>> Levada Ao Submundo <<
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Você sabia perfeitamente que não deveria caminhar tão tarde da noite. Muitos poderiam dizer que Tóquio era uma cidade segura, mas como qualquer outra ao redor do mundo, ainda existia criaturas malignas espreitando pelos becos estreitos e mal iluminados da capital; prontos para atacarem a vítima mais vulnerável. A voz robótica da mulher, que escapava dos alto-falantes em cada esquina das ruas, avisava sobre o horário e dos perigos que assombravam o local. Como criminosos que atraíam as pessoas para darem golpes, jovens moças que se exibiam em vitrines para a prostituição e possíveis roubos noturnos. Com o alerta, todos sabiam que era o momento ideal para se recolherem em suas casas e evitar andarem sozinhas pelo lugar.
O medo passou a te assolar quando se viu longe de casa após perder a hora do metrô e começou a acelerar os passos numa agonia de uma coelhinha fugindo da zona dos predadores. Atravessou a rua quase numa correria e respirou aliviada por ter alcançado o outro lado. Da calçada poderia avistar o topo do seu apartamento ainda distante, mas que te trouxe um alívio. Faltava pouco e você apertou a alça da bolsa em seu ombro direito que carregava os documentos, dinheiro e materiais do escritório do seu local de trabalho.
De repente, algo agarrou o seu braço e uma mão foi posta sobre os teus lábios que soltaram um grito mudo. As luzes da rua desapareceram e tudo o que viu foi apenas o breu daquele beco gélido. Três silhuetas foram se formando em sua frente como brutamontes empolgados por uma diversão mórbida. A sua bolsa foi arrancada dos seus ombros grosseiramente e isso te fez tombar para o lado caindo no chão. Com os olhos arregalados, tentou compreender o que estava acontecendo e se por um acaso era real. No entanto, o seu pesadelo se mostrou como a mais verdadeira realidade. Um dos homens abriu a sua bolsa e jogou as suas coisas no piso, vasculhando algo de valor enquanto os outros dois te vigiavam com facas em punhos.
— Cartões de créditos... Dinheiro... Não tem muito, mas é o suficiente.
— Vadia pobre!
— Ela deve ter algo escondido nas roupas. Não confiem tanto assim.
Um deles se aproximou como uma fera e te agarrou, rasgando a sua vestimenta. Você gritou aterrorizada, mas parou de imediato quando sentiu o fio da lâmina pressionar contra o seu pescoço.
— Cala a boca, vagabunda! Quer morrer?
— Por favor... — Você deixou as lágrimas rolarem em sua face pálida. — Não...
— Até que ela é gostosinha! — Disse com uma voz risonha enquanto passava as mãos sujas por suas coxas. Você tentou o golpear e fugir, mas levou um tapa no rosto que te fez chorar ainda mais. — Não seja rebelde! Eu prometo que vai ser rápido.
Um tapou a sua boca enquanto te ameaçava com a faca em sua garganta, o segundo segurou os seus braços e outro se posicionou entre as suas pernas, agarrando-a com força para evitar que você o chutasse. O seu corpo inteiro estremeceu e tentou se debater diante daquela violência tão covarde e sórdida. O terror de ser abusada te corroeu até a alma e fechou os olhos num choro abafado e desesperador. Tudo o que você mais desejava era uma ajuda. Que alguém pudesse atravessar aquela rua e avistasse a cena brutal. Alguém que tivesse coragem o suficiente para confrontar aqueles homens.
Só não esperava que essa pessoa fosse, na verdade, um Demônio...
Um som metálico invadiu os seus ouvidos e algo tombou no chão. Subitamente, o cheiro enjoativo de sangue foi sentido e as suas pálpebras abriram-se para encontrar o par de olhos esmeraldas que se mesclavam num tom azulado numa face diabólica e ensanguentada. O seu cabelo rosado num estilo mullet escorria até os seus ombros reluzindo contra a luz do luar que clareou o ambiente. Você virou a cabeça para o lado e avistou um dos homens caído com o crânio estourado e o sangue formando uma poça após ter sido golpeado pela barra de ferro do seu possível salvador.
Eles te soltaram quando finalmente resolveram ter uma reação diante do ato repentino, porém, você permaneceu deixada sobre o canto, encostada na parede totalmente em choque.
— Seu filho da puta! — Um deles avançou, mas uma simples faca não iria salvar a sua vida e num movimento preciso, a barra cravou em sua testa; causando um som de pura agonia aos seus ouvidos. Ele caiu morto no chão, mas com os membros tendo espasmos pela pancada bruta.
O único que sobrou encarou assustado o outro e percebendo que não tinha muito o que se fazer, tentou fugir. No entanto, foi capturado quando o ferro acertou a sua coluna. O som dos ossos quebrando inundaram o beco e como se não bastasse, o rosado bateu várias vezes contra a cabeça do agressor até tudo se tornar uma massa disforme de carne e osso enquanto ele gargalhava em pura euforia psicopática. Você tampou as orelhas e começou a chorar em pânico. Nunca esteve numa situação como aquela e o medo foi tão intenso que a urina escorreu entre as suas coxas. Você queria fugir, mas as suas pernas estavam tão fracas que se ousasse ficar de pé, poderia perder o equilíbrio e se afundar naquelas poças sangrentas ao seu redor.
— Hey! — A voz grave te chamou e ao erguer a visão, o homem se agachou em sua frente com a barra de ferro na mão direita e que continha não apenas sangue, mas pedaços de cérebro. Você o enxergou melhor e viu as cicatrizes excêntricas nos cantos de sua boca para depois avistar uma tatuagem de um símbolo no antebraço direito do mesmo. Sem sombra de dúvidas, você soube que ele era membro da Bonten. — Vá para casa!
Você ficou em silêncio e desorientada. Ele se sentou no chão, jogou a arma para o lado, retirando do bolso da calça um cigarro de dentro de uma caixinha prateada e um isqueiro. Fumou tranquilo como se estivesse na mais profunda paz e encarou os seus olhos outra vez.
— O que ainda está fazendo aqui? — Expeliu a fumaça cinzenta com um leve cheiro de menta. — Vá embora!
