Se Harry já chamava a atenção de todos por onde passava desde que entrou em Hogwarts imagina depois de ter se tornado o apanhador mais novo do século e ter pego o pomo de quadribol em seu primeiro jogo contra Sonserina.
O moreno de cabelos rebeldes atraiu mais olhares do que jamais antes depois daquela partida, ele se sentia sufocado com tanta atenção, mas feliz com aquela conquista, o que deixava a inveja de Draco Malfoy mais aflorada e isso significava mais provocações, apesar disso ninguém do grupo se abalava com as tentativas de briguinhas entre o grupinho do Sonserino contra o grupinho da Grifinória além das perseguições de Snape tentando o diminuir.
O mais legal daquela situação era o fato do Natal estar chegando. Hogwarts estava coberta de neve naquele tempo de dezembro, o lago estava congelado e Harry, Fred, Jorge, Gina e Rony levaram uma detenção por terem enfeitiçado bolas de neve fazendo-as seguir Quirrell aonde ele ia e quicarem na parte de trás do seu turbante. As cartas não chegavam com muita frequência pelas corujas que não conseguiam voar atentamente no clima nevado do mês, Harry recebeu apenas algumas cartas da família como de costume, assim como seus amigos.
Como a família de Rony ia viajar a Romênia encontrar Carlinhos Weasley, seu segundo filho, Gina e Rony decidiram passar o Natal em Hogwarts, e como uma tentativa de nova experiência e não deixar os amigos sozinhos, Harry e Neville também decidiram ficar na escola, mas não antes de um leve surto na carta de Lily.
"A querido, estávamos tão ansiosos para você passar o feriado de final de final do ano conosco, tem certeza?" Esse foi um dos trechos preocupados da mãe de Harry, a realidade era que ela não queria passar um Natal longe do filho, mas seguiu o conselho de James para deixar seu filho ter a experiência de passar um Natal com os amigos em Hogwarts, assim como ele já teve, então eles deixaram o garoto ficar lá no feriado.
Quando os grifinórios deixaram as masmorras ao final da aula de Poções, encontraram um grande tronco de pinheiro bloqueando o corredor à frente. Dois pés enormes que apareciam por baixo do tronco e alguém bufando alto denunciou a todos que Hagrid estava por trás dele.
– Oi, Rúbeo, quer ajuda? – perguntou Rony, metendo a cabeça por entre os ramos.
– Não, estou bem, obrigado, Rony.
– Você se importaria de sair do caminho? – Ouviu-se a voz arrastada e seca de Draco atrás deles. – Está tentando ganhar uns trocadinhos, Weasley? Vai ver quer virar guarda-caça quando terminar Hogwarts. A cabana de Rúbeo deve parecer um palácio comparada ao que sua família está acostumada.
Rony avançou para Draco justamente na hora em que Snape subia as escadas.
-Rony, não! –Gina sussurrou tentando alerta-lo de quem estava vindo.
– WEASLEY! Rony largou a frente das vestes de Draco.
– Ele foi provocado, Prof. Snape –Hagrid tentou explicar ao professor, falhando claramente, deixando aparecer por trás da árvore a cara peluda.
– Draco ofendeu a família dele.
– Seja por que for brigar é contra o regulamento de Hogwarts, Hagrid – disse Snape, insinuante e desinteressado em qualquer tipo de explicação.
– Cinco pontos a menos para Grifinória, Weasley, e dê graças a Deus por não ser mais. Agora, vamos andando, todos vocês.
Draco, Crabbe e Goyle passaram pela árvore com brutalidade, espalhando folhas para todo lado com sorrisos nos rostos.
– Eu pego eles – prometeu Rony, rilhando os dentes às costas de Draco –, um dia desses, eu pego ele.
– Odeio todos eles, quem pensam que são para falar assim de sua família ou de qualquer um – disse Harry.
-Não esquenta não Harry, esse tipo de pessoa não aprende –Hermione sibilou.
– Vamos, ânimo, o Natal está aí – disse Hagrid. – Vou lhes dizer o que vamos fazer, venham comigo ver o Salão Principal, está lindo!
