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História Bárbaro (Thorfinn x Canute) - Prólogo.


Escrita por: UK2

Notas do Autor


Fanfic experimental.
Sujeita a modificações.

Capítulo 1 - Prólogo.


Fanfic / Fanfiction Bárbaro (Thorfinn x Canute) - Prólogo.

 — Contudo, dadas as circunstâncias... eu não tenho escolha a não ser confiar a segurança de Sua Majestade aos seus cuidados. — Disse Ragnar, insatisfeito com a situação.

  Askeladd e seus homens eram bárbaros, um bando de piratas assassinos e saqueadores. Não tinha certeza se Canute, O Príncipe estaria seguro com um exército desses.

  — Proteja-o, e leve-o de volta ao refúgio no território do nosso exercito. — Ordenou o homem, olhando seriamente para Askeladd que estava ajoelhado perante Sua Alteza.

  — Eu, Askeladd filho de Olaf, aceito suas ordens e faço delas o meu dever. — Jurou Askeladd em voz alta e clara para todos testemunharem e assim, obter a confiança necessária. — De acordo Vossa Majestade… como seu guardião jurado, eu peco para olhar para o seu rosto real...

 Quando Askeladd e seus homens armaram uma armadilha para o exército inimigo para proteger o príncipe Canute, Thorfinn não poderia imaginar uma aparência tão efeminada e, ao mesmo tempo, encantadora. Os cabelos compridos mais claros que os raios do sol, pareciam tão macios e bem cuidados, que denunciavam sua linhagem nobre, seus olhos azuis como o céu e o rosto cheio de traços femininos que o deixavam ainda mais bonito. Thorfinn não conseguiu manter os lábios fechados com aquela cena, completamente surpreso, mas nunca admitiria isso em voz alta.

  “Principe? Com esse rosto... ele parece uma princesa ou estou errado?” Pensou Askeladd, encarando a figura nobre em sua frente.

  Thorfinn desviou o olhar ao sentir que estava olhando demais, não queria entregar o que estava pensando para os outros ao seu redor, mas não pôde deixar de franzir a testa ao ver Sua Alteza assumir uma postura tímida diante do bárbaros enquanto ele se escondia atrás de Ragnar, aparentemente nervoso com os olhares em sua direção.

  “Príncipe…? Agindo desse jeito?” Thorfinn sentiu uma estranha vontade de provocar o garoto à sua frente, mas se conteve.

  — Príncipe? Tem certeza de não que não quer dizer "princesa"? — Perguntou Bjorn, surpreso com a aparência de Sua Majestade.

  — Tsc. — Resmungou Thorfinn, cruzando os braços, percebendo que tinha feito bem em correr para enfrentar os homens que queriam capturar o Príncipe. Ele provavelmente fugiria e ainda seria facilmente capturado pelos homens de Thorkell, O Alto. De alguma forma, Thorfinn sentiu que a covardia do Príncipe cairia em sua responsabilidade.

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Um tempo depois.

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  Como pensou, Askeladd deixou o príncipe Canute sob sua proteção. Era dever de Thorfinn prezar pela segurança de Sua Alteza e mantê-lo a salvo de tudo e de todos, ele não podia permitir que os homens de Thorkell se aproximassem ou qualquer outra pessoa tentasse tirar vantagem dele por causa de seu sangue nobre. O Príncipe Canute era sua responsabilidade.

  Depois de um tempo com Sua Realeza Canute, Ragnar, seu principal retentor, que o serviu desde pequeno, e o padre, que o instruiu e ensinou sobre o cristianismo, seguiram para o País de Gales junto do exército de Askeladd, o objetivo principal era despistar as tropas de Thorkell, O Alto atravessando o rio que margeava Gales, no qual nunca esteve do lado da Inglaterra e que se localizava a oeste do seu território, uma área montanhosa, não apenas repleta de falésias perigosas, mas também de poucos recursos naturais e solos férteis, e pode-se dizer que é uma terra mais pobre que a Inglaterra, por causa disso, o País de Gales não conseguiu se unificar após a queda do Império Romano. Em vez disso, passou séculos como uma junção de pequenos reinos que constantemente se uniam e se separavam. Um desses pequenos reinos, respondeu ao pedido de socorro de Askeladd pela sorte de todos, principalmente pela segurança de Canute.

