Obanai estava na arquibancada do ginásio lendo alguma coisa, porém não conseguia ler porque seus olhos eram atraídos por uma certa garota de cabelos trançados e jogando vôlei junto com seus colegas e o professor Tengen. Era estranho ver que o mesmo cara que tinha o adotado era seu professor e agora estava ali praticando esporte. Mais bizarro que isso era o fato do próprio ter três namoradas e nenhuma delas reclamar, além de o tratar como alguém da família sempre que faziam um jantar ou almoço em família a cada final de semana.
"Falando nisso, será que eu devia convidá-la para ir almoçar? Não, eu acho melhor não porque ela pode rejeitar e…" Pensava ele até que Mitsuri foi ao seu encontro acompanhado de Tengen.
Ambos estavam suados e cansados, e como o Obanai estava responsável pela caixa térmica do Uzui que tinha todo tipo de bebida gelada, eles foram até lá.
— Obanai! Meu grande amigo e filho! Como sua amiga foi lá em casa uma vez, tomei a liberdade de convidá-la para ir no evento da família no final de semana. — Dizia todo alegre.
— Claro, porque… Espera, O que?
— E eu aceitei Iguro-san! Vai ser ótimo conhecer toda a sua família! — Dizia ela alegre.
— T-Tá, mas isso foi hoje?
— Claro. Você pode buscá-la amanhã, ela pode dormir lá em casa, e como são amigos e você não tem intenções fora disso e é amigável, acho que os pais dela deixariam.
—… — Obanai estava igual a um PC com a temível Tela Azul. Era muita coisa para processar.
— Obanai? Alô! Tem alguém aí? Vish, deu pane no sistema de novo.
— E agora? — Perguntou a garota preocupada.
— Isso! — Disse jogando água na cara do garoto que acordou do pane. — Irônico que funciona com ele e não com eletrônicos. Deve ser alguma coisa que os computadores tem.
— Uma placa-mãe quem sabe. — Dizia Obanai relativamente envergonhado e nervoso.
— Talvez. Enfim, vou ir lá encerrar a aula e você estarão liberados pra ir embora já que é a primeira semana e os horários não estão tão definidos.
— Vai pela sombra.
— Até Tengen-sensei!
Enquanto ele se afastava, Iguro secava o seu rosto com o seu casaco. Tengen era uma pessoa legal, as vezes exibido, muito emotivo e gostava de sacanear o Obanai quando podia, e o mesmo devolvia as sacanices. O próprio Uzui até se chamava de "O Ninja Sacana" por sempre sacanear seus amigos mais próximos, mas de forma leve claro, e saber ninjutsu.
— Ele sempre faz isso. — Dizia Iguro.
— Eu acho ele legal, apesar de ser meio exibido. — Dizia Mitsuri com um sorriso no rosto.
— Isso porque não viu ele arrumado pra algum evento. O orgulho dele fica maior que ele.
— Isso é possível?
— Como ele diz: "Para pessoas fabulosas, nada é impossível. Para os extravagantes, limites são inexistentes". Eu já avisei pra ele, inclusive, parar de ler filosofia.
— E ele lê filosofia?
— Por incrível que pareça… Sim. Fui arrumar o quarto dele e tinha a coleção completa da "República" de Platão e outros livros de filosofia.
— Nossa… O Uzui-Sensei me surpreendeu agora. Bom, eu vou indo nessa, então.
— Ah, Mitsuri…
— O que?
— B-Bem… Já q-que o Tengen te c-convidou pra ir lá em c-casa… Do q-que você mais gostaria no jantar ou almoço? — Perguntou um pouco nervoso.
— Bom, eu gosto de quase tudo. Mas um prato sempre me atraiu: Ensopado. É algo que eu adoro e sempre faço de todo o tipo. — Disse ela na maior alegria.
— T-Tá bem então. Nos vemos amanhã então.
— Até Iguro-san!
Enquanto ela se despedia, Obanai apenas pensava no que precisaria pra fazer o melhor ensopado da história.
"Pelo visto, vou ter que virar um Erick Jacan pra fazer isso… Tomara que tenha alguma coisa no canal do Mestre Chefe." Pensava ele.
