Eu nunca havia constatado o quão irritante a cor branca é.
Com meu corpo totalmente estirado e relaxado sobre a cama, eu consigo ter a plena vista do teto do meu quarto; Branco e completamente sem graça alguma.
Mas essa cor, permite que eu pense nas coisas com clareza.
Eu sinto meus músculos doloridos e cansados pela noite mal dormida, e por ter encorajado Alexia a continuar quieta onde ela estava.
Se o pai dela é um Wolve e ele a fez tão mal, por que diabos ela quer ir atrás dele? Eu simplesmente não consigo compreender.
Porque ela é burra.
Bufei ao ouvir a voz psicopata me perturbar novamente, e eu torno a me perder em pensamentos.
Acha mesmo que pode me ignorar, Ariana?
— Eu não acho. Eu posso. — Respondo, e sorrio satisfeita, enquanto continuo olhando para o teto.
Então, eu terei que tomar medidas drásticas…
Quando pensei em debochar de suas tais medidas drásticas, eu sinto algo pingar em minha bochecha e eu pisco por puro reflexo.
Deslizo meus dedos sobre o líquido quente em minha bochecha. O levo para frente de meus olhos e fito a cor avermelhada. Sangue.
Quando torno a olhar para cima, o teto todo está banhado na cor vermelha e várias gotas começam a pingar sobre mim como uma chuva de sangue.
Eu sinto o desespero corroer minhas veias e eu me sento sobre a cama no mesmo instante que as gotas me atingem com intensidade e torno a piscar.
Quando abro meus olhos, todo o sangue desapareceu e as coisas continuam iguais como estavam. O teto voltou a ser branco.
Eu agarro meus cabelos com minhas mãos no mesmo instante. O que está havendo comigo? Estou ficando louca.
Eu irei te infernizar e pregar peças em você até que deixe que eu tome controle de tudo.
Eu me levanto, corro para dentro do banheiro e tranco a porta, como se eu pudesse aprisíoná-lo dentro de meu quarto e deixá-lo do lado de fora do banheiro.
Eu tomo um rápido banho e faço minha higienes o mais rápido possível. Em seguida, saio do quarto e desço as escadas.
Eu entro na cozinha e me deparo com Maggie, que acaba de virar uma xícara de café goela abaixo, e arruma uma mochila em seus ombros.
— Vai a algum lugar, Maggie? — Pergunto.
Ela dá um pulo de susto e se vira quase que imediatamente para mim, como se estivesse surpresa em me ver.
— Ariana, o que faz acordada essa hora?
— Perdi o sono. — Minto. — Mas e aí, vai sair?
— Deanna pediu minha ajuda com as plantações, então...Estou indo.
Eu fico um pouco desconfiada de suas palavras e franzo levemente os olhos, mas não vejo o porquê de Maggie mentir para mim.
— Tudo bem. — Suspiro.
Ela se despede e deposita um beijo em minha cabeça, em seguida, caminha até a porta — Que alguns Alexandrinos se ofereceram para arrumar — A abre e me deixa sozinha.
Eu preparo um pouco de cereal com leite em uma tigela e me viro para pegar uma colher na gaveta. Agarro minha tigela e a coloco sobre o balcão, acomodando meu traseiro sobre o banco.
Alcanço alguns flocos de milho do cereal junto a um pouco de leite com a colher, e o levo aos meus lábios. Meus dentes tilintam contra o metal da colher quando eu a retiro de minha boca. Mastigo lentamente e rolo meus olhos pela ampla vista que eu tenho da sala, descobrindo pequenas falhas que não prestei atenção antes. Mergulho a colher na tigela novamente e torno a olhar para ela.
Eu dou um pulo de susto e me desequilibro do banco, mas consigo não cair no chão. Eu olho pela segunda vez para ter certeza do que estou vendo e noto que não estou louca. A realmente um olho mergulhando em minha tigela.
Eu pisco várias vezes seguidas e esfrego meus olhos, mas ao tornar a olhar para o cereal, noto que o olho desapareceu.
Parece que tem alguém de olho no seu cereal.
Meu lado psicopata debocha, e eu sinto raiva dele por estar pregando peças em mim e cegando meus olhos.
Viro meu rosto de imediato em direção a porta ao ouvir três batidinhas na mesma. Eu me levanto e vou caminhando em direção a porta com meus olhos fixos em minha tigela de cereal.
Eu olho para a porta e estico meu braço para agarrar a maçaneta, mas eu sou teimosa e olho para trás pela última vez.
Me arrependi no mesmo instante em que vi um mar de sangue no chão de toda a sala. Ele cobria meus pés e parecia subir cada vez mais. Meu coração acelerou ao ver cada gota de sangue começar a flutuar no ar como se não existisse mais gravidade no planeta.
As gotículas de sangue subiam ligeiramente e pingavam no teto, e elas começavam a formar o pequeno rio de sangue como estava minutos antes no chão, mas agora no teto. Eu fiquei tão assustada que quando me dei conta, já havia abrido a porta e empurrado meu corpo para fora.
Eu bati a porta e me virei para o outro lado do corpo da pessoa que batia na porta.
— Ariana? — Paralisei ao ver Ron em minha frente. — Por que saiu correndo? — Ele aponta com seu polegar para a porta atrás de si.
Eu não respondo, pois o alvo de meu olhar é um hematoma feio perto de seu olho esquerdo com sangue seco, e contribuiu para que todo o olho esquerdo ficasse inchado e roxo. Eu tentei não me impressionar muito, pode ser mais uma das peças que meu lado psicopata está me pregando, mas descarto totalmente essa possibilidade quando ele nota que eu olho para aquele lado do rosto e tenta escondê-lo. Ele aparece abatido, e solta um espirro, indicando que está resfriado.
— Eu escorreguei ontem quando saiu correndo e cai dentro do lago, bati com a cabeça em uma pedra. — Ele esclarece o porquê do hematoma. — Você deixou isso cair.
Ele estica sua mão e abre seus dedos. Eu agarro minha pulseira imediatamente de sua mão e a coloco me meu pulso, com medo de que alguém tenha visto as marcas. Ele comprimi os lábios e eu semicerro os olhos ao tornar a olhar para o machucado em seu olho.
— Você não bateu com a cabeça em uma pedra. — Digo ao analisar melhor seu hematoma. — Você levou um soco. — Constato.
Ele abaixa a cabeça envergonhado, e por ter sido desmascarado na própria mentira. Ele encara seus dedos e brinca com eles.
— Ron. — Eu o chamo e ele levanta o olhar. Eu estou cagando para o que acontece com ele, mas sou curiosa. — Quem bateu em você?
Ele torna a morder os lábios e olhar para baixo hesitante, depois aperta os olhos, e sem olhar para mim, murmura.
— Carl. — Minha respiração falha. — Depois que você saiu correndo, ele apareceu do lugar em que ele estava escondido, deu um soco em meu rosto e me empurrou dentro do lago. — Esclarece.
Eu fico sem reação alguma e controlo minhas emoções. Ele bateu em Ron por ter tocado em mim. Ele ainda gosta de mim.
Eu não digo nada e Ron continua quieto, sem proferir nenhuma palavra se quer. Ele olha em volta e torna a me fitar.
— De qualquer forma, eu não me arrependo de nada. Eu só queria…
Minha atenção desvia-se de Ron quando eu vejo alguém na sala da minha casa por cima de seu ombro. A porta nova é de vidro, e há apenas uma persiana que se fecha para cobrir a visão do lado de dentro, mas eu jurava que elas estavam fechadas.
Eu infiro que mais uma vez, meu lado psicopata está me cegando com coisas surreais, e tenho tanta certeza quanto a isso quando vejo Carl parado do lado de dentro de casa.
Ele está todo machucado e parece assustado, mas não desvia o olhar de mim nenhum segundo sequer. Eu sinto um nó se formar em minha garganta e uma sensação ruim trilhar minhas veias. Meu lado psicopata finalmente encontrou meu ponto frágil e está disposto a usá-lo contra mim.
Me diga agora, Ariana. Vai deixar-me manifestar ou não?