   — Bom trabalho, Askeladd! — Disse Ragnar, satisfeito com as estratégias do bárbaro. — Neste instante aquele maldito do Thorkell deve estar rangendo os dentes do outro lado do rio!

   Eles estavam na margem do rio, ao lado dos barcos. Thorfinn estava um pouco atrás, observando os dois homens conversando, Canute perto de Ragnar, olhando para algo no céu que parecia ser mais interessante do que fugir de Thorkell. — Oh… — Sua Alteza exclamou, seus olhos brilhando para algo que até então ninguém havia notado, nem mesmo Thorfinn.

   — Agora podemos navegar de volta para Gainsborough. — Continuou Ragnar, apontando para um dos barcos, sorrindo satisfeito por saber que Canute estaria seguro agora, mas sua satisfação se dissipou com a reposta de Askeladd:

   — Não, deste ponto em diante vamos viajar por terra novamente. — Após a fala de Askeladd, Ragnar o olhou indignado.

   “O que…?!” Pensava.

   — Do que você está falando, seu idiota?! — Perguntou, Askeladd era louco, por acaso? — O navio está bem ali!

   — Você tem que parar de pensar em termos de um grande país, Ragnar. — Respondeu Askeladd de forma tranquila e despreocupada. — Neste pais, três navios de guerra são uma força costeira de defesa inestimável. Não podemos pedir que eles nos cedam, especialmente, em tempos incertos como estes. De fato, devíamos estar agradecendo a eles por nos ajudarem a escapar de Thorkell, Ragnar. — Disse, olhando para as águas.

   — Então, apenas dois barcos! — Insistiu, tentando propôr uma ideia mais segura para o Príncipe. — Se nos espremermos, cem podem-

   — Não é não. — Askeladd o interrompeu. — Crianças mal comportadas serão deixadas para trás!

   — Esta sugerindo que andemos ate Gales? Inconcebível! — Ragnar exclamou, uma gota de suor escorrendo por sua testa. — As pessoas desta terra odeiam a nós nórdicos. Sabe quantas vezes os piratas nórdicos saquearam estas terras?! — Perguntou, olhando para Askeladd que mantinha a mesma postura. — Eu não posso mais permitir que Sua Majestade fique em perigo assim!

  Enquanto eles discutiam, Thorfinn desviou o olhar para Canute quando Ragnar o mencionou novamente na conversa, franzindo a testa para o garoto olhando para o céu com tanto interesse, decidindo olhar para o mesmo ponto de foco que o outro, curioso. Era um falcão. Um grande pássaro, muito bonito, voando sobre os nórdicos à beira do rio. Thorfinn não entendia porquê o Príncipe estava tão interessado em uma ave inútil.

  — Um falcão. — Disse Canute, baixinho, chamando ainda mais a atenção de Thorfinn que arregalou um pouco os olhos ao ouvir a voz do Príncipe pela primeira vez, era incrivelmente suave, nem parecia voz de homem. — Está voando baixo… Ragnar, o capture para mim! — Ordenou, interrompendo o diálogo entre Ragnar e Askeladd.

  — AH, bom, Vossa Majestade… — Ragnar olhou para ele, recuperando-se rapidamente da raiva de alguns momentos atrás, assumindo uma postura mais calma e menos autoritária em frente ao Seu Príncipe. — Eu estou no meio de uma importante discussão agora... — Disse, esperando a compreensão do jovem. Thorfinn permaneceu franzindo a testa, não entendendo a calma do Príncipe a ponto de se interessar por um pássaro ao invés de prestar atenção na situação arriscada em que se encontravam.

  “Qual o problema dele?” Pensou Thorfinn.

  Askeladd limpou a garganta, quebrando o clima e chamando a atenção de Ragnar novamente:

  — É melhor do que sermos perseguidos por toda Inglaterra até o norte por Thorkell. Estas terras aqui no sudeste, ao menos, estão do meu lado! — Askeladd continuou, tentando colocar algum sentido na cabeça cônica do homem à sua frente. — Se ainda estiver preocupado… THORFINN!

  Thorfinn parou de observar Canute para se dirigir a Askeladd, voltando à sua expressão típica de ódio e desgosto, ouvindo atentamente o que o velho queria com ele:

  — Este rapaz será o guarda pessoal de Sua Majestade.