[…]
Enquanto tudo isso ocorria, Kanao esperava por Tanjiro e seu grupo para irem embora. Com a permissão de suas irmãs, ela dormiria na casa dos Kamado essa noite e voltaria no dia seguinte de manhã, apesar da sugestão de Kanae de poder ficar no sábado inteiro também. Ela era cuidadosa e não queria ter problemas, além de que ela se preocupava com Shinobu desde o dia que ela passou mau e não tinha ninguém pra ajudar ela, exceto o vizinho Tomioka. Ela saiu de seus devaneios ao ouvir a voz do nada escandaloso Inosuke que mais uma vez brigava com Tanjiro que carregava Zenitsu nas costas, já que ele tinha desmaiado após uma acalorada discussão com Hashibira sobre quem ganharia: Itachi Uchiha ou Nagato/Pain. Obviamente, o Inosuke achava que o Nagato ganhava fácil, enquanto o Zenitsu achava o contrário com o Itachi.
Enfim, após saírem da escola e se despedirem de Makomo e Aoi, as quais moravam juntas por um acaso misterioso do destino (totalmente misterioso e sem interferência de alguém) junto com Sabito, Kanao voltava com seus novos amigos enquanto achava graça da cena, onde Inosuke e Tanjiro ficavam discutindo.
— Eu ainda te supero idiota! — Dizia Inosuke.
— Eu tenho nome Inosuke! — Respondia Tanjiro. — Tanjiro Kamado!
— Tá bom, oh Pândero Tombado! Ainda sim eu te supero!
— Mas quem diacho é esse?!
— É você, claro!
— Não sou não!
— É sim!
— Não sou não!
— É sim!
A discussão acabou caindo pra um grau digno de criança e Kanao acabou rindo e liberando um sorriso tímido.
— Ah! Dá pra parar bando de tapado! Eu quero dormir caramba! — Irrompeu Zenitsu. — Caramba… Oh Povo pra berrar, ja pode me soltar Tanjiro, eu me viro pra chegar em casa, e manda um abraço pra Nezuko e um beijo também.
— O que disse? — Perguntou com um olhar assustador.
— Sou amigo dela och. Não posso nem desejar coisa boa?
— Tá, tá, eu faço isso. Não exagere Zenitsu. Até outro dia.
— Até.
Após se despedirem do loiro e, mais tarde, do Inosuke, os dois caminhavam até que Kanao rompeu outra de suas barreiras: começou uma conversa.
— Por que você se preocupa tanto com a Nezuko? Ela algum dia vai gostar de alguém não acha? — Perguntou de forma tímida e polida.
— Eu sei… Mas eu não quero que ela passe pelo mesmo problema que acontece com outros casais: a decepção. Ver a minha irmã triste é algo que me deixa bem ruim também.
— Isso até me lembra de um dos vídeos da Onee-san, com um garoto emo Dizendo: "Eu vou chorar de novo". — Disse ela tentando melhorar um pouco o clima. O garoto sorriu de forma tímida por ter entendido a referência.
— Pois é… É quase isso, mas é a vida. A gente vê coisas assim e faz algo que começa com S. O famoso: Su-Segue em frente.
— Você e a Onee-san adoram esses vídeos pelo visto. — Dizia ela com um sorriso.
— Eles são ótimos com redublagens. Inclusive, eu só fui assistir anime por causa disso, e outros motivos. Enfim, mas diga você Kanao, você assiste esse conteúdo também?
— B-Bem… Nem tanto. Eu só conheço porque a Onee-san vive assistindo isso e vive falando os bordões do canal. Normalmente eu fico lendo algo, como as histórias da Kanae-onee-san. — Disse ela um pouco tímida.
— Sério? Eu costumo ler também, mas de vez em quando graças a Nezuko. Foi graças a ela que eu comecei a gostar de romance e escrever poesia. — Dizia ele com um tom alegre que encantava a garota.
— Poesia?
— Sim. Anos de fundamental me fizeram gostar de poesia. Eu já escrevi algumas e a Nezuko já sugeriu até que eu fizesse poesia acústica.
