Havia se passado um tempo desde a morte do herói invisível. Izuku estava parado em frente a pia lavando seu rosto e cabelos para que o sangue do falecido Invi-Cementoss pudesse sair de sua pele.
O liquido vermelho lentamente escorria para o ralo da pia enquanto o garoto observava pensativo todo aquele sangue sair de seu cabelo e rosto.
Pela primeira vez na sua vida ele havia matado uma pessoa. Jamais pensou que sequer chegaria a tal ponto. O que seu melhor amigo acharia disso? O que sua mãe pensaria?
Qualquer um que via Izuku achava que o mesmo era um garoto tímido e calmo que jamais faria mal a uma mosca sequer. Mas pouco a pouco o esverdeado estava se tornando o completo oposto do que as pessoas achavam de si.
Após terminar de se lavar ele tira suas roupas encharcadas de sangue e as troca por uma roupa de chef de cozinha antiga que estava guardada em um algum lugar daquele porão.
Aquela roupa definitivamente não era do tamanho de Izuku pois havia ficado muito larga no corpo dele, mas não reclamou pois era a única roupa que tinha para usar naquele momento.
Enquanto isso, Tenko e Mustard estavam usando aventais e luvas de limpeza para limpar os restos de Invi-Cementoss que estavam jogados por todo o chão. Pedaços de carne e órgãos estavam sendo recolhidos e jogados em um balde para que fosse descartado depois.
Izuku observava o Tenko recolher o que parecia ser o braço direito de Invi-Cementoss e jogar dentro do balde como se fosse algum lixo qualquer. O garoto então desviou o olhar e viu a quantidade enorme de sangue que havia sido espalhado por todos os cantos daquele porão. O teto, as paredes, principalmente o chão, tudo estava marcado pelo líquido vermelho escuro.
Izuku: D-Desculpa p-pela sujeira... - Disse com uma expressão vazia em sua face.
Tenko: Relaxa garoto, você fez um favor pra gente. - Sorriu pro esverdeado enquanto recolhia mais pedaços do herói invisível espalhados pelo chão.
Izuku: O que a gente vai fazer com ele? Quer dizer... Os restos dele.
Tenko: Pode deixar que a gente dá um jeito. - Disse confiante.
Izuku então observa o loiro acender uma velha fornalha que antigamente era usada para assar pizzas. Antes que o garoto pudesse perguntar ao Francês o por que daquilo, o mesmo simplesmente joga os pedaços do herói morto dentro da fornalha para assim queimá-los e consequentemente apagar as evidências de quem havia o matado, e principalmente para que o Capitão All Might não localizasse os restos mortais do herói invisível.
Izuku: E-E o chip rastreador? - Disse enquanto observava o loiro jogar os restos de Invi-Cementoss dentro daquela fornalha.
Mustard: Já foi desativado. Senta aí e relaxa garoto. - Sorriu levemente.
Aquela situação toda era no mínimo bizarra para Izuku. Nunca imaginou que iria ver duas pessoas limparem restos de carne e tripas de um super-herói com tanta naturalidade assim. Ele precisava respirar um pouco de ar fresco, e umas roupas novas também.
Izuku então se dirigiu até a escada para fora do porão para pudesse sair daquele lugar.
Tenko: Ei Midoriya, aonde você vai?
Izuku: Eu vou pra minha casa, pegar algumas roupas. - Disse sem expressar nenhuma emoção em sua face.
Tenko: A gente arranja algumas roupas pra você.
Izuku: Eu quero as minhas roupas. - Foi curto e grosso nas palavras - Eu... Eu já volto.
"Eu quero as minhas roupas", no caso, Izuku queria as roupas de Katsuki Bakugou que o mesmo havia emprestado para ele vestir.
Mustard: Eu acho que você está em estado de choque mon ami. - Tentou impedir que o esverdeado saísse dali.
Tenko: Midoriya, você acabou de explodir o rabo de um dos Seven, não pode sair assim.
Izuku: Eu... Eu preciso ir pra casa...
Tenko olhou bem nos olhos do esverdeado e sentiu que o garoto realmente precisava respirar um pouco de ar fresco. Haviam passado muito tempo ali embaixo e precisavam esfriar a cabeça um pouco.
Tenko: Tá, você pode ir. Mas o Mustard vai com você.
Izuku: C-Como é que é?! - Ficou surpreso pela resposta do azulado - De jeito nenhum! Eu agradeço a preocupação mais eu sei muito bem ir sozinho!
Tenko: Ou ele vai com você, ou eu quebro as suas pernas. - Deu um sorriso que beirava o diabólico.
