Desabei a chorar ali mesmo... Deitei no sofá e ali permaneci encolhida afogando as lágrimas com uma almofada entre meus joelhos e minha boca.
Desliguei meu celular e tentei dormir um pouco, nem vontade de comer eu tive. Do fogão não saiu... Eram muitas coisas pra uma pessoa só, de certa forma, eu entendia o que o Jon tava passando nesse momento. Além da carreira, ele tinha muitos problemas e agora com esse da filha... Meu Deus ! Quantos problemas estamos enfrentando para podermos ficar juntos... mas tava com um mau pressentimento, não sei explicar... Era como se ele tivesse saído por aquela porta de vez e era o que eu mais temia. Era insano pensar isso, eu sei, mas todas as possibilidades estavam vindo na cabeça.
...
Jon’s POV
Fiquei com o coração partido ao ver aquela carinha de decepção da Mary, mas eu não pude evitar... Foi uma situação imprevisível na qual eu não estava conseguindo absorver direito. Tava tudo indo tão bem... Tudo dando tão certo... Mas com essas circunstâncias... A Stephanie e tudo mais, eu não tinha escolha. No voo fui pensando em tudo o que já aconteceu na minha vida, desde 1983 até aqui. Foram bons anos, me casei com 27 anos, tive filhos lindos, me tornei um homem completo a contar a com a minha carreira. Mas será que eu estava realmente completo ? Faltava algo... que eu havia acabado de encontrar, mas que ao mesmo tempo eu estava me afastando, sim, a Mary. De repente, começo a pensar no tipo de pai que fui a vida toda. Eu me considerei um bom pai, apesar de tudo. Faltava em algumas datas especiais devido as sobrecargas das turnês e shows, mas sempre estive presente, mesmo sem estar totalmente. E de repente chega a Marylin e me faz sentir uma liberdade que há muito tempo não venho tendo, ser uma pessoa comum até que a escuridão chega e penso se eu fui mesmo um bom pai, o que fez a minha filha se envolver com drogas ? Eu tô muito mal com isso. Era a minha Stephanie... Envolvida com coisas pesadas, do contrário que eu pensava que meus filhos estavam crescidos e maduros, mas na verdade não estão... e o que falta ? Agora eu estou dividido entre dois mundos, a minha família, ou pelo menos parte dela e a Mary. O que seria daqui pra frente ?
Community Center Hospital, New Jersey
Jon: Matt ! – Entrando na sala de espera do Hospital.
Matt: Que bom que chegaram ! E o Jake ?– Falou levantando de uma das poltronas.
Dorotéia: Foi em casa pegar umas coisas pra ela.
Jon: Como ela está?
Dorotéia: Como está a minha filha, Matt ?
Matt: Os médicos conseguiram estabilizar a overdose. Agora ela está estável...
Dorotéia: Graças a Deus... – Falou ao tirar as mãos da boca.
Matt: O Advogado que o Albert indicou já está aqui... Tá conversando com os policiais agora.
Dorotéia: Policiais ?
Matt: Sim... Estão na porta do quarto dela... Venham, vamos comigo.
Ao cruzar o corredor, vejo um cara engravatado aparentando meia idade o conversando com dois policiais do lado de fora. Ao nos ver, tratou de parar o que estava fazendo e nos recebeu simpático.
Connor: Bom dia, senhor e senhora Bongiovi ! Sou o Dr. Steve Connor, amigo do Albert.
Jon: É um prazer conhecê-lo, doutor... Qual a gravidade do caso ?
A Dorotéia não tava com o mínimo saco pra ouvir e entrou junto com o Matt no quarto. Por mais que eu quisesse ver a minha filha e estar com ela nesse momento mais que tudo, eu precisava ter pulso firme pra encarar a situação, ia tentar a todo custo ajudá-la, já sabendo que o que dependendo do que ela fez, poderá lhes trazer graves consequência.
Connor: Sua filha foi autuada por posse de substâncias ilícitas e se ainda está aqui, é porque precisa de cuidados médicos. E conforme a lei, enquanto isso, permanece sob custódia.
Jon: E quando sair daqui ? Digo... Quando ela tiver alta ? O que vai acontecer ?