— Sério? Pode me mostrar alguma hora? — Disse ela inconscientemente e ansiosa. O garoto ficou um pouco vermelho e levou a mão até a nuca.
— B-Bom, eu posso te mostrar quando chegar em casa.
— Está bem… Estou ansiosa.
[…]
Enquanto ia pra casa junto com Shinobu, Tomioka notou o comportamento estranho de Shinobu.
— Kochou… Você está bem?
— Estou, por quê? — Respondeu prontamente com um sorriso.
— Kochou… Eu não sou burro. Você tá quieta pelo que aconteceu hoje, não foi?
— B-Bem…
— Tá, passe lá em casa então se isso te fizer acreditar que eu não vou contar seu segredo.
— Sério? Digo, tá bom então.
"Tem alguma coisa errada. Essa garota ficar quieta não é normal. Espera, por que raios eu tô preocupado com ela? Ela me chutou pra fora da cama depois de pedir pra ficar com ela! Mas… Maldição, o que é isso? Não! É algum princípio de ataque, pois se for algum sentimento… Estou lascado." Pensava ele até que sentiu as cutucadas de Shinobu.
— Tomioka-san. Você tá aí?
— S-Sim, o que houve?
— Eu queria te perguntar: por que você disse aquilo? Disse que eu sou linda e passaria as tardes comigo assistindo anime? — Perguntou de forma tímida. Ela não estava bem, parecia um caso de emergência.
— B-Bem… Eu acho que é porque é uma verdade. Você pode pensar que eu te odeio, mas não é isso, eu até gosto de você e etc, apesar dos incômodos diários, no entanto eu te convidaria pra assistir algo se quisesse, claro se você gostasse, doravante quem sabe maratonas algum anime lá em casa, ou melhor dizendo…
Shinobu observava a nova face do Tomioka: nervosismo. Ela sorriu e depois deu uma risadinha por achar aquela cena cômica, e Tomioka notou isso, parando de falar e com um sorriso muito pequeno, o que Shinobu também viu.
— Bom, se você não achar problema, a gente poderia assistir algo hoje. — Sugeriu ela.
— Bom, eu devo ter algo no meu serviço de streaming, mas eu não sei se você gosta de romance.
— Depende...
— Bom, o que acha de assistirmos "Kimi no na Wa"?
— Sério? É o meu favorito! Digo, é pode ser... — Disse ela se recompondo para não se mostrar totalmente.
Ela ainda tinha que focar no seu plano de devolver o "favor" de amanhecer com ele ao seu lado. Falando nisso, ela começava a pensar nisso, se sua atitude foi certa e se a atitude dele foi errada, e por um momento até achou fofo vê-lo dormir ao seu lado. No ápice de seus devaneios, imaginou acordar com ele sempre ao seu lado como se fosse seu namorado ou seu esposo, mas isso a fez ficar vermelha na hora e tentar esquecer isso, mas já era tarde: a cena ficou na sua cabeça.
"Raios! Tomioka-san, o que você fez comigo? Será que… Ah, não… Eu estou começando a gostar de você? E não passou nem uma semana. Mas que porcaria! Não! É algum princípio de infarto ou algo assim, tudo menos amor. Céus que não seja." Pensava ela.
Ao chegarem no andar e no apartamento, ela foi direto ao seu apartamento para se trocar e tomar um banho, enquanto Tomioka iria preparar a sala, mas para sua tristeza, havia alguém com cabelos da cor de um pêssego na sala e o esperando com um casaco de design com cubos verdes e amarelos.
— Sabito! Como entrou aqui?
— Eu tenho chave. Aliás, eu tava com tédio e resolvi te ver.
— Tá, tem mais alguma coisa pra falar? Eu quero arrumar as coisas por aqui porque eu… — Ele parou de falar, pois se contasse que Shinobu iria para lá, Sabito imaginaria 1001 situações, e a maioria delas envolvia um único destino: a formação de um casal. Não querendo ser sacaneado pelo meio-irmão, ele tratou logo de completar sua frase. — Porque eu vou maratonar série hoje.
— Tu assiste? E vai ser qual? Peaky Blinders?
— Quem assiste isso é o Tokisada. O cara anda que nem eles.