Num ato de muito esforço e temor, você recolheu apressadamente as suas coisas e as jogou dentro da bolsa. Sem se importar se estava com as roupas rasgadas ou com manchas de sangue, se levantou e saiu correndo sem olhar para trás. Chorando, continuou seguindo o seu caminho e caiu ajoelhada em prantos quando finalmente chegou em casa. Quando o medo passou e as lágrimas cessaram, você se livrou da vestimenta, jogando-a no lixo e se dirigindo até o banheiro. Esfregou cada canto do seu corpo em desespero para retirar qualquer cheiro desagradável daqueles homens asquerosos que tocaram em seu corpo. Limpa, vestiu uma roupa nova e ainda com as mãos trêmulas, pegou o celular e ligou para a sua amiga.
— Por favor, eu preciso de você aqui! Rápido!
— Hey! O que houve? O que aconteceu?
— Eu... — Você não conseguiu explicar e entrou em choro novamente.
— Calma! Tenta ficar calma, está bem? Eu estou indo aí!
— Ok...
Ela não morava muito longe e com a pressa que estava chegou rapidamente em seu apartamento. Assim que a porta abriu, vocês duas se abraçaram e a sua amiga, mesmo sem ter noção do que tinha acontecido, te manteve tranquila até sentir-se confiante para explicar tamanho desespero. Ambas se sentaram no sofá e conversaram sobre o ocorrido.
— Meu Deus! Que horror! Eu não acredito que isso aconteceu. — Ela te observou com extrema preocupação. — Você está machucada? Quer ir ao hospital?
— Não! Eu estou bem! Eles não chegaram a fazer nada. — Sentiu a pele ficar arrepiada ao lembrar da cena. — Só estou assustada.
— Acho melhor você ir à delegacia e dizer o que houve.
— Não vai adiantar!
— Por que não?
— Porque eles estão mortos! — Disse com a voz trêmula, mas com firmeza em suas palavras.
— Como assim? Do que está falando?
— Alguém apareceu e os matou... — Voltou a ficar ansiosa de novo e a sua amiga segurou a sua mão. — Foi horrível! Eu ainda posso ouvir os barulhos dos ossos quebrando.
A outra também ficou aturdida ao escutar isso.
— Quem foi? Quem é essa pessoa? Fez alguma coisa com você?
— Eu não sei...
— Tem certeza de que não quer ir à delegacia? Eu vou com você! Não precisa ter medo.
— Ele é da Bonten! — A sua amiga recuou um pouco. — Eu vi a tatuagem no braço.
Houve um silêncio temporário.
— Olha, eu vou ficar aqui com você, está bem? Você não vai ficar sozinha.
— Obrigada!
— Você jantou? — Resolveu mudar o assunto.
— Não! Eu não estou com fome. Eu quero me deitar! Meu corpo inteiro dói.
— Tudo bem! Vamos dormir juntas, então.
Apesar da sua amiga estar presente e te abraçando num calor seguro, você ainda não poderia adormecer tranquilamente. As visões surgiam em seus pensamentos como fantasmas a atormentar-lhe e muitas vezes acabava acordando a madrugada inteira. Foi uma noite terrível e que jamais iria esquecer.
Fora isso, também tinha algo que não conseguiu tirar da sua cabeça... O seu salvador que fazia parte de uma máfia em Tóquio e que gostaria de saber o porquê de alguém como ele ter te defendido sem motivo aparente. Se não fosse por sua presença, você teria vivido horrores nas mãos daqueles homens e talvez, quem sabe, nem chegaria viva em casa.
Eu preciso fazer alguma coisa... Eu preciso saber quem ele é e agradecer por ter salvado a minha vida!
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Após despertar, a sua amiga te ajudou a preparar um café da manhã e você bebericou um chá morno de camomila para terminar de ficar mais tranquila depois da noite turbulenta. Ficou pensativa enquanto mexia a bebida com uma pequena colher.
— Você não vai trabalhar hoje, não é?
— Eu não sei. Eu não posso faltar.
— Você não está em condições de ir! Liga para o seu chefe e avisa o que aconteceu!
— Quanto tempo eu posso ficar assim? — As duas se encararam. — Eu tenho que continuar vivendo a minha vida.
— Você disse que os agressores foram mortos. E se foram? Eu tenho medo de que a polícia te encontre e te envolva nisso.
— Eu já estou envolvida. Não tenho muito o que fazer e caso eles me encontrem, eu só direi a verdade.
— Como assim? Qual verdade? Do cara da Bonten? — Te olhou nervosa.
— Eu não posso mentir.
— Você ficou louca? Não pode dedurar um membro da máfia! Ele viu o seu rosto. Ele pode tentar algo para se vingar.
— E o que eu devo fazer? — Mirou a amiga. — Mentir para a polícia e agradecer o cara por ter salvado a minha vida? Eu não tenho intenção de acusá-lo de nada. Ele me defendeu! Foi em legítima defesa!
— Eu sei disso, mas acho perigoso você se envolver com essas pessoas.
— Não posso fazer nada. Eu sei que está preocupada comigo, mas eu devo fazer alguma coisa. Não posso ficar presa em casa para sempre.
A sua colega suspirou.
— Então, vai ser assim?
— Não vou atrás da polícia. Eles que venham até mim se descobrirem alguma coisa e se vierem, eu direi a verdade. Eu não fiz nada e não tenho o que temer. Eu sou a vítima da situação e não eles.
— E sobre o cara?
— Eu gostaria de saber quem ele é e do porquê ele ter me ajudado.
— Você não vai até o submundo atrás dele não, né? — Você ficou calada e a sua amiga parecia que estava prestes a ter um surto. — Não pense nisso! Pelo o amor de Deus! Ele salvou você e ok! Não precisa de agradecimentos.
Você respirou fundo e deu um gole na bebida.
— Fica tranquila! Eu não vou atrás de ninguém, mas se eu o encontrar por acaso na rua, acho que seria decente agradecer.
— Eu não concordo! — Bateu o pé.
— Tudo bem! Eu não vou dizer nada. — Sorriu, mas com uma mentira no interior.
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Como já era de se esperar, os corpos foram encontrados no beco, mas nada relacionado a sua presença no local foi achado e isso deu-lhe uma imensa suavização. Ninguém soube quem os matou, mas os policiais suspeitaram de que fosse envolvimento com a máfia — visto que eles eram criminosos e tinham passagem na polícia. O caso ficou arquivado e as investigações pararam por falta de provas ou sequer testemunhas. Ou talvez ninguém quisesse se envolver com gangues.
A sua rotina voltou ao normal após algumas semanas e o seu choque depois da situação melhorou. Você era uma mulher forte e que superava os seus problemas por mais cruéis que fossem, afinal ou você aprendia a lidar com eles ou os deixava te corroerem. Seguindo o conselho da sua amiga, não foi atrás do homem, contudo, não conseguia tirar ele da sua cabeça. Mil questões te perturbavam e quanto mais surgiram, mais curiosa você ficava.