Eu não tinha forças para responder, muito menos coragem. De qualquer forma, eu tenho consciência de que aquele não é o verdadeiro Carl, e que é só uma imagem dele para me enfraquecer. Mas mesmo eu sabendo que não é ele, estou destruída com sua aparência deplorável e maltratada. Seu belo rosto ferido, e seus olhos penetrantes e azuis, vazios e inchados.
Você quer jogar, não é? Então, vamos jogar!
Subitamente, como se tivesse uma entidade com forças sobrenaturais atrás de Carl, seu corpo flutuou do chão e voou em minha direção. O estalo de seus ossos contra o vidro da porta ressoaram com tanta intensidade que eu dei passos para trás, completamente assustada e desesperada.
Eu tive certeza aquilo ser uma alucinação quando contemplei que Ron progredia em tagarelar e gesticulava com as mãos com o olhar vago. Ele parecia não ouvir nada, nem ver nada, ao contrário de mim, que via o corpo de Carl sendo esmagado contra a porta de vidro.
Um soluço baixo de horror me escapou quando o corpo dele foi puxado para trás e arremessado contra a porta novamente, e várias vezes seguidas.
Sua pálpebras tentavam se fecharem a cada pancada, mas cada uma era mais intensa do que a outra e as impediam. Eu ouvia seus urros de dor e seus ossos estalavam a cada pancada contra a porta, me deixando cada vez mais alienada e desesperada com a cena.
Uma mancha de sangue inicia a entornar pelo interior do vidro temperado da porta, e a mesma começa a rachar e alguns riscos começam a contornar todo o vidro a partir da fissura, indicando que mais uma pancada e ela se parte.
Carl usa suas mãos machucadas e ensanguentadas espalmadas sobre o vidro para empurrar sua cabeça para cima, me dando a ampla visão de seu rosto desfigurado e de seus lábios com cortes extensos até o queixo. Seus olhos azuis cravam-se em mim, e estão carregados de súplica e cansaço.
— Por favor, me ajude. — Ele implora.
Repentinamente e pela última vez, seu corpo é puxado para trás com uma força sobre humana e empurrado contra o vidro novamente.
O vidro resistente cede e permite que um enorme orifício imperfeito seja escavado contra o mesmo. O corpo de Carl se lança sobre o orifício. Sua carne se enrosca em pedaços de vidro e ele se curva sobre o mesmo atrás de Ron. O sangue escorre pelo resto da porta e suja os pés de Ron com sangue, e eu vejo seu rosto completamente cortado.
Um grito de dor e agonia me escapa no momento em que eu levo as mãos para meus ouvidos, tentando me livrar das malditas alucinações, e da angústia de ter presenciado algo tão grotesco com uma pessoa que eu tanto amo.
Quando torno a abrir meus olhos, vejo que Ron me encara completamente assustado pelo grito repentino. Não há nada atrás dele. A porta está intacta, e as persianas fechadas. Não há vidros partidos. Não há sangue. Não há Carl.
Eu retiro as mãos de meu rosto vagarosamente conforme Ron ainda me fita assustado. Ele deve ter falado comigo o tempo todo durante a alucinação, e de repente eu gritei.
— Eu... Preciso entrar. — Gaguejo.
Eu o empurro para o lado, abro a porta e entro em casa, a fechando atrás de mim. Eu subitamente me arremesso no sofá e cubro minha cabeça com almofadas, em uma maneira estúpida de me livrar das vozes e alucinações.
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Desperto-me um pouco bêbada do ócio ao sentir a luminescência atingir meus olhos preguiçosos por meio de minhas pálpebras lúcidas.
Forço meu tronco dolorido junto a meus membros a se movimentarem. Os mesmo estalam por eu ter dormido de mal jeito.
Um bocejo me escapa e eu coço minha cabeça, junto as meus fios vermelhos. Meus olhos vagueiam para além da janela, constatando ser fim de tarde devido as cores uniformes e vibrantes no céu, junto ao sol que se esconde as costas dos muros. Agradeço por ter conseguido adormecer por um longo período.
Eu me levanto e contenho-me para não abrir meus olhos. Ainda estou assustada com aquela ilusão, e eu não estou hábil para ver mais nenhuma cena aterrorizante daquelas.
Subitamente, ouço três batidas repentinas na porta. Suspiro profundamente, pode ser outra alucinação, mas pode não ser.
Eu abro meus olhos e giro minha cabeça em direção a porta. Eu vejo duas sombras pela fresta embaixo da porta, e por entre as frestinhas das persianas. Ofego.
A princípio, eu me locomovo lentamente em direção a porta. Estou descalça, e sinto o impacto do pavimento gélido percorrer meu corpo. Eu paro diante da porta, e puxo a maçaneta.
Como uma chama perto de um cigarro, eu sinto meu cerne se aquecer de imediato ao ver Carl parado ali em minha frente. Suas mãos estão soterradas no bolso de sua calça, e ele levanta seu olhar do chão para me fitar como sempre faz. Começo a arfar pesadamente.
É mais uma alucinação.
— Ah, Ariana. — Ele arqueia as sobrancelhas e seu tom de voz soa desdenhoso. Comprimo meus lábios. — Maggie está aí? Eu preciso falar com ela. — Cruzo meus braços.
— Não, Maggie não está. — Respondo. — Pensei que soubesse que ela sempre trabalha com Deanna esse horário, a não ser que tenha vindo aqui propositalmente.
Ele trava o maxilar.
— E por que outro motivo eu me daria o trabalho de vir até aqui? — Sua expressão e seu tom de voz estavam tão provocativos, que eu estava a ponto de fazer algo muito insano.
— Me chingar? — Dou de ombros. — Ou talvez ter vindo se desculpar por ter acertado um soco no rosto de Ron.
— Ele mereceu. — Rugiu bravo. — Eu já havia o alertado para não encostar no que não lhe pertence. — Eu entendi sua referência.
— Não sou sua propriedade! — Cuspo as palavras, e ele revira os olhos.
— Não importa.
— Você está com Enid, não tem que ficar controlando o que eu faço ou deixo de fazer, Carl.
— Quer saber, você é muito infantil! — Ele cruza os braços e me dá as costas. — Não vou ficar aqui discutindo com você.
Eu sigo seus passos com meu olhar, o vendo descer os degraus da varanda e tomar a esquerda. Ele bufa enquanto caminha apressadamente, e murmura palavrões desconexos.
Isso não vai terminar assim. Eu ainda não acabei. Ele já havia caminhado o bastante, mas ainda não havia sumido de minha vista. Coloquei minhas mãos em torno de minha boca para que o som saísse mais alto, e gritei:
— O Ron beija melhor do que você!
Foi uma mentira desgraçada, mas eu quero vê-lo sofrer um pouquinho.
Subitamente, ele para no meio da rua e eu engulo a seco. Ele ergue a cabeça e parece buscar folego. Ainda com os braços cruzados e a expressão furiosa, ele se vira para mim.
— O que foi que disse? — Hesito um sorriso satisfeito.
— Eu disse que o Ron beija melhor do que você!
Eu repito pausadamente e as palavras parecem atingí-los como socos no estômago. Ele gira sua cabeça de todos os ângulos, parecendo ver se havia alguém na rua para ter escutado aquilo. Infelizmente, a rua estava vazia.
Ele voltou a caminhar em direção a minha casa vagarosamente. Engoli a seco e apertei mais meus dedos contra o batente da porta, vendo os nós de meus dedos ficarem brancos.
Ele subiu os degraus e seus passos rangerem. Ele ainda estava de braços cruzados, e paralisou a um metro de mim. Ele ergueu o olhar para mim e me encarou, estalando a língua no céu da boca.
— Pode repetir?
Ele arqueou as sobrancelhas e sua expressão estava indecifrável. Eu o encaro profundamente, aproximando meu rosto lentamente do seu. Mordo meus lábios provocantemente querendo sua atenção, mas seus olhos estão fixos nos meus.
— Eu disse, que o Ron beija…
Subitamente, suas mãos agarraram minha cintura e ele me empurrou para trás com uma força surpreendente. Eu demorei a conceber que eu estava sendo empurrada de volta para dentro da casa.
Senti o ar gélido do cômodo combater contra a temperatura quente de meu corpo devido ao mormaço que serpenteia o ar do lado de fora.
As divergências contra as temperaturas são grandes, e eu corro o risco de sofrer um choque térmico. Porém, as ações e o calor do corpo de Carl presente fazem do frio uma coisa inútil, e eu sinto todo meu corpo queimar conforme ele ainda me arrasta cada vez mais para trás apenas segurando minha cintura. Eu me sinto tão quente, que eu acredito poder incendiar qualquer coisa que eu tocar.
Carl bate a porta da sala com seu pé, puxa minha cintura contra si mas continua me obrigando a caminhar de costas com o rosto curvado sobre o meu. Ele toma meus lábios para si e me beija com afobação.
Meu pé travou repentinamente quando ele me beijou, e nisso Carl me empurrou para trás para que eu andasse de costas. No entanto, a tapeçaria estirada no pavimento se enrosca a meu pé e eu me desequilibro com facilidade.
Por ímpeto, eu agarro sua camiseta e meu corpo despenca e eu puxo Carl comigo. Eu ofego quando sinto minhas costas impactarem-se contra o chão, e o peito de Carl esmagar meus seios no momento em que ele cai por cima de mim.
Ele solta uma leve gargalhada gostosa e me beija novamente, espalmando as mãos no chão conforme ele aprofunda o beijo. Seus lábios se moviam com tanta precisão que eu mal consigo corresponder.
Estou completamente sem fôlego, e esse beijo permite que uma enorme onda de calor percorra cada milímetro do meu corpo, e eu sinto-o queimar.
Como se não bastasse todas aquelas sensações calorosas, sinto suas mãos escorregarem para debaixo da minha blusa. Ele brinca com minha barriga, e eu sinto a ponta de seus dedos trilhar um caminho até meu sutiã, enquanto continua a me beijar.
Seus dígitos apertam levemente meu seio esquerdo e eu arfo contra seus lábios. Concebo que ficará marcas. Sinto seu toque me queimar cada vez mais, ofego durante o beijo, que fica cada vez mais profundo.
Subitamente, ele para.
Eu abro meus olhos lentamente, completamente entorpecida por seu toque e seu beijo ávido. Minha vista está um pouco turva, como se seu beijo fosse um veneno e eu o tivesse ingerido em grande quantidade.
Conforme minha visão normal retorna, eu noto que meus dedos estão enroscados a gola de sua camiseta. Ele ofega, e eu admiro suas pupilas dilatas no momento em que percebo que seu quadril está junto ao meu, e meus joelhos prendem suas costelas.
Seu rosto está todo vermelho devido ao momento quente que acabamos de nos desfrutar. Mordo meus lábios ao ver um meio sorriso rasgar em seus lábios carnudos e rosados.
— O Ron ainda beija melhor do que eu?
Franzo levemente as sobrancelhas por ainda estar hipnotizada por seus olhos enquanto tento processar suas palavras. Durante esse processo, ele ri e se levanta, fazendo meu corpo todo protestar ao sentir seu cheiro e seu calor desgrudar do meu.
Ele arruma sua camiseta juntamente do chapéu. Ele me dá as costas e caminha até a porta, saindo pela mesma e a fechando atrás de si. Ele me larga ali, sozinha, deitada no chão, completamente excitada e ofegante.
Isso foi uma alucinação?
Eu por extinto, toco meus lábios. Sinto que estão quentes e formigam.
Não.
Não foi uma alucinação.
Foi real.
Eu sinto uma onda de arrependimento e raiva me envolver. Ele fez isso de propósito, fez isso por eu ter beijado Ron. Eu sinto vontade de matá-lo por ter estragado tudo na melhor parte.
Seja corajosa, vá lá matá-lo.
— Não fode. — Resmungo, e bufo conforme me remexo na tapeçaria.
Eu continuo deitada ali, com meus olhos fechados e regulando minha respiração, tentando acalmar meus nervos e cessar as sensações ardentes. Mas elas não querem dormir. Elas querem mais.
E eu estou disposta a dar o que elas querem.
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Bufei e dei-me por vencida ao constatar que eu nunca conseguirei contar quantas estrelas brilham e contemplam o céu azul escuro e perfeito.
Eu sempre amei a noite.
O tom azul escuro, as nuvens se escondendo, as estrelas brilhantes maravilhosas. Elas sempre me trouxeram uma paz indescritível, mesmo com tudo desmoronando a minha volta.
Eu desperto-me de meus devaneios e desloco meu olhar para além da janela de volta ao quarto. A escuridão que domina o quarto deixa o ambiente mais sombrio, sendo aliado da temperatura que está baixa, a ponto de ter convencido-me a vestir um moletom grande e quentinho.
Eu sinto os braços sôfregos pressionarem-se mais forte contra meu quadril, e eu abaixo meu olhar instantaneamente.
Concebo que Maggie acaba de sensibilizar e adormecer abraçada a mim, com o nariz vermelho afundado sobre a pequena mancha molhada em meu moletom com suas lágrimas.
Eu passei o dia todo com ela depois que retornou para casa. Ela estava aparentemente bem, até que eu tive uma alucinação de ver Glenn com o rosto desfigurado na janela, e ter pronunciado seu nome um pouco alto demais.
Passamos praticamente o resto do dia enfurnadas no seu quarto. Eu servi como “ursinho de pelúcia”, enquanto ela me abraçava e chorava, dizendo que sentia a falta de Glenn, e que estava com medo de que ele nunca mais voltasse, ou de que nunca mais pudesse ver seu rosto novamente.
Eu me senti tão mal com aquelas palavras, e percebi que no fundo, eu estava sentindo a mesma coisa. E se eu nunca mais visse seu rosto novamente?
De qualquer forma, eu acredito que ele está vivo, e que voltará para nós sem medir esforços.
Eu retiro os braços de Maggie de minha cintura e me levanto da cama com prudência, para que as molas não rangem e a acorde. Eu caminho na ponta dos pés até a porta, e olho para trás, vendo Maggie dormir em posição fetal com as mãos embaixo de sua cabeça. Fecho a porta.
Meus pés ficam gelados devido a temperatura super gélida do chão enquanto eu traço meu caminho até meu quarto. O corredor está escuro, e eu não me arrisco a acender nenhuma das luzes da casa.
Eu entro em meu quarto e fecho a porta, deslizo meu dedo sobre o interruptor acendendo a luz. Vou até o banheiro.
Eu começo a me despir e vou para de baixo do chuveiro para tomar uma ducha fria, rezando para que ela tire a tensão em meus músculos e permita que eu divague um pouco.
Eu lavo meus cabelos, e a sensação de sentir sua mente se aliviar é boa, tão boa que me dá vontade de passar o restante da noite aqui.
Ao acabar o banho, percebo que meu corpo todo está arrepiado e meus dentes se colidem com um tilintar agoniante conforme meus lábios tremem e ficam levemente azulados.
Eu me seco e visto roupas quentinhas. Eu me posiciono na frente do espelho que repousa em cima da minha. Eu movimento minha cabeça para o lado, e fico um pouco assustada ao notar que me reflexo não se movimenta, e me encara.
Franzo levemente as sobrancelhas e levanto uma de minhas mãos para frente do espelho. Sem reflexo. Eu arfo e vejo uma fumacinha branca escapar por entre meus lábios.
— Essa é você de verdade. — Meus lábios se movimentam no reflexo e o som da minha voz retumba pelo estreito banheiro.
Um sorriso maníaco reina meus lábios no reflexo, e eu me assusto por estar séria. Seus olhos estão brilhosos e maliciosos, e eu me sinto um arrepio ao notar o quanto eu posso ser assustadora quando eu quero.
— Quem é você? — Questiono, e meu reflexo gargalha.
— Seu lado psicopata, ora bolas. — Ela revira os olhos. — Na verdade, eu tenho um nome, mas como estou encarnado em seu corpo, me denominarei o jeito como você desejar. — Ele faz uma reverência estúpida.
