Ficamos nos beijando entre toda a escuridão.
Sakura não parava de sangrar, e eu, não sabia mais o que fazer. O pior de tudo era que aquele cheiro estava começando a me desestabilizar.
Era tão forte que a toda hora fechava meus olhos tentando me controlar. Ela sangrava muito, justamente em sua florzinha e por conta disso me sentia culpado.
Será que era um castigo de Deus pelas vezes que a provei naquele lugar? Será que o Papai do céu realmente está olhando por nós e por conta do que fiz agora está me punindo?
Sim, me punindo, apesar da Sakura que está aqui sentindo muitas dores, sou eu que estou despedaçado, sofrendo por vê-la assim.
Meu coração está completamente destruído e ao mesmo tempo em um completo escárnio. Eu sabia o quanto Sakura era forte, mas o sangue ah o sangue! Ele escorria tanto e com tanta frequência que o medo de perdê-la era desesperador, contudo, lá no fundo, estava também o meu lado animal.
E estava em alerta, em desespero, em ânsia.
Levei-la após o amanhecer para nossa casa, fazia tanto tempo que estava aqui a vendo chorar e reclamar de dores que passei até a parar de reparar em tudo ao nosso redor.
- Ainda dói? – a pergunto massageando suavemente sua barriga, ela dizia que o toque a fazia se sentir melhor.
- Dói tanto – suas lágrimas descem mesmo de olhos fechados.
Sakura levanta um pouco o tronco, e verifica sua florzinha a abrindo bem em minha frente, escorria sangue sem parar.
- Eu não sei como estancar esse sangue Sakura – lhe confesso sem a olhar naquele lugar, também entre o choro.
Nesse mesmo momento o mestre saltita para perto de nós, e faz um barulho diferente perto da fogueira chamando nossa atenção. O observo, ele estava com os olhos vidrados olhando para Sakura, parecia se conectar com ela por pensamento.
- O Pompom disse novamente que vou ficar bem, que isso é passageiro, e que irá passar – ela funga me contando.
- Vamos confiar nele, ok? – acarinho seus cabelos rosados, e não aguento a vontade, me deito ao lado dela.
A puxo para me abraçar e a cheiro com intensidade. Aqueles lindos cabelos era uma das coisas que mais amava cheirar, seus fios tinham um aroma doce como todo seu corpo.
Mas ali, era ainda mais concentrado e me acalmava. Era como um perfume feito por anjos. Tão gostoso que meus punhos se fecham com força entre nosso abraço, tentando me conter.
- Ain – ela chia.
- Calma vai melhorar, vai melhorar! – sussurro suspirando forte, volto a massageá-la na barriga.
- Porque dói tanto? – choraminga.
- Não sei, mas vai passar, confia no mestre.
- Estou com sede e não posso levantar, a dor fica ainda pior – ela confessa choramingando entre meus braços.
- Eu pego, fica aqui – me levanto.
Quando fico de pé, tenho um pouco mais da noção do que acontecia. Arregalo os olhos vendo nossa cama toda molhada de sangue.
Tento fingir não notar para não desesperá-la, mas nessa hora meu coração acelera de medo. Minhas mãos estavam completamente sujas de sangue, e meu corpo com resquícios de seus fluídos por ficarmos abraçados.
Saio da cabana dando um suspiro alto no ar, estava lutando com o medo de perdê-la e o medo do animal em mim despertar.
Tento segurar minha vontade animalesca de levar o sangue dela de minhas mãos para minhas narinas, faço força me contendo. Aquele sangue tinha resquícios muito fortes do cheiro dela, e isso me inebriava.
Vou até o poço e retiro de lá um balde feito de palha com bastante água.
Lavo minhas mãos fechando meus olhos com força, a vontade era tanta, era quase enlouquecedora.
Jogo o resto da água que sobra por cima do meu corpo, lavando consigo o vermelho daquele sangue.
Sinto um vento forte e frio soprar em minha pele nua.
Levanto meu olhar para analisar o céu;
Estava escuro e provavelmente a qualquer momento poderia chover.
Isso era mal, estava planejando ficar do lado de fora quando não conseguisse mais aguentar.