Izuku não sabia se o Tenko estava brincando ou se realmente estava falando sério, mas decidiu não perguntar e apenas aceitar que o Francês fosse com ele até sua casa.
Izuku: Tá bom... - Suspirou pesadamente - Eu vou esperar lá na van.
Tenko: Bom garoto. - Disse enquanto via o esverdeado subir as escadas.
Mustard retirou seu avental e luvas de limpeza e vestiu um casaco verde escuro enquanto observava a fornalha com as chamas que tentavam queimar o que havia sobrado de Invi-Cementoss, porém sem sucesso.
Mustard: Monsieur Tenko, vem dar uma olhada nisso aqui.
Tenko: O que foi Mustard? - Disse retirando seu avental e luvas de limpeza.
Mustard: Olha lá dentro. - Apontou para dentro da fornalha - Alguns órgãos internos do Invi-Cementoss conseguiram ser queimados, mas a pele dele não. Eu já tentei aumentar as chamas mas não adiantou nada. E agora? Onde vai esconder os restos dele pro Capitão All Might não encontrar? - Olhou para o azulado ao seu lado.
Tenko: Esconder os pedaços do Invi-Cementoss não vai adiantar. Uma hora ou outra o Capitão All Might vai encontrar eles. - Disse pensativo - Mas nós podemos atrasar o Capitão All Might.
Mustard: Mas como?
Tenko: Você ainda tem aquela maleta grande feita de zinco?
Mustard: Tenho, por que? - Arqueou a sobrancelha.
Tenko: Traz ela pra cá.
Mustard imediatamente atendeu ao pedido do azulado e foi até o andar de cima. Ao voltar, trouxe consigo uma enorme maleta de superfície metálica e entregou ao Tenko.
Tenko: Obrigado Mustard, agora vai lá deixar o Midoriya na casa dele.
Mustard: Positif Monsieur Tenko!
O Francês saiu daquele porão e imediatamente entrou em sua van para dirigir e acompanhar o esverdeado até sua casa.
Já o azulado finalmente pôde colocar seu plano em prática. Retirou da fornalha e dos baldes os restos de pele e carne que não haviam sido queimados e colocou tudo em sacos de lixo. Ele amarrou os sacos e jogou tudo dentro da maleta feita de zinco e assim trancou-a no final com alguns cadeados. Porém, antes de trancar a maleta, o mesmo decidiu deixar uma pequena mensagem escrita no topo de dentro da mala de zinco, uma mensagem direta para a Vought e ao Capitão All Might.
Seu plano era bem simples, como ele sabia que uma hora ou outra iriam encontrar os restos mortais do Invi-Cementoss, ele decidiu dificultar o trabalho que o Capitão All Might teria em encontrar o que havia sobrado do herói. Tenko iria pegar a maleta e jogá-la no mar aberto, e como a maleta era feita de zinco, iria dificultar ainda mais o trabalho que Capitão All Might teria para achar aquela maleta.
Assim que terminou tudo que tinha para fazer, pegou a maleta e a levou consigo até o porta-malas de seu carro. E antes que fosse embora ele retornou ao porão e retirando seu par de luvas de proteção ele encostou ambas as mãos em uma das paredes do lugar. Rapidamente várias rachaduras começaram a surgir do lugar em que o azulado havia tocado graças a sua individualidade de desintegração. Ele imediatamente vestiu suas luvas de volta e fugiu dali o mais rápido que pôde. Quando chegou ao lado de fora da pizzaria só pôde ouvir o barulho do porão desmoronar por completo. Ninguém poderia saber do que havia acontecido ali.
Ele entrou em seu carro e dirigiu por alguns minutos até chegar em uma praia que por sorte não havia quase ninguém ali. Ele abriu o porta-malas e retirou de lá a maleta de zinco. Caminhou até o final da praia e jogou com toda a força a maleta em direção ao mar aberto que lentamente se afastou dali boiando e então, afundou no mar.
Tenko então novamente entrou em seu carro e dirigiu até sua casa. Não era o lugar mais luxuoso do mundo, nem o mais confortável, mas dava para viver lá tranquilamente. Ele abriu a porta e se deparou com Terror, o cachorro lhe esperando pacientemente em frente a porta.
Tenko: Eae Terror, foi mal por não ter te trazido junto comigo praquela pizzaria. - Fez carinho na cabeça do cachorro - Lá era perigoso demais pra você.
Terror: AU AU!
Tenko: E se eu te contar que vamos nos reencontrar com um velho amigo nosso?
Terror: AU! - Tombou a cabeça levemente para o lado em sinal de dúvida.
Tenko: Não é o Francês, eu já me encontrei com ele. É outro cara, aquele com o apelido engraçado pra cacete.