Connor: É uma situação complicada... Encontraram no dormitório várias gramas da droga, quantidade que constitui o crime... E ela é maior de idade, já responde pelos seus atos...
Jon: Cadeia ?
Connor: Senhor...
Jon: Jon, por favor. Pode me chamar apenas de Jon...
Connor: Jon... Dependendo da dosimetria da pena prescrita, como eu já verifiquei todo o histórico dela não consta nenhum antecedente criminal, sendo ela ré primária... Se tudo for favorável, posso fazer com que o Juiz apenas aplique uma multa ou quem sabe algum serviço social.
Jon: Por favor, doutor... Faça o que o senhor puder...
Ele logo tratou de se endireitar, disse que iria no fórum agilizar essa questão, guardou alguns papéis e documentos da Stephanie que o Matt já havia passado, se despediu educadamente e se retirou dali. Respirei fundo e entrei no quarto.
Vi a Dorotéia apoiada na cabeceira da cama, alisando os cabelos da nossa filha, que estava com um semblante de quem não dormia há dias, com olheiras profundas, uma sonda parenteral em sua veia, fazendo-a alimentar-se. Foi de rasgar o coração ver aquilo. Segurei o choro, o Matt, que também estava próximo à cama, me deu espaço e eu caminhei em direção à ela, que ainda dormia, dei um beijo no seu rosto e logo seus olhos foram abrindo com certa dificuldade.
Stephanie: Pai...
Jon: Shiii... Descansa, meu amor... Não se esforce.
Stephanie: Me perdoa, pai... Eu decepcionei vocês... – Falou já com uma lágrima descendo do olho.
Jon: Não fala isso, por favor...
Dorotéia: Estamos aqui, meu amor... A mamãe e o papai... Está tudo bem agora.
Seus olhos novamente fecharam, parecia debilitada. E logo o médico, acompanhado com uma enfermeira apareceu, dizendo que não podia ficar muita gente no quarto.
Decidimos sair um pouco, a Dorotéia estava tão aflita, contendo as lágrimas a todo momento. Apesar das esterices dela, devo admitir que ela ama muito os filhos e é uma boa mãe. Dei-lhe um abraço fazendo-a se sentir mais tranquila. Ela precisava ao menos do meu apoio nesse momento.
O Matt veio ao nosso encontro após falar no celular.
Matt: Já está nas páginas de fofoca... Não pudemos evitar. Por sorte, a banda terá uma coletiva de imprensa pra evitar mais escândalos.
Jon: Coletiva ? Num momento como esse ?
Matt: Jon, é a única forma de explicar a situação... Temos que garantir que está tudo sob controle. Desde o divórcio até o problema da Stephanie. Você quer que isso continue ? Que sua filha fique exposta assim ?
Jon: Não... Claro que não... E quando vai ser ?
Matt: Nós ainda não sabemos...
Dorotéia: Jake ! – Indo abraçá-lo.
Fiquei tenso... Até quando isso duraria ?
O Jake trouxe roupas e algumas coisas. Foi ver a irmã e decidiu ir embora comigo e com o Matt. A Dorotéia ficou no hospital. Eu tinha que resolver algumas coisas com a banda.
Ao sair do hospital, a imprensa já estava na porta. Como podem essas pessoas terem prazer de se alimentar com problemas familiares dessa forma ? Agora eu tava sentindo na pele o que outros famosos passavam. Eu não imaginava, já que antes de conhecer a Mary nunca tinha me metido em polêmicas, principalmente envolvendo a minha família.
Jornalista 1: Jon, como está o estado de saúde da sua filha ? É grave ?
Jornalista 2: Depois que ela sair daqui, vai pra cadeia ?
Fui orientado a passar direto. Eu, o Jake e o Matt entramos no carro sem responder a nenhuma daquelas perguntas.
Deixei o Jake na casa dos meus pais com o Romeo e voltei pra mansão, o Matt foi encontrar a banda no estúdio e disse que me esperaria lá. Eu precisava tomar banho e trocar de roupa. O Jesse também me ligou e disse que no mais tardar amanhã estaria chegando aqui. Disse que não seria necessário, porque já estávamos tentando resolver, mas ele insistiu. E por fim, decidi ligar pra Mary, quero saber como ela está...
Ligação on
Jon: Alô? Mary ?