Não sei se conseguirei ficar tanto tempo perto dela com aquele cheiro forte.
- Isso é uma punição mãe terra? Eu sei que é! Dê-me força, por favor, me dê forças a não fazer mal a Sakura – pedia entre um choro de desespero contido.
Era muito mais forte que eu, o medo duplamente contido deixava-me com nojo de mim mesmo.
- Sasuke? – vejo sakura em pé do lado de fora de nossa casa.
- O que houve? Está demorando – ela complementa a pergunta.
- Já vou Sakura calma fica deitada, por favor – a peço com o medo impregnado, era triste vê-la completamente suja de sangue.
A pego no colo e lhe coloco novamente deitada em nossa cama.
Volto para o poço e trago para dentro de nossa cabana a água que precisávamos. Coloco tudo em uma panela de pedra e a penduro encima da fogueira.
- Vou esquentar água Sakura, aguenta firme, por favor.
- Se eu morrer não quero que você desista Sasuke, quero que fique aqui, porque eu sei que um dia eles irão voltar para nos resgatar. Quero que volte a morar na cidade, e que seja feliz entre várias pessoas boas – entre soluços de choro e dor, Sakura desabafa em um papo completamente sem noção.
- Para de falar coisas sem sentido Sakura, eu nunca continuarei sem você, você sabe disso.
- Não quero, não quero que você morra Sasuke, quero que você viva e volte para nossa família – chora.
- PARA SAKURA, você não vai morrer eu confio no que o mestre nos disse, fica calma, por favor – limpo com o braço as lágrimas de meu rosto enquanto termino de esquentar a água.
- Pompom! – Sakura para de chorar, e abraça nosso coelhinho que faz uma cara de sufocado pelo forte contato.
- Eu amo tanto você, se eu me for jura que cuida do Sasuke por mim? Eu estou tão feliz porque tenho vocês! – sim, ela estava mais dramática que o normal, e isso era estranho. Mais estranho ainda, era o modo como ela conseguia chorar, sentir dor e ficar feliz ao mesmo tempo.
Isso me transmitia uma angústia interrogativa tão grande!
Sakura estava inebriada pela dor daquele sangue, só podia ser - concluo.
Ela sempre teve um humor meio inconstante, mas agora era algo muito esquisito. Fico um tempo parado, sentado entre a bancada de nossa cozinha observando Sakura mudar de temperamento em questão de segundos.
Espero a água esfriar e quando pronta, me agacho perto dela lhe oferecendo a cuia.
Ela toma e chora pela água estar tão boa.
- Eu vou sentir falta de beber água, ainda mais coletada por você Sasuke.
Tento ignorar as falas sem sentido dela, e guardo o balde com a água limpa perto de nossa mesa.
Pego minha tanga e me visto, abro a porta da cabana. Eu precisava me purificar daquele cheiro um pouco mais.
- Sasuke? Não fica longe de mim, vem fica aqui! Por favor – fecho meus olhos na saída de nossa casa, Sakura não me deixava ficar longe dela nem por um segundo sequer.
Ela não sabia que sangrando pela florzinha daquele modo, também me torturava.
- Você vai ficar bem Sakura, eu sei que vai, dorme um pouco – tento acalmá-la somente para ficar um pouco mais do lado de fora.
- Não, por favor, fica comigo, me abraça! Quero senti-lo, quero seu calor comigo quando eu me for.
Era um fato que Sakura podia estar sim morrendo aos poucos sangrando daquele jeito, mas no momento que o mestre me olhou dizendo que ela ficaria bem passei a acreditar nisso. Porém, jamais deixaria a Sakura sentir dor sem ficar ao seu lado.
Volto a fechar a porta da cabana e me deito com ela.
Sakura me abraça forte, e toca sua florzinha ensanguentada em minha perna. Fecho os olhos com força pedindo sanidade a mãe terra.
Ela me toca de um jeito que era proibido entre nós;
Desliza suas pequenas mãos entre meu peito e abdômen e cola seus beijos em minha bochecha me lambuzando com sua saliva.