Foi numa dessas que o destino os uniu outra vez de um jeito repentino.
Caminhando pelas ruas depois de sair do trabalho, você passou em frente de uma Steak House na praça central de Miyashita em Shibuya e imediatamente, os seus olhos fixaram no interior do local, avistando ao fundo, um grupo de homens com roupas sociais a conversarem sentados à uma mesa privada das demais. Entre eles, enxergou a face do cara que te salvou naquele beco e não importava como, você iria reconhecer aqueles olhos em qualquer lugar. O seu corpo paralisou e permaneceu ali por um bom tempo. Sentiu um inverno na barriga e começou a suar de nervosismo.
Deveria entrar ou apenas fingir que não viu e seguir em frente?
Apesar da sua mente está dividida, resolveu escolher a opção mais arriscada e respirando muito fundo para se obter o máximo de coragem, atravessou a porta da churrascaria e passou por entre as mesas. Estava tão focada no alvo que ignorou o chamado simpático do garçom que apenas observou a sua passagem. Finalmente, você conseguiu ficar perto e parou de frente para eles que demoraram a te notar. Sem pensar duas vezes, inclinou o corpo numa reverência e disse o que precisava.
— Obrigada por ter salvado a minha vida!
Silêncio.
Todos os homens te encararam sem entender o que estava acontecendo e depois se entreolharam com sorrisos até um fazer um comentário debochado.
— Acho que ela deve estar louca ou perdida, tadinha. — Você levantou a cabeça e olhou para quem disse aquilo. Um rapaz de cabelo mullet com as raízes pintadas de roxo e as pontas de azul escuro. Ele possuía um sorriso afiado e tinha uma tatuagem da Bonten na parte frontal do pescoço.
— Estou agradecendo a ele! — Apontou para o rosado que apagou a ponta do cigarro no cinzeiro com uma face calma e parecendo não se importar com a tua presença.
— Ah! Então, você veio até aqui por causa do Sanzu. — Disse um com o cabelo curto com mechas de roxo claro e preto. Assim como o anterior, tinha a tatuagem no pescoço e parecia ser um ano mais velho; mas eram bastante parecidos em aspectos.
Eram os irmãos Haitani, os que dominavam Roppongi.
— Hey, Sanzu! Essa é mais uma das suas putas? — Disse Rindou e você ficou em choque com a fala enquanto os outros riam.
— Não sei... — Lentamente, os olhos dele encontraram os seus. — Você quer ser?
— O quê? — Murmurou assustada e um gargalhou divertido.
— Ela é bem novinha! Adoraria tê-la em meus negócios. — O seu longo cabelo descia até os ombros e foram tingidos por um platinado impecável. Era raspado na lateral esquerda e possuía a tatuagem da gangue no mesmo local. Os seus olhos negros reluziram enquanto percorriam até as suas coxas visíveis por baixo da saia e constrangida, você abaixou mais ainda a barra.
— Hajime! Você não descansa, não? — Questionou Ran com um sorriso enquanto tamborilava os dedos com anéis sobre a mesa.
— Claro que não! Uma garota como ela vale dinheiro. — Em seguida, te encarou. — Se Sanzu te rejeitar, saiba que estou à disposição.
— Deixem a garota em paz! Ela está assustada. — Alguém surgiu atrás de você e quando se virou, avistou um homem alto com um cigarro na boca, cabelo preto com mechas loiras penteadas para trás e uma longa cicatriz vertical no lado direito do rosto, passando por cima da pálpebra; mas sem afetar a sua visão.
— Akashi! Finalmente chegou. — Disse Ran ao conselheiro da Bonten.
— Vamos, garota! Por que veio atrás do Sanzu? — Ele te encarou profundamente. — Por que está aqui? Não tem medo de Demônios?
Você engoliu em seco e tomou mais uma dose de coragem.
— Eu vim agradecê-lo por ter salvado a minha vida.
— Agradecer? Salvado a sua vida? Sanzu? — Ele esboçou uma reação de repulsa com a informação tão absurda. — Que porra é essa?
— Também gostaria de saber. — Disse o Haitani mais novo rindo.
— Eu não salvei ninguém! — Sanzu se pronunciou, chamando a sua atenção.
— Como não? Eu fui atacada naquele beco e você me salvou. Você os matou!
— Espera aí! — Um rapaz de cabelo preto curto com um brinco na orelha direita e uma cicatriz explícita na parte de trás da cabeça até a lateral esquerda do rosto interrompeu. Ele te encarou, mas era cego do olho esquerdo devido ao machucado proeminente. — Está dizendo que esteve no local dos assassinatos? Você viu tudo?
— S-sim...
— Mas que porra! — Takeomi Akashi franziu o cenho e de repente, sacou uma pistola de dentro do casaco e apontou em sua direção. Você arregalou os olhos e estremeceu de medo. — O que você veio fazer aqui? Vai chamar a polícia? Está com eles?
— Não! Eu não tenho nada a ver com isso! — Respondeu em desespero.
— Ah, ótimo! Então, você só veio até aqui para agradecer ao Sanzu? Sério mesmo? Você não tem medo de morrer não, garota?
— Abaixa a arma, Akashi! — O Haruchiyo mandou enquanto tragou um cigarro recém aceso. O Takeomi obedeceu e você respirou um pouco aliviada. — Eu não salvei você! Na verdade, eu não te dei a mínima. Eu estava atrás daqueles caras. Eles fizeram merda e os encontrei por acaso naquele beco. Obviamente, eu não iria deixar essa oportunidade passar.
Você desabou ao ouvir aquilo.
— O que ela estava fazendo por lá? — Perguntou Kakucho.
— Eles a atacaram! Tentaram roubá-la ou foder com ela, não sei.
— Aaah! Agora tudo faz sentido! — Hajime sorriu. — Que pena, garotinha! Não existem heróis aqui.
— Vá pra casa, garota! — Akashi alertou. — Você nem deveria estar aqui.
— Não! — Sussurrou e ergueu a cabeça. — Eu não me importo se você fez por mim ou não. Eu esperei esse tempo todo para agradecer e não vou embora como se não tivesse valido nada. Eu quase fui abusada e morta naquele lugar. Mesmo que a sua intenção não era me salvar, acabou o fazendo e é a minha obrigação retribuir.