— O que você quer? Por que está me fazendo ter alucinações? — Pergunto um pouco assustada.
Já não basta ter alucinações horríveis, tenho que ver eu mesma em meu reflexo com outra personalidade.
— Eu quero você, quero seu corpo...Eu preciso manifestar-me em um corpo para matar minha sede.
— Procura outro corpo. — Respondo ironicamente. — O meu não está disponível.
— Pelo contrário. A partir do momento em que você viu que sua vida era um inferno, você mesma me deixou entrar, e agora, eu quero seu corpo de volta. — Comprimo meus lábios. — Vamos lá, é como nos velhos tempos. Não era divertido? Você não gostava quando eu matava as pessoas e você ficava apenas assistindo? Não era bom quando eu estava no controle?
— Era sim. Mas agora acabou, não posso voltar a ser a de antes, não posso deixar que você se manifeste. E você não vai voltar.
Eu me sinto uma completa maluca por estar falando com meu próprio reflexo no espelho. Mas no fundo, eu sei que não estou falando sozinha.
Estou falando com o ser que teve uma grande influência em minha vida depois que tudo realmente desmoronou. Ele foi um grande amigo, me incentivou a ser corajosa e fazer coisas horríveis para sobreviver, mas eu sempre soube que ele não era o mocinho que me salvou, e nunca vai ser. Mas agora, Carl me ensinou a ser diferente, não preciso mais dele.
— Você é uma maldita ingrata! — Meu reflexo ralha. — Eu te mantive viva por todos esse anos, e agora que arranjou um garoto gay quer se livrar de mim? Quanta gratidão! — Debocha, e eu busco uma paciência que não existe dentro de mim.
— Carl não é gay. — Respondo, massageando minhas têmporas.
— Você só fala assim porque deu para ele.
Aquelas palavras foram o ápice, e eu explodo de raiva.
— Escuta aqui. Eu não vou ficar discutindo com uma personalidade que eu não tenho controle. Eu já disse, e vou repetir pela última vez. Você não vai voltar, e agora, você já pode sumir. É uma ordem!
Eu vejo minha face no reflexo tornar-se uma expressão perplexa e furiosa. Ela parece cerrar seus punhos, e quando dou por mim, os punhos socam o espelho, mas parecem não atingí-los.
— Está me expulsando?
Engulo a seco ao notar que a voz, de rouca e aguda, se tornou grave e parecia ter sido duplicada, como se tivesse se transformando na voz de um demônio. O reflexo no espelho começou a se distorcer. Busquei coragem, e pronunciei palavras debochadas, o que contribuía para que fodesse a porra toda. Literalmente.
— Quer que eu desenhe para você?
Eu esperei que o reflexo pulasse para fora do espelho e me esfaqueasse até meu sangue todo jorrar para fora de meu corpo, mas a sua atitude realmente me assustou.
Eu, — meu reflexo — fechou os olhos, e sua expressão passou de raivosa e demoníaca para pacífica e calma. Quando suas pálpebras foram levantadas, eu percebi que seus olhos refletiam o mesmo ar do olhar que o meu transmitia e que eu tanto odiava. Inocência.
— Eu realmente tentei, Ariana. Você só precisava permitir que eu me libertasse. Você não me deu outra escolha.
Franzo levemente o cenho ao ver pelo espelho a porta do banheiro se abrir vagarosamente junto a um rançoso rangido. Eu consigo ter uma boa vista de meu quarto, mas o que ganha mas destaque é a cama. Ao direcionar meu olhar para minhas costas, eu vejo que a porta do banheiro está fechada, mas quando eu olho para o espelho, ela está aberta.
— Aqui, estão duas pessoas que você tanto ama. — Subitamente, Alexia e Carl apareceram atrás do meu reflexo. — Duas pessoas boas que tiveram suas vidas estragadas quando você resolveu fazer parte da vida delas.
— Não é verdade. — Vocífero. — Eu salvei Alexia.
— Tem certeza que salvou ela? Depois que tirou ela de lá, só aconteceu desgraças com ela.
Eu resolvo não retrucar. Estou enlouquecendo aos poucos, e responder não vai me ajudar. Eu penso em me afastar e sair do banheiro, mas parece ter algo me contendo ali, me obrigando a olhar para o espelho, e ver minha própria imagem dizer coisas absurdas.
— E Carl? Nem se fale. O coitado realmente não consegue se livrar de você. — Ela abrange os lábios debochadamente. — Não me surpreendi quando você foi baleada que os dois se aproximaram. Você não acha mesmo que Carl e Alexia apenas conversaram, acha? É claro que fizeram coisas a mais. Olhe só para eles, inocentes que enfrentaram o mundo sem sujar as mãos de sangue como você fez. Eles se merecem.
Ao correr meus olhos pela fresta da porta no reflexo, eu vi algo que fez meu coração se apertar. Carl e Alexia estavam deitados na cama, pareciam nus com apenas um fino lençol os cobrindo. Alexia está com a cabeça repousada sobre o peito de Carl, enquanto o mesmo sorri e vai adormecendo aos poucos.
— Não é lindo? Não acha que eles se merecem?
Eu sinto uma raiva imensa se espalhar por todo meu corpo. Eu cerro meus punhos e por impulso, eu o lanço em direção ao espelho, o partindo em milhões de fragmentos cortantes e estrídulos.
Eu ouço a gargalhada de satisfação retumbar em minha mente, e eu me sinto com tanta raiva quanto nunca.
Isso! Vamos Ariana, só mais uma dose de raiva e eu me manifesto.
— Chega de joguinhos. — Berro para os fragmentos que ainda estão na parede, e que ainda refletem minha face. — Já chega. Eu vou acabar com isso, agora.
Eu abro a porta do banheiro e saio da mesma. Eu saio no corredor, jogando meus cabelos para trás e dando uma breve olhada para o quarto de Maggie, e regracio mentalmente por ela não ter acordado. Desço as escadas, e alcanço meu par de All-Star ao lado da porta, e me sento no sofá para calçá-los.
Aonde pensa que vai? Acha que pode me deter?
— É claro que posso. — Respondo convencida, enlaçando os cadarços que um dia foram brancos. — Agora eu entendo. Toda vez que eu estava com o Carl, você simplesmente sumia. Você me quer longe dele pois você sabe que ele é o único que pode te expulsar. — Um sorriso desponta meus lábios ao ver que ele não retruca. — Pois é a ele quem eu vou recorrer.
Eu saio de casa e fecho a porta. Eu pressiono o moletom preto e grande que bate em minhas coxas, ao sentir a rajada álgida empurrar meu corpo e gelificar a ponta de meu nariz. Visto a toca do moletom sobre minha cabeça, para desvelar-me da friagem.
Procuro algum sinal de vida nas avenidas, nada. Sorrio para os céus por não ter ninguém na rua, e eu me sinto mais confortável para marchar até a casa de Carl.
Ariana, volte agora mesmo. Eu ainda controlo metade do seu corpo, se chegar perto dele, eu irei machucá-lo.
— Eu não vou deixar. — Murmuro, e vejo o vapor condensado escapar por entre meus lábios, mas quase não o vejo devido a escuridão.
Eu paro em frente a casa e olho diretamente para a janela do quarto de Carl no telhado. A luz está acesa, ele está lá dentro. Subo os três degraus, e paraliso antes de alcançar a porta.
Você não vai avançar.
Subitamente, um enorme buraco se forma no chão, com rochas grandiosas e lava no fundo como um rio. Parece tão real que eu até sinto o calor do vapor da lava. Por mais que eu esteja amedrontada, a pessoa que pode me ajudar está perto, e nada vai me impedir de chegar até ele.
— Não é real. — Rumorejo.
Eu fecho meus olhos e avanço a frente, e sinto todos os meus músculos tensos se aliviarem ao perceberem que eu não cai em um buraco, e que estou viva.
Ao tornar a abrir meus olhos, infiro que o enorme buraco se dissipou, e que estou á frente com a porta. Eu instintivamente resvalo minha língua sobre meus lábios, e estico meus dedos para englobar a maçaneta.