Terror: AU AU AU! - Latiu bem empolgado.
Tenko: É ele mesmo. - Sorriu levemente.
Terror então seguiu seu dono até seu carro onde o mesmo abriu a porta traseira para o cachorro poder entrar. Ao verificar se tinha fechado a porta de sua casa ele olhou uma última vez um pequeno quadro em cima da mesa. Era uma foto dele e de sua irmã Hana Shimura, essa foto foi a única coisa que ele havia conseguido resgatar de sua antiga casa. Tenko ainda sentia muita falta de sua irmã e do resto de sua família que ele mesmo havia matado com sua individualidade.
Ele fechou a porta de sua casa e entrou em seu carro no banco do piloto para seguir viagem rumo a um pet shop para poder se reencontrar um velho amigo. Um tal de "Leitinho da Mamãe".
Enquanto isso, em um pet shop não tão distante dali, um homem de cabelos estranhamente pretos e rosto costurado junto de um avental branco de trabalho estava atrás de um balcão limpando sua superfície até que sem querer acaba deixando cair o pano com o qual estava usando para limpar no chão.
Ele se abaixa para pegar o pano umidecido e quando se levanta novamente....
Tenko: Olá Leitinho. - Acenou para o homem atrás do balcão.
Terror: AU AU! - Latiu animado.
Toya: Ah não... - Bateu com a palma da mão em seu rosto.- O que cê quer de mim ein Tenko. - Disse enquanto saía de trás do balcão.
Tenko: Que foi? Não posso visitar um velho amigo?
Toya: Sinceramente, não. - Se abaixou para fazer carinho no Terror - Agora o Terror sim, ele sim é uma boa visita.
Tenko: Qualé Leitinho, me dá um abraço vai. - Gesticulou com os braços querendo um abraço.
Toya: Chega de papo furado Tenko - Se levantou novamente - Fala, o que veio fazer aqui?
Tenko: Tá bom... - Limpou a garganta - Que tal voltarmos á ativa? Matando heróis corruptos como nos velhos tempos, que tal?
Toya: Nananinanão. Nada disso, eu to muito feliz com o trabalho que eu tenho agora muito obrigado. - Cruzou os braços - E além do mais aquele tal Assassino de heróis já tá fazendo isso.
Toya: O Stain?! Aquele cara é uma piada, tenho certeza que ele trabalha pra Vought em segredo.
Stain era um "anti-herói" entre muitas aspas que tinha como objetivo matar todos os falsos heróis, ou seja, praticamente o mesmo objetivo que Tenko e sua equipe tinham. Porém o azulado nunca havia confiado no tal Stain e nas poucas vezes em que se encontraram eles lutaram ferozmente.
Podia até não parecer, mas Tenko tinha um pouco de inveja quando falavam mais dos feitos de Stain ao invés dos dele, os dois tinham os mesmos objetivos mas não eram aliados de forma alguma. Quem sabe se Stain era realmente o que ele dizia ser, um assassino de heróis, ou se ele secretamente trabalhava para a Vought, ninguém sabia as suas reais intenções.
Toya: Tsc. Tanto faz. Eu tô contente com o esse emprego e não to nenhum pouquinho afim de voltar á ativa.
Tenko: Você tá contente sendo atendente de um pet shop? - Disse ironicamente enquanto pegava um pote de ração de cima do balcão.
Toya: É, isso mesmo. - Pegou o pote de ração da mão do azulado.
Toya colocou o pote de volta no lugar e ajeitou o objeto até ficar em uma posição milimétricamente perfeita ao olhos dele. Obviamente isso não passou despercebido pelo Tenko.
Toya: Enfim, quando a gente se separou eu precisava de dinheiro pra me sustentar e pagar a faculdade do Natsuo, e então eu encontrei esse trabalho aqui. Esse pet shop foi o único lugar em que eu consegui um emprego de verdade, até porque eu não iria voltar a ser um vilão mas nem fudendo.
Tenko: Por que esse foi o único lugar que você conseguiu um emprego?
Toya: Não tá obvio? - Apontou para seu próprio rosto indicando os piercings e a pele queimada.
Tenko: Ah, entendi.
Graças a pele queimada e sua aparência no mínimo assustadora, era extremamente complicado para o Toya conseguir achar um emprego por motivos óbvios, ninguém queria uma pessoa com aquela aparência trabalhando para elas. E como o próprio já disse, ele não iria voltar a ser um vilão. Ele não havia esquecido que Tenko havia poupado sua vida.
Tenko: Falando no Natsuo, como é que seu irmão tá?
Toya: Ele cospe no chão toda vez que escuta seu nome. - Ironizou.