Sanzu te encarou, ergueu uma das sobrancelhas e deu um sorriso perverso. Você pensou se as suas palavras deram outras interpretações e quando percebeu já era tarde demais.
— Então, você quer retribuir? — Apagou o cigarro e se levantou da cadeira. — Acredito que eu possa ter o direito de dizer o que eu quero como retribuição.
Você olhou rapidamente para Hajime que tentava conter uma risada com Rindou.
— Não é bem isso o que está pensando. Eu...
— Cala a boca! — Ordenou. — Você veio até aqui porque quis. Poderia ter ido embora várias vezes, mas não foi. Uma garota boazinha como você não deveria estar aqui, mas agora que decidiu ficar, eu a arrastarei até o Inferno.
— Eu não vou te desejar boa sorte. — Hajime te encarou com malícia. — Apenas seja uma boa garota, está bem?
Sem reação, Sanzu agarrou o teu braço e te puxou para fora do restaurante enquanto você olhava para todos os lados em choque. Ele te jogou para dentro do carro preto estacionado e travou todas as portas após entrar no veículo. Ligou e acelerou indo em direção para algum lugar distante. Você olhou para a paisagem passando através da janela fechada e bateu um leve desespero.
— Coloque o cinto! Não vai querer morrer em um acidente, vai? — Sorriu olhando rapidamente para você e depois trocou a marcha, acelerando mais ainda o carro.
— Pra onde está me levando?
— Vai saber quando chegar lá. Então, coloque a porra do cinto e fique quietinha!
Com as mãos um pouco trêmulas, puxou o cinto e o travou. Olhou para ele ao seu lado com as orelhas com piercings e um relógio de prata no pulso esquerdo. A camisa social branca estava com as mangas levantadas e exibia os antebraços fortes com as veias expostas na pele clara.
— O que vai fazer comigo? — Apesar de ter uma noção, ainda precisava ouvir a resposta verdadeira e ela foi dita com um sorriso rasgado e os olhos queimando como chamas.
— Eu vou foder você a noite inteira!
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Foi a primeira vez que atravessou a porta e entrou no quarto de um motel. Não era um qualquer. Era um local muito mais bonito, íntimo e agradável que já viu em toda a sua vida. Uma iluminação quase néon num tom azulado clareava o grande quarto com o piso e as paredes brancas. Dava um aspecto de uma caverna de gelo e você cruzou os braços após sentir o frio do ar-condicionado tomar conta do seu corpo. Um espelho no teto ficava acima da enorme cama de casal recheada de travesseiros e almofadas com um edredom forrando o colchão coberto por mais uma camada de lençol. Uma alta cortina de tecido leve e quase transparente esvoaçava levemente com a brisa da noite que invadia através da pequena varanda. Daquele alto andar, você avistou a paisagem da cidade brilhante de Tóquio e os pontos de luzes refletiam em seus olhos que lembravam o céu estrelado.
Um sofá de couro preto num formato semicircular estava de frente para uma lareira moderna com a lenha posta sobre um cesto de ferro e ao lado objetos para acender e atiçar as chamas. Sobre o tapete felpudo se encontrava uma mesa de centro com a tampa feita de mármore com um cinzeiro limpo e uma estatueta de um corpo feminino nu. Logo atrás do sofá, estava uma divisória de vidro com três degraus que levavam para uma jacuzzi que cabia perfeitamente quatro pessoas. E ao lado, estava o banheiro com objetos simples para um banho normal.
O frigobar ficava ao lado de uma caixa de som que poderia ser conectada ao celular para que tocasse as músicas selecionadas em seus arquivos. Na pequena geladeira continha garrafas e latas de bebidas caras, incluindo a famosa água Perrier importada do Sul da França.
Você sentiu a sua mão ser agarrada e o corpo puxado para ser lançado na cama. Apoiada nos cotovelos, avistou receosa quando Sanzu começou a retirar o relógio e em seguida o colete roxo-escuro e a camisa, exibindo o torso bem malhado com os ombros largos e os mamilos rosados. Ao mesmo tempo que os olhos claros do homem te encaravam, ele tirava o cinto da calça e nesse momento, você entendeu que a realidade havia sido arremessada sobre a sua cabeça.
Respirando ofegante e com os olhos trêmulos, você o viu se aproximar como se fosse um lobo sedento em comer a presa e se posicionar entre as suas pernas. Nervosa, colocou a mão direita no peito dele como se quisesse o empurrar e Sanzu sorriu ao ver o seu gesto.
— Não me diga que você é virgem! — Você desviou o olhar e ruborizou quando ele arqueou uma das sobrancelhas. — Você é virgem?
— Não! — O encarou, mas mudou o foco da visão rapidamente. — Eu só estou nervosa.
— Se você já fodeu antes, não há motivos para ficar nervosa.
— Eu nunca fiz isso com um estranho. — Revelou.
— Tudo tem uma primeira vez, não é mesmo? — Num piscar de olhos, ele agarrou os seus pulsos e os pressionou contra o colchão, acima da sua cabeça. Com a mão direita livre, acariciou o seu rosto e foi descendo até o seu pescoço com um desejo imenso de apertar. — Eu não vou ser bonzinho com você, garota! Lembre-se disso!
Você viu quando ele retirou algo de dentro do bolso da calça. Um canivete automático com a lâmina de aço inoxidável e o cabo de prata com um desenho de um dragão cravado nela. O fio era afiado e percorreu a lâmina deitada sobre a pele da sua coxa. Você sentiu um frio na barriga e ficou paralisada enquanto ele se excitou com o objeto cortante te deixando arrepiada.
O Haruchiyo levou o canivete até o seu rosto, batendo levemente a lateral da lâmina em sua bochecha esquerda. Os seus olhos tentavam acompanhar os movimentos e desvendar se ele a cortaria ou não. O mesmo sorriu exibindo covinhas e desceu o olhar para baixo. Os dedos de Sanzu levantaram a sua saia e deixou exposto a sua calcinha. Posicionou a lâmina na tira do tecido que num só puxão foi rasgado facilmente pelo fio.
Você suspirou com os lábios entreabertos e o corpo ainda tenso. Ele fez o mesmo do outro lado e exibiu para você a calcinha cortada para depois jogá-la no chão. Sabendo que tu não irias fugir, Sanzu soltou os teus pulsos e que pareciam ter se acostumados com a posição e assim ficaram. Ele fechou o canivete e o guardou dentro do bolso. Com os dedos ágeis, abriu violentamente a sua camisa, fazendo voar botões frontais ao piso e conseguiu rasgar o seu sutiã de renda.
Um grito quase escapou dos seus lábios e você imediatamente tentou cruzar as suas pernas quando recebeu um tapa no interior das coxas, te causando um susto e te fazendo avistar o olhar austero de Sanzu.
— Abra! — Exigiu e você não obedeceu. Novamente, recebeu outro tapa que estralou em sua pele, arrancando um gemido doloroso. — Abra!
Com a face sôfrega, foi afastando as pernas vagarosamente e ele te puxou com força pela cintura. A sua virilha se chocou contra a dele e você poderia sentir o volume duro roçando em seu íntimo que, para a sua estranheza, estava piscando. O Haruchiyo levou os lábios até o seu mamilo direito e o chupou, te deixando arrepiada, mas que logo gemeu ao ser mordida por ele. A língua passou em círculos e os dentes voltaram a te pressionar. A mão apertou o outro seio e beliscou a sua auréola num ciclo vicioso de dor e prazer.
Com o olhar atento ao seu, ele desceu os dedos para debaixo da sua saia e deslizou as pontas em sua buceta, sentindo a umidade da região. Ele te invadiu e penetrou algumas vezes de forma lenta enquanto ouvia os teus gemidos sussurrantes. Sanzu sorriu e te fez chupar a própria lubrificação.
— Para quem estava nervosa, você está bem excitada. Posso até dizer que parece uma putinha.
Ficou envergonhada, mas sentiu o calor subir em seu ventre quando os dedos voltaram a te penetrar. A mão esquerda dele prendia novamente os teus pulsos enquanto o mesmo estava deitado ao teu lado com o corpo quente encostado no teu. Os lábios, a língua e os dentes brincavam com os seus mamilos. Você fechou os olhos e se permitiu sentir tudo ao mesmo tempo. Nesse momento, desejou em pensamentos ser logo devorada por ele. O período que estava sem sexo se aglomerou dentro de si e explodiu ao ser tocada por Sanzu. Já havia esquecido o fato dele ser um estranho, de que não era o seu salvador e que ainda por cima se tratava de ser um membro da violenta Bonten. Você só queria colidir no corpo do rosado e atingir o ápice máximo do prazer nos braços dele.
Agitando a cabeça levemente para os lados, arfando e deixando os gemidos depravados tomarem conta do quarto, você movia o quadril numa vontade insana de que ele fosse mais fundo. Os dedos de Sanzu invadiam depressa e tudo se tornou uma loucura quando o seu clitóris foi chupado pelo mesmo que havia descido entre as suas coxas. Você levou as mãos até os lábios com o intuito de abafar os sons, porém, era difícil e um grito ecoou ao gozar na boca do Haruchiyo. Os espasmos permaneceram te atacando como uma corrente elétrica percorrendo o seu corpo enquanto ele continuou as preliminares e isso foi como uma tortura. As tuas mãos pousaram na cabeça do rosado e tentou o empurrar para que encerrasse o ato.
Sanzu encarou e ameaçou: — Se continuar, eu vou amarrar as suas mãos!
— Por favor... — Implorou com gemidos trêmulos. — Pare...
Com a paciência curta, ele puxou um lençol branco que estava dobrado sobre a cama para que usassem como uma coberta de dormir e amarrou em volta dos seus pulsos para depois prender na cabeceira. Você tentou puxar os braços para desatar o nó, mas não conseguiu e Sanzu voltou a abrir as suas coxas brutalmente e afundar os dedos em seu interior. A sua intenção era te torturar sexualmente, te fazer gozar até não aguentar mais e te ver implorar num choro.
Diferente do homem, a mulher consegue ter vários orgasmos em um curto espaço de tempo. Em poucos minutos, o seu corpo já estava pronto para se desmanchar outra vez, mas nessa pausa de um gozo e outro, ter Sanzu ainda te masturbando causava um incômodo agonizante que te levou a quase gritar no quarto. Com as agitações das suas pernas, ele agarrou mais dois lençóis e estes prenderam os seus tornozelos nos pés da cama, te deixando totalmente vulnerável para ele.
O Haruchiyo parou de pé ao seu lado e te encarou com um olhar maldoso.
— Vai querer ser amordaçada também?
— Eu não vou aguentar... — Respondeu ofegante e ele sorriu.
— Eu disse que vou foder com você a noite inteira.
— Não posso ficar aqui por muito tempo.
— Eu não me importo! — Rebateu. — Você vai ficar quietinha e me obedecer! Entendeu?
Você ficou calada e ele avançou num piscar de olhos, agarrando as laterais do seu rosto, pressionando as suas bochechas.
— Não me faça bater em você de novo. Me responda quando eu perguntar! Você entendeu?
— Sim... — Falou um pouco assustada.
— É "sim, senhor"! Responda direito!
— Sim, senhor! — Ele sorriu satisfeito.
— Boa garota! — Os olhos do rosado deslizaram até os seus lábios e usando o dedo polegar, os acariciou com malícia. — Vou começar a foder a sua boquinha.
Ele passou a perna direita para o outro lado e ficou acima do seu peito. Abriu o botão e desceu o zíper, enfiando a mão para dentro e retirando o membro. Você arregalou os olhos quando viu aquele pau saltar da calça aberta e bater em sua face. Era carnudo e recheado por veias que bombeavam até pulsar em sua direção. Sanzu segurou a base — onde você poderia ver curtos pelos pubianos platinados te dando a informação da cor real do seu cabelo — e bateu a rola no seu rosto, esfregando a glande pingando o pré-gozo em sua bochecha.
— Vamos, abra a boquinha!
Assim que os seus lábios se abriram, o mastro invadiu e ele sentiu os seus dentes rasparem sem querer na pele. Incomodado, Sanzu te deu um leve tapa no rosto e puxou o seu cabelo.
— Chupa direito, sua puta! — Com cautela, você o chupou e deixou que o pau deslizasse em sua boca. Ele foi soltando uns gemidos baixos enquanto te observava. — Isso! Boa garota!
O fato de você não conseguir ter controle da situação te deixava indefesa e ele se aproveitava do momento. Agarrando as mechas do seu cabelo e movendo o quadril para que a rola invadisse mais fundo a sua boca. Você foi ficando sem ar e sentia o membro tocar a sua garganta, te dando um desespero por quase se engasgar. Os seus olhos imploravam silenciosos para os de Sanzu que a única reação que exibia era sorrir em meio aos gemidos.