Mary: Oi, Jon.
Jon: Amor, tudo bem com você?
Mary: Sim... Como estão as coisas por aí?
Jon: Estamos resolvendo...
Mary: E como está a Stephanie?
Jon: Ela tá bem... Já tá estabilizada. O advogado já está resolvendo quanto à justiça.
Mary: Que bom...
Jon: O Matt marcou uma coletiva...
Mary: Pra quando?
Jon: Nós... Ainda não sabemos.
Mary: Então vai ficar muito tempo por aí, né?
Jon: Não... Quer dizer, até resolvermos essa questão da Stephanie.
Mary: Tudo bem, então.
Jon: Vou voltar logo. Eu prometo !
Mary: Sem problemas, Jon. Eu entendo.
Jon: Eu te amo !
Mary: Também. – Falou já desligando.
Ligação off
Por mais que ela tentasse parecer apreensiva e tranquila, eu sabia que ela não tava bem nem um pouco. Falou de forma seca e ela não era assim, o que fez meu coração apertar ainda mais.
Tomei um banho e fui direto pro estúdio.
Ao chegar lá, encontrei com o resto da banda. Me receberam com um abraço apertado e palavras de apoio, principalmente o Tico, que sempre estava disposto a me consolar em todos os momentos difíceis
Fizemos uma breve reunião, remarcamos os compromissos com a banda e tentamos resolver a questão da coletiva de imprensa.
Eu e o Tico fomos em um barzinho próximo do estúdio conversar sobre tudo o que estava acontecendo.
Tico: E como ficaram as coisas lá com a Mary ?
Jon: Estávamos a apenas um passo para ficarmos juntos, o divórcio... O processo tava quase finalizado, quando tive a notícia da Stephanie.
Tico: Imagino... E como ela reagiu a tudo isso ?
Jon: Ficou tensa... aparentou estar calma, mas eu sei que não. Senti que ficou bem abalada porque tive que sair do Brasil, do nosso apartamento, de perto dela... Eu a amo, Tico ! – falei antes de tomar uma dose de whisky de vez.
Tico: Relaxa, cara. Tudo isso vai passar e logo logo vocês dois terão tempo de sobra.
Jon: Espero que sim... – falei desanimado.
Dias depois...
Graças a Deus a Stephanie está se recuperando cada vez mais. O processo de desintoxicação da droga foi finalizado e a audiência no fórum foi marcada. O Matt também conseguiu agilizar a coletiva de imprensa que seria em dois dias. Depois disso, resolveríamos o processo do divórcio e eu finalmente iria buscar a Mary, sim, ela virá comigo. Como eu e a Dorotéia estamos casados com comunhão de bens, decidimos em acordo que ela ficaria com a casa e a guarda do Jake e do Romeo seria compartilhada. Eu já estava negociando a compra de outra casa, o Tico resolveu isso pra mim, já que eu não tava com tempo. Quero que a Mary venha viver comigo. O que eu mais quero na vida. Tentei ligar esses dias, mas ela não tava atendendo. Mandei várias mensagens pelo Instagram, pelo whatsapp e nada também. Fiquei bem preocupado. Estaria me evitando ou simplesmente não estava podendo atender ?
Resolvi ligar pro Lucas.
Ligação on
Lucas: Alô?
Jon: Lucas ? É o Jon aqui.
Lucas: Jon?! E aí, cara ? Como vão as coisas ? Ficamos sabendo...
Jon: Está tudo bem agora... Falta pouco pra eu voltar ao Brasil... Você... Tem visto a Mary?
Lucas: Ah... A Mary? Há dias não nos falamos.
Jon: Cara, tô preocupado... Tô ligando há dias e ela não atende ou retorna.
Lucas: Vou ligar daqui...
Jon: Se tiver alguma notícia, pode me informar, por favor?
Lucas: Claro que sim, Jon ...
Jon: Obrigada, cara. E diz a ela que eu a amo e tô voltando assim que terminar tudo aqui.
Lucas: Tá bom.
Ligação off
Do outro lado da linha...
Lucas desliga o viva-voz, após Mary e Joana ouvirem tudo o que o Jon falou.
Joana: Amiga, tem certeza que vai ficar evitando ele ? Ele parecia tão triste...