- Volta a fazer massagem em minha barriga, volta? Ainda dói tanto – ela pede levando minhas mãos a sua barriga novamente.
Toco-lhe onde mandou, e suspiro quando ela aperta o meu peito entre um gemido sôfrego de dor.
Definitivamente, Sakura não estava normal, ela geralmente tinha noção do perigo quando me tocava desse jeito. Retiro suas mãos cautelosamente de meu peito e a deixo entrelaçadas entre a minha.
- Vou fazer o resto da comida pra gente – sussurro concluindo que Sakura precisava mais do que tudo comer, se ela estava perdendo tanto sangue assim, a fraqueza podia a deixar pior.
- Eu não quero comer, não quero nada, só quero morrer abraçada a você.
- Você precisa comer Sakura – alerto.
- Eu não quero.
- Então é assim? Você quer morrer? Porque se você quiser podemos ser mais rápidos que isso, até você sangrar a morte demorará um pouco, podemos fazer melhor – a ameaço rosnando entre dentes escondido, sim eu sabia o medo que ela sentia da morte, e Sakura não era como eu, a esperança dela de sobrevivermos e sermos resgatados era tão grande como seu coração.
Ela chora alto e confessa entre soluços de desespero que não queria morrer.
- Então fica aqui deitada se recuperando da dor, vou fazer comida pra gente – me desvencilho de seus braços e antes de conseguir me levantar, ela me pega em um beijo na boca demorado.
Era tão gostoso sentir os lábios dela sugando os meus com ainda mais intensidade, o modo como coloca a língua para fora me oferecendo-a deixa-me completamente estasiado de vontades.
Passo a minha por cima da dela lambendo-a com vontade, e a sentindo deslizar entre minha carne. Era delicioso o sabor daquilo, era algo completamente enlouquecedor pra mim.
Paro o beijo antes de se tornar algo irreversível, me levanto com velocidade.
- Você gosta de me beijar assim? – ela pergunta quando me afasto um pouco mais.
- Eu amo Sakura você sabe, mas tenho que me controlar para não me perder novamente.
- Eu não quero isso.
- Então fica ai, fica quietinha se recuperando, vou ir buscar um pouco de carne – aufiro já amarrando o arco em meu peito.
- Você é tão forte Sasuke, seus músculos cresceram tanto! – pragueja entre suspiros.
Não sei se isso é bom, mas, fico surpreso de saber que Sakura reparava desse jeito em mim, dou um sorriso contido de canto e me abaixo para catar minhas flechas.
- Eu me sinto tão estranha quando olho para seus músculos, eles me deixam esquisita – Sakura estava mais falante que o normal.
- Sakura você já está delirando de dor – dou uma gargalhada entre a fala.
- Não é delírio, é verdade – me abaixo antes de sair e a toco na testa, ela não tinha febre, então não estava com inflamação.
- Vou sair rapidinho já volto ok? – lhe digo passando os dedos por sua pele do rosto.
Sakura fecha os olhos e aprecia meu toque.
Ela leva suas pequenas mãos as minhas e confirma me pedindo cuidado entre a mata.
- Eu sempre tenho cuidado, descansa que vou cuidar de você Sakura, eu volto bem rápido lhe prometo.
- Pompom e eu vamos te esperar! – ela graceja singelamente, o mestre se encolhe entre suas mãos.
Deixo a água perto dela, a causo sinta sede antes deu voltar.
Saio da cabana e fecho a porta. Afio com a faca ainda na saída algumas de minhas flechas e me deparo com a chuva.
Estava fraca, então não iria me atrapalhar. Descido ir buscar peixe aqui próximo mesmo em nosso rio. Era mais difícil, mas, ia dar meu melhor, pois não podia demorar.
Deixo o arco armado entre meu braço e corro antes da chuva engrossar. No rio faço toda minha preparação de caça, porém antes de realmente começar, sinto aquele cheiro impregnado em minhas mãos.
As levo até o nariz, e as cheiro com um prazer maravilhoso.
E como esperado aquilo me ascende;
E ascende na hora.
Meu membro levanta e fica duro como uma pedra, retiro minha tanga para analisar meu problema.