Tenko: Aquele garoto nunca gostou de mim mesmo haha. - Riu internamente.- Qualé Toya, eu sei que esse seu trabalho é digno e tals, mas um cara com o seu talento, com a sua individualidade, não merece ficar aqui trabalhando com ração de cachorro. - Disse enquanto pegava uma caneta de cima do balcão.
Terror: AU AU! - Latiu ao ouvir a palavra "cachorro".
Leitinho rapidamente pega a caneta da mão de Tenko e a coloca de volta no lugar, obviamente organizando ela para que ficasse milimétricamente posicionada junto com as outras canetas. Tenko não precisou de muito esforço para perceber o quão organizado o Toya era, organizado até demais. TOC talvez? Pensou o azulado.
Toya: Não tira as coisas do lugar Tenko! Eu deixei tudo organizado. - Organizou as canetas novamente - Enfim, eu sei que eu já fui um vilão e tals e matei uma porrada de gente e talvez eu não tenha salvação, mas meu irmão sim, eu só quero o melhor pra ele, (pra Fuyumi e pro Shouto também...) - Pensou um pouco deprimido - Eu pelo menos sou um filho da puta com um coração, já você, é só uma filho da puta.
Tenko: Escuta aqui Toya, e se eu te contasse que eu mandei um dos Seven pro saco. - Deu um grande sorriso.
Toya: Porra nenhuma. - Duvidou do azulado.
Tenko: Foi o Invi-Cementoss, ele tá no inferno agora haha. - Disse se aproximando do moreno.
Toya: O-O que... - Ficou extremamente surpreso ao saber disso - Desembucha aí, agora eu fiquei curioso. Como você conseguiu essa proeza?
Tenko: Um punhado de explosivo bem no rabo do desgraçado e então "boom", sangue até o teto, diria até que foi épico. - Simulou uma explosão com os braços
Toya: Nossa... Que foda! - Ficou empolgado ao saber disso.
Tenko: Poisé, mas antes de explodir o vagabundo revelou um segredo deveras interessante sobre aquela velocista que consegue ficar gigante.
Toya: A Lady Flash?
Tenko: Ela mesma. Agora se a gente jogar direitinho, podemos acabar com a porra toda, isso inclui o Capitão All Might, os Seven e a Vought ao mesmo tempo.
Toya: Até com o Rei Endeavor? - Disse em um tom sério de repente.
Tenko: Pode apostar que sim meu caro Leitinho.
Por algum motivo que o azulado desconhecia, o Toya nutria um ódio absurdo pelo Rei Endeavor, um ódio que o fazia cerrar os punhos toda vez que ouvia o nome do herói. Será se isso tinha alguma relação com o fato do Toya nunca revelar seu sobrenome a ninguém? Pensou o Tenko.
Tenko: Vamo lá Toya, te prometo que dessa vez vai ser diferente. Pela primeira vez em anos a gente finalmente tem uma chance real de derrubar a Vought e todos os falsos heróis que eles tem. E o melhor de tudo, o Gran Torino não vai ficar colado no nosso pé dessa vez como ele ficava quando a gente trabalhava pra CIA.
Toya: Hmm, entendi. Aquele tagarela do Francês tá junto nessa também?
Tenko: É claro, e felizmente ele tá menos tagarela dessa vez.
Toya: Isso é música para meus ouvidos. Quando a gente trabalhava junto eu quase arrancava a cabeça daquele filho da mãe de tanto que ele falava pelos cotovelos haha. - Riu de leve.
Tenko: E então Leitinho, vamos matar alguns heróis como nos velhos tempos? - Mostrou o punho fechado para o moreno.
Toya: Só bora! - Socou de leve o punho fechado do azulado.
Terror: AU AU AU! - Ficou feliz ao ver os 2 amigos reunidos de volta.
Tenko: Mas e o seu trabalho aqui?
Toya: A gente vai ganhar algum dinheiro fazendo isso?
Tenko: Talvez.
Toya: Já é o bastante pra mim haha.
O moreno então retirou seu avental de trabalho e com o objeto em mãos ele instantaneamente pôs fogo no tecido usando a sua individualidade de chamas azuis.
Toya: EU ME DEMITO!!! - Gritou com bastante empolgação.
Tenko: Esse é o Toya que eu conheço! - Sorriu de canto de boca - Vambora, meu carro ta lá fora.
Terror: AU AU!! - Latiu animado.
Os dois amigos saíram da loja e caminharam até o carro do azulado. Com o automóvel ligado eles partiram em direção ao próximo passo do plano de Tenko em busca da destruição da Vought e de todos os falsos heróis.
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