Resmungo um palavrão ao constatar que a porta está trancada. Retiro um grampo de meus cabelos e olho em volta por precaução, a fechadura toma minha atenção novamente quando eu percebo que não têm realmente ninguém na rua. Alinho o grampo contra meus dedos, e o arrumo contra fechadura. A rodopio seguidas vezes até ouvir o click de costume. Empurro a porta e entro na casa.
Um alívio percorre meu corpo ao sentir que o clima ali dentro está quente e agradável, fecho a porta. Eu logo trilho meu caminho até a escada.
A casa de Carl é diferente, e eu preciso atravessar a cozinha para chegar as escadas que se localizam no saguão. Eu cerro meus punhos ao ver que meu sangue continua na parede perto da escada onde o homem bateu meu rosto, mas parece que alguém tentou o remover. Eu ignoro, e começo a subir os degraus.
Pare, Ariana. Por favor, não me deixe morrer, você precisa de mim!
Eu percebi que estava certa quando a voz ecoou em minha mente com um tom de súplica.
O corredor do andar de cima está parecido com o da minha casa. Todo escuro, resplandecente com somente a luz de um cômodo. Seu quarto.
Todos ainda estão em missão para mandar os zumbis para longe, por isso ele está sozinho. As manhãs ele passa cuidando de Judith, e a noite, ela fica aos cuidados de Carol. Assim, ele tem um pouco de paz.
Eu invado seu quarto e fico surpresa ao ver que ele não está ali. Certifico-me de que ele está no banho quando ouço o registro ligado, som de água se chocando contra o pavimento, e um leve vapor sair por debaixo da porta.
Eu me sento sobre sua cama e cruzo as pernas, entrelaçando meus dedos por cima de minhas coxas enlaçadas. Aguardo pacientemente.
Eu não vou me entregar sem lutar.
Ignorei o lado psicopata a todo custo. Por mais que eu esteja um pouco preocupada por ele realmente estar forte, eu farei o possível para controlá-lo, e não deixarei que ele tome posse de meu corpo.
Carl não demora muito para acabar o banho.
Eu sinto uma onda elétrica e quente balançar minhas estruturas ao vê-lo sair do banheiro com uma toalha enrolada na cintura, e detém outra com as mãos para enxugar seus cabelos compridos. Ele está de olhos fechados, portanto, não nota minha presença.
Ele abre vagarosamente os olhos, e parece se assustar e paralisar quando me ver, como se não esperasse me ver ali.
— Ariana? — Pergunta confuso. Ele caminha até a porta e olha para o corredor, procurando sinal de vida.
— Não se preocupe. Não tem ninguém em casa.
Ele continua procurando, parecendo desconfiado. Ao ver que não tem ninguém, ele fecha a porta.
— O que faz aqui? — Dou de ombros, e sinto o sorriso em meus lábios rasgar mais ainda. — Como foi que entrou? A porta estava trancada.
— Se esqueceu que eu sei arrombar portas? — Arqueio as sobrancelhas.
Ele dá de ombros. Ele caminha até a cômoda no canto do quarto e apanha as roupas dobradas em cima da mesma.
— Então, o que te traz aqui? — Ele pergunta.
— Eu estava...Entediada. — Minto. Ele parece perceber, pois me lança um olhar irônico.
Ele fica de frente para a parede e de costas para mim. Ele retira a toalha de sua cintura e alcança sua cueca. Eu não consigo desviar meu olhar das costas de seu corpo nu.
— Eu sei que você está olhando para minha bunda, sua tarada. — Ele balbucia, me tirando dos meus devaneios e pensamentos insanos. Reprimo uma risada.
Eu sigo cada movimento seu com o olhar, e não demora muito para ele terminar de se vestir. Seguidamente, ele rola os olhos pelo quarto, parecendo procurar algo.
— Você está procurando isto? — Questiono balançando seu chapéu em meu dedo indicador. Ele meneia positivamente com a cabeça. — Você quer? — Ele estica seus dedos para o pegar, mas eu os desvio. — Vem pegar.
Eu rolo por cima de sua cama até parar do outro lado. Ele bufa.
— Não estou afim de joguinhos, devolve logo meu chapéu. — Resmunga, e eu me divirto com sua irritação.
— Você pode ter seu chapéu de volta, se conseguir pegá-lo. — Esclareço.
— Quer que eu pegue o chapéu? Então eu irei pegar.
Eu lanço meu braço para trás no momento em que ele se joga sobre a cama e tenta alcançar o chapéu. Quando vou rir de sua cara, ele puxa meu outro braço, e eu caio em cima da cama. Ele sobre em cima de mim com uma rapidez impressionante, e me prende contra ele. O encaro ofegante.
— Eu ganhei. — Diz, soltando uma risadinha debochadora.
— Tem certeza?
Eu lhe dou um golpe bruto utilizando todas as minhas forças e o lanço para a beirada da cama. Ele fica sem fôlego com o golpe e tenta processar o que aconteceu. Eu aproveito e corro para fora do quarto.
Pulo as escadas e corro em direção a cozinha, mas paraliso no saguão ao ver um disjuntor na parede. Mordo meus lábios, e ouço Carl descendo as escadas. Eu puxo as alavancas, e desligo todas as luzes da casa.
— Você quer brincar no escuro, Ariana?
Eu me escondo atrás do balcão e olho de soslaio para a porta, com meus dedos presos a pedra gélida do balcão. Eu coloco o chapéu sobre minha cabeça para deixar minhas mãos livres.
Vejo a sombra de Carl entrar na cozinha, e vejo sua cabeça girar em todos os ângulos, me procurando. Ele parece notar minha sombra, pois vem em minha direção rapidamente.
— Eu te achei. — Ele murmura, e ouço-o gargalhar.
Eu me lanço sobre o balcão o despistando, e corro de volta para o saguão em direção as escadas. Pulo os degraus novamente e volto para dentro de seu quarto. Eu rapidamente me jogo no chão e me arrasto para baixo de sua cama.
Tento controlar minha respiração desregulada, e fico alerta a qualquer barulho presente que possa indicar que ele está aqui.
Ouço seus passos dentro do quarto e eu tranco minha respiração, reprimindo uma risada. Ele parece procurar por um bom tempo, e depois ouço a porta de seu quarto sendo fechada, indicando que ele saiu.
Eu saio debaixo de sua cama no mesmo instante, e caminho na ponta dos pés até a porta, para que ele não me ouça e volte para dentro do quarto.
Subitamente, sinto algo agarrar-se a minha cintura e uma mão ser posta em minha boca. Tento gritar, mas o som sai abafado e quase não dá para ser ouvido.
— Agora você não me escapa.
Carl ri contra meu ouvido conforme afrouxa a mão em minha boca. Ele segura meu braço e me vira para ele. Ele segura meu queixo e ergue minha cabeça para que eu possa olhar para ele. Seus olhos estão brilhantes, e sua expressão brincalhona.
— Acho que isso me pertence, não é?
Ele bate seu dedo indicador contra o chapéu. O retiro de minha cabeça, e o coloco na sua.
— Infelizmente pertence a você, mas todos sabemos que fica melhor em mim. — Brinco, e ele ri.
— Eu concordo.
Eu cerro meus olhos no momento em que sinto suas mãos indo para minha cintura, e elas as pressionam vagarosamente. Sinto seu corpo pressionar-se mais contra o meu, e nossas respirações se mesclam.
— Eu amo o poder que eu tenho sobre você.
Sinto seus cílios enrolarem-se nos meus. Seus lábios roçam-se nos meus vagarosamente, e eu sinto necessidade de tê-lo só para mim imediatamente, e me contenho para não morder seus lábios com força.
Ele puxa meu rosto contra si com a mão esquerda sobre minha bochecha, e a direita em minha cintura, me convidando a colar nossos corpos mais precisamente. Sinto toda minha face incendiar ao sentir seu polegar acariciar meu rosto.
Cerro minhas pálpebras ao sentir seus lábios completamente esbarrar aos meus. Eu logo sinto sua língua quente invadir minha boca, e ele procura a minha com rispidez.