Preocupada, você agitou a cabeça para os lados com o intuito de que ele parasse, mas como tinha suspeitado, o rosado apenas se irritou e puxou mais forte o seu cabelo.
— Se você fizer isso de novo, eu vou esfolar a sua garganta. — Disse com uma sombra mórbida em seu olhar e você paralisou, permitindo que o mesmo continuasse.
Os sons dos seus lábios o chupando se espalharam pelo quarto com leves grunhidos saindo ao fundo. Você foi tentando manter a calma e respirar tranquilamente pelo nariz enquanto sentia os movimentos do rosado. As suas pálpebras se mantinham fechadas numa concentração profunda até ouvir o timbre grave e quase arfante do Haruchiyo.
— Viu como faz bem ficar quietinha? — Amenizou o aperto em seu cabelo. — Você vai ficar assim até eu gozar, ouviu?
Confirmou com um aceno e ele sorriu.
— Vamos ver até onde você aguenta!
E de fato, com o passar do tempo naquela posição e sendo fodida pela boca, você começou a sentir dores na mandíbula e precisava fazer uma pausa. Se pudesse usar as mãos, poderia masturbá-lo até se recuperar e voltar a chupar outra vez. No entanto, ele não iria esperar a sua boa vontade e muito menos te dar esse gostinho de piedade. Sanzu aumentou a velocidade dos movimentos e foi estocando como se fosse a sua mais doce bucetinha.
Você agitou novamente a cabeça até ele puxar o seu cabelo e limitar as suas ações. Os teus olhos deixaram as lágrimas deslizarem pelos cantos enquanto o mirava.
— O seu choro não vai me fazer parar. — Avisou. — Pelo contrário... Eu gosto de garotas que choram.
Estava perdida em sua própria agonia e isso durou mais do que desejava. A sua boca já não poderia ser sentida e naquela região tudo ficou anestesiado. Quando sentiu o pau entrar em sua garganta — que o apertou subitamente — Sanzu inclinou a cabeça para trás e gemeu alto, te puxando para si com o intuito de você engolir toda a porra que jorrava cheia em sua boca. Com os olhos arregalados devido ao susto, você o encarou e ele puxou de uma vez.
— Vadia gostosa! — Soltou o teu cabelo e saiu da cama.
Você afundou o corpo no colchão, sentindo a respiração pesada e os lábios abertos como se não conseguisse mais o fechar. A sua mandíbula parecia trincada e nada ali poderia sentir. Uma fina saliva escorria pelo canto e a tua visão focou no homem que sentou-se no sofá. Ele tirou uma pequena caixa metálica do colete roxo e colocou sobre a mesinha de centro. Um saquinho transparente foi visto recheado com uma quantidade pequena de um pó branco. Foi despejada com cuidado sobre a mesa e utilizando o cartão — usado para abrir a porta como uma chave — formou uma linha vertical. Pegou um curto canudo e aproximou da carreira puxando-a numa respiração por uma das narinas.
Sanzu inclinou a cabeça para trás, suspirando alto enquanto sentia aquela droga invadir o seu organismo. Diferente do que muitos imaginavam, o efeito não atingia naquele momento e muito menos o deixava surtado. Aos seus olhos, ele estava calmo, apenas aproveitando o tempo do uso para em seguida te encarar.
— Você usa alguma coisa? — Negou a cabeça como resposta e ele sorriu estranhamente. — Acho bom! Melhor ficar longe dessa merda.
— Por que... — Conseguiu falar. — Por que você usa?
O Haruchiyo fez uma longa pausa com o olhar fixo no além e lembranças desagradáveis surgindo em sua mente. Parecia haver um turbilhão de emoções terríveis que gostaria de esquecer, como tristeza e principalmente raiva. Cada um lidava com os seus problemas de jeitos diferentes e ele optou em escolher a pior forma delas: machucar a si mesmo.
Ele sorriu e quase gargalhou sozinho. Você achou que o efeito tinha começado e que o mesmo já estava fora de si, mas estava enganada. Ele precisaria de mais do que isso para sair do próprio corpo.
— Isso não te interessa! — Respondeu rude. — Não estou aqui para ouvir conselhos da vida. Estou aqui para te foder. Você não é a minha psicóloga! Você é a minha puta!
Ele se ergueu e caminhou em sua direção. Parou ao seu lado e observou as amarras que te prendiam na cama.
— Se eu te soltar, promete ser boazinha? — Os teus olhos deslizaram para baixo e avistou aquele mastro endurecendo outra vez. Você sabia que voltaria a ser fodida.
— Sim... Sim, senhor! — Corrigiu a si mesma e ele riu.
— Ótimo! — Desatou os nós e você sentiu-se aliviada por conseguir mover os membros. A sua saia foi retirada e sem saber os detalhes do que estava por vir, aguardou sobre a cama até ele se aproximar. — Deite-se e fique de costas!
Olhou para baixo e o viu se masturbar lentamente. Aquele pau roliço pulsando outra vez.
— Atrás não... — Recuou um pouco.
— Vire-se!
— Por favor... — Puxou um travesseiro como se ele fosse o seu escudo. — Eu... Eu não costumo fazer...
Sanzu estalou a língua e te encarou: — Estou começando a achar que você gosta de apanhar. Onde eu deixei o meu cinto?
— Não! — Obediente, você se virou e avistou um sorriso no rosto do rosado. Ele te puxou pelos tornozelos um pouco mais para a beirada da cama e avançou contra o seu corpo. Você poderia sentir o calor que aquele homem emanava e o seu membro duro roçar entre as suas nádegas.
— Eu não vou comer o seu cuzinho... — Segurou o pau e foi esfregando na sua buceta úmida até penetrar, te fazendo soltar um gemido sôfrego e abafado pelo travesseiro. — Ainda não!
Não iria ser devagar ou com carinho. Seria rápido, com força e bruto. A virilha dele batia bruscamente contra a sua bunda e a cada estocada funda, você apertava mais forte o travesseiro, mordendo o tecido e gritando rouca. Olhar para cima causava-te assombro, como se Sanzu fosse um Demônio a te devorar de todas as formas possíveis. Sentia a sua energia sendo sugada com cada olhares e sussurros em seu ouvido. Ele era alto e você aparentava ser uma pequena presa indefesa após cair em sua armadilha.
— Que buceta apertadinha! — Comentou quase rouco.
— Devagar... — Pediu chorosa e com os gemidos escapando a cada pausa. — Vai... Devagar...