Então os cinco grifinórios acompanharam Hagrid e sua árvore até o Salão Principal, onde a Profa. Minerva e o Prof. Flitwick estavam trabalhando na decoração para o Natal.
– Ah, Hagrid, a última árvore... ponha naquele canto ali, por favor.
O salão estava espetacular. Festões de azevinho e visco pendurados a toda a volta das paredes e nada menos que doze enormes árvores de Natal estavam dispostas pelo salão, umas cintilando com cristais de neve, outras iluminadas por centenas de velas.
-Nossa, está lindo –Gina disse observando todo o salão.
-Demais! –Neville concordou.
– Quantos dias ainda faltam até as férias? – Perguntou Hagrid.
– Um – respondeu Hermione. – Ah, isso me lembra: Harry, Rony, Neville e Gina falta meia hora para o almoço, devíamos estar na biblioteca.
– Ih, é mesmo – disse Rony, despregando os olhos do Prof. Flitwick, que fazia sair bolhas azuis da ponta da varinha e as levava para cima dos galhos da árvore que acabara de chegar.
-Já estou quase cansando daquele lugar –Neville sorriu cansado.
-Ah, estudar nas férias? Poxa Mione! –Gina sorriu pra menina.
– Biblioteca? – Espantou-se Hagrid, acompanhando-os para fora da sala. – Na véspera das férias? Não estão estudando demais?
– Ah, não estamos estudando – respondeu Harry, animado e com um sorriso ladino de quem iria aprontar. – Desde que você mencionou o Nicolau Flamel estamos tentando descobrir quem ele é.
-Harry!
– Vocês o quê? – Hagrid parecia chocado. – Ouçam aqui: já disse a vocês, parem com isso. Não é da sua conta o que o cachorro está guardando.
– Só queremos saber quem é Nicolau Flamel, só isso – falou Hermione.
– A não ser que você queira nos dizer e nos poupar o trabalho – acrescentou Gina. – Já devemos ter consultado uns cem livros e não o encontramos em lugar nenhum. Que tal nos dar uma pista? Sei que já li o nome dele em algum lugar.
– Não digo uma palavra – respondeu Hagrid, decidido.
– Então vamos ter que descobrir sozinhos – disse Rony levando concordância de Neville, e saíram depressa para a biblioteca, deixando Hagrid desapontado consigo mesmo.
Harry estava ansioso para descobrir quem era o tal Nicolau Flamel, até mandou uma carta para seu tio Aluado e sua mãe perguntando, mas eles não haviam dito nada, Harry suspeitava que eles tentaram mudar de assunto na carta pelo modo como escreveram, é engraçado como você conhece as pessoas pela sua escrita e isso apenas incentivou mais o garoto a procurar quem era esse cara.
Hermione puxou uma lista de assuntos e títulos que decidira pesquisar enquanto Rony se dirigiu a uma carreira de livros e começou a tirá-los da prateleira aleatoriamente.
-Harry, o que acha da seção reservada? –Gina falou baixo ao menino ao seu lado por estarem numa biblioteca.
-Pode ser uma boa ideia.
Harry vagou até a Seção Reservada. Vinha pensando há algum tempo se Flamel não estaria ali. Infelizmente, o estudante precisava de um bilhete assinado por um professor para consultar qualquer livro reservado e ele sabia que nenhum jamais lhe daria o bilhete por aquele assunto. Eram livros que continham poderosa magia negra jamais ensinada em Hogwarts e somente lida por alunos mais velhos que estudavam no curso avançado de Defesa Contra as Artes das Trevas.
– O que é que você está procurando, menino?
– Nada – disse Harry. Madame Pince, a bibliotecária, apontou-lhe um espanador de penas.
– Então é melhor sair daqui. Vamos, fora!
