História Black Dragon (Kung Fu Panda) - Rejeitado

- Cidadãos do Vale da Paz, o destino trouxe até nós o Dragão Guerreiro! – Disse Oogway para que todos do Vale ouvissem.

- QUÊ?! – Gritaram os Cinco Furiosos surpresos.

- QUÊ?! – Gritou Shifu surpreso.

- QUÊ?! – Gritei eu mesmo ainda mais surpreso.

Imediatamente todos os moradores do Vale da Paz começaram a comemorar enquanto confete era jogado pra todos os lados.

Um monte de Gansos apareceram e me colocaram encima de uma maca Adornada e começaram a me carregar. Por ainda estar preso nas correntes da minha Kusarigama, eu não pude fazer nada pra impedir.

- Mestre Oogway! Isso só pode ser um engano! Esse criminoso não pode ser o Dragão Guerreiro! Ele estava tentando roubar o Pergaminho do Dragão dois minutos atrás! – Dizia Shifu tentando fazer Oogway recuperar o bom senso.

- Ou talvez ele tentou roubar o Pergaminho do Dragão exatamente por que ele é o Dragão Guerreiro, e o universo só juntou os dois – Rebate Oogway olhando a alegria do povo ao redor.

- M-Mas isso não fez o menor sentido! – Exclama Shifu.

- Exatamente! O destino quase nunca faz sentido antes da hora certa – Disse Oogway soltando uma breve risada.

Oogway constantemente falava em enigmas...

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Dentro do Palácio de Jade, os gansos simplesmente me jogaram no chão do lugar e saíram, me deixando lá sozinho.

- Argh! Que porcaria acabou de acontecer? Eu tomo uma surra de dois velhos e agora isso?! – Resmungava eu me esforçando pra me soltar das correntes.

Ao me soltar eu percebi algo... Esses caras acham que eu sou o Dragão Guerreiro, então o Pergaminho do Dragão era.... Meu?

- Talvez eu posso tirar algum proveito disso... Mas não sei se isso tá valendo o esforço –

Andando novamente até a piscina onde se localizava a estátua de dragão com o Pergaminho, eu coço o meu queixo...

- Como eu vou tirar àquilo dali? Eu tentei puxar com toda a minha força, e aquela coisa não se mexeu nenhum centímetro... – Pensava eu enquanto olhava pro Pergaminho.

...

- Está procurando outra coisa pra roubar? – Questiona a mesma voz de antes.

- Há! Que droga! Você de novo? Qual é sua chegando de fininho atrás de mim?! – Digo irritado pelo susto que havia levado.

Shifu continuou me olhando com uma face séria...

- Seu nome é Nylo, não é? E ao que parece, você é o Dragão Guerreiro – Dizia Shifu.

- Eu? O Dragão Guerreiro?  Nem pensar! Aquela Tartaruga com certeza tá com um parafuso a menos – Rebato cortando essa de “o escolhido”.

- Parece que concordamos que o Mestre Oogway cometeu um terrível engano. O Dragão Guerreiro jamais seria alguém como... Você – Disse Shifu me olhando com um certo desdém.

- Opa... O que você quis dizer com alguém como eu? – Pergunto estreitando meu olhar.

- Eu estou dizendo que o lendário Dragão Guerreiro jamais seria um ladrãozinho de quinta categoria – Dizia Shifu.

Apertando meus punhos, sinto meus dedos estalarem enquanto um rosnado contínuo era ouvido de mim.

- Como é que é?! Escuta aqui, seu... – Antes que eu continuasse, Shifu rapidamente agarrou meu dedo e levantou seu dedo mindinho...

- ... –

- ... O que você tá fazendo? – Pergunto estranhando essa ação dele.

- Oh, então o Dragão Guerreiro não conhece o golpe do dedo Wuxi? Que decepcionante – Disse Shifu com divertimento em sua voz.