— Chora mais, vai! — Ele agarrou a parte de trás do seu pescoço e pressionou contra o travesseiro no qual você estava abraçada. A lateral do seu rosto afundou e ele fez questão em olhar para a tua expressão. — É tão excitante te ver chorando por causa do meu pau. Continue assim!
Você continuou, mas não porque ele pediu e sim, porque era inevitável. A tua baba molhou a fronha do travesseiro, pois nem mesmo conseguia fechar a boca. A tua buceta estava sendo agredida freneticamente pelo rosado e como se não bastasse toda a situação constrangedora, você esguichou ao sentir um forte orgasmo bater em sua cara. O seu gemido foi longo e ao ver que o teu líquido transparente escorria das coxas, Sanzu sorriu. O seu corpo estremeceu debaixo do dele e você permaneceu afundando na cama tendo espasmos.
De todas as transas que teve, isso nunca aconteceu. Ficou envergonhada e pediu desculpas num timbre exausto. De repente, ele deu uma curta risada.
— Está se desculpando pelo o quê? Isso é normal, garota! Eu adorei ver isso!
Os teus pulsos foram agarrados e ele te virou, deixando-a com as pernas abertas de frente para ele que te invadiu novamente. Você enroscou os braços em volta do seu pescoço enquanto foi estocada. Essa posição despertou uma certa intimidade. Não que os dois não tivessem, mas era algo diferente. Encarando os olhos um do outro e sentindo cada respiração ofegante, você sentiu a necessidade de beijá-lo. Não sabia se isso deveria ser feito com um estranho, mas acreditou que estar nua e dando para ele já havia ultrapassado os limites de privacidade.
Num gesto rápido e sem pensar, você o beijou. Um selinho cauteloso que te fez se afastar e observar a reação do mesmo. Sanzu sorriu.
— Você é carente, não é?
Após ouvir isso, as suas bochechas coraram e virou o rosto para o lado, desviando o olhar. Subitamente, ele agarrou o seu queixo e afundou os lábios nos seus. As penetrações cessaram num instante enquanto as duas bocas se tocavam lentamente de forma molhada e com as línguas digladiando-se. Quando ele se afastou, te observou e exibiu uma confusão na face. Antes que você tocasse o seu rosto, ele te puxou para fora da cama e te colocou contra a parede. Com os braços por baixo dos seus joelhos e te mantendo distante do chão, Sanzu te penetrou com força enquanto você se apoiava sobre os seus ombros.
Os seus seios balançavam a cada metida forte que ele dava em sua intimidade e você voltou a gemer como uma louca sedenta. O seu quadril movia para frente e para trás num frenesi erótico e batia contra a virilha dele. O seu ponto estava sendo violentado e você sentiu o clímax surgir.
— San... Sanzu... — Ele franziu o cenho, mas nada falou. — Não... Pare...
Você inclinou a cabeça para trás e além de sentir o gozo escorrendo, também sentiu a porra quente te preenchendo. O Haruchiyo gemeu arfando e aos poucos, te deixou em pé no chão. No entanto, ao se afastar, você não conseguia ficar naquela posição e sentindo as pernas bambas, caiu no piso e lá permaneceu. A respiração bruta de ambos se mesclou no quarto e Sanzu se sentou no sofá para acender um cigarro.
O que restou naquele período foi um quase silêncio.
Após terminar de fumar e você ter conseguido deitar-se numa parte da cama, ele se aproximou da jacuzzi e ligou para que começasse a encher. Te convidou com um olhar e hipnotizada você o acompanhou na água morna e relaxante. Ficou um pouco distante e o seu constrangimento retornou por estar sozinha com um homem desconhecido no quarto de motel. Principalmente porque Sanzu te analisava calado com um olhar incapaz de decifrar.
— Você bebe?
— Um pouco.
— Pelo menos nisso você vai me acompanhar. — Sorriu e logo se ergueu da jacuzzi. Foi em direção ao frigobar e retirou uma garrafa de vinho tinto suave com duas taças e te entregou uma delas. Tirou o lacre e usando um abridor, puxou a rolha; despejando a bebida rubra nas taças.
Você sentiu o cheiro doce das uvas e do álcool, em seguida, deu um gole e deixou o sabor preencher a boca até descer agradável pela garganta.
— Prefere vinho? — Perdeu um pouco da timidez e fez a pergunta.
— Eu prefiro algo muito mais forte, mas não tenho intenção de deixá-la em um coma alcoólico. — Você o acompanhou num riso e Sanzu te observou. — Eu admito a sua coragem de ter vindo atrás de mim, mas ainda acho que foi estúpido. Poderia ter se machucado.
Relembrou do ato na churrascaria e encolheu os ombros.
— Eu sei... Foi errado, mas não pensei direito. Eu nunca passei por aquela situação e acabei ficando abalada. Achei que você tivesse salvado a minha vida e eu queria agradecê-lo.
— Bom... Está agradecendo agora. — Você ruborizou.
— Por que... Por que você quis dessa forma?
— Eu te achei atraente e quis me aproveitar. — Foi sincero e você ficou pasma.
— E se eu não quisesse? Quer dizer... — Se corrigiu. — Eu não queria...
— Eu não te forcei a nada! Você veio porque quis! — Franziu o cenho incomodado. — Eu não iria te estuprar. Posso ser um grande filho da puta, mas nesse nível não.
— Eu só fiquei um pouco assustada. — Tentou explicar.
— Eu sei que ficou, mas no fim das contas você cedeu e isso importa. Se eu chegasse até aqui e você começasse a gritar pedindo socorro ou até mesmo tentando fugir várias vezes, eu não iria te forçar. Ficaria muito puto, óbvio! Mas eu te deixaria ir embora.
Você ficou estarrecida ao ouvir aquela informação e ponderou por alguns segundos.
— Achei que a Bonten fosse cruel.
— E somos! — Deixou claro e com firmeza. — Mas não da forma que você está pensando. Não cometemos crimes sexuais. Somos envolvidos com prostituição, mas elas estão nessa por vontade própria e são adultas. Prostituição é crime no Japão, mas rende bastante dinheiro.
Você olhou para a bebida dentro da própria taça e deu um gole, tomando tudo de uma vez.
— Por que você vive nisso? — Era uma curiosidade e não um caminho para discutir problemas da vida e muito menos expor conselhos. Contudo, Sanzu não gostava de falar sobre si mesmo e após tomar a bebida, te encarou.