Desejando ter sido um pouco mais rápido em inventar alguma história, Harry saiu da biblioteca. Ele, Rony, Hermione, Neville e já tinham concordado que era melhor não perguntar a Madame Pince onde poderiam encontrar Flamel. Tinham certeza de que ela saberia informar, mas não podiam arriscar que Snape ouvisse o que andavam tramando. Harry esperou do lado de fora no corredor junto com Gina para saber se os outros dois, Rony e Hermione, tinham encontrado alguma coisa, mas não alimentava muitas esperanças. Afinal estavam procurando havia quinze dias, mas como só tinham breves momentos entre as aulas, não era surpresa que não tivessem achado nada. O que realmente precisavam era de uma longa busca sem Madame Pince bafejar o pescoço deles. Cinco minutos depois, Rony e Hermione se reuniram a ele balançando negativamente a cabeça. E foram almoçar, Neville já tinha desistido e tinha ido mais cedo.
-Conseguiram algo? –Luna apareceu no almoço.
-Ainda não tivemos nenhum sucesso –Neville a disse.
-Estarei tentando ajudar vocês lá de casa, quem sabe mamãe acha algum livro –A loira disse a eles –Tchau pessoal, Feliz Natal! Mandarei abraços se ver seus pais, até depois das férias! –Todos abraçaram a menina e se despediram.
– Vocês vão continuar procurando enquanto eu estiver fora, não vão? – Recomendou Hermione. – E me mandem uma coruja se encontrarem alguma coisa.
– E você poderia perguntar aos seus pais se sabem quem é Flamel – disse Rony. – Não haveria perigo em perguntar a eles. –Ele disse inocentemente.
– Nenhum perigo, os dois são dentistas.
-São o que? –Neville perguntou.
-Cuidam do dente das pessoas! Quem sabe um dia vocês possam ver isso!
-Interessante... –Gina sussurrou.
-Tudo bem, vejo vocês depois das férias, boa sorte na procura!
-Tchau Mione.
As férias haviam começado, Rony, Harry, Neville e Gina estavam se divertindo à beça com Fred e Jorge para se lembrar de Flamel, as férias ficaram mais interessantes quando eles inundaram a entrada do salão comunal da Sonserina com muita neve e quando eles abriram a porta todo o salão ficou coberto com gelo misturado de neve derretida, isso deixou uma carranca em Snape por uns dias e mais ódio ainda dos Sonserinos, os únicos alegres com aquilo foram os causadores da pegadinha que riram muito desde que a realizaram, só não poderiam deixar Hermione ficar sabendo daquilo, muito menos Lily Potter, já James e Sirius mandaram uma carta orgulhosos do ocorrido.
“Oi mini veado!
Estamos tão orgulhosos, rimos muito pela pegadinha, foi um máximo, precisa fazer mais dessas e nos contar! Estou escrevendo pra não correr o risco do furacão ruivo ficar sabendo, mas bom é isso, seu pai ficou animado com isso, até tia Lene ficou feliz, aguarde nossos presentes de Natal! Abraços”
Os quatro Grifinórios tinham o tudo apenas para eles, fizeram até uma festa do pijama na sala da Comunal.
-Eles são fracos! –Gina disse ao moreno quando viu que Rony e Neville estavam em seu décimo quinto sono.
-Demais! Tá com fome?
-Morrendo!
-O que acha de dar um rolezinho até a cozinha? –o pequeno maroto sugeriu.
-Harry, são duas da madrugada! –Ela parou um pouco –Vamos, pega a capa e o mapa!
Os dois foram até a cozinha e pegaram comida suficiente para os dois passarem o resto da noite.
-Quase fomos pegos pelo Filch –Gina riu quando eles chegaram de volta na comunal e se sentaram em frente a lareira colocando as tortinhas de frango em sua frente junto com o suco de abóbora e o bolo de chocolate que pegaram com os elfos.
-Ainda bem que foi quase –Harry sorriu marotamente e num ato súbito passou o dedo no canto dos lábios da ruiva limpando o chocolate do bolo que estava ali.
-Harry, o que você...
-Só estou... limpando o chocolate.
-Obrigada, eu, é, será que vamos conseguir achar algo sobre o tal Flamel?
-É, eu espero que sim, estou esperançoso com isso!