— O Tokisada Arima? Nossa.
— Conhece ele?
— Ele que me ajudou a conseguir um emprego próximo da Academia, inclusive queria te avisar que consegui me transferir pra sua escola e agora você vai me aturar.
— Oh beleza, só falta cair na minha sala.
— Na sala das Irmãs Kochou especialmente.
— Taquiopa…
— Olha o palavreado! Sabe que eu odeio palavreado.
— Tá, tá. Eu tenho coisa pra fazer, você veio pra conversar ou vai dormir aqui?
— Eu pretendia dormir aqui, mas alguém tem que vigiar a Makomo e a Aoi. Por algum acaso misterioso do destino, elas moram comigo e como eu sou o responsável...
— Então vai cuidar delas rápido, pois eu acho que vi o Inosuke indo junto com elas.
— Ah, tá… Pera, o que? O garoto javali? PUUTS! Lascou se eles descobrirem a Série que eu tô assistindo.
— E qual seria?
— Game of Thrones.
— Merece até a tela cinza, a faixa preta e o letreiro vermelho do GTA porque você se ferrou.
— Aí tu me quebra né Tapioca. Enfim, falou! — Disse o garoto saindo rapidamente do apartamento e Tomioka respirou em paz após fechar a porta.
— Astá Lá vista baby. Agora vamos a vaca fria.
Do outro lado, Shinobu tomava um banho quente e ainda estava pensando no que o Tomioka havia dito. Ele elogiá-la era inesperado, isso a deixava pensativa, e quando saiu do banho, contemplou-se no espelho do banheiro e pensou seriamente.
— Será que... Ele me acha mesmo linda? — Murmurou.
Ela saiu e pensou no que usaria até que escolheu um vestido bonito azul, o que era bem estranho já que ela não iria sair se não fosse visitar o vizinho. Para sua tristeza, um trovão rompeu os céus e ela imaginou novamente um temporal. Ela colocou o vestido, foi para frente do espelho de seu quarto e se via. Apesar de não ter uma auto-estima tão grande ao ponto de se gabar, ela se achava até uma garota bonita embora não fosse como as outras que sempre via na academia, e foi quando tomou uma decisão no mínimo inusitada: deixou a a sua presilha em casa.
Em poucos minutos, bateu na porta do seu vizinho e sua noite logo iria começar.
"Siga o plano! Não se desespere ou esqueça! Segue o plano! E tudo vai dar certo... Ou será que não…" Pensava ela até que ele atendeu.
[…]
Ao chegar na casa do Tanjiro, Kanao logo se surpreendeu com a família e as crianças que iam até o garoto lhe abraçar. A felicidade daquela família era algo lindo e fofo de se ver.
— Ah, Kanao estes são meus irmãos Takeo, Shigeru e Rokuta. E essa pequena é minha outra irmã Hanako. — Apresentou Tanjiro. As crianças cumprimentaram a garota e a abraçaram. Ela não reclamou, pelo contrário devolveu o abraço, pois as crianças eram uma graça e exalavam fofura.
— Boa tarde meu filho. — Dizia a Mãe do Garoto que usava um pano nos cabelos presos. O rosto dela era de ternura e beleza dignas de uma mãe.
— Ah, e essa é minha mãe, Kie. Mãe, essa é Kanao Kochou, eu convidei ela pra dormir aqui se não for um incômodo.
— Oh, claro que não. Fique a vontade. E crianças, se comportem e tratem bem a Kanao-chan, agora vão lá brincar. — Dizia ela com um tom terno e adorável, digno de mãe. As crianças obedeceram e foram para o quintal de trás.
— Vai querer algum ajuda mãe? — Perguntou Tanjiro.
— Se puder arrumar as camas do seus irmãos…
— Está bem, vem Kanao. Vamos lá, aproveito e te mostro o lugar lá encima.