Mary: Sim, Jô... Quero dar espaço a ele, pelo menos até tudo isso passar.
Lucas: Mary... Na minha opinião isso não vai mudar o que vocês sentem um pelo outro. Ele tá passando por problemas difíceis e você devia apoiá-lo...
Mary: Eu tô apoiando não incomodando, não sendo invasiva em assuntos de família... Olhem... Só quero que tudo isso acabe logo, tá bom ?
Joana: Tá, e quanto à gravidez ?
Mary: Vou dizer assim que ele voltar. Se voltar...
Joana e Lucas apenas se entreolharam preocupados.
...
Toda a família estava reunida no quarto de hospital, juntamente com o médico, que já estava pronto para dar alta.
Jon: Graças a Deus você vai pra casa hoje, filha. – Falou abraçando Stephanie que já estava levantada da cama.
Stephanie: Eu quem o diga, pai.
Dorotéia: Jon, o Doutor Connor tá aí fora... – Entrando no quarto.
Jon: Mande entrar.
Assim que o Doutor Connor entrou, com um semblante de felicidade, todos ficaram atentos ao que ele diria.
Connor: Tenho ótimas notícias... O Juíz apreciou o meu pedido e não vai haver necessidade de uma audiência.
Dorotéia: E o que isso significa ?
Connor: Significa que ela responderá o processo em liberdade, será instituída apenas uma multa e...
Stephanie: E... ?
Connor: você prestará um serviço social em uma maternidade.
Stephanie: O quê?! Maternidade ?!
Connor: Mas calma, não será agora. Ele ainda estipulará o período. Mas vai ser por pouco tempo...
Jake: Olha aí, irmãzinha... É isso aí ou cadeia...
Dorotéia: Jake... – Falou repreendendo-o.
Jesse: Menos mal...
Jon: Muito obrigado, Doutor. – Falou cumprimentando-o.
Connor: Imagina, Jon. É o meu trabalho. Bom, já vou indo... Matt, vem comigo, deixei alguns documentos no carro e quero te entregar.
Matt: Sim, claro. – Falou acompanhando o advogado.
Médico: Aqui estão os laudos médicos e receita de alguns medicamentos que ainda vai precisar tomar por um mês. – Entregando ao Jon.
Jon: Pode deixar, doutor. E obrigado ! – Falou cumprimentando-o.
Todos saíram da sala, acompanhando Stephanie, que ainda andava com certa dificuldade. Aparentava ainda estar tonta devido aos medicamentos que tomara.
Saíram, enfim, do hospital e puderam ver a avalanche de flashes que estavam sobre todos da família.
Jornalista: Stephanie, como se sente após o susto ? Jon, depois dessa, você vai ficar mais atento aos seus filhos ? E o divórcio, como vai o andamento ? Ainda vai ter depois de tudo isso ?
Jon não deixou que ninguém violasse a privacidade da sua família e tratou de encaminhar todos para os carros. A Dorotéia, o Jesse e a Stephanie foram em um com um dos seguranças e o Jon, o Matt e o Jake, no qual o Matt dirigiu, rumo à mansão.
...
Chegando lá, meus pais e o Romeo estavam lá à nossa espera. Prepararam um jantar especial. Tava precisando mesmo comer um pouco da comida da dona Carol. Jantamos normalmente, quando começaram a falar da Mary...
Stephanie: E esse papo do divórcio? Você e a mamãe vão se separar mesmo ?
Eu e a Dorotéia apenas nos olhamos sem falar nada.
Jesse: Não... Ainda não tô processando isso. O senhor e a senhora Bongiovi não podem se separar depois de trinta anos.
Jake: Pois é...
Carol: Crianças... Isso é um assunto entre a sua mãe e e seu pai.
John: Falando nisso, como vai na escola, Romeo ?
Romeo: Vou bem, vovô.
Jon: Falando em escola, dona Stephanie... Ainda quero conversar a sério com você... Não pense que escapou, tá?
Stephanie: Ah, não pai... Sermão agora não...
Carol: Tá bom, tá bom... Hoje é dia de comemorarmos que a nossa Stephanie tá bem e fora de perigo.
Jesse: Pois é. Não arranja mais encrenca não, tá mana ? – Esfregando o cabelo dela.