- E eu deveria? O que você vai fazer com esses dedinhos finos, velhote? – Eu o desafio, e curiosamente Shifu ri...

- Ah, não sabe como eu adoraria... Mas infelizmente, Oogway quer você vivo e inteiro... Mas não posso garantir que você ficará inteiro por muito tempo – E tendo dito isso, o Mestre Shifu largou meu dedo.

Eu não entendi absolutamente nada. O que era esse golpe do dedo wuxi?

- Vamos deixar uma coisa clara, moleque. Eu tenho certeza que você não é o Dragão Guerreiro, mas Oogway acha que é, então pro seu bem, é melhor que você saia por aquela porta e nunca mais volte, ou eu vou te forçar tanto, que vai desejar nunca ter sido escolhido! – Ameaça Shifu me encarando como se tivesse um problema pessoal comigo.

- ... Então manda a ver, velhote! – Digo aceitando seu desafio por pura teimosia.

- Veremos... – Termina Shifu.

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Acompanhando o panda vermelho, ele me levou até uma sala de treinamento... No mínimo extrema. Lá os Cinco Furiosos treinavam arduamente.

 Víbora treinava em um campo de lança-chamas, o Macaco treinava sua agilidade em anéis de madeira com pontas de metal, Garça treinava seu equilíbrio, Louva-Deus treinava a sua velocidade, e Tigresa treinava sua Ferocidade.

- Fala sério. Parece um bando de animais de circo – Digo bufando enquanto vejo os Cinco Furiosos treinarem nessa geringonça mortal.

- Ah, fique a vontade se acha que consegue fazer melhor – Diz Shifu me desafiando.

- O quê? Entrar nisso?! Nem pensar! Eu prezo demais a minha vida pra entrar nessa máquina mortífera – Retruco olhando cada um dos estagiários de treinamento daquele lugar, um mais mortal que o outro...

Deixando seu treinamento, os Cinco se aproximaram de nós. Não era surpresa nenhuma que eles já não gostavam de mim, mas estando aqui frente a frente com eles... Eu acho que eles me odeiam um pouco mais do que eu pensei...

- O Dragão Guerreiro está com medo de alguns ossos quebrados? – Pergunta Tigresa me olhando com uma boa quantidade de raiva.

- É claro que eu não tenho medo. Mas eu não tenho nada a provar pra vocês, gatinha – Digo cruzando meus braços.

Tigresa rosnou e exibindo suas presas quando eu a chamei de gatinha, mas Shifu a impediu de me atacar.

- Eu, disse que faria você desejar nunca ter sido escolhido, e eu vou! Então mostre do que você é feito, ou volte pro buraco onde saiu! – Intima Shifu.

- Você não me dá ordens – Eu o confronto dando as costas pra Shifu e aos Cinco.

Eu odiava o jeito como eles me olhavam...

Eu disse que ficaria simplesmente pra contrariar aquele velho, mas depois de passar meia hora nesse lugar, eu já estava farto e mal esperava pra dar o fora daqui!

- Mestre Shifu... – Víbora até tentou fazer nós dois nos acalmássemos, mas o Panda vermelho já tinha um plano... Me provocar ainda mais.

- Ah, que pena... Eu acho que tinha expectativas demais em um moleque birrento de um clã de criminosos sem dignidade – Disse Shifu alto o bastante pra que eu ouvisse.

Meus passos pararam abruptamente, o meu rosnado já podia ser ouvido, como uma fera irritada.

- Retire... Retire o que disse – No meu limite, eu me viro e encaro o Panda vermelho.

- Fique a vontade pra protestar se acha que eu estou mentindo sobre o Clã Nargacuga serem um bando de ladrões sem honra – Dizia Shifu passando dos limites...

Rugindo como um Leopardo, eu avanço contra o panda vermelho assumindo uma forma quadrúpede, ganhando ainda mais velocidade enquanto exibo minhas presas e garras afiadas...