-Amanhã é véspera de Natal
-Sim, é, e seu cabelo está lindo sabia?
-Harry! Estou falando sério! Temos que dormir! E obrigada, pelo elogio...
-É só a verdade, mas precisamos ir dormir mesmo, já é quase de manhã... depois arrumo essas coisas.
-Boa noite, Harry.
-Boa noite, ruiva!
A manhã de Natal finalmente chegou, todos os quatro levaram os presentes até a sala da comunal.
-Feliz Natal! –Harry começou dizendo.
-Feliz Natal!
-Feliz Natal para vocês!
-Feliz Natal meninos!
Harry pegou suas cartas da família para ler.
“Harry, meu amor, Feliz Natal!
Mamãe e papai estão com saudades, além de seus irmãos que pedem por você, mas não pense que não estou feliz por querer ter ficado com seus amigos, isso foi lindo, seu pai está mandando um beijo e abraço e dizendo que te ama! Espero que goste do presente querido, amamos você”
Dentro do pacotinho tinha um pomo de ouro, Harry já o tinha visto em casa, ele era de seu pai desde a época de escola.
-Uau Harry, é o pomo do tio James? –Neville perguntou quando viu a bolinha brilhante voando nas mãos do garoto.
-Sim, ele me deu de presente! Caraca, estou tão feliz! –ele disse pegando a outra cartinha no pequeno monte, enquanto isso seus amigos também estavam lendo cartas e abrindo presentes.
“Oi amor da dinda! Feliz Natal, não vou deixar Sirius invadir minha carta hoje não, mas ele está te desejando um Feliz Natal e bom uso do tal pacote azul, juro que não faço ideia do que é e sinceramente prefiro não ficar sabendo o que é, não saberei mentir para sua mãe, Ste e Ed estão te desejando feliz Natal também! Amamos você e estamos com saudades! Beijos e abraços dos melhores padrinhos”
Ele sabia que no pacotinho azul tinha muitos produtos da Zonko’s para usar com os Sonserinos e se divertir, além de doces deles e uma nova caixinha com adereços para sua vassoura.
“Oi marotinho, como está? Feliz Natal! Sei que não é muito, mas te mandei alguns doces de presente e umas penas novas com um tinteiro! Abraços e saudades!
ps: sua mãe ficará doida se não vier no próximo feriado”
Harry sabia que seu tio e um dos melhores amigos de seus pais não tinha dinheiro suficiente para lhe dar presentes e os pequenos presentes e cartas que ele mandava deixa o garoto mais feliz, até porque o probleminha peludo que ele sofria não o deixava ficar em muitos empregos por muito tempo e por isso o dinheiro não era muito presente em sua vida.
A próxima carta era dos Longbottom:
“Olá querido, espero que esteja tendo um ótimo Natal! Mandamos a você uma lembrancinha, espero que goste! Amamos você, saudades ”
Havia outro pacote, sem nenhum bilhete, mas Harry sabia claramente de quem era, um suéter da Sra. Weasley, como todos os anos e ele sempre adorava. O último pacotinho tinha um pequeno bilhete: “Para o Harry, de Hagrid” e era uma flautinha de madeira com som de coruja, ela adorou o gesto do meio gigante.
– Detesto cor de tijolo – lamentou-se Rony, desanimado enquanto vestia a suéter.
-O meu é vinho, o de Harry é legal –Gina o respondeu.
– Pelo menos você não tem uma letra na sua – comentou Jorge.
– Ela deve pensar que você não esquece o seu nome. Mas nós não somos burros, sabemos que nos chamamos Jred e Forge.
– Que barulheira é essa? -Percy Weasley meteu a cabeça para dentro da porta, com um olhar de censura. Era visível que já desembrulhara metade dos seus presentes porque trazia também um suéter grosso pendurada no braço, que Fred logo agarrou.
– M de monitor! Vista logo, Percy, todos estamos usando as nossas, até Harry e Neville ganharam um.
– Eu... não... quero – disse Percy com a voz embargada, enquanto os gêmeos forçavam a suéter por sua cabeça, entortando seus óculos.