Eu retiro seu chapéu estúpido que importuna nossa tentativa de isolar qualquer espaço presente entre nossos corpos, e o arremesso para o outro lado do quarto.
Noto que ele fica um pouco surpreso devido a meu ato, já que ele quem costuma tomar atitude na maioria das vezes, mas me sinto privilegiada quando percebo que ele gostou e riu durante o beijo.
Lanço meus braços sobre seus ombros largos e elimino o pequeno espaço entre nós. Eu piso por cima de seus pés para que eu fique em uma altura adequada para que eu consiga aproveitá-lo sem me preocupar com seu tamanho ou em ficar na ponta dos pés.
Seus dedos resvalam-se para minha nuca e ele puxa meu rosto mais contra si, e nós aprofundamos o beijo conforme entrelaçamos mais nossas línguas uma na outra. Contraio meus dedos contra seus ombros ao sentir a queimação de mais cedo retornar com brutalidade.
Ele distribui uma passageira pressionada forte e rápida em minha cintura e escorrega seus dedos para baixo, e sinto-os amparar contra minha bunda. De súbito, ele os leva diretamente para minhas coxas.
Eu arfo por ímpeto ao sentir seus braços entrelaçarem-se contra minhas coxas e ele me pegar em seu colo. Meus joelhos pressionam suas costelas, meus braços estão cruzados contra seu pescoço e eu sinto seu cabelo macio esporar meu queixo.
Carl é bem magro mais ainda sim consegue ser bonito e encantador. O fato dele ter uma força impressionante mesmo aparentando não ser tão forte, é magnifico. Isso, querendo ou não, vai sempre me impressionar.
Ele levanta seu olhar e nossos narizes se roçam. Seguro sua bochecha, e selo seus lábios aos meus novamente.
Sinto uma onde de ansiedade queimar-me por completo ao constatar que estamos em movimento, e que ele me carrega para algum lugar enquanto nos beijamos.
A sensação de estar em seus braços é tão boa.
Ele joga seus braços para trás de mim e compeli alguns objetos sobre a cômoda para o lado. Posteriormente, ele me senta com delicadeza ali em cima. Eu sou tão baixa que até sentada em uma cômoda, eu consigo ser menor do que ele.
O puxo pela nuca em direção a minha boca novamente, querendo mais do seu beijo, e ele atende meu pedido. Resvalo meus dedos por sua cintura até chegar na barra de sua camiseta. Eu a puxo, indicando a Carl que eu quero retirá-la e ele cede, erguendo seus braços. Eu a retiro e a lanço ao chão, Carl sorri para mim.
Eu encosto a sola de meus tênis contra as gavetas da cômoda, abro minha pernas e puxo Carl para que se encaixe ao meio delas. Prenso meus joelhos contra sua cintura, e Carl me puxa pela nuca, buscando meus lábios.
Sinto suas mãos deslizando sobre meu jeans rasgado, da cintura até meus joelhos, em um vai e vem gostoso enquanto me beija.
Seguro suas bochechas coradas com minhas mãos sutilmente imobilizando seu rosto, e vejo-o movimentar apenas os olhos, sem desviar seu olhar do meu.
Eu acorrento meu olhar ao dele, e eu permaneço sustentando o olhar até que eu ordene que feche os olhos.
Seus olhos seguem meus lábios conforme eu os roço aos dele e os revelo para seu queixo, depositando um breve selinho na ponta do mesmo, sem desviar nosso olhar.
Eu sei o quanto ele se esforça para me satisfazer, e do quanto ele se preocupa para que seje bom o bastante, e eu quero proporcionar tanto isso para ele quanto para mim.
Soterro meus dedos contra seus cabelos compridos e os forço, para que ele tenha sã consciência de que ainda não pode mover sua cabeça.
O movimento de vai e vem com as mãos em minhas coxas continuam incessantemente, e quando eu faço algo que o excita, ele cessa os movimentos e aperta seus dígitos contra minhas coxas com força.
Eu escorrego meus lábios para seu pescoço conforme o obrigo a inclinar a cabeça para o lado apenas segurando seus cabelos. Deposito beijos molhados em seu pescoço, e sinto-o se arrepiar quando mordisco sua pele esquálida.
Sinto uma chama ardente dilacerar meu cerne ao ver o que consigo causar a ele.
Ariana, pare. Você já me machucou o suficiente. Por favor, não quebre a linha ou terei que te obrigar a fazer coisas indesejadas.
Meus lábios pendem para baixo e eu promovo uma onda de beijos por sua pele pálida. Contorno seu pescoço e desço os beijos para seu tórax e abdômen, descendo cada vez mais enquanto seguro sua cintura para que ele não se locomova.
Os movimentos de vai e vem sobre minhas coxas suspendem. A única coisa que sinto são os apertões brutos contra minhas coxas conforme meus lábios deslizam cada vez mais por todo o corpo de Carl, e o pressionamento foi mais intenso quando eu mordisquei sua barriga um pouco acima do umbigo.
Ao rematar os beijos por todo seu corpo, eu torno a olhar para ele. Suas pupilas estão dilatas e ele ofega pesadamente. Seus cabelos estão desengrenhados e ele parece insano por prazer.
Mordo meus lábios em uma maneira de seduzí-lo e sinto o gosto de sua pele reinar meus lábios. O gosto dele é bom.
Isso soou tão canibalista.
Meu lado psicopata graceja, e eu o ignoro.
Carl me puxa pela nuca e fixa nossos lábios novamente. É sua vez de soterrar seus dedos em meus cabelos curtos e ele os aperta com força conforme morde meus lábios sem lástima.
Seus lábios resvalam-se até meu pescoço e ele dá beijos e consigna leves chupões no mesmo, deixando minha pele vermelha e magoada. Arfo contra seu ouvido e fecho meus olhos entorpecida e dopada pelo prazer. Minha respiração entrecortada oscila os fios do seu cabelo sobre seus ombros.
Como se ele estivesse extraindo toda a minha energia, eu me sinto indisposta a ter consciência de qualquer coisa presente, e mais uma vez, sou submissa a ele.
Repentinamente, ele puxa minha cintura até a sua, e novamente, estou em seu colo. Meu corpo todo está ocioso e debruçado sobre o ombro de Carl enquanto ele nos leva a algum lugar. Meu corpo todo parece preguiçoso, mas ainda me restam forças e coragem para o que viria a seguir.
Não deixe que ele a carregue até a cama, não deixe que ele toque mais em você, não se entregue a vulnerabilidade novamente!
— Me perdoa. — Sussurro baixinho entre o ombro de Carl para que ele não escute. — Acontece que já estou vulnerável e submissa a ele.
Ele deposita um beijo estalado contra minha bochecha enquanto eu me aninho mais ao seu pescoço, e me sinto mais incentivada ao sentir sua olência adentrar minhas narinas.
Você está submissa, mas eu não, portanto, vou lutar contra ele.
— Eu não vou permitir.
Eu não me sinto confortável em estar disposta a me livrar de meu lado psicopata. Ele já me salvou tantas vezes que nem posso contar, e tenho uma enorme lista de dívidas para pagar a ele.
Mas enquanto ele estiver por perto, eu nunca poderei ter algo muito intenso com Carl, pois ele sempre vai criar coisas falsas em minha mente.
Para abrir portas para um novo mundo, precisa fechar aquelas que te prendem ao passado.
Minhas costas chocam-se contra algo macio, e eu deduzo ser a cama de Carl ao sentir seu cheiro forte impregnado no colchão. Ele morde os lábios e continua de pé para fora da cama, enquanto desafivela o cinto que está usando. Ele o larga no chão, e sobe em sua cama.
Dobro minhas pernas conforme ele engatinha sobre o colchão para cima de mim e eu engatinho para trás, atrasando nosso encontro e para torturá-lo um pouco.
Seus dedos agarram meu moletom para que eu cessasse os movimentos de costas e me puxa para baixo. Seu olhar transborda ansiedade e malícia.
Ele puxa meu moletom para cima e eu arqueio as costas para que ele deslize com facilidade sem retardamento. Ele abaixa o rosto e cola nossos lábios ávidamente, e eu sinto o quanto ele precisa de mim com aquele beijo.