Era até que normal ele ficar a todo o momento em pé quando pensava na Sakura, mas sentir aquela dureza apertando na parte de baixo me deixava frustrado.
Fico me martirizando por saber que isso ia acontecer, eu sabia que o cheiro dela me deixava assim, mas a vontade de sentir aquele eflúvio esplêndido era mais forte do que eu.
Me seguro tentando me hesitar.
A dor ia começar a ficar forte nas bolas, eu só não podia ficar na ânsia, o pior de tudo era ela. Se a ânsia pelo cheiro dela viesse como da ultima vez, eu podia me machucar, e isso definitivamente não podia acontecer.
Sakura estava mal, sangrando e precisando de mim;
Eu precisava me conter.
- Só lhe peço mãe terra, por favor, faça que Sakura melhore logo – necessitava em urgência que ela melhorasse rápido, pois dormir com ela sangrando daquele jeito era atormentador.
Além do sangue e a ver sofrer, observar sua florzinha toda hora e ainda com aquele cheiro forte me acendia mais vezes que o normal.
⏰➰⍣⚛♥જ
Volto para casa com um balde cheio de peixes, na verdade não estava cheio, peguei apenas 4 pois no rio perto de casa era difícil de fisgá-los pela agitação da cachoeira.
Entro avistando Sakura adormecida com o mestre, me sinto aliviado de vê-la finalmente descansar.
Coloco os peixes na bancada e começo a prepará-los com cuidado.
Não conseguia ser sutil como Sakura na cozinha, não era tão bom com a comida como ela, a atenção tinha que ser dobrada, pois minha mão era bruta e às vezes estragava o alimento. Depois de limpo, corto a carne com o maior cuidado do mundo, eu queria que tudo ficasse bom para fazer-la se alimentar bem.
Ela precisava, estava perdendo muito sangue.
Coloco na panela vermelha pendurada entre a fogueira os pedaços já cortados, e os mergulho na água com um pouco das ervas naturais que a Sakura coletava.
Misturo tudo e fico lá esperando cozinhar, não sabia fazer nada além de cozinhá-los na água ou espetá-los no fogo.
Sakura estava mergulhada no sono, e de um tempo ou outro se encolhia fazendo caretas, ela ainda sentia dor.
O mestre acorda e fica sentado ao meu lado me cutucando.
Olho para ele;
- O que foi mestre? – sussurro para não fazer muito barulho.
Ele olha para a água fervente e saltita para o pano de cozinha que Sakura costumava usar para enxaguar as vasilhas.
Fico um tempo tentando entender o que ele queria dizer com isso, e de repente a luzinha se acende em minha cabeça. Depois de retirar os peixes da panela, volto a esquentá-la, só que agora com uma água limpa de comida.
Depois de fervida, espero ficar um pouco morna e a levo para perto de Sakura juntamente com o pano e os peixes. Peço-lhe para acordar acarinhando seus cabelos, e ela abre os olhos verdes escarlates, brilhantes.
Os olhos dela eram tão verdes que mesmo depois de tanto tempo sendo amigos, ainda me surpreendo com o tom exuberante que eles exibiam depois do choro.
- Está linda! – lhe elogio quando a vejo se rejeitar suja de sangue.
- Fiz comida, prova! Não sei se ficou bom então, pode ser sincera – peço.
Aproveito enquanto ela come molho o pano dentro d’água, e como a luzinha me mandou coloco em sua barriga lhe massageando.
- Nossa, como você sabia que isso melhora a dor? – surpresa ela questiona-me.
- O mestre me ensinou – conto.
Sakura sorri e volta a comer o peixe, paro um pouco a massagem e lhe acompanho.
- Será porque estou sangrando assim? Nisso o Pompom não nos responde – reclama enquanto comíamos.
- Não sei, o mestre é algo que acho que nunca iremos compreender de verdade. Seu conhecimento é ainda maior que nossa sanidade possa julgar – viajo em pensamentos me lembrando de épocas em que nosso coelhinho transmitia-me luzinhas a todo o momento.
- Pompom, porque você é tão enigmático em? – Sakura diz olhando para ele que comia próximo de nós sua folha de bananeira.