- Ah, isso não vai ser legal... – Murmura Garça prevendo o que iria acontecer...

Eu salto na intenção de atacá-lo... mas Shifu me pegou desprevenido quando casualmente desviou para o lado e me deixou passar direto por ele... Em direção a todo o maquinário que os Cinco Furiosos usavam pra treinar.

Foi tudo um plano dele! Me irritar e dar um jeito de me jogar aqui!

Enquanto os troncos giratórios em forma de serpente tentavam constantemente me derrubar, agora eu também tinha que me preocupar em não ser atingido por esses tacos de madeira pendurados por correntes.

Por um momento, eu consegui me manter bem... Mas meu tipo de treinamento era muito diferente daquilo, então falhas naturalmente começaram a aparecer.

E em determinado momento, eu não pude desviar um dos tacos de madeira, o que só me restou foi usar meus braços pra proteger minha cara.

O objeto se estilhaçou nos meus braços e me arrancou de lá, me jogando por cima da tartaruga de Jade, direto nos guerreiros de madeira...

Esse espaço era lotado de bonecos de madeira com articulações giratórias e pontas e garras de metal, e  ao ser jogado contra eles... Eu pude sentir muito bem essas pontas de metal.

As articulações giratórias não me davam nem um segundo pra tentar raciocinar, eu apenas conseguia usar meus braços pra me defender... Mas a cada golpe que eu recebia daquele bonecos idiotas, eu ficava mais e mais nervoso... Até que eu explodi.

Rugindo, eu uso meus punhos pra literalmente destruir os bonecos um a um.

Estilhaços de madeira são jogados pra todos os lados, e pra finalizar meu ataque de raiva, eu destruo o último dos guerreiros de madeira com um chute que o partiu em dois.

Ofegante, eu finalmente consigo respirar sem ser alvejado de todos os lados...

- Uau. Ele é bem forte – Disse o Macaco impressionado.

Shifu se abaixa e pega um estilhaço de madeira de um dos guerreiros.

- Talvez. Mas ser forte não é nada sem técnica e controle, e você, moleque, não te nada disso... É extremamente decepcionante – Essas foram as palavras de Shifu antes de sair da sala de treinamento.

E um a um os Cinco Furiosos também saíram, me deixando sozinho... Excerto por um deles que havia ficado...

Tigresa me olhava com aquele olhar odioso desde que nos vimos pela primeira vez, e eu duvido que isso mudaria algum dia.

- Você deveria ouvir o Mestre Shifu e ir embora daqui – Disse ela friamente.

- Você não tem um pingo de respeito por nada e nem ninguém aqui, mas deveria ter ao menos a decência de saber que nenhum de nós tem tempo pra lidar com alguém que desonra o Palácio de Jade e o Kung Fu – Dizia ela me olhando de cima pra baixo com desdém...

- Ao menos mantenha o mínimo de dignidade que um criminoso pode ter. Vá embora e nunca mais volte aqui – Disse Tigresa antes de também me dar as costas e sair.

Frustrado e irritado, eu chuto a cabeça de um dos guerreiros de madeira pra longe...

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Já era tarde da noite, e eu não pisei mais meus pés no Palácio de Jade, na sala de treinamento, e nem nos alojamentos.

Ao pé de um pessegueiro, eu ainda recuperava daquela... sessão de treinamento.

- Aquele gnomo imbecil! Quem ele pensa que é? – Murmurava enquanto arrancava as farpes das minhas mãos e braços.

É nisso que dá quebrar madeira com as mãos nuas.

Eu nem sei por que eu estou aqui junto desses idiotas que se acham melhores do que eu.

E além deles, também tem aquele Shifu que pensa que pode me dobrar como quiser.

Que se dane! Eu não tenho nenhum motivos pra estar aqui além do pergaminho do Dragão, e eu acho que nem ele vale a humilhação que eu estou sofrendo aqui!