Nossos corpos estão acesos e sedentos como nunca antes. Estão incontroláveis, e não cessarão enquanto não forem saciados.
Seus dedos tocam a barra de minha blusa, e eu fico ansiosa para que ele a retire rapidamente. Não há sensação melhor que sentir seu peito quente contra meus seios e barriga.
Isso não vai acontecer.
Eu perdi o controle de meus braços, e notei quando eles começaram a travar uma batalha contra Carl. Ele riu, pensando ser uma brincadeira, mas eu realmente não consigo monitorar os movimentos de meus braços.
Carl trava uma batalha contra mim também. Ele agarra meus pulsos com força e os pressiona contra a cama, me deixando imóvel.
— Hey, vai com calma. — Ele ri, e passa a língua por entre os lábios. — Você precisa aprender a controlar suas emoções.
— Eu não consigo. — Ofego e minha cabeça se movimenta em vários ângulos, enquanto tento controlar meu lado psicopata e mantê-lo dentro de mim.
Está difícil aí?
— Pare, amor. — Carl ri, não tendo noção alguma do que está acontecendo comigo. — Eu vou ter que te amarrar para que você fique quieta?
Amarrar.
Se eu conseguir prender meus braços a algo, meu lado psicopata não terá outra escapatória a não ser sentir todas as sensações que vão me dominar e expulsá-lo de uma vez.
Agora, eu só preciso convencer Carl a fazer isso.
— Sim. — Respondo a sua pergunta. — Eu não tenho controle sobre mim, e você sabe muito bem disso.
Ele fica um pouco surpreso por minha resposta, mas vejo um pequeno sorriso rasgar seus lábios.
— Você quer que eu te amarre?
— É uma experiência nova. — Mordo meus lábios. — Aliás, eu sempre quis saber como é não poder tocar em você.
Ele parece gostar da ideia, mais ainda sim fica um pouco hesitante. Ele se debruça sobre mim e puxa a gaveta de seu criado mudo ao lado da cama, ele retira algemas de lá.
— Meu pai sempre pediu que eu as carregasse comigo, caso eu encontrasse algum sobrevivente e precisasse fazê-lo refém, mas acontece que eu nunca tive um motivo para usá-las. — Ele as arruma em suas mãos, e torna a olhar para mim. — Até agora.
Eu respiro fundo quando sinto meu lado psicopata dar baques brutos e internos contra mim, querendo sair a todo custo.
— Tem certeza que quer fazer isso?
Não ouse amarrar suas mãos, Ariana. Você sabe que eu vou me soltar.
Eu não respondo. Junto meus pulsos um ao outro sobre meus seios e olho para ele, com esperanças de que ele consiga fazer telepatia.
Ele os segura e os coloca acima de minha cabeça. Tenho uma ampla vista de seu peito nu e de seu pescoço quando ele se curva sobre mim para prender as algemas, e não consigo deixar de reparar em uma marquinha vermelha causada por mim em seu pescoço. Sinto o metal gélido envolver meus pulsos e ele os prende em um pedaço de madeira na cabeceira, deixando meus braços imóveis e esticados sobre minha cabeça. Ele retorna a sua posição normal em cima de mim.
— Por que eu sinto que há algo em você que faz eu me sentir uma mulher perigosa? — Interpelo, e vejo um breve sorriso reinar seus lábios.
— Porque talvez você seja uma.
Ele abaixa seu rosto e toma meus lábios para si com precisão. Meus dedos contornam e pressionam as pequenas correntes que passam de uma algema para a outra e eu busco forças através delas.
Carl puxa minha blusa para cima e as prende atrás de minha cabeça ao deslizá-la por meus braços já que estou presa e não outra forma para retirá-la. Ele torna a me beijar e eu sinto seus dedos deslizar sobre minhas costelas. Arquejo.
Eu não estava me sentindo nem um pouco confortável com aquelas algemas, eu quero poder tocá-lo. Mas se for para salvá-lo do meu incontrolável lado psicopata, eu posso resistir.
Meus braços se impulsionavam para baixo afim de se livrarem das algemas a todo custo, mas isso só serve para apertar mais meus pulsos e machucá-los.
Eu vou me livrar dessa coisa, eu vou acabar com tudo isso.
Meu lado psicopata se calou de imediato ao sentir que Carl desabotoava minha calça, e a puxava para baixo, afim de deslizá-la rapidamente sem esforço algum. Ele a arremessou para algum canto.
Por mais que essa dose já tenha sido repetida, eu sinto minhas bochechas esquentarem ao notar seu olhar sobre meu corpo. Esse efeito deve ser causado por parecer que ele analisa meu corpo maltratado com cicatrizes.
Eu arqueio minhas costas ao sentir seus dedos irem até minhas costas, e subirem de encontro com o fecho do sutiã. Eu sinto uma sensação de alívio sobre meus seios quando ele os solta, e mais ainda quando ele os retira de cima de mim.
É impressão minha ou está quente aqui dentro?
Ele deita sobre mim, pressionando seu peito quente contra o meu e me beijando novamente. Eu nunca vou me exaurir do sabor dos seus lábios quentes.
Suas mãos vagueiam por todo meu corpo, deixando vestígios de queimaduras por onde passam e eu sinto todos meus nervos incontroláveis ficarem turvos e trêmulos.
Ele separa nossos lábios e crava seus olhos nos meus por alguns minutos. Seus lábios estão super vermelhos de tanto beijar, suas pupilas mais dilatadas ainda, e seu cabelo intacto. Sinto vontade de bagunça-lo, mas recordo-me que meus braços estão inutilizáveis.
— Vou fazer algo, não vá se mexer, hein? — Seu tom de voz é brincalhão e debochador.
— Eu vou tentar. — Brinco também, com minhas respiração entre cortada.
Ele leva seu polegar e o indicador em direção aos seus olhos e os pressiona, sugestando que eu feche meus olhos. Obedeço.
Minha respiração descompassa mais ainda. Sinto sua respiração contra meu pescoço, e meu corpo todo se arrepia por ali ser uma área sensível. Eu puxo as algemas ao sentir seus lábios ali.
Eu desejo me soltar. Eu desejo tocá-lo.
Seus lábios pendem para baixo, e sinto-o repetir o mesmo processo que fiz com ele na cômoda, e agora, eu tenho noção de que ele ter ficado louco com aquilo não foi á toa. É realmente excitante.
Cogito em abrir meus olhos, mas a sensação de não poder ver nada e apenas sentir é diferente, e eu pretendo não me livrar dela tão cedo.
Clausuro minhas respiração ao sentir que seus lábios permaneceu estático em minha cintura. Senti seus dedos deslizarem por minha coxas e senti-o levantar minhas pernas.
Senti seu hálito quente na parte interna de minha coxa e eu arfei. Seus lábios resvalaram por minha coxa, e o senti dando leves mordiscadas em minhas coxas. Me contorci em cima dele, e girei meus pulsos em uma maneira falha de me livrar das malditas algemas.
Senti seu corpo se situar-se para cima do meu novamente e seus lábios irem logo de encontro aos meus. Senti sua calça encostar em minha perna quando ele foi retirá-la.
Eu não vou abrir meus olhos. Eu não quero abrir meus olhos.
Constatei ele já estar completamente nu ao sentir o completo toque de sua pele na minha. A pele dele estava tão quente quanto a minha.
Seus dedos seguraram o tecido fino de minha calcinha e ele a deslizou por minhas pernas. Arfei.
Não há mais nenhuma peça de roupa nos atrapalhando, apenas o contato de nossas peles quentes e vibrantes.
Carl separa mais minhas pernas e as puxa até que meus joelhos encostem suas costelas. Ele encaixa nossos quadris, e eu ofego ao me lembrar de quão bom é esse encaixe. Ele é preciso como duas peças de quebra-cabeça, e só se encaixa com nós mesmos.
Sinto sua mão esquerda segurar minha cintura e eu logo sinto suas digitais me queimarem. Sou surpreendida por seus lábios em minha mandíbula, fazendo uma trilha leve e quente até meu queixo.