– E você hoje não vai se sentar com os monitores – disse Jorge. – Natal é uma festa da família. -E os dois carregaram Percy para fora do quarto, com os braços presos dos lados pelo suéter.
-As coisas nunca mudam –Gina disse sorrindo quando ficou apenas ela e Harry na sala comunal –Vamos almoçar, estou com fome!
-Gina, espere... tenho uma coisa pra você.
-Harry, eu não posso, não comprei nada pra você!
-Eu não estou esperando nada em troca, juro, abra o pacotinho, por favor!
-Merlim, é simplesmente linda, obrigada! –Dentro do pacote havia uma delicada pulseira de ouro com um pingente de coração.
-Ele brilha mais quando seu coração acelera, como está fazendo agora –ela ficou vermelha como seus cabelos arrancando um sorriso alegre e orgulhoso do moreno –Vem, você queria almoçar, não é? –ele estendeu a mão a ela que pegou alegremente.
O almoço de Natal de Hogwarts foi incrivelmente farto e animado, cem perus gordos assados, montanhas de batatas assadas e cozidas, travessas de salsichas, terrinas de ervilhas passadas na manteiga, molheiras com uva-do-monte em molho espesso e bem temperado e, a pequenos intervalos sobre a mesa, pilhas de bombinhas de bruxo, cheias de brinquedinhos de plástico e chapéus de papel fino. Harry puxou a ponta de uma bombinha de bruxo com Fred e ela não deu apenas um estalinho, ela explodiu com o ruído de um canhão e envolveu-os em uma nuvem de fumaça azul, enquanto caíam de dentro um chapéu de almirante e vários camundongos brancos, vivos. Na mesa principal, Dumbledore tinha trocado o chapéu de bruxo por um toucado florido e ria alegremente de uma piada que o Prof. Flitwick acabara de ler para ele.
Percy quase quebrou os dentes em uma foice de prata que estava escondida em sua fatia. Harry observava o rosto de Hagrid ficar cada vez mais vermelho à medida que pedia mais vinho e acabou beijando a bochecha da Profa. Minerva, a qual, para espanto de Harry e Neville que prestavam atenção, rira e corara, o chapéu de bruxa enviesado na cabeça.
Quando os grifinórios finalmente saíram da mesa, estava levando uma montanha de brinquedos das bombinhas, inclusive uma embalagem de balões luminosos e não explosivos, um kit para cultivar capixingui, a planta símbolo de Hogwarts, e um jogo de xadrez de bruxo. Os camundongos brancos tinham desaparecido e Rony teve a desagradável sensação de que eles iam acabar virando jantar de Natal para Madame Nor-r-ra.
-Tão afim de uma guerrinha de neve? -Gina sugeriu a todos com um sorriso sapeca, digno da ruiva.
-Estamos esperando o que então? -Rony a respondeu levando todos para a área externa do castelo.
-Pronto para detonar o Percy, Jorge?
-Pronto, Fred!
-Vocês vão ver só! -O irmão respondeu, foi uma bela guerra e Harry jamais imaginou que Percy seria forte do modo que foi.
Harry ficou feliz de estar passando aquele Natal com os amigos, mas sentia falta de acordar de manhã e abrir os presentes com os pais e irmãos, jogar xadrez bruxo com o Aluado a tarde e muitos outros passatempos com sua família, mas ele poderia fazer isso nos próximos anos, ele sabia e estava curtindo muito aquele momento.
Depois de lancharem sanduíches de peru, bolinhos, gelatina e bolo de frutas, todos se sentiram demasiado fartos e sonolentos para fazer outra coisa senão sentar e assistir a Percy correr atrás de Fred e Jorge por toda a torre de Grifinória porque eles tinham furtado seu crachá de monitor. Harry se deitou para dormir, mas sentiu uma vontade de estar mais próximo de sua família naquela noite, foi aí que o garoto pensou em sua capa da invisibilidade, presente de aniversário que seu pai o deu aos 11 anos e o mapa do maroto, saindo sorrateiro do salão deixando a Mulher Gorda perdida com a saída de alguém que não aparecia, não que isso nunca tivesse acontecido em sua estadia em frente a porta do Salão da Grifinória.