Comemos, senti-me mais relaxado de ver a Sakura melhor.
Depois de satisfeitos, deitamos um do lado do outro e fiquei a massageando com o pano morno d’água sua barriga. Sakura ficou feliz de se sentir melhor, mas, o sangue não parava de jorrar e isso a cada minuto que passava nos preocupava ainda mais.
Eu tinha que arranjar um jeito de estancá-la.
Quando mais calmo, me sento ao seu lado e fico a analisando. Definitivamente o sangue saia apenas de sua florzinha e isso seria um martírio para mim.
Eu não podia tocá-la lá, não podia me aproximar e correr o risco de me sentir em ânsia pelo cheiro dela.
Sakura se desespera quando me ver a observando.
- Me ajuda? A dor passou, mas eu não sei o que fazer para minha florzinha parar de sangrar – chora.
- Eu também não sei Sakura e... – eu não podia confessar a ela o que sua florzinha fazia comigo, era vergonhoso e asqueroso.
- Eu sei que estou pedindo demais Sasuke mas, eu confio em você! Me ajuda a limpar por favor? Eu não quero mais ficar suja de sangue.
Suspiro tentando manter a calma.
Sakura começa a preparar um outro pano dos poucos que tínhamos de resquícios de nossas roupas de criança, e me pede para ajudá-la a se limpar.
Com as mãos trêmulas começo a limpa-la por cima da coxa.
A vejo se limpar por dentro da florzinha, quando ela a abre aquilo me faz arregalar os olhos na hora.
Tão de perto consigo vê-la como era por dentro, e céus, era tão vermelhinha e rosada, sua pele tão fininha e suculenta que no mesmo segundo faz-me salivar a boca.
E como uma punição em ardido;
O cheiro invade meus sentidos em um vírus mortal.
Levanto-me em pânico colocando as mãos entre meus cabelos, puxando-os para me livrar daquela vontade arrebatadora.
- Sasuke o que houve? – Sakura pergunta ao fundo, quase não consigo a ouvir.
- Eu não posso com esse cheiro, simplesmente não posso lidar com ESSE CHEIRO – grito no final jogando todas as panelas que estavam na bancada no chão com violência.
Sakura se assusta, todavia isso não me impede de sentir vontade de machucá-la. Abro a porta da cabana em desespero e a fecho me sentando do lado de fora entre lágrimas de agonia.
Sinto Sakura forçar a porta atrás de mim, a impeço com meu peso.
- SASUKE PORQUE VOCÊ FICOU ASSIM, O QUE HOUVE? – ela grita lá de dentro.
Um pouco do resquício do sangue dela encontra-se na minha mão, a limpo em desespero na areia mesmo, mas o problema não era o sangue e sim o cheiro.
O cheiro que saia de lá.
- Meu Deus, o que está acontecendo comigo? – praguejo sentindo novamente meu órgão ficar dolorido.
Estava começando a escurecer, e a chuva estava caindo com certa força. Porém, meus sentidos estavam ainda mais escuros que a escuridão.
Não aguento aquela vontade louca e começo a puxá-lo ali mesmo, entre arfadas de loucura.
- SASUKE? – escuto Sakura chorar do outro lado - Me desculpa não se machuca, por favor, vem ficar comigo, VEM ME AJUDAR – ela chuta a porta.
No entanto, Sakura estava fraca e era fraca, seus chutes não me impedem de fazer o que queria.
- VOCÊ FAZ DE PROPÓSITO – grito totalmente entregue aquela sensação estranha e desconhecida.
Começo a gritar, gemendo como um doente engolindo as gotas da chuva que despencava tão desesperadas quanto eu.
- O QUE EU FIZ? – ela grita de volta.
Tento me conter para não puxar-me tão forte, mas a sensação era tão boa que me repudiava por sentir-me desse jeito.
- EU ESTOU AQUI SANGRANDO ENTRE A MORTE, E VOCÊ VAI FICAR AI SE MACHUCANDO EM VEZ DE ME AJUDAR? VOCÊ ME PROMETEU QUE FICARÍAMOS BEM – seus gritos, seu choro não me atingem.