Nossos lábios são encontrados e a forma profunda e lenta que ele me beija faz calafrios percorrerem meu corpo e me obriga a contorcer meus pulsos.
Ele cola nossas testas e eu sinto seu hálito quente chocar-se contra meu rosto, junto a seus fios de cabelo que resvalam sobre minha mandíbula e bochechas. Franzo levemente meu nariz ao sentir seus lábios sensibilizarem ali.
Sinto Carl me penetrar lentamente. Minha boca se abre em um perfeito “O” conforme franzo minhas sobrancelhas tentando conter tamanho prazer. Carl contrai seu rosto ao deixar um leve gemido escapar, e seus lábios roçam aos meus juntamente de uma respiração entre cortada.
Quando ele está completamente dentro de mim, nós ficamos estáticos sem mover um músculo sequer. Nossas respirações estão ofegantes e mescladas, nós respiramos o mesmo ar e ofegamos juntamente com nossos peitos colados.
Carl arfa ao empenhar-se a movimentar seu quadril, e sinto seus lábios fugirem dos meus no momento em que nossos rostos são separados. Seus lábios estão entre abertos e ele começa a se movimentar, com os olhos cruzados aos meus enquanto observa minhas expressões insanas ao sentí-lo completamente dentro de mim.
O que mais me deixou intimidada é que ele não desviou o olhar do meu nem por um segundo enquanto vai se movimentando dentro de mim com mais precisão e intensidade. Uma de suas mãos segurava minha bochecha para que eu não desviasse o olhar, e isso me incomodou de certa forma, mas olhar para ele me deixa mais relaxada e confortável a situação.
A cinesia de seu quadril contra o meu aumenta, e eu não demoro muito para perder o controle sobre meus gemidos roucos e curtos. Eu inclino meu pescoço para trás em uma maneira falha de afundar minha cabeça no colchão e o hálito quente e fresco de Carl se colide contra meu pescoço, instituindo um arrepio por todo meu corpo.
Meu corpo toda incendeia, e seu fogo tende a aumentar mais e mais a cada vez que a pele de Carl se encontra com a minha, me deixando completamente dopada por mais e mais prazer.
Eu puxo meus braços para baixo e as algemas tilintam conforme Carl aumenta os movimentos e eu fico incontrolável. Mordo meus próprios braços tentando descontar meu desejo insano por ele. Sinto vontade de tocá-lo e arranhar suas costas até deixar em carne viva como da última vez, mas estou impossibilitada de fazer isso.
Carl puxa minha cintura contra a dele cada vez mais rápido e eu sinto as sensações quentes começarem a se fundir dentro de meu corpo, sem avisos prévios.
Seu pescoço fica a altura de meu rosto quando ele se debruça sobre mim para aumentar as entocadas, e eu puxo sua pele com meus lábios sem usar meus dentes e sinto-o se arrepiar, conforme ele arfa pesadamente contra meu ouvido.
Sinto todo meu corpo entrar em estado de ganância e eu sinto mais sede de seu corpo. Como se Carl lesse meus desejos, ele aumenta os movimentos e resvala suas mãos por cada canto de meu corpo.
— Carl… — Murmuro, mas sou interrompida por mais um gemido rouco.
Eu entrelaço minhas pernas em volta de sua cintura e sinto metade de meu corpo desencostar do colchão, estando totalmente colado ao seu.
As sensações aumentavam juntos dos movimentos. A queimação em meu corpo parecia ficar cada vez pior. Eu sentia minha garganta arranhar a cada vez que eu tentava pronunciar algo, designando que minhas cordas vocais estavam gastas.
Eu já não o sentia mais. Eu sentia minha mente leve e livre, não sentia pressionamento algum, não ouvia vozes, eu não ouvia nem sentia mais nada.
Graças a Carl.
Meu ápice chegou como uma porrada no estômago. O prazer me queima, e meu oxigênio me sufoca como se eu estivesse sendo estrangulada.
Meu corpo todo treme com a onda elétrica maravilhosa e torturante. Meus pés se enroscam contra o lençol do colchão, e eu inclino minha cabeça para trás, soltando um gemido afônico e torturante conforme a onda elétrica me rasga por completo.
Eu fico estática enquanto espero as sensações cessarem. Os nós de meus dedos estão brancos em volta das algemas, e sinto os adormecerem por eu ter apertado muito forte.
Carl chega a seu ápice pouco depois de mim, e eu analiso suas expressões enquanto seu corpo reage as ondas elétricas. Ele se descontrola um pouco e sinto-o apertar minha cintura com muita força, mas não senti nada devido a adrenalina.
Ele cai em cima de mim. Ele apoia seu rosto em meu braço esticado e seus lábios roçam minha bochecha esquerda. Sinto seu coração fora de ritmo bater dentro de seu peito, e suas batidas me aquecem.
O único som presente no quarto é de nossas respirações ofegantes, e de nossos lábios que se encontram carinhosamente com um breve selinho.
Carl se debruça sobre mim e solta as algemas. Ele puxa meus braços de volta e distribui um breve beijo em cada pulso em cima das marcas avermelhadas, e eu sorrio ímpetamente.
Ele deita ao meu lado e me puxa para se juntar a ele. Minhas mãos e meu rosto são afundadas em seu peito, e eu jogo minha perna esquerda sobre sua cintura, deixando meu pé repousado em minha outra perna.
Seus braços me envolvem, e suas mãos são espalmadas em minhas costas, aonde ele resvala seu polegar, acariciando minha pele quente. Seus dedos trilham as marcas vermelhas em minhas costas causadas pelo sutiã, conforme minha mente processa tudo que acabou de acontecer.
— Wow. — Balbucia Carl. — Isso foi…
— Incrível. — Respondo, e sinto meus cabelos oscilarem conforme ele solta uma risada anasalada.
— Estrelinha dourada por ter vindo atrás de mim primeiro. — Alfineta ele, e eu bufo.
— Continue falando se quiser estragar o momento. — Gracejo, e ele ri novamente.
— Nada vai estragar esse momento.
Eu levanto minha cabeça e nossos olhos se encontram. Eu agradeço aos Céus por ter aprendido a não me intimidar com seus olhos claros, pois assim eu posso admirá-los melhor.
Ele deposita uma de suas mãos em minha bochecha, e a acaricia com o polegar. Fecho meus olhos com aquilo, eu senti tanta falta de seu toque.
— Merda. — Ele resmunga subitamente, e eu franzo o cenho.
— O que houve?
— Eu esqueci de trancar a porta. — Responde, e eu solto uma risada escandalosa.
— Sério? Está preocupado com a porta?
— Mas é claro. E se alguém entrasse e nos visse?
— Ninguém iria entrar, Carl. Iriam bater na porta antes. — Respondo.
— Meu pai não bateria. — Reviro meus olhos.
— Rick está em uma missão, eu não acho que ele chegaria esse horário.
Nós nos calamos por sinuosos minutos, e Rick me lembrou do perigo que eles correm lá fora. Mordo meus lábios.
— Carl? — Ele me fita. — Você não têm medo de Rick nunca voltar? — Ele comprimi os lábios.
— Não, meu pai sempre volta.
— Já faz três dias… — Murmuro.
— Sim, mas por que está tão insegura quanto a isso? — Questiona, e eu passo minha língua em meus lábios.
— Eu não sei. Estou com um pressentimento ruim. Como se alguém que eu gosto muito vai se machucar.
— Você é muito paranoica, sabia? Precisa relaxar um pouco, todos vão ficar bem.
Carl me dá um beijo e eu fecho meus olhos. Ele me acomoda mais a seu peito e nos cobre com um lençol.
Eu absorvo sua essência conforme fico sonolenta e meu corpo relaxa mais a cama. Eu abro meus olhos e vejo que o quarto está escuro, e que não consigo nem mesmo ver Carl, mas sinto seu corpo e seu cheiro grudados em mim.
Eu torno a fechar meus olhos para adormecer, mas sinto um calafirio percorrer minha espinha ao ouvir alguém sussurrar ao meu ouvido:
Seus pressentimentos estão corretos, Ariana. Alguém vai se machucar muito.
Continua...
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