— Pegue a camisinha que está ali! — Apontou para uns saquinhos lacrados sobre o frigobar. — Eu vou comer você agora!
Você o olhou silenciosa como se desejasse aproveitar o momento antes de ser devorada outra vez. Deixou a taça de lado e saiu da jacuzzi. Caminhou em direção ao destino com passos curtos e lentos. Havia vários sabores de camisinha e você escolheu a mais neutra possível. Retornou e achando que ele iria sair do local, foi apenas chamada num gesto e soube que seria comida ali mesmo.
— Coloque!
A jacuzzi não estava muito cheia e quando se ajoelhou diante dele, percebeu que a água batia um pouco mais na metade das suas coxas. Parecia que ele tinha feito de propósito, já com a ideia na cabeça. Você abriu a embalagem e retirou o látex lubrificado. Usou a mão direita para masturbar Sanzu que apenas observava os seus gestos nervosos. Deu um giro na ponta da camisinha — para evitar que entrasse ar e no ato acabasse estourando — e deslizou até a base.
— De quatro! — Mandou e antes de fazer, você quis pedir piedade ao seu carrasco.
— Vai devagar... Por favor...
— De quatro! — Ignorou.
Sabendo que não tinha o que discutir, ficou na posição com a água alcançando metade dos seus braços. Sanzu acariciou as suas nádegas e foi roçando os dedos para dentro. De repente, você o sentiu te penetrar e o apertou automaticamente.
— Se você ficar nervosa vai ser pior. — Alertou e foi movendo o dedo indicador. — Tente ficar calma. Vai ser horrível pra mim entrar desse jeito.
Você fechou os olhos, respirou fundo e relaxou o corpo. Fazendo isso, ele conseguiu colocar outro dedo e foi movimentando até enfiar mais um. Os três ficaram te aliviando, te deixando se acostumar para receber o estrago. Quando saíram, rapidamente deram espaço para o pau duro que entrou ainda com uma certa dificuldade. Você apertou os dentes, tentou conter qualquer barulho, mas quando tudo entrou, você gritou e logo tampou a boca com a mão.
A sua face demonstrava dor e lágrimas se formando nos olhos. O Haruchiyo permaneceu quieto e segurou a sua cintura para depois começar a se mexer aos poucos. Você passou a gemer com as estocadas lentas, mas só ficou pior quando ele meteu com força e mais rápido. Desesperada, você se apoiou na borda da jacuzzi.
— Caralho... — Gemeu enquanto te apertava mais forte.
— San... — Você o chamou sem querer, mas ele sorriu demonstrando gostar. Ele puxou o seu cabelo te forçando a inclinar a cabeça para trás e estapeou a sua bunda várias vezes, deixando a tua pele queimar.
— Se continuar me chamando assim, eu terei que fazê-la ser a minha putinha.
A sua pele ficou arrepiada ao ouvir isso e não foi de um jeito ruim. Mil pensamentos percorreram a sua mente e só conseguiu sair desse transe quando levou outro tapa na nádega. Gemeu gostoso ao sentir os dedos de Sanzu alcançarem a sua intimidade. Ao mesmo tempo que era fodida atrás, ele te masturbava na frente. Nunca gozou num sexo anal, mas naquele resto de noite você se deu o privilégio de sentir o orgasmo enquanto tinha uma rola no cu.
— Que putinha gostosa! — Socou com força e na terceira vez, ele gozou. Soltou toda a respiração num gemido rouco e afastou-se.
Você ficou na mesma posição, recuperando o fôlego e as forças nas pernas. O seu íntimo de trás estava inchado e dolorido. Sabia que não iria conseguir sentar-se por um bom tempo. Sanzu se ergueu e jogou a camisinha na lixeira dentro do banheiro. Ele aproveitou e tomou uma ducha. Saiu do cômodo com o cabelo úmido e uma toalha branca enrolada na cintura.
Ter o visto dessa forma aguçou emoções em seu peito e para afastá-las, você desviou o olhar.
— Vá tomar um banho! Eu vou deixar você em casa.
— Eu deveria confiar em te dar o meu endereço? — Ele sorriu.
— Você já deu algo pior do que isso.
— Tudo bem! — Se dirigiu ao banheiro e quando retornou, Sanzu já tinha se vestido. Você fez o mesmo e com tudo pronto ambos seguiram até o estacionamento.
Você se sentou lentamente no banco e ele voltou a rir te deixando constrangida.
— Deveria me pedir desculpas.
— Vai ajudar com alguma coisa? — Não teve respostas. — Me fale o seu endereço!
— Siga para Shibuya! Eu te digo para onde ir quando chegarmos lá.
— Ok! — Ligou o carro e seguiu o caminho através da luz do amanhecer.
○○○
Não teve nada de importante durante o percurso e muito menos depois. O veículo estacionou na frente do seu prédio e você pegou de volta a sua bolsa retirando a chave do apartamento. Não sabia o que dizer após toda essa situação e apenas se despediu com timidez. Sanzu não iria te convidar para outro encontro ou dizer que deseja que ambos possam se ver novamente. Ele te deixou seguir o seu caminho e assim que você atravessou o portão do edifício, ele partiu.
Finalmente no apartamento, você tirou os sapatos e se deitou em sua cama. Estava exausta e precisava dormir o mais rápido possível. Antes de cair no sono profundo, mandou mensagem para a sua amiga que tinha enviado algo na curiosidade de saber como você estava.
" Eu estou bem. Desculpa não ter respondido antes. A noite foi uma correria. "
Alguns minutos depois o celular vibrou.
" Sem problemas! Hoje é sábado. Você vai querer sair? Eu estava pensando em ir a um bar comer e beber alguma coisa com o pessoal. Você vem? "
" Acho que não. Estou muito cansada e vou ir dormir. "
" Como assim? Você não dormiu? "
" Na verdade... Lembra que eu te falei que se caso eu encontrasse aquele cara, eu o agradeceria por ter me salvado? "
" Eu não acredito que você fez isso... "
" Desculpa! Eu precisava falar. Algumas coisas aconteceram pelo caminho e eu o encontrei por acaso. "
" Como foi, então? Ele falou com você? "
" Sim... Ele falou... "
" Terminou por aí, não foi? Você só falou com ele e pronto, não é? "
Você ficou olhando para a mensagem e pensou em não falar a verdade. Sabia que ela iria surtar e ficar irritada.
" Uhum... Terminou por aí. Não vai acontecer de novo... Eu acho. "
○○○
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