Ele até então não sabia onde ir, até que o nome de Flamel veio em sua mente e o garoto decidiu ir até a parte reservada da biblioteca. A biblioteca estava escura como breu e muito estranha. Harry acendeu uma luz para enxergar o caminho entre as fileiras de livros. A lâmpada parecia que estava flutuando no ar, e embora Harry sentisse que seu braço a sustentava, aquela visão lhe deu arrepios. A seção reservada era bem no fundo da biblioteca. Saltando com cautela a corda que separava esses livros do resto da biblioteca, ele ergueu a lâmpada para ler os títulos. Eles não lhe informavam muita coisa. Suas letras descascadas e esmaecidas formavam dizeres em línguas que Harry não entendia. Alguns nem sequer tinham título. Um livro tinha uma mancha escura que fazia lembrar horrivelmente de sangue. Os pelos na nuca de Harry ficaram em pé. Talvez fosse imaginação dele, talvez não, mas achou que ouvia um sussurro inaudível vindo dos livros, como se eles soubessem que havia alguém ali que não deveria estar. Precisava começar por alguma parte. Pousando com cuidado a lâmpada no chão, ele procurou na prateleira mais baixa um livro que parecesse interessante. Um grande volume preto e prata chamou sua atenção. Puxou-o com esforço, porque era muito pesado, e equilibrando-o nos joelhos, deixou-o abrir ao acaso. Um grito agudo de coalhar o sangue cortou o silêncio – o livro está gritando! Harry fechou depressa, mas o grito não parou, uma nota alta, contínua, de furar os tímpanos. Ele tropeçou para trás e derrubou a lâmpada, que se apagou na mesma hora. Em pânico, ouviu passos que vinham pelo corredor do lado de fora – enfiando o livro gritador de qualquer jeito no lugar, ele correu para valer. Passou por Filch quase à porta. Os olhos claros e arregalados de Filch atravessaram-no, Harry escorregou por debaixo dos seus braços estendidos e saiu desabalado pelo corredor, os gritos do livro ainda ecoando em seus ouvidos.
-QUEM ESTA AI? -Harry ouviu a voz esganiçada do zelador pelos corredores e logo depois do professor Snape, ele imediatamente abriu o mapa e saiu de fininho pela passagem secreta que estava desenhado no mapa e que ele já tinha passado algumas vezes.
Harry entrou numa sala de aula que nunca tinha entrado para se esconder do zelador e do professor. Na sala tinha um espelho magnífico, da altura do teto, com uma moldura de talha dourada, aprumado sobre dois pés em garra. Havia uma inscrição entalhada no alto: Oãça rocu esme ojesed osamo tso rueso ortso moãn. O menino se aproximou de frente ao espelho teve de levar as mãos à boca para não gritar. Virou-se. Seu coração batia com muito mais fúria do que quando o livro gritara, porque não vira somente a própria imagem no espelho, mas a de uma verdadeira multidão por trás dele. Mas o quarto estava vazio. Respirando muito depressa, ele se virou lentamente para o espelho.
Harry pode ver um homem relativamente alto e muito parecido com ele, mas mais ainda com seu pai e ao lado do homem tinha uma mulher respeitosa e muito bonita, ruiva, ele sabia quem eles eram, seus avós paternos Fleamont e Euphemia Potter, os pais de seu pai, ele nunca chegou a conhecê-los por terem morrido de varíola de dragão antes mesmo de Lily ficar grávida, mais atrás tinha uma mulher muito parecida com sua mãe, ruiva também, Sarah Evans ao lado de David Evans, seus avós maternos que ele também nunca tinha conhecido, além de muitos outros familiares que apareciam atrás de seus avós, Harry não sabia o que estava acontecendo, mas aquilo era bom, ver quem sempre teve vontade e nunca pode, apenas por fotos, e num ato repentino ele se virou para trás novamente e não havia ninguém lá.