- Sangre Sakura, agora sangre ai dentro até a morte porque por você eu também vou sangrar e vou sangrar muito – me levanto e chuto a porta de volta a colocando no chão com violência.
Vejo sua cara de assustada dentro de nossa casa, mas isso não impede minha ação destruidora.
Ela olha-me espantada vendo-me fazer aquele ato mutilador.
- Está vendo isso, está vendo O QUE VOCÊ FAZ COMIGO? – me aproximo, ela da um passo para traz.
- Você me destrói, seu cheiro é algo tão inebriante que me sinto um animal, e você me provoca porque sabe que vem de sua florzinha.
- Não, eu não sabia, eu não quero – ela balança a cabeça entre o choro arfante.
Tiro minha mão da onde me tocava e a empurro caindo-nos no chão. Subo encima dela e começo a cheirá-la, tento rasgar aquele pano velho com o intuito de ver aqueles mamilos enormes novamente, mas ela força me impedindo com a mão.
- Sasuke não faz isso, você não vai me machucar eu sei que não, me desculpa por te fazer aquilo, eu não fiz por mal eu juro pra você, eu sinto dor, eu me sinto suja, só queria sua ajuda.
Suas palavras são como uma faca em meu coração.
Sakura só queria minha ajuda.
- Eu sou um animal – choro – Eu que preciso de ajuda – tento me levantar, mas ela me força a continuar naquela posição.
- Não vai embora Sasuke, PARA! – grita - Você não é um animal, só precisa ficar calmo e me ajudar, eu sei que você consegue, vem! – ela acaricia meus cabelos e lhe olho nos olhos subindo-me para cheirar seu cabelo.
O cheiro de seus fios me acalmava.
Suspiro forte a sentindo passar as mãos em um carinho acolhedor em minha pele, mas aquela sensação não desaparece.
- Ai Sakura vamos ir embora, vamos? Eu não aguento mais – confesso chorando.
- Não diz isso, não diz. Temos o Pompom, lembra? Ele também precisa de nós – nesse momento vejo o mestre saltitar pedindo carinho.
- Eu não quero mais nada, não quero NADA – me levanto sem que a Sakura aguente minha força, saio pela porta da casa que estava quebrada no chão entre arfadas de fúria.
- NÃO VAI EMBORA – ela grita.
- Me deixa ficar aqui fora então, por favor, eu preciso – me deito na areia colocando minhas mãos entre os olhos.
- Fica comigo, aqui está chovendo muito – a sinto me tocar.
- NÃO! SERÁ QUE VOCÊ AINDA NÃO ENTENDEU? MAIS QUE DROGA! – afasto suas mãos – Eu preciso ficar aqui sozinho, preciso ficar longe de seu cheiro, você sangrando pela florzinha me deixa louco, por favor, me deixa aqui, eu preciso, preciso...
- Ok Sasuke, mas não se machuca ok? Não faça isso – escuto seus passos se distanciarem.
Forço minha expressão tentando manter a força e não me desabar a chorar. Era tão bom quando meu problema com ela era somente por não gostar de brincar das mesmas coisas que eu.
Porque agora tudo é assim?
- Porque o cheiro dela me deixa desse jeito, me responde mãe terra, por favor – sussurrava a implorando respostas.
Abro os olhos me deparando com a imensidão negra da escuridão e o brilho das estrelas no céu.
- “Brilha, brilha estrelinha, quero ver você brilhar. Faz de conta que é só minha, só pra ti irei cantar. Brilha, brilha estrelinha brilha lá no céu. Vou ficar aqui dormindo pra esperar Papai Noel” – canto sussurrando a música que mamãe sempre cantava nas vezes que fazia-me voltar a dormir, só assim me sentia mais humano, só assim me sentia mais perto do que era antes de me tornar esse ser desprezível que me tornei.
- Mamãe, Papai – não aguento o desespero e choro como uma criança sentindo sua falta, sentindo a saudade me machucar, queria estar agora ao lado deles para me ensinarem a ser do bem.
A me ensinarem a deixar de ser criança a me ensinar, a saber, como crescer.
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