História Bem-me-quer-Mal-me-quer - Capítulo Único

Ao amanhecer o dia apresentava todos os indícios de que iria chover. Primeiro: o céu estava fechado acima do acampamento. Segundo: O odor do próprio tempo estava frio e sem contar que nos dias anteriores foram bem quentes e úmidos, e como Will Solace bem aprendera na escola, dias assim antecedem as famosas tempestade de verão. E terceiro e bem mais importante: Nico di Angelo, seu namorado, havia lhe convidado para sai e isso sim só pode ser digno de uma tempestade intensa de verão.

Não haviam contado a Quíron, não formalmente, pois, conhecendo o centauro como conhece, Will podia apostar toda a ambrosia e néctar da enfermaria que ele já sabe de tudo sobre a intensão dos dois namorados. Enfim, os dois escapariam “Via Viagem Sombra” mesmo Will não gostando muito quando o moreno usava seus poderes do mundo inferior, mas Nico tinha o convencido de que era para uma boa causa.

— Desde que eu fique com você. — Will suspirara derrotado e rezando a todos os deuses que conhecia para não se arrepender de sua decisão — Tudo bem.

Ao terminar de falar isto esperava que o moreno pulasse em seus braços o enchendo de beijos por todo o seu rosto. Mas claro que isto não aconteceu. Óbvio, pois ele é Nico. — Will sorriu com seus próprios pensamentos.

Will terminou seus afazeres na enfermaria pela manhã, ainda não tinha avistado Nico. Ele provavelmente ainda está dormindo. Iria em seu chalé apenas no horário marcado.

Próximo das 14:30 horas da tarde, Solace lavou as mãos, desamassou a roupa, jogou um pouco de água nos cabelos para acalma-los, ao menos tentar e saiu da enfermaria com o maior sorriso bobo no rosto só para...

...dá de cara com Jason Grace e seus fortes braços cruzados no peito ao lado de Percy Jackson segurando sua espada apoiada no ombro direito.

— Precisam de alguma coisa? — Foi a única coisa que conseguiu pensar, pois qual motivo os dois estariam ali?

Passou os olhos rápidos pelos corpos de ambos procurando machucados. Percy usava a camisa do acampamento (que já virara parte do seu corpo de tanto usa-la) ela deixava seus braços expostos e Jason estava sem camisa exibindo seu corpo bem treinado como o de um verídico romano e assim com Jackson, estava suado. Will deu um passo para trás corando. Mas corou não pela visão, mas sim de constrangimento, pois afinal de contas, são dois filhos de dois deuses grandes.

— Não. — Jason responde.

— Sim. — Percy fala ao mesmo tempo.

Os dois mais velhos se encaram por cinco longos segundos. Will pigarreia, não gosta de ter que ficar perto deles, são até legais, mas acabam enchendo o saco principalmente quando o assunto é o seu namoro com Nico.

— Qual é, Jackson? — Jason revira os olhos descruzando os braços. — Deixa os dois.

— Cara, você sabe que eles v...

— Gente. — Will diz interrompendo Percy e ignorando seu olhar feio — Eu não tenho a vida toda. Dá para explicarem logo o que querem? Preciso ir.

Os mais velhos se olham por mais um segundo. Jason largou a cabeça para o lado e começou a falar.

— Ficamos sabendo que você e Nico vão para um...passeio. — ele falara passeio com uma conotação bem diferente do resto da frase.

Hmm...passeio.

Will precisou segurar-se para não revirar os olhos. Só tinha contado sobre o passeio com uma irmã que iria lhe substituir durante a tarde na enfermaria. Aparentemente ela deu com a língua nos dentes. Ótimo!

— E vocês estão aqui para...?

— Para bater em você caso machuque nosso primo. — Percy diz apontando Contracorrente para Will.

Por fora, o filho de Apolo mostra a sua maior expressão de tédio e indiferença (que aprendera com o namorado), mas por dentro seu coração estava batendo como um louco. Tudo que ele pensava era: Adeus, mundo cruel.

— Deixa de ser repetitivo, Jackson. — Grace, com a mão direita, retira a lamina da sua posição. Ufa! — Nico já está bem grandinho, ele sabe se cuidar.

 — Grace, eu o vi crescer. Não dá para imaginar ele...

Will até gostaria de parar e ouvir as antigas histórias do pequeno di Angelo, pois o mesmo nunca contava nada, todavia estava ficando tarde, não queria correr o risco do namorado desistir do passeio e Percy Jackson é um verdadeiro chato.

Com a ajuda de Jason, que sem precisa pedir, distraiu o filho de Poseidon e Solace conseguiu se livrar dele e seguir até os chalés. Assim que encontrou o de Hades foi sem olhar para trás e nem para os sorrisinhos das pessoas.

Bateu na porta e ao ouvir um “entre” abafado, abriu a porta.

Nico estava sentado na beirada da cama abaixado amarrando o All Star preto (presente que Will lhe dera a alguns meses). Solace notou duas coisas no namorado. A primeira que ele acabara de sair do banho devido ao seus cabelos molhados. A segunda que deveria ter acabado de acordar, pois ao olhar para cima, seu rosto ainda estava inchado.

— Ainda não está pronto? — Pergunta parando em frente ao namorado.

Nico olha para cima. Termina de amarrar o cadarço do tênis esquerdo. Levanta ficando a poucos centímetros do maior.

— Já, e você? Porque demorou?

Estavam tão próximos que Will podia sentir o hálito do menor (hálito de quem acabara de escovar os dentes). Não aguentou. Roubou um selinho demorado.