Stephanie: Aí, Jesse ! Que saco ! Me erra ! – Falou ajeitando o cabelo.
O restante do jantar foi tranquilo, conversamos bastante, rimos durante todo o jantar, mas a minha cabeça não tava aqui... Estava na Mary.
...
O dia da coletiva de imprensa chegou, o Matt já havia resolvido tudo o que era pra resolver, inclusive pago a fiança da Stephanie e atualizado nossas redes sociais.
Eu tava tão nervoso, nunca havia ficado assim em uma entrevista, mas hoje eu tava, acho que era o efeito da ansiedade me atingindo.
Matt: Jon... Presta atenção. Se perguntarem do divórcio, você diz que está suspenso por tempo indeterminado, tá bom ?
Jon: Por que por tempo indeterminado?
Matt: Só confia em mim, tá bom ? – Falou saindo em direção à nossa produção.
Decidi ligar outra vez pra Mary, o Lucas também não me retornou pra falar nada. Liguei novamente, mas ela não atendeu. Decidi mandar um recado pela caixa postal, porque sei que ela vai me ouvir.
Ligação de voz on
Jon: Meu amor, não entendo o porquê de você não estar me atendendo ou retornando às minhas ligações, mas quero que saiba que eu tô chegando aí ainda amanhã, tá? Só hoje e eu resolvo tudo aqui e volto voando pra você. Tô com saudades. Te amo.
Ligação de voz off.
Na coletiva...
Jornalista: Jon, como você se sentiu quando soube que sua filha foi encontrada em um dormitório de uma faculdade desacordada, juntamente com drogas.
Tentei relevar... Odiava quando envolviam minha família em perguntas, principalmente meus filhos.
Jon: Simplesmente agi como qualquer pai agiria. Desmarquei todos os meus compromissos e problemas pessoais pra vim ajudá-la.
Jornalista: E sua carreira a partir de agora ? Como você acha que vai conseguir continuar tendo que dar atenção em dobro aos seus filhos ? Você acha que vai conseguir conciliar ?
Jon: Bem, passei 26 anos da minha vida conciliando o papel de pai e profissional ao mesmo tempo. Não creio que agora isso vá se tornar mais difícil.
Jornalista: E o divórcio com a Dorotéia ? Já está em processo de finalização ou vocês realmente ainda estão pensando em desistir ?
Jon: Paramos com o processo por enquanto, até pelo menos resolvermos o problema da nossa filha...
Jornalista: E a sua namorada, a Marylin Silva ? Ficou no Brasil ou trouxe com você ? Como ficou a relacão de vocês depois desses últimos acontecimentos ?
Eu já tava sufocado. Fiz o sinal pro Matt e ele cortou o jornalista que me perguntou sobre isso, mas eu queria mesmo era que aquele inferno acabasse. Fizeram mais algumas perguntas sobre as próximas programações da banda e eu respondi atentamente a todas até que finalmente pude suspirar, tentando sair dali o mais rápido possível. Era como se eu tivesse sendo cozinhado vivo dentro de um forno.
O Matt me deu algumas broncas por eu não ter feito exatamente o que ele disse, mas eu relevei.
Estava ansioso. Amanhã eu já partiria pro Brasil. Finalmente eu encontraria a Mary... Será que ela já ouviu o meu recado? Espero que sim. Dessa vez quero evitar surpresas, que ela esteja bem preparada, porque tô morto de saudade daquele cheiro, daquela boca. Eu tava precisando tanto dela... Mal posso esperar.
...
Dorotéia: E aí? Já tá tudo certo?
Matt: Sim, já mandei o tal cara pro apartamento onde ela tá. Provavelmente o Jon vai chegar lá bem na hora... De acordo com o horário da chegada do voo no Rio de Janeiro.
Dorotéia: Perfeito !
Jake ouviu atentamente a conversa escondido, mal sabia ele dos planos de sua mãe e do seu tio. Ficou meio que sem entender o que havia ouvido.
...