  “COMO ASSIM?!” Pensou Thorfinn furiosamente. Ele sabia que aquele garoto seria colocado em suas costas quando o salvasse dos homens de Thorkell. — Quem disse que eu vou?! — Perguntou, visivelmente desconfortável com seu novo serviço, sendo curiosamente observado por Ragnar que o reconheceu como: "O garoto que matou os inimigos para proteger Canute". 

  Canute parou de admirar o falcão para olhar o guerreiro à sua frente. Ele tinha roupas sujas de terra, cabelo loiro escuro bagunçado e um rosto carrancudo. O Príncipe sabia que era incrivelmente forte em batalha, pois se lembrava de vê-lo lutar sozinho contra vários homens ao mesmo tempo sem nenhuma dificuldade para protegê-lo, mas agora mais perto, percebeu que Thorfinn era alguns centímetros mais baixo.

  O Príncipe cobriu parcialmente o rosto com as mãos, reprimindo uma risada baixa com o pensamento, mas Thorfinn percebeu, fechando ainda mais o rosto para o sujeito. 

  — QUAL O PROBLEMA?! — Exclamou, apontando o dedo para o rosto de Canute, que se assustou com sua fúria, agarrando a camisa de Ragnar.

  — Thorfinn! — Chamou Askeladd, sério. — Ele pode ser pequeno, mas é muito habil e também tem a mesma idade de sua Majestade, então eles vão se dar muito bem. — Disse, enquanto Ragnar pensava sobre. — Thorfinn, se apresente!

  Thorfinn sentiu Askeladd empurrá-lo para mais perto de Canute, que olhou para ele, ainda mais assustado com sua aparência intimidadora. Embora Thorfinn fosse mais baixo, ele era um guerreiro frio e forte. Canute começou a suar, começando a se sentir envergonhado pela forma como estava sendo encarado, espremendo os lábios diante do silêncio do outro. "Por que ele não se apresenta logo e quebra esse clima pesado…?" Pensou o Príncipe, que não conseguiu sustentar o olhar e se escondeu atrás de Ragnar.

   Askeladd revirou os olhos, Thorfinn fez uma carranca e Ragnar não estava nada surpreso com o comportamento de Canute, sabia que Sua Alteza não gostava de falar com outras pessoas, exceto ele.

  — Eu não disse para o assustar! O que você acha que vai conseguir olhando para ele quieto assim? — Askeladd perguntou, vendo o mais baixo revirar os olhos em resposta, afinal, ele não queria fazer aquele trabalho como "babá de um príncipe". 

  — Você sabe o que quero como recompensa, Askeladd. — Disse Thorfinn, ainda olhando para Canute.

  — Certo, certo. — Disse, olhando para a mesma direção, inexpressivo. — Assim que chegarmos a Gainsborough, eu lutarei com você.

  E foi assim que Thorfinn ganhou uma nova responsabilidade, uma nova preocupação e quem provavelmente atrapalharia todas as suas batalhas, mas se ele pudesse duelar com Askeladd novamente, ele aceitaria o serviço.

  Canute estava atrás de Ragnar, seu rosto levemente corado com uma gota de suor escorrendo pelo lado de suas bochechas por causa do nervosismo, enquanto olhava para algum lugar no chão, evitando olhar para Thorfinn, agora seu guardião pessoal. Eles não sabiam como seria a partir daquele dia, se conseguiriam conversar um com o outro, se seriam aliados ou não, afinal, pela perspectiva de Thorfinn, nem parecia que tinham a mesma idade. Canute era fraco e não tinha conhecimento em batalha, nunca ergueu uma espada sequer e se assustava com pouco, não tinha nem coragem de sustentar uma encarada. Seria este realmente o futuro rei dinamarquês?

   Aquele garoto parecia mais uma princesa mesmo!

   Thorfinn, Askeladd e Bjorn, este que também estava por perto, sendo guerreiros que cresceram em campos de guerra, rapidamente notaram uma presença estranha perto de onde estavam. Os três olharam na mesma direção ao mesmo tempo, vendo um homem alto com uma capa marrom os observando, era Lorde Gratianus, General do Reino de Morgannwg e ao seu lado, um soldado.

  — Está pronto, Askeladd? — O Lorde Gratianus perguntou.