— E para onde vamos?

— Não sei. — Nico coloca seus braços nos ombros do maior colando-se mais a ele — Você pode escolher qualquer lugar do mundo.

Will deu um sorrisinho de lado.

Se Will Solace fosse um verdadeiro namorado romântico ele teria dito:

“Qualquer lugar do mundo é perfeito se você estiver comigo.”

Ou até mesmo:

“Você é meu mundo.”

Mas não é todo dia que se podia escolher qualquer ponto turístico do planeta para visitar.

Por isso que ele estava sentado confortavelmente comendo uma comida que sequer sabia o nome e observando a linda paisagem que é Paris a noite. Enquanto, na sua frente, Nico olhava para o arranjo de margaridas que enfeitam a mesa.

Como sempre, di Angelo não havia conversado muito, mas tinha se mostrado bem interessado no que Will dizia, até fez careta ao saber do breve encontro do loiro com seus primos.

Nico, com a ponta dos dedos, toca uma das pétalas brancas mais próxima.

— Hmm... — Will engole o resto da comida, puxa umas do arranjo de flores — Isso me faz lembrar uma brincadeira.

Di Angelo ergue a sobrancelha esquerda levemente interessado.

— Que brincadeira.

— Não é bem uma brincadeira. — Gira a flor pelo pequeno caule — Bem-me-quer-Mal-me-quer.

— Não acredito que você fazia isso. — Diz com um meio sorriso no rosto.

— Todo mundo já fez isso, di Angelo.

— Eu não. — Cruza os braços e afunda mais na cadeira, tanto que seus pés chegam a tocar os de Solace por de baixo da mesa.

— Então faça. — Praticamente esfrega a margarida no rosto de Nico o obrigando a pega-la. — Assim não irá poder mais negar que fez essa brincadeirinha boba. — Will sorrir vitorioso ao ver seu namorado concordando.

Olha para o alto. Diferente do acampamento, ali o céu estava limpo e bem estrelado, uma típica noite de verão...

— ...cinco, seis, sete.

Vira-se para o morado a tempo de vê-lo contando a última pétala da flor.

— O que você está fazendo?

— Contando quantas pétalas tem para saber por onde começar. — Responde como se tivesse acabado de ser questionado se unicórnios existem (é claro que eles existem‼!).

— Mas isso é roubo.

— Não. Isso é esperteza. Quero ter certeza que a última vai ser bem-me-quer.

Will sorrir controlando a vontade de se jogar nos braços de Nico.

Ficou observando-o arrancar uma a uma as pétalas brancas da pequena flor.

Margaridas parecem com Nico. — Este pensamento surge em sua cabeça. Não é um especialista em flores, mas sabe que estas frágeis margaridas conseguem crescer em praticamente qualquer lugar. São simples, delicadas, fortes e ninguém resiste a sua graça. Assim como o di Angelo.

— Há! Há! — Nico levanta quase esfregando no rosto de Solace para ele ver a última pétala branca presa no botãozinho amarelo. — Bem-me-quer. — E puxa a última jogando-a para trás.

Bem, agora Will não quis mais resistir à vontade, então puxou o moreno para um beijo demorado por cima da mesa mesmo.

Will até gostaria de dizer que voltaram para o acampamento, mas queria dá mais tempo para Nico até ter que voltarem, pois, apesar de ele ter melhorado muito em viagem nas sombras, ainda assim iam precisar atravessar o Atlântico Norte. (Na verdade Solace só queria aproveitar mais a cidade).

Quando voltaram ao acampamento, os campistas haviam acabado de jantar. Will não precisou insistir muito para o namorado comer. Com os olhos quase fechando, Nico comeu o dobro de coisas que normalmente comeria.

Solace notou olhares em si. Só os ignorou e ao terminar a refeição acompanhou o moreno até seu chalé.

Will estava contando os passos até a porta, se entrassem logo talvez conseguissem fugir das interrogações que viriam. Mas Nico estava andando lento demais, talvez ele não tenha notado os olhares...

Qualquer conclusão que poderia tomar, foi interrompida com a chegada de três pessoas. Jason Grace, que parecia muito cansado, Percy Jackson que olha (fuzilava) Will e Annabeth que parecia estar se divertindo com a situação. Ela era a única.

Nico demorou alguns segundo para identificar quem eram aquelas pessoas e mais outros para entender o que estava acontecendo, então lembrou-se do que Solace falara mais cedo sobre a “ameaça” dos primos. Notou que Percy estava abrindo a boca preparando-se para mais um longo sermão. E tudo que di Angelo queria era dormir. Olhou para frente, seu chalé estava a menos de 20 passos.

— Você deviam se... — Percy começou a falar como se os dois na sua frente fossem duas crianças irresponsáveis e ele o irmão mais velho certinho.

Nico olhou para o namorado, pegou-o pela mão e passando pelos três mais velho disse:

— Vamos, Will. Temos coisas melhores para fazer. — Falou aquela frase na mesma entonação que, mais cedo, Jason falara “passeio”.

Antes de fechar a porta atrás de si, Will pode ouvir a gargalhada de Annabeth.

Solace gostaria de dizer que teve uma noite louca e selvagem, totalmente sexy e depravada, mas Nico estava tão cansado que se jogou na cama com o tênis e tudo. Dormiu em menos de cinco segundos.

Will retirou os próprios All Star velhos e fez o mesmo com os do namorado, não precisou ser cauteloso, Nico estava dormindo como um morto.

Ao deitar, o loiro precisou de mais do que apenas cinco segundo para finalmente conseguir dormir.