Despedi-me de todos, a Stephanie e o Romeo fizeram birra porque eu viajaria agora, mas acabaram aceitando. Eles ainda não estavam acreditando que eu de fato me separaria da Dorotéia, com o tempo quem sabe aceitassem. Mais cedo ou mais tarde teriam que aceitar. Eu tratei a Mary comigo, só vamos resolver a questão do visto dela que já solicitamos no consulado americano do Rio, estávamos só esperando a aprovação, porque o passaporte ela já tem. A Dorotéia não veio se despedir de mim, achei até estranho, porque ela não perderia a oportunidade de falar besteira na frente das crianças, mas foi melhor assim. Me despedi de todos como sempre com um: “Papai volta logo”. Dos caras já havia me despedido ontem, aproveitei esses dias, porque em duas semanas já voltaríamos aos palcos e eu preciso acertar muitas coisas nesse tempo que me resta.
No voo tava tentando dormir, mas não consegui. Eram mil e uma coisas que se passavam dentro de mim agora. Meu coração tava batendo por hora de ansiedade pra ver a minha Mary. Era uma necessidade absurda, mas que me fazia bem.
Assim que o avião aterrissou no aeroporto, coloquei um chapéu e um óculos escuro pra disfarçar, peguei um táxi e fui rumo ao nosso ninho de amor.
Chegando lá, subi rapidamente as escadas e abri a porta, que estava estranhamente aberta. Deixei minha mala mediana na sala ao adentrar e não vi ninguém pelo menos na sala. Ouvi o barulho do chuveiro ligado e fui em direção à nossa suíte. Quando entrei, vi um homem, sim, um homem e estava sem roupas dormindo, deitado na nossa cama e a Mary acabara de sair do banheiro de toalha, quando me viu, teve um tremendo susto.
Mary: Jon ?!
O homem então abriu os olhos rapidamente escondeu seu corpo em um lençol que tava na cama.
Jon: Mas que significa isso?!
Mary: O quê? Quem é você?! – Falou fitando o homem estática.
Finalmente ele levantou o corpo da cama e foi em direção à Marylin. Tinha estatura alta, pele bronzeada, tinha o corpo atlético e o cabelo tinha um corte estilo jogador, com um símbolo da Nike desenhado em uma das laterais da cabeça.
Homem: Não lembra meu nome, amorzinho ? Depois da nossa noite selvagem...
Mary: Quem você pensa que é? Quem é você e como entrou aqui ? Jon, eu não sei quem é esse cara, não faço a menor ideia de como ele veio parar aqui ?
Jon: Ah, não faz ? Eu encontro um cara nu na nossa cama e você tem a coragem de dizer que não conhece ele ? Você acha que aqui tem algum idiota, Marylin?
Mary: Jon ?!
Homem: Você não me disse que era comprometida, delícia.
Jon: Cala a boca, desgraçado ! – Dando-lhe um soco.
Meu sangue começou a ferver. Juro que se esse cara falar mais alguma coisa, eu seria capaz de matá-lo com minhas próprias mãos. Ele apenas se levantou do chão, pegou as roupas que estavam jogadas no chão e ainda coberto com o lençol saiu dali.
Homem: Se resolvam aí ! – Falou saindo com a mão onde foi dado o soco.
Mary: Jon, você precisa acreditar em mim. Eu nunca vi esse cara na minha vida !
Jon: Não precisa falar mais nada... Eu vi, Mary ! Eu vi !
Mary: Não, Jon, me escuta ! Eu tava...
Jon: Não, não fala nada. Pelo visto não tenho mais nada pra fazer aqui. – Saindo do quarto.
Ao sair em direção à sala, o tal homem já não estava mais lá. Só vi o lençol em cima do sofá e a Marylin de toalha vindo atrás de mim.
Mary: Jon...
Jon: Eu disse que voltaria, não disse ? Agora eu entendo ! Foi por isso que você não tava me atendendo as minhas ligações, não foi ? Tava se divertindo com outro enquanto eu tava fora.
Mary: Sim, eu não tava atendendo seus telefonemas, porque não queria te distrair, quis te dar espaço pra você poder resolver suas coisas tranquilamente... Só isso.
Jon: Só isso ? Me ignorando ? Ótimo jeito de demonstrar solidariedade. – Falou ironicamente.
Mary: Jon, por favor, deixa eu...
Jon: Não, Mary. Não fala mais nada, tá bom ? Eu vou indo... Pode aproveitar tudo isso – Falou se referindo ao apartamento e se dirigindo a porta.