Quando Harry voltou a olhar para o espelho ele se assustou mais do que quando viu seus avós. Lá estava a figura de Harry Potter mais velho, mais parecido com James do que jamais antes, ele podia confundir eles se não fosse pela imagem de uma ruiva com sardas que ele bem conhecia, o que mudava era que ela estava mais velha com seus 30 e poucos anos pelo menos de aparência, mas não deixava de estar perfeita, o que mais chocava eram três crianças que estavam ao seu lado, dois meninos e uma menina, uma mistura dos dois mais velhos, Harry nem sabia o que estava sentindo nem o que era aquilo, o espelho mostrava as pessoas mortas? Não podia ser porque ali ele poderia estar vendo o futuro, ele não sabia o que estava acontecendo, e tudo ficou mais estranho ainda quando a imagem mudou novamente. Ele via o mundo bruxo, vários relances de lugares do mundo bruxo, sangues puros, mestiços e nascidos trouxas andavam livremente e conviviam perfeitamente bem todos juntos sem nenhum sinal de preconceito ou brigas por motivos de sangue ou superioridade.
Aquele era um dos dias mais estranhos da vida de Harry, que espelho era aquele e o que tava querendo mostrar? Ele pegou a capa e voltou correndo ao salão comunal, acordando Rony e Neville correndo e os levando até a sala em que o espelho estava, ele não poderia esperar o outro dia e não conseguiria dormir sem contar pra alguém daquilo.
-Harry, mas o que você está fazendo?
-Estou com sono...
-O que você vê Ron? -O Potter insistiu ao melhor amigo para responder.
– Está vendo? – Neville cochichou.
– Não consigo ver nada. Só consigo ver você.
– Olhe direito, vamos, fique aqui onde eu estou. -Harry deu um passo para o lado, mas com Rony diante do espelho, não conseguiu mais ver sua família, apenas Rony com o seu pijama de lã escocesa. Rony, porém, estava mirando a própria imagem, petrificado.
– Olhe só para mim! – exclamou.
– Você está vendo toda a sua família à sua volta, ou sei lá, gente que morreu? O futuro, talvez?
– Não, estou sozinho, mas estou diferente... pareço mais velho, e sou chefe dos monitores.
– O quê? -Neville perguntou com uma voz sonolenta, mas curioso com a nova descoberta.
– Estou... estou usando um crachá igual ao do Gui... e estou segurando a taça das casas e a taça de quadribol, sou capitão do time de quadribol também!
-Eu quero ver! Uau, aquele é meu avô? Mas ele morreu!
-Pelo menos não sou só eu que vi gente morta -Harry revirou os olhos e não terminou a frase.
-Espere, eu sou professor em Hogwarts, e eu estou casado -A última parte ninguém ouviu pelo garoto ter falado mais para dentro do que jamais antes.
-Que espelho estranho, gente morta, futuro, o que será que é que ele mostra? -Rony perguntou confuso -Não conte a Gina sobre isso, ela vai ficar doida e não vai querer sair daqui.
Todos eles voltaram ao dormitório e foram direto pra cama, e Harry começou a pensar em tudo o que viu no espelho, especialmente a parte em que se viu casado e com filhos com a menina que ele gosta, era muita coisa pra digerir e ainda por cima não podia contar a ela, ele precisava ver tudo aquilo novamente, mesmo sem saber como aquele espelho funcionava e se o que ele realmente estava vendo era verdade.
– Quer jogar xadrez, Harry? – convidou Rony.
– Não.
– Por que não descemos para visitar Rúbeo? -Neville sugeriu.
– Não... vão vocês...
– Sei o que é que você está pensando, Harry, naquele espelho. Não volte lá hoje à noite.
– Por que não?
– Não sei, estou com uma intuição ruim, e de qualquer forma você já escapou por um triz muitas vezes, demais. Filch, Snape e Madame Nor-r-ra estão andando por lá. E daí se eles não conseguem ver você? E se esbarrarem em você? E se você derrubar alguma coisa?
– Você está falando igual à Hermione.
– Estou falando sério, Harry, não vai não.