  Todos os bárbaros, o Príncipe, Ragnar e o Sacerdote olharam para a ponte cheia de névoa. "Oh, minha nossa! Quanta coisa para fazer...!" Resmungou Askeladd, pois desde que ele veio em auxílio da Majestade, nem ele nem seus guerreiros conseguiram descansar à noite, temendo que Thorkell os encontrasse. Felizmente, na manhã do dia anterior, ele enviou um pescador ao País de Gales com um pergaminho com uma mensagem importante, informando ao Lorde Gratianus que precisava de ajuda para escapar do território inglês, o local onde estavam era o ponto de encontro entre as tropas de reforço com Askeladd e seu exército de 100 homens.

   Felizmente, o pequeno reino galês atendeu ao pedido de ajuda e estendeu a mão a todos. Canute se colocou ao lado de Ragnar, olhando curiosamente além dos dois homens misteriosos na ponte, atrás deles vários navios de guerra apareceram, logo após os guerreiros de Askeladd perguntarem se era apenas Lorde Gratianus e o soldado ao lado dele, mas todos ficaram em silêncio ao ver o reforço de verdade chegando para ajudá-los.

   — Guerreiros, ouçam! — Chamou a atenção de seu exército, Askeladd. — Este é Lorde Gratianus, General do Reino de Morgannwg. — Apontou para o homem que agora estava ao seu lado, junto com seu soldado, olhando para Thorfinn. — Ele será nosso guia a partir de agora.

    Lorde Gratianus olhou Thorfinn de cima a baixo, ganhando um típico olhar irritado do garoto pirata.

    — … — Gratianus não expressou nenhuma reação à carranca de Thorfinn, nem um pouco intimidado. — Nada mal. Um pouco maltrapilho, mas você tem coragem. — Disse ele, acreditando genuinamente que Thorfinn era o Príncipe Canute, o que fez o guerreiro franzir a testa em sua direção, não gostando de sua comparação. Ragnar olhou confuso para o Senhor, enquanto Sua Majestade olhava para algum ponto no chão, evitando contato visual com o Lorde galês, estava tímido novamente.

     — …Legatus. — Chamou Askeladd, percebendo a confusão. — Esse é um de meus homens. — Apontou para Thorfinn, que apenas deu de ombros. — Esta é sua Majestade, Príncipe Canute.

     E foi assim que Lorde Gratianus se assustou pela primeira vez naquele dia. Seus olhos olhavam incrédulos para a figura loira coberta por um manto vermelho brilhante geralmente usado por nobres e seus longos cabelos bem arrumados, sem um único fio fora do lugar, sua pele sem manchas, sujeira ou marcas de batalha. Visualmente limpo e bem vestido. No entanto, o rosto não correspondia à sua posição. Ele não parecia um homem, não tinha a imagem de um bravo guerreiro, não podia acreditar que seria um rei dinamarquês. “Esse… é o Príncipe Canute?” Pensou Lorde Gratianus, surpreso com o garoto efeminado e sem postura de Majestade.

    — A aparência dele é frágil. Tem certeza de que este jovem é mesmo o futuro lider da Inglaterra? — Perguntou Gratianus, despreocupadamente.

    Ragnar ficou indignado com a ousadia do homem.

    — O QUE? — Perguntou, sem saber se havia ouvido bem. — Senhor! Como se atreve?! — Trincou os dentes, irritado.

    Canute apenas abaixou a cabeça, se sentindo mal com os comentários relacionados a sua aparência. Thorfinn o olhou de canto.

    — Só há um motivo pelo qual nós, o povo de Gales, ajudarmos na fuga de um Príncipe dinamarquês. — Continuou Lorde Gratianus, ignorando a raiva evidente de Ragnar em relação a forma que tratou a Majestade.

    Gratianus olhou diretamente para Canute, que sentiu ainda mais suado e nervoso.

    — Desejamos que você assine um pacto de não agressão com Gales.

   Embora o País de Gales tivesse problemas políticos com a Dinamarca, o líder Askeladd já esperava uma condição do exercício galês, eles queriam que Canute prometesse que, quando se tornasse Rei, nunca interferiria no País de Gales. Mesmo sabendo disso, ele pediu ajuda a eles.