Senti seu braço tocar nas minhas costas, me segurando pra que eu não saísse.
Mary: Não vai ! Tem uma coisa que você precisa saber ! Jon, eu tô grávida ! Tô esperando um filho seu !
Naquele momento, senti um choque, meus pelos levantaram do meu corpo literalmente, fiquei perplexo, mas ao mesmo tempo a raiva do que eu havia acabado de ver tomava conta do meu corpo.
Jon: O quê ?!
Mary: É verdade !
Jon: Quando ficou sabendo disso ?!
Mary: Há alguns meses.
Jon: E por que só me contou agora ? Como você pôde ter escondido isso de mim ?
Mary: Não tive como contar... Você tava com tantos problemas e...
Jon: Sabe, Mary... Agora tô começando a achar que o Matt realmente estava certo sobre você.... Não passa de uma oportunista ! Como quer que eu acredite que esse filho é meu depois do que eu acabei de ver ?
Nesse momento, senti uma bofetada ! Ardeu até a minha alma e pude ver algumas lágrimas já caindo dos seus olhos.
Mary: Sai daqui ! Agora sou eu quem não te quero mais, Jon Bon Jovi ! Volta pra sua família, porque essa aqui – Falou apontando pra barriga. – Você nunca mais mais ouvir falar ! E não se preocupa ! Tô saindo daqui hoje mesmo ! Agora some da minha frente ! Não quero mais olhar na sua cara !
Aquelas palavras me cortaram por dentro. Era como se várias facas estivessem atravessadas no meu corpo. Olhei-a mais uma vez, peguei minha mala que estava onde eu deixei e saí dali. Desci as escadas correndo e peguei o primeiro Táxi que apareceu. E agora ? O que eu faria ? Voltaria pra New Jersey ou esfriaria a cabeça e voltaria a conversar com a Mary ? Os últimos Flashbacks vieram à tona. A Mary grávida ! Claro ! Agora sim eu entendo ! Todos os enjoos, mal estar, era isso ! Como pude ser tão cego. Eu até ficaria feliz ! Queria muito ser pai outra vez, mas depois de hoje restavam dúvidas, muitas dúvidas. Decidi ir pra um hotel simples pra não chamar atenção. No quarto, sentei na cama, abaixei a cabeça e comecei a chorar com as mãos sobre a cabeça. A Mary havia me traído no nosso apartamento, na nossa cama e isso eu não poderia aceitar, mesmo se eu quisesse, não poderia.
...
Marylin’s POV
Era o fim ! Algo que eu não entendi absolutamente nada acabou de acontecer. O Jon flagrou um homem sem roupa na nossa cama e pensou que eu tivesse o traído, mas nem eu sabia como isso foi acontecer. Não tava entendendo nada... Mas o que mais doeu foi que ele me ofendeu de uma forma que não sei se vou perdoá-lo. Era o fim, definitivamente ! Por que eu estava passando por tudo isso ? Desabei a chorar, lembrando-me de tudo o que aconteceu agora pouco, e no Jon desconfiando da paternidade dessa criança foi o que me doeu mais. Eu não sei se eu o entenderia algum dia, porque depois do que ele viu, realmente eu no lugar dele, agiria da mesma forma. Mas era questão de confiança. Eu confiei nele todas as vezes que a Dorotéia se metia entre nós, não custava nada ele ter acreditado pelo menos que esse filho é dele. Doeu muito e ainda tá doendo aqui dentro. Não sei o que será daqui pra frente. É o fim !
...
Dias depois
O Jon não deu mais sinal de vida desde aquele dia, eu ligava, ligava e nada. Talvez eu fosse mesmo a culpada de tudo o que estava acontecendo. Se eu tivesse contado antes e não evitado ele, estaríamos juntos comemorando agora, mas não... Fiquei com um sentimento de culpa interna. Eu tava mal. Um advogado veio aqui esses dias, dizendo que trabalhava pra Jon. O Jon comprou esse apartamento e colocou no meu nome e através dele mandou um envelope contendo uma quantia alta em dinheiro, mas não aceitei. Não assinei nada quanto à escritura do apartamento. Mandei junto com a chave o envelope e mandei o recado por ele, dizendo que eu não precisaria de nada disso. Ele então me informou que o Jon tinha voltado pra Nova Jérsei, me fazendo sentir aquela tristeza profunda de antes.