-Não vai onde? -Gina chegou o perguntando.
-Ah, lugar nenhum.
Mas Harry só tinha um pensamento na cabeça, voltar para a frente do espelho, e nem Rony nem Neville iriam detê-lo.
Na terceira noite em que Harry foi visitar o espelho para ver novamente o que queria, ele teve uma surpresa que jamais esperava encontrar naquela sala.
– Então, outra vez aqui, Harry?
Harry sentiu como se suas tripas tivessem congelado, quase quando sua mãe pegava ele e seus irmãos fazendo algo que não devia ou encontrava eles indo pra cozinha de madrugada. Ele olhou para trás. Sentado em uma das mesas junto à parede estava ninguém menos que Alvo Dumbledore. Harry devia ter passado direto por ele; tão desesperado estava para chegar ao espelho, que nem reparara.
– Eu... eu não vi o senhor.
– É estranho como você pode ficar míope quando está invisível – disse Dumbledore, e Harry sentiu alívio ao ver que ele sorria vendo o seu lado piadista.
“Então”, continuou Dumbledore, escorregando da cadeira até o chão para se sentar ao lado de Harry, “você, como centenas antes de você, descobriu os prazeres do Espelho de Ojesed.”
– Eu não sabia que se chamava assim, professor.
– Mas espero que a essa altura você já tenha percebido o que ele faz?
– Bom... me mostra a minha família, algo parecido com meu futuro -ele omitiu algumas partes
– E mostrou o seu amigo Rony como chefe dos monitores e Neville como professor.
– Como é que o senhor soube?
– Eu não preciso de uma capa para me tornar invisível – disse Dumbledore com brandura, Harry ficou confuso.
– Agora, você é capaz de concluir o que é que o Espelho de Ojesed mostra a nós todos? -Harry sacudiu negativamente a cabeça. – Deixe-me explicar. O homem mais feliz do mundo poderia usar o Espelho de Ojesed como um espelho normal, ou seja, ele olharia e se veria exatamente como é. Isso o ajuda a pensar?
– Ele nos mostra o que desejamos... seja o que for que desejemos...
– Sim e não – disse Dumbledore. – Mostra-nos nada mais nem menos do que o desejo mais íntimo, mais desesperado de nossos corações. Você, que nunca conheceu sua família que não fosse seus pais, a vê de pé à sua volta. Ronald Weasley, que sempre teve os irmãos a lhe fazerem sombra, vê-se sozinho, melhor que todos os irmãos, Neville Longbottom que se sente inferior as outras pessoas se vê ensinando a todos. Porém, o espelho não nos dá nem o conhecimento nem a verdade. Já houve homens que definharam diante dele, fascinados pelo que viram, ou enlouqueceram sem saber se o que o espelho mostrava era real ou sequer possível.
Aquela conversa estava sendo muito esclarecedora para o garoto mas ao mesmo tempo estranha.
-O espelho vai ser levado para uma nova casa amanhã, Harry, e peço que você não volte a procurá-lo. Se algum dia o encontrar, estará preparado. Não faz bem viver sonhando e se esquecer de viver, lembre-se. E agora, por que você não põe essa capa admirável outra vez e vai dormir? -Harry se levantou.
– Senhor, Prof. Dumbledore? Posso lhe perguntar uma coisa?
– Obviamente você acabou de me perguntar – sorriu Dumbledore. – Mas pode me perguntar mais uma coisa.
– O que é que o senhor vê quando se olha no espelho? -assim que ele terminou a pergunta pensou seriamente que não a deveria ter sido feita.
– Eu? Eu me vejo segurando um par de grossas meias de lã. -Harry arregalou os olhos, internamente sabia que não era verdade e que havia feito uma pergunta muito íntima.
– As meias nunca são suficientes. Mais um Natal chegou e passou e não ganhei nem um par. As pessoas insistem em me dar livros. -Eles riram.
Harry foi dormir pensando seriamente em seus desejos e por um momento queria que o espelho mostrasse o futuro de verdade, e ele realmente esperava que aquilo um dia acontecesse.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.