Jogando mais uma farpa na pilha que eu havia feito, eu suspiro enquanto olho pra lua... E por um momento a raiva pareceu cair do meu rosto como uma máscara... Pra revelar uma face de tristeza em mim...

- Ah, você achou o pessegueiro sagrado do saber celestial – Disse uma voz que se aproximava pela escadaria atrás de mim e da árvore. Era Oogway...

- ... – Eu me mantive quieto enquanto continuava tirando as lascas de madeira das minhas mãos.

- Não se acanhe. Pode falar o que pensa, jovem Nylo – Diz  Oogway tentando me fazer sentir confortável.

- Falar o quê? Você já devia saber que cometeu um erro... Eu não sou o Dragão Guerreiro e esse lugar não é o meu lugar – Digo revirando meus olhos.

- Eu cometi um engano? ... Hum...Tem razão. Você não é o Dragão Guerreiro... – Disse Oogway.

Não foi uma surpresa pra mim... Eu sempre soube que esse velho tinha cometido um erro...

- ... Você AINDA não é o Dragão Guerreiro, meu jovem, mas eu acredito que você irá se tornar – Completa o Mestre Oogway me fazendo duvidar de suas palavras.

- Ah, tá... conta outra, velho –

Vendo meu desânimo, Oogway vê que aquele que ele escolheu... Precisava mais do que tudo de uma orientação...

- O que tem de errado, criança? Por quê você não acredita que isso é possível? – Pergunta Oogway.

Eu não sabia por que, mas aquela tartaruga me passava uma sensação de segurança, e por algum motivo... Eu decidi me abri um pouco pra ele...

- ... Por que eu não acredito? ... Por que ninguém nunca acreditou que eu podia ser algo além de um bandido. Desde criança tudo o que viam quando olhavam pra mim era o pelo preto, as garras e as presas... “Cuidado! Não cheguem perto dele! Ele vai nos machucar!” Era isso que eles me falavam... As pessoas me julgavam antes mesmo de me conhecer... – Eu dizia lembrando de quando eu era só uma criança tentando fazer amigos.

Oogway ouvia a minha história em total silêncio.

- E não é diferente com o “Mestre Panaca” e os “Cinco Otários”... Eles só me vêem como só um bandido sem nem me conhecerem. Talvez seja melhor se eu fosse embora e voltasse a me virar nas ruas. Eu fico melhor assim – Arfeu cruzando meus braços com meus olhos fixos na lua prateada no céu.

- Hum... “Só um bandido”... Jovem Nylo, ninguém tem só um lado – Diz o Mestre chamando a minha atenção.

- Hun? –

- Veja... Eu não sou só uma tartaruga assim como essa árvore não é só um pessegueiro... E você também não é só um bandido. Todos somos mais do que os olhos aparentam – Dizia Oogway ganhando cada vez mais a minha atenção.

- Um simples padeiro poderia ser o melhor curandeiro do mundo... Uma simples faxineira poderia também ser a maior das rainhas... E talvez, um simples ladrão possa ser um herói do Kung Fu e um símbolo de paz – Dizia Oogway enquanto meu olhar se iluminava com suas palavras.

- ... Como? – Questiono realmente levando as palavras daquele sábio ancião.

- Basta que acredite. Eu acredito em você, criança,  só depende de você acreditar que pode ser algo mais – Disse Oogway deixando uma pequena caixa perto de mim...

- Isso vai ajudar com os arranhões. Tente ser mais paciente da próxima vez – Disse a tartaruga antes de dar as costas e me deixar sozinho... Mas dessa vez algo tinha mudado em mim...

Quando o sol nasceu, nenhum dos Cinco Furiosos ou do Mestre Shifu me viu no alojamento... E pensaram que eu havia partido...

Mas quando o sol brilhou, ainda era possível ver um Leopardo Negro aos pés do pessegueiro sagrado do saber celestial.