O Lucas e a Joana me ajudaram. Eu ficaria um tempo na casa da Joana enquanto procurasse alguma coisa pra me estabilizar. Qualquer coisa eu aceitaria. Agora eu estava vivendo por dois e tinha que fazer muitas coisas em dobro a partir de agora, porque uma criança está a caminho e eu teria que sustentá-la sozinha.
Tava vendo umas páginas de emprego pelo Instagram, quando a campainha da casa da Joana toca, como só havia eu em casa, fui atender e me surpreendi.
Mary: Dona Sônia ?!
Pra quem não lembra, a Dona Sônia é uma das sócias da dona Geralda.
Sônia: Olá, Mary ! Posso entrar ?
Abri espaço e ela entrou, ainda estava surpresa. Como ela sabia que eu estava aqui ?
Sônia: Bem, Marylin... Não farei muito rodeio... Vim aqui te fazer uma proposta...
Mary: Proposta...?
Sônia: Fiquei sabendo que você ficou desempregada, a Geralda dispensou você sem direito a nada e você está na lástima. Sei também que está grávida...
Como aquela mulher sabia disso, Jesus ? Eu fiquei bem assustada...
Mary: É...
Sônia: Quero que trabalhe pra mim. Como uma assistente pessoal.
Ouvi atentamente tudo o que ela falava.
Sônia: Sei que a sua situação não está boa e emprego tá difícil, principalmente para gestantes. Ninguém hoje em dia oferece emprego a grávidas. Creio que não quer viver de favores pra sempre, deve aceitar pelo seu filho.
Mary: Eu... Posso pensar um pouco? É que você me pegou de surpresa.
Sônia: Claro... Só não pense demais. Já vou indo. Toma aqui meu cartão. Assim que decidir, pode me ligar. – Falou se dirigindo até a porta.
Eu a acompanhei e quando ela saiu, fechei e suspirei fundo.
Por mais que eu aceitasse, eu quero o Jon de volta, porque preciso tanto dele, nem que eu fosse até Nova Jérsei, eu queria ir até ele. O resultado da solicitação do meu visto seria daqui a dois dias e dependendo disso, sim, eu voaria até Nova Jérsei pra ir atrás do Jon. Ele precisava ouvir o que eu tinha pra falar.
Os dias foram passando até que vi uma notícia no Instagram que me fez ficar no chão.
“ Jon Bon Jovi desiste do divórcio e se reconcilia com Dorotéia Hurley. Segundo o cantor, Marylin Silva, a fã brasileira a quem Jon beijou no palco em um de seus shows no Brasil e com quem manteve um breve relacionamento não passou de um passatempo no Brasil. O astro pretende organizar uma segunda Lua de mel com a esposa, com quem está casado há trinta anos e com quem tem quatro filhos”.
Eu não poderia estar lendo aquilo ! Uma vez, pensei que assim que o Jon saísse do apartamento naquele dia, ele não voltaria mais pra mim, e realmente não voltou. Um sentimento de ódio e culpa tomou conta, uma sensação de perdas e danos se instaurou sobre o meu sistema psíquico, meu mundo caiu de uma forma que nem eu pensava se algum dia voltaria a me reerguer, mas agora eu tinha o porquê e principalmente por quem permanecer firme. Pelo fruto que carrego dentro do meu ventre. Lutarei por ele.
Voltei a mexer no celular, desativei meu Instagram pra evitar voltar a ver qualquer notícia relacionada a ele e disquei o número da dona Sônia. A partir de hoje eu não seria mais a mesma pessoa. Me tornaria fria e calculista. A partir de hoje sou outra mulher !
Ligação on
Sônia: Alô?
Mary: Dona Sônia ?! É a Mary... Eu aceito a sua proposta !
Sônia: Ótimo ! Ligarei novamente pra te passar os detalhes.
Mary: Ok.
Ligação off
...
Ligação on
Sara: Alô ?
Sônia: Tá tudo pronto, Sara ! O jogo acabou de começar. Agora vai ser a filha contra a mãe ! – Falou rindo de forma sarcástica.
Ligação off
...
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