    — Cabe a você. — Disse Gratianus ao Príncipe. Ragnar não acreditava no que estava acontecendo. Um "qualquer" achando que podia se dirigir a Canute como um igual só podia ser brincadeira. — Prometa-me, Príncipe.

    Canute ficou olhando para algum lugar no chão enquanto tentava esconder seu nervosismo, sem dizer uma palavra ao Lorde galês. Ele era um nobre, um futuro rei! Não podia sair por aí fazendo promessas sem primeiro subir ao trono. Qualquer palavra que saísse de sua boca poderia ser usada politicamente pelas pessoas ao seu redor. Era tão difícil entender o quão perigoso isso era para ele e sua dinastia real?

    — Prometa-me que quando virar rei da inglaterra, não interferirá em assuntos galeses! — Perguntou novamente, olhando para o Príncipe Canute.

    Askeladd e Thorfinn olharam para Sua Alteza, esperando para ouvir o que ele diria ao Senhor, vendo-o, depois de um tempo em reflexão silenciosa, puxar a camisa de Ragnar. O homem rapidamente entendeu e se inclinou para ouvir os sussurros do Príncipe sobre o que Gratianus propôs.

    — Oh… sim! — Disse Ragnar. — Entendi, deixe comigo, eu cuidarei de tudo.

    Canute voltou atrás do homem, este que assumiu a postura autoritária no lugar do Príncipe, começando a dizer o que ele lhe havia dito:

    — Aham, Vossa Majestade disse que, se nos conceder três navios, ele…-

    — Eu estou perguntando ao Príncipe em pessoa. — Disse, interrompendo Ragnar e fazendo Canute ficar mais nervoso.

    O homem franziu o cenho e Gratianus olhou para a Majestade, percebendo que ele não falaria nada, suspirou.

    — …Muito bem, eu perguntarei mais tarde. Assegurarei que os documentos adequados estejam prontos. Preparem-se para partir. — Disse por fim, Lorde Gratianus e seu soldado se afastando do exército bárbaro.

    Ragnar trincou os dentes, furioso novamente.

    — QUEM ESSE MALDITO ARROGANTE PENSA QUE É?! ELE ESTÁ NOS EXPLORANDO NUM MOMENTO DE NECESSIDADE! — Ragnar praticamente cuspiu aquelas palavras, fechando o punho, enquanto olhava o Lorde ir embora. — ELE PENSA QUE PODE FALAR DE IGUAL PARA IGUAL COM VOSSA MAJESTADE? UM MERO PLEBEU COMO ELE!

    Thorfinn revirou os olhos para a cena e Askeladd suspirou, este que, junto com Bjorn, foi para o meio de seu exército, provavelmente começaria a traçar novos planos de estratégias e rotas de fuga, o que fariam com o Príncipe agora em seu domínio, como manter Thorkell longe e outros assuntos pendentes. Thorfinn decidiu não segui-los, pois nada disso era interessante para ele, ao invés disso ele teria que cuidar de um garoto que mais parecia um gatinho assustado ou melhor, uma pedra em seu sapato.

    Canute ficou atrás de Ragnar, envergonhado pela situação recente. Resolveu se aproximar, vendo o retentor se posicionar diante do Príncipe, impedindo-o de ficar frente a frente com seu protegido. Thorfinn ergueu seu olhar gélido para encarar os olhos de Ragnar, aquele idiota não entendia que agora ele era o guarda pessoal de Canute?! 

    — Deixe-me ver o príncipe. — Thorfinn disse friamente, tentando se controlar para não chutar o rosto de Ragnar e forçá-lo a se afastar de Sua Alteza.

    — Qualquer coisa que você queria lidar com o príncipe, você pode tratar comigo. — Ele respondeu sério, cruzando os braços.

    Thorfinn sorriu, olhando para o homem mais velho em uma mistura de raiva e humor. Deu um passo à frente, não se sentindo intimidado por um gordo que só sabia mimar o Príncipe, por isso aquele garoto não tinha atitude de rei, nem parecia que eles tinham a mesma idade.

    — Quero falar diretamente com o Príncipe Canute. Ele é meu protegido e agora sou seu guarda-costas pessoal, como disse Askeladd. Se você não queria que Sua Alteza estivesse sob meus cuidados, deveria ter se oposto a essa ideia antes. — Disse claramente, sustentando o olhar de Ragnar em sua direção. — Saia da frente dele.

    Canute, desconfortável com tantas situações estressantes, decidiu chamar a atenção de Ragnar e de seu… agora… guarda-costas pessoal, Thorfinn. Seu rosto corou com a forte emoção que estava sentindo e uma gota de suor escorreu por sua bochecha. Ele espremeu os lábios rosados, enrolando uma mecha de seu cabelo loiro, enquanto fazia um buraco na neve com o pé, como forma de tentar se acalmar antes de expressar o que queria dizer, normalmente ele só dirigia a palavra ao seu retentor, mas agora ele tinha Thorfinn como seu guardião no qual precisaria dialogar também.

    Thorfinn o serviria, como ordem de Askeladd, um vassalo que ele se tornaria, talvez temporariamente, mas agora Thorfinn também seguiria suas ordens, assim como Ragnar e seu padre. Então não havia nada a temer! Aquele bárbaro o acompanharia até seu território, onde estaria seguro. Eles teriam que manter um bom relacionamento de qualquer maneira, então era melhor que eles começassem a se aproximar naquele momento.

    — Ah… — Canute puxou a camisa do retentor. — Ragnar… você pode ir.

    Assim como Ragnar, Thorfinn também ficou surpreso.

    — Vo-Vossa Majestade?! — Exclamou, era a primeira vez que via Canute falar em voz alta na frente de alguém que não fosse ele.

    — Ele será... meu guardião. — Começou, olhando para o chão, ainda envergonhado de falar com alguém além de Ragnar. Ele não estava acostumado a falar com outras pessoas assim. — Isso significa que você não precisa se preocupar tanto... ele está do nosso lado. 

    Ragnar ainda sem reação, olhando para o Príncipe, resolveu ponderar sobre o assunto. Ele olhou para Thorfinn, suas roupas e pele sujas, cabelos bagunçados, o olhar de um assassino estampado em seu rosto, provavelmente o autor de muitos crimes e invasões bárbaras em território inglês e dinamarquês, entre outras regiões. Em sua mente, ele se perguntou se deixar Canute com aquele guerreiro era seguro, mas se Sua Alteza conseguiu falar em voz alta com o bárbaro, talvez ele pudesse deixá-los sozinhos. Afinal, eles tinham a mesma idade, e talvez por isso Canute se sentiu mais à vontade para dirigir verbalmente a Thorfinn. “Oh… Príncipe, me deixa sem saber como agir!” Pensou Ragnar, passando a mão na testa.

    — Príncipe Canute, estarei por perto. — Avisou, olhando seriamente para os olhos de Thorfinn. — Cuide bem de Sua Alteza!

    — …Hum! — Thorfinn revirou os olhos.

    Canute e Thorfinn passaram alguns segundos observando Ragnar se afastar, de vez em quando espiando atrás de si, temendo que o bárbaro fizesse algo de errado com o Príncipe. Thorfinn torceu o nariz com o pensamento ruim do homem sobre sua pessoa. Não demorou muito para Canute voltar a ficar nervoso de novo, o suor voltando a escorrer por sua bochecha e o medo se refletindo no brilho de seus olhos. Agora estando completamente sozinho com Thorfinn, Canute se perguntou se sua decisão foi a certa, especialmente depois que o mais baixo começou a encará-lo.

    Os olhos claros de seu guarda-costas eram intimidantes, demonstrando que eles haviam assistido a muitas batalhas sangrentas, a ponto de não restar nenhum traço de pureza em seu brilho. Thorfinn era de fato um bárbaro, seus olhos denunciavam a forma como fora criado desde a infância, e Canute podia ver isso.

     Ele era um guerreiro forte e habilidoso, sem nenhum medo.

     Thorfinn, filho de Thors.

     Essa era uma das razões pelas quais Canute o temia, ele não parecia ter misericórdia de outras pessoas, imaginava quantos territórios e aldeias aquele guerreiro não ajudou a saquear e destruir, quantas pessoas ele não matou, quantas missões suicidas e trabalhos sujos ele aceitou para duelar com Askeladd no final. Canute observou o bravo guerreiro desde o dia em que foi resgatado por ele do exército de Thorkell.

     — Você é realmente um homem? — Thorfinn perguntou, olhando para o rosto de Canute com os braços cruzados, analisando minuciosamente os seus traços femininos. — Você parece mais uma princesa.

     O menino loiro arregalou os olhos com a ousadia do bárbaro, corando violentamente com sua última palavra "princesa", especialmente quando viu o sorriso travesso no rosto do menor.

     — Se-Seu insolente! — Disse, apontando o dedo para o rosto de Thorfinn, que imediatamente quebrou o sorriso para dar lugar a uma expressão fria. — Eu sou um príncipe e você deveria me temer!

     Thorfinn não conseguiu conter a risada dessa vez, mas tentou controlar o volume, rindo do que acabara de ouvir.

     — Eu deveria... temê-lo? — Perguntou contendo o riso, vendo Canute franzir a testa com as reações de seu guarda-costas. — Dúvido que alguém tenha medo de alguém como você, aposto que nunca empunhou uma espada na vida e ainda diz que devo temer você? — Cerrou os punhos, irritado. Canute engoliu em seco, recuando dois passos, mas Thorfinn chegou mais perto do que antes, ainda encarando os olhos trêmulos do Príncipe. — Você não passa de um covarde! Você é o único a temer aqui. Caso contrário, você nem precisaria de mim como seu protetor, Prin.ce.sa.

     Canute congelou novamente, as íris azuis de seus olhos tremendo pela forma como ele estava sendo encarado assustadoramente. Pálpebras ligeiramente arregaladas, lábios entreabertos pela surpresa que sentiu com aquelas palavras desmedidas de Thorfinn sobre ele. “Qu-Quem ele pensa que é para me tratar assim…?!” Pensou Canute, irritado.

      — O que você acha que sabe sobre realeza?! — Perguntou Canute, sem esperar resposta de um bárbaro, tentando engolir o seu medo para não parecer fraco, o que fez Thorfinn até se sentir entediado, afinal, seu nervosismo era visível. — Eu… eu não preciso empunhar uma espada, porque eu… tenho que governar meu reino… e manter todos com a melhor qualidade de vida possível e defendê-los de pessoas como vocês… bárbaros! — Disse, seu rosto fechado em uma expressão de raiva, enquanto uma gota de suor escorria pela lateral de suas bochechas novamente, mostrando o quão nervoso estava com a pressão que Thorfinn estava exercendo sobre ele, este que apenas franziu a testa sem se intimidar.

      Canute parecia mais um ratinho tentando assustar um felino acostumado a devorar roedores.

      — …Hum! — Sorriu maldosamente. — É uma boa desculpa, princesa.

      — Hunpf! — Canute corou outra vez. — Já disse para você parar de me tratar dessa forma, seu maltrapilho! Me chame de Sua Alteza!

      — Pelo menos isso você tem, altura, nada além disso. — Thorfinn disse virando as costas para o nobre que se espantava com a forma como estava sendo tratado por um bárbaro. Ele aproveitou o fato de Thorfinn não estar olhando para ele para enxugar o suor que escorria pela lateral do rosto com sua manta vermelha, soltando um longo suspiro discreto, tentando dissipar o nervosismo para longe. — Vamos, Príncipe Canute. Me ajude a escolher uma carruagem para Vossa Alteza viajar, a menos que queira caminhar quilômetros como um de nós, bárbaros!

 Canute voltou a ficar sem reação por causa de Thorfinn, agora ele decidiu usar os pronomes de tratamento certos, mas ainda assim agiu como um atrevido. Pelo menos não o estava tratando como uma mulher.

Canute agarrou sua manta vermelha, puxando-a mais contra seu corpo para se proteger melhor do frio e da neve, e começou a seguir seu guardião. Ele realmente não gostaria de caminhar longas distâncias, especialmente sob o risco de ser emboscado. Nesses casos, o Príncipe teria grandes dificuldades e dependeria completamente de Thorfinn para sobreviver, afinal, ele estava certo e nunca empunhou uma espada em sua vida.  Apenas esperava que Thorfinn ficasse consigo em momentos de perigo. Esses foram os pensamentos que passaram pela mente do futuro rei dinamarquês, enquanto olhava para as costas de Thorfinn à sua frente.







Continua.



Notas Finais


Essa fanfic ainda está em revisão e pode sofrer modificações.


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