Ela assentiu e foram lá pra cima. A atmosfera da casa dos Kamado era agradável e feliz, algo que Kanao não costumava ver, pois ela tinha pouco contato com seus pais e suas irmãs quase sempre estavam ocupadas. Ao chegar num dos quartos, ela viu algumas camas desorganizadas, algum brinquedos espalhados e, por impulso, foi ajudar Tanjiro que, ao vê-la fazendo aquilo com tanto afinco, não reclamou. Em pouco tempo, haviam arrumado o quarto e foram para o próprio quarto do garoto. Nezuko estava lá lendo o caderno de poesias do irmão.
— Ora ora Tanjiro, evoluiu muito nas poesias heim. — Dizia Nezuko. — Oi Kanao!
— Oi Nezuko. Por que não foi a aula hoje?
— Eu acordei tarde. — Disse com um sorrisinho maroto.
— Como sempre não é Nezuko? — Disse o irmão. — Mas enfim, Kanao pode te dar a matéria e você pode passar a limpo hoje.
— Eeeh?? Mas hoje??
— Nunca deixe pra amanhã o que pode fazer hoje.
— Tá bom.
— Bom, só um instante. — Dizia enquanto tirava os cadernos da bolsa. — Aqui Nezuko.
— Obrigado Kanao-chan. Cuida do meu maninho enquanto eu tô ocupada?
— Claro. — Disse com um sorriso fofo que encantou Tanjiro.
Após ficarem a sós, Tanjiro tratou logo de organizar seu quarto enquanto Kanao lia algumas poesias que ele tinha escrito até que viu o violão do garoto perto do guarda-roupa.
— T-Tanjiro… Você poderia recitar uma dessas poesias? — Pergunto um pouco tímida e nervosa.
— C-Claro, só um instante. — Disse ele indo pegar o instrumento.
Quando voltou, os dois estava sentados na cama, Tanjiro ajeitava algumas cordas e pediu alguma poesia que ela gostasse, e Kanao logo deu a que mais gostou: Flores-Borboleta.
— Vejamos... — Dizia enquanto lia as notas.
"Mas eu sei que ela é bela
Que vive a vida como a chama de uma vela
Vivendo por um fio,
Mas sempre crescendo tão formosa
Belíssima e sempre ouvindo dos pássaros um pio
Assim como as rosas, elas são explendorosas
E como um beija-flor, eu voei com essas letras
Até conhecer esses belas Flores e Borboletas.
Essas Flores-Borboletas.
Andando de um lado a outro
Viajando de um canto a noutro
Eu te conto o que eu vi
Um pequeno bem-te-vi
Pousando sobre uma flor
Mas não era qualquer uma e não tinha qualquer cor
Ela era pequena e linda
Assim como a sua jardineira
Eu traria as duas comigo na minha vinda
Construindo assim o nosso jardim
Sem ser na beira da estrada vida
Para construir um futuro lindo assim
Um futuro lindo como essas flores e borboletas
Essas flores-borboletas.
E assim como a jardineira de flores
Ela era perfeita e eu a protegeria de todas as dores
Com ela eu estaria até o fim
Fazendo nosos futuro assim…
Lindo como essas flores e borboletas
Essas flores-borboletas."
Ao terminar, Kanao se emocionou com a canção. Uma pequena lágrima escorreu e ela, pela primeira vez, sentiu algo que não tinha há muito tempo desde aquele dia: Ela ficou emocionada e guardaria até o fim aquela canção no seu coração...
[…]
Ao chegar na casa de Tomioka, Shinobu logo viu um lugar quieto, calmo, e até confortável. Ela se perguntava se havia mais alguém por causa das fotos de um garoto de olhos azuis sorridente junto com seus pais e uma outra garota.
— Quem é ela?
Tomioka viu a sua barragem emocional prestes a se romper, e por tanto guardar suas mágoas, ele contou logo.
— É minha irmã… Tsutako… — Respondeu cabisbaixo e indo até o balcão que separava a cozinha da sala. — Desde que ficamos órfãos, ela tomou boa parte das responsabilidades da família e trabalha arduamente todo dia. Eu sempre me pergunto porque eu sou tão inútil e não posso ajudá-la. Eu sinto que a vida dela está indo a cada dia e…
Tomioka parou de falar no mesmo instante, mas não porque estava contando seus problemas pra uma garota que vivia lhe atormentando e havia lhe chutado pra fora da cama, e sim porque essa mesma garota estava o abraçando por trás. Ela não havia sentido as mesmas dores que ele, mas sabia que piadas tinham limites, e zoar aquele garoto naquele momento era insensatez e babaquice. Todavia, o abraço foi de forma quase que inconsciente e ela sentia que precisava dar-lhe algo que ele precisava: compaixão.
Ela o soltou e logo foram para o sofá assistir o filme. Apesar de ser de romance, terem pipoca e algo pra beber, eles ficaram em silêncio até que Shinobu o quebrou.
— Me desculpa... — Ela Murmurou. — Tomioka-san… Eu nunca senti o que você sentiu, mas eu sinto algo toda a noite quando lembro que meus pais vivem viajando: eu sinto medo. Medo de perdê-los, também sinto medo de perder a minha irmã algum dia. Eu já tive um ou outro pesadelo com ela tendo um fim trágico, mas… Eu não sei…
Ela ia começar a chorar até que o rapaz a abraçou. Ao contrário daquele dia, ela não ficou irritada e apenas aproveitou o abraço para desabafar os seus maiores temores e medos através de lágrimas. Apesar de se conhecerem a pouco tempo, Tomioka sentia no fundo de seu coração que podia confiar nela, e Shinobu sentia o mesmo. A reciprocidade entre os dois era confirmada. Depois de algum tempo, eles ainda continuaram abraçados, mas voltaram a assistir o filme que estava chegando perto da metade até que Tomioka disse algo.
— Shinobu… Eu não sei se você sente o mesmo, mas… Eu sinto que você é a única pessoa, depois de Tsutako, em quem eu possa confiar.
— Eu digo o mesmo Giyuu-san… Apesar de nos conhecermos a quase uma semana, eu sinto que você é a única pessoa com quem eu poderia ser eu mesma sem ser julgada.
— E você pode. Shinobu… Apesar das brincadeiras e discussões, somos amigos no final das contas e a confiança é algo que temos em comum.
— Giyuu-san… — Murmurou ela enquanto olhava para o rapaz que mostrou um sorriso pequeno e perceptível pela garota que estava próxima dele.
Eles intensificaram o abraço e aproveitaram o filme enquanto um temporal se formava.
"Talvez o plano seja algo estúpido… Ou não… Só sei que ele me ajudou a conhecer o verdadeiro Giyuu-san…" Pensava ela.
Naquele dia, Giyuu Tomioka e Shinobu Kochou descobriram um no outro, mesmo com as discussões e farpas, algo que construíram em pouco tempo: Confiança e uma amizade.
[…]
Obanai estava em casa assistindo Discovery Channel (como toda pessoa normal assistiria) esperando o horário para o seu programa favorito "Mestre Chefe: Tensão na Cozinha" até que sua campainha tocou. Kaburumaru estava em volta de seu pescoço e apoiada nos seus ombros, como sempre fazia ao ver o seu amigo humano chegar em casa e para passar as tardes com ele, e não se assustou com a visita inesperada de Mitsuri que logo abraçou Obanai que ficou corado. Como todo bom amigo, a serpente sussurrou algo no ouvido de seu amigo que ficou vermelho na hora.
— Não exagera Kaburumaru! — Sussurrou muito baixo para a serpente.
— Iguro-san! Eu pedi para os meus pais para vir mais cedo.
— Eu notei. Eles vem te buscar?
— Só no domingo. E o meu pai quer te conhecer.
— "Agora ferrou." — Pensou ele. — Ah, isso é ótimo… Vem, vamos entrar. Eu ia começar a fazer o almoço agora. O Tengen saiu logo cedo. — Disse ele dando espaço pra entrada.
— Pra onde ele iria?
— Academia para Malhar. Como ele sempre diz toda manhã de sábado pra me avisar as 5:35 da manhã: "Malhar pra ficar mais fabuloso para meus amores!".
Mitsuri logo riu do comentário. Era engraçado imaginar o Tengen acordando o Iguro de madrugada e o próprio com uma cara de urso que acordou durante o inverno. Após fecharem a porta, Mitsuri deixou sua bolsa encima do sofá a pedido de Obanai e os dois foram pra cozinha. Como um gato atrás de atenção, a serpente albina foi até os ombros da garota e passou por trás de sua nuca para se acomodar, e como Mitsuri não tinha nada contra ela, começou a acariciá-la com o indicador. Parecia que ela estava gostando..
— Aahhh, é tão bonitinha. — Comentou enquanto se sentava na grande mesa.
— Bom, ela gosta de visitas, especialmente de você. — Disse Iguro enquanto ligava o pequeno tablet no suporte parafusado na parede.
Ele gostava de ouvir alguma coisa enquanto fazia suas tarefas, e como estava na hora do Mestre Chefe, ligou logo na transmissão do YouTube. Para sua sorte, o Erick Jacan estava lá entre os jurados de novo e então começou a procurar algo no seu livro de receitas até que encontrou um ensopado simples, mas ao mesmo tempo muito gostoso se feito com cuidado.
— Bom, vamos lá.
— Iguro-san, me diga: como é viver com o Tengen? — Perguntou Mitsuri.
— Ah, é uma longa história. — Disse ele pegando os ingredientes e talheres. — Depois que ele me adotou, ele basicamente virou meu amigo, meu pai e meu professor. Até mesmo quando eu sofria bullying quando estava no fundamental, ele que me protegia quando podia e durante os intervalos era meu único amigo. Apesar dele ser meio idiota e chato, eu gosto dele por ter me ajudado e ser o meu pilar de esperança quando eu não tinha nenhuma.
As palavras do rapaz tocaram a moça de tal forma que um lágrima escorreu. Ela se compadeceu do garoto antes, agora se emocionava com a história de vida dele e pensava seriamente no quão feliz ele deveria ter ficado ao saber que tinha 3 pessoas em 1 dentro e fora de casa.
— Isso é… Tão lindo! — Disse ela.
— Esses acontecimentos me trouxeram algo importante, uma pequena parte da minha vida que havia de perdido em meio a tristeza, e você também me ajudou Mitsuri, o Kaburumaru também. O que vocês fizeram por mim, foi algo sem igual. Essa parte da minha vida, essa pequena parte… É o que se chama de Felicidade.
A garoto logo chorou um rio por saber que ajudou um garoto necessitado com poucas atitudes, mesmo quando se achava uma desastrada. Até mesmo a serpente liberou uma pequena lágrima.
— Eu fico até lisonjeada e emocionada Iguro-san. — Disse ela limpando as lágrimas. — Mesmo eu sendo uma desastrada.
— Por que você acha isso? — Disse ele virando os ingredientes cortados na panela e a tampando em seguida. Depois, ele foi lavar os utensílios e a tábua usada.
— Eu não sei. Antigamente, eu também era alvo de bullying por causa do meu cabelo e até odiava ele, mas isso piorou quando eu descobri minha força e isso acabou comigo. Mas eu conheci a Kanae e suas irmãs, e elas me ajudaram a sair do poço sem fundo de onde eu tava. Mesmo com meus pais me apoiando sempre, eles estavam também ocupados com o trabalho, eu estava numa corda bamba e a qualquer momento podia cair. Eu acho que você também me ajudou um pouco Iguro-san.
O garoto se surpreendeu e ficou curioso.
— P-Por quê?
— Porque, uma vez, um garoto me zoou e foi durante muito tempo que todos os garotos me zoavam ou mesmo ficavam longe por medo da minha força. Os poucos que se aproximavam queriam algo a mais se é que me entende, mas eu tinha esperança de encontrar o verdadeiro amor algum dia e um garoto que me tratasse como alguém normal, sem segundas intenções ou algo assim. E você Iguro-san… Foi esse garoto.
Obanai ficou vermelho e quando terminou de lavar o último talher e o guardou, ele secou as mãos e se aproximou de Mitsuri. De forma quase inconsciente, ele a abraçou e a garota apenas se confortou naquele momento que durou algum tempo.
— Eu te prometo: eu não sou igual aos outros e nunca vou te zoar ou algo assim. Você é importante pra mim Mitsuri.
— Você também Iguro-san… Você foi a luz que minha chama fraca de esperança precisava. Obrigada…
— Eu é que agradeço…
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