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História Bored and Sleepy Ez. - Aphelios: Alone.


Escrita por: xmeglex

Notas do Autor


Oia eu aqui de novo <3
Esse ficou muito muito muito longo, confesso que estou escrevendo desde o ano novo, e só consegui terminar agora. Aphelios é muito neném pra mim, e eu não conseguia escrever o porn pq só conseguia escrever fluff SOCORRO EU SOU UMA VERGONHA PRA RAÇA DAS FANFIQUEIRAS
Enfim, cá estamos, com mais um capitulo cheirosinho saindo do forninho agora mesmo <3 espero que gostem, pq eu curti bastante escrever essa! <3
A capa do capitulo é o desenho que o Aphelios faz e eu não pude evitar KKKKKKKKKKKKKK

Você escolheu o SEME : "APHELIOS".
Não esqueçam de comentar~ E boa leitura~ ♥

Capítulo 22 - Aphelios: Alone.


Fanfic / Fanfiction Bored and Sleepy Ez. - Aphelios: Alone.


Aquela era para ser uma semana comum. Silenciosa. Eu tentava ficar mais na minha, como Renekton vinha ficando, cada dia mais gordo e tranquilo.
Era uma época de encher a barriga com as comidas típicas e bebidas que Cait e Vi sempre preparavam para comemorarmos juntos. E era divertido. Estar com minhas amigas, encher a cara, abandonar nossas mágoas e pensamentos negativos entre os risos.
Mas não foi bem assim que aconteceu naquele ano.
Estávamos fazendo nossas arrumações para o final do ano, ajeitando comida e enfeites por toda a casa que Caitlyn e Vi dividiam em Piltover. E enquanto ajudava a pendurar pequenos bonecos de gengibre de mentirinha na porta, um corpo caiu do céu sob o monte de neve que havíamos juntado.
- Vi! Venha logo, algo caiu aqui! - gritei, ajeitando minha posição de combate, insultando-me mentalmente por ter tirado minha luva, acreditando que ninguém inventaria de fazer guerra no final do ano.
Ouvi um grunhido de dor antes de ver o monte de neve se mover.
Um homem se sentou, esfregando a cabeça, bagunçando os cabelos negros. Ergueu os olhos para a direção da porta quando Vi abriu-a com força, pronta para enfiar a manopla gigante na fuça de alguém. Vi suas sobrancelhas franzirem e ele se encolher nos ombros, temendo o golpe.
- Espere.  - pedi, esticando o braço entre eles. -Aphelios?
O jovem levantou o rosto para mim, mordendo o lábio, incerto, e confirmando com a cabeça, várias vezes.
- Você o conhece? - cruzou os braços, baixando as mãos. - Cait, deixe a sniper pra lá! É algum menino do Ez!
A morena juntou-se a confusão em alguns segundos.
- Aphelios? - piscou algumas vezes enquanto eu ajudava o lunari a se levantar. - O que está fazendo aqui?
- O que? Só eu não conheço esse garoto? - resmungou Vi.
- Estava no relatório semanal de Jayce. Se você não lê, a culpa não é nossa. - dei ombros, batendo suavemente na roupa do homem, tirando os pequenos flocos de neve dele. - Chegou há alguns dias em Piltover, de acordo com a explicação que a irmã dele deu para Jayce quando chegaram. Estavam de passagem, esperando a nevasca passar para continuarem a viagem. Desculpe, Aphelios.  Está ferido?
O garoto pareceu perdido. Os cabelos negros bagunçados para todos os lados. Os olhos arregalados e brilhantes, como um pequeno cervo. Balançou a cabeça, negando a existência de machucados.
- Melhor, então. - sorri. - Quer entrar? Temos bebida quente.
- Espera, Ez. Tem algo errado. - Caitlyn franziu o rosto, se aproximando. - Onde está sua irmã? Ela pareceu bem falante no relatório de Jayce.
A expressão de Aphelios se transformou em profundo terror, a boca se abrindo, como se quisesse falar algo, mas não conseguisse. O lábio tingido de roxo tremeu antes que ele balançasse a cabeça de novo, negando.
Com certeza havia algo errado. Jayce havia descrito que o lunari sempre estava acompanhado pela irmã, e que era extremamente inexpressivo. Mas aquele rosto era de incerteza, de medo. Ele precisava de ajuda.
- O que podemos fazer por você? - perguntei.
- Mas você é idiota mesmo, Ezreal! Ele não consegue falar, até eu percebi isso. - grunhiu Vi. - Venha pra dentro, garoto. Vamos dar um jeito de se comunicar.
O lunari olhou para a casa enfeitada, olhou para a direção da saída da cidade e balançou a cabeça, tinha que ir.
- Venha. Por favor. - Cait sorriu, estendendo a mão. - Sei que podemos te ajudar de alguma forma. Você veio até aqui por isso, não é? Jayce sempre avisa aos turistas que se precisarem de ajuda podem vir aqui.
Aphelios baixou o rosto.
- Vai ser rápido, eu juro. Dá pra ver que está com pressa. - murmurei. - Mas você realmente parece que precisa de ajuda.
Ele finalmente aceitou, entrando na casa com cuidado.
O gato de Caitlyn logo veio se esfregar em suas pernas, enquanto procurávamos por um caderno e uma caneta. Quando voltamos, óbvio que o bichano havia se acomodado deitado em seu pé. Gato atrevido, olha os modos que tem com visitas!
- Acho que dessa forma, você vai conseguir se comunicar melhor. - entreguei a agenda e a caneta para o homem. - É só escrever.
Aphelios esboçou um pequeno sorriso, e começou a escrever rapidamente.
No entanto quando virou a folha em nossa direção, nos três tombamos a cabeça ao mesmo tempo. Aquelas escritas eram de um alfabeto antigo lunari, eu podia traduzir, mas demoraria um tempo. Vi e Cait viraram para mim, ansiosas pela tradução.
- Escute, Aphelios. - abaixei o papel de nossa visão, olhando para o garoto. - Você consegue nos entender, mas não sabe escrever com a língua comum, né? Posso traduzir seus escritos, mas vai demorar uma hora ou duas. A língua lunari não é fácil de compreender.
Ele balançou a cabeça, se levantando. Ele não tinha tempo, e isso era fácil de entender.
- Tem alguma outra forma? De explicar o que aconteceu... - pedi, segurando seu braço. - Por favor, queremos te ajudar. Você parece estar sofrendo.
Ele olhou para minha mão segurando seu antebraço, e ergueu o caderno mais uma vez. Dessa vez, demorou um pouco mais para que ele virasse a folha para nossa direção, mas quando virou, entendemos.
Um desenho, quase que infantil, representava Aphelios e Alune, e momentos depois só Aphelios. Alune havia desaparecido. Por isso a pressa. Ele temia que algo de errado houvesse acontecido com a irmã. Precisava ir de encontro a ela.
- Eu vou com você. Conheço um atalho para seu templo. - dei as costas pegando minha mochila, reunindo alguns mantimentos e itens que poderiam ser úteis, como cordas, sinalizadores, pederneiras, lanternas, dos kits de emergência de Vi, e minha manopla. - Mas vamos precisar encontrar um jeito de nos comunicarmos mais facilmente, não vamos ter tempo para desenhos.
Ele acenou com a cabeça, colocando o caderno na mesinha de centro, ajeitando a jaqueta e esperando que eu ficasse pronto.
- Vamos por Nashramae. Conheço um túