro lado da porta. — morreu aí dentro, muleque?
Vitor bufa alto e puxa Marcel para si.
— só um instante, amigão — Vitor responde.
Marcel está confuso com o que o amante pretende fazer para esconde-lo, mas então ele percebe que Vitor não pretende fazer nada sobre isso, provavelmente o contrário.
Ele tem que morder o lábio para evitar gemer quando Vitor lhe dá um forte chupão no pescoço, seguido de uma mordida mais a baixo.
— você está lindo assim — o mais alto sussurra, virando Marcel para encarar seu reflexo no espelho.
Ele se pergunta como ficou uma bagunça em tão poucos minutos.
Antes que ele fale alguma coisa, Vitor abre a porta.
— finalmente, ca-
A fala de Bruno morre em sua garganta quando vê Marcel lá dentro, totalmente caótico em sua imagem. Então, Vitor defere um tapa estalado na bunda do professor, que pula em sua, e sai com um sorriso estonteante.
Bruno encara Marcel por tempo o suficiente para ser contragedor, porém, a única coisa ao alcance do flamenguista naquele momento é um sorriso envergonhado.
Marcel aprendeu algo. Vitor com ciúmes pode ser algo que ele não queira provocar quando estiver em locais inadequados.
3
O Rio de Janeiro é quente, mas naquele dia em específico parecia a fornalha do inferno.
Eles estavam todos jogados na piscina da casa de Felipe, entupidos de protetor, esperando amenizar um pouco do calor.
Diferentemente de como foi com Samanta, Vitor não ficou nem um pouco envergonhado perto de Bruno, ao contrário disso, ele sorria sempre que o Youtuber chegava em um local que ele e Marcel estivessem.
Bruno também não comentou nada, apenas pediu desculpas a Marcel por atrapalhar o momento, e fingiu seguindo como se isso não tivesse o perturbado mentalmente.
Agora, eles já estavam completando quase cinco meses juntos e Marcel não podia evitar querer que eles tivessem algo mais firmado do que "amigos com benefícios", mas ele nunca tinha coragem para tocar no assunto.
— ALINE!
Marcel foi tirado do seu mundo mental quando Felipe gritou alto pela assistente.
— Cara, você não precisa berrar, ela tá na sala — ele reclama, passando a mão molhada no cabelo.
— cabelo. — Vitor diz ao seu lado, e logo começa a rir.
Samanta se une a ele nas gargalhadas, porque ninguém entende como o cérebro desses dois funciona.
— oi Felipe! — Aline aparece na porta.
— pede alguma coisa pra gente almoçar, por favor. — Felipe pede, com preguiça demais para ir até ela.
— eu já pedi pizza. — ela diz, então Felipe a dispensa com um sorriso.
— ó gente — Bruno se manifesta, levantando o óculos de sol — vocês viram que a venda da camisa de mood diário esgotou o estoque?
— foi, graças a Marcel e Vitor, que fizeram a melhor propaganda do mundo — Samanta ri fraco.
— a gente fez? — Marcel ergue a sombrancelha.
— claro — Felipe responde, indo até a borda a piscina pegar seu celular — o corte de vocês dizendo que estão apaixonados viralizou, vocês não viram?
Eles se olharam por alguns segundos.
Aquele momento foi meio contragedor para os dois, uma vez que ambos assumiram está apaixonados um pelo outro e não puderam reagir na hora, muito menos souberam como tocar no assunto depois.
— bom, isso quer dizer que a gente vai receber um aumento? — Vitor brinca e Felipe olha pra ele com uma carranca.
— mas é abusado, viu.
Em alguns instantes, Felipe está gravando um story com eles na piscina, e Bruno faz a típica piada da sunga de Marcel não deixar nada para imaginação. Vitor sorri e da uma checada básica e discreta, enquanto seu amante fica sem graça.
Eles conversam sobre mais alguns assuntos antes do almoço chegar.
Aline obriga-os a comer na sala, então eles apostam uma corrida escorregadia até a mesa, claramente Bruno foi o campeão.
Depois do almoço, todos se enrolam em suas toalhas e vão para o cinema, legando o ar-condicionado no máximo. Menos Marcel e Felipe, que ficam lá fora falando com o fornecedor de camisetas, esperando saber se a produção da nova estampa enviada está dando certo.
Eles dão uma risada quando Vitor sai escorregando do cinema para o banheiro.
— ei Marcel, porquem você estava apaixonado? — Felipe pergunta, já segurando um riso.
— se eu te contar, vou ter liberação para namorar a pessoa? — ele rebate, revisando o e-mail no notebook.
— não, você faz parte de um pacto eterno — responde brincando.
Eles riem um pouco até que a tela do celular de Marcel se acende.
— mensagem pra você. — Felipe diz, rodando o feed de seu insta.
— pode olhar para mim? Se eu parar vou me desconcentra disso aqui, e pode ser algo do canal.
Felipe concorda com a cabeça antes de pegar o celular do primo e precionar a mensagem no whatsapp. Ele ergue a sombrancelha quando vê o nome de Vitor.
— Muleque preguiçoso, tá bem ali e manda mensagem ao invés de vim falar.
Marcel não tem muito tempo para perguntar quem é, quando Felipe abre a foto pela aba de notificação.
Ele preferia não ter feito isso.
É segundos entre ele escorregar o celular de Marcel e entre segura-lo de volta.
— CREDO, VITOR — Felipe berra jogando o celular na mesa.
Nesse momento Marcel entende o que aconteceu e pega o celular vendo a imagem.
Ele não sabe se isso o excita ou o envergonha.
Vitor saí do banheiro com o grito, e olha apavorado para os dois.
— porque você está mandando nudes para o Marcel? — pergunta como se fosse a coisa mais absurda do mundo, e na sua cabeça era.
O flamenguista cora até o pescoço, cobrindo o rosto com as mãos. Ele não tem a mínima ideia de como pode explicar isso para seu primo.
Felipe olha para Marcel com descrença, esperando que o mesmo reagisse. Então ele analisa-o.
Marcel tem marcas arroxeadas na clavícula, e não é qualquer tipo de marca. Eles até brincaram sobre isso mais cedo, e Marcel desconversou.
Felipe olha para Vitor e examina seus braços arranhados, de volta para Marcel, permite ver que suas unhas estão um pouco maior, o suficiente para arranhar.
Ambos disseram que estavam apaixonados no mesmo instante, juntos.
Ambos estavam agindo estranho no México, como se estivessem com algum segredinho oculto.
Felipe se sente como Joey quando descobriu que Ross era o cara que engravidou Rachel.
— AI MEUS DEUS!
Marcel sente que pode bater a cabeça no computador e morrer ali. Felipe sempre foi meio escandaloso quando o negócio era namoro.
Bruno e Samanta saem do cinema afim de saber o motivo da gritaria.
— VITOR ESTÁ MANDANDO NUDES PRO MARCEL — Ele berra apontando para o amigo ainda na porta do banheiro — VITOR ESTÁ DORMINDO COM MARCEL.
— eu vou morrer de vergonha — Marcel choraminga.
Felipe fica em silêncio esperando a reação de Bruno e Samanta, porém eles só dão um sorriso desconcertado.
— eu meio que já sabia — Bruno coça a nunca.
— é, eu sabia também, mas achei que fosse algo de uma vez só — Sam baixa o olhar.
— vocês sabiam e não me contaram? Que tipo de amigos vocês são?
Felipe fecha o sorriso e Vitor vem até a mesa, claramente envergonhado.
— olha Feh, você é nosso amigão, mas eles não queriam invadir nossa privacidade, eu acho. — ele murmura, ficando atrás da cadeira de Marcel.
— é algo deles, não cabia a gente contar ou não — Bruno conclue, indo até a mesa também.
— Marcel, 'ce tá legal? — Vitor cutuca seu ombro e ele só grune — ótimo, você quebrou meu namorado, Felipe!
Marcel ergue o rosto com velocidade.
Vitor o chamou de namorado, isso era real? Ele estava alucinando?
— n-namorado? — entorta a cabeça, para encara-lo, encontrando um sorriso acolhedor.
— achei que você soubesse disso — Vitor cutuca sua bochecha.
— ownt, que fofos — Bruno suspira, e Marcel não contém o sorriso.
— pare de foder com o momento, Bru — Samanta reclama, mas também está sorrindo.
— bem que você podia ser assim comigo, Felipe! — ele faz uma carinha de cachorro abandonado e seu melhor amigo retribui com uma careta.
— sai dessa, criatura.
Todos riem e logo o clima está bom novamente.
Eles vão para o cinema, deixando o trabalho para outra hora.
Vitor e Marcel passam o resto da tarde abraçados, sorrindo bobos. Vitor olha de vez em quando para as cadeiras abaixo, analisando seus amigos.
Samanta dormiu em algum momento entre o segundo e o terceiro filme dos vingadores, e Bruno estava invadindo o espaço de Felipe, abraçando-o pelo ombro. Não que seu chefe estivesse reclamando.
Marcel puxa sua atenção de volta, puxando a coberta mais para cima.
— algum problema, baby? — pergunta gentilmente, acariciando sua bochecha.
— aquilo que você falou sobre ser seu namorado... Aquilo foi sério? — o flamenguista pergunta apreensivo.
— mais sério impossível. Eu estou apaixonado por você, Marcel Albuquerque, e nada me deixaria mais feliz do que ser seu namorado. — Vitor sussurra, enrolando seus dedos no do amante, beijando as costas de sua mão.
— então estamos todos dois felizes, namorado.
Vitor sorri caloroso e lhe rouba um selinho demorado.
— vocês dois, parem de se pegar aí atrás — Felipe resmunga, se aconchegando no peito de Bruno.
Eles não dizem mais nada, apenas aproveitam o resto desse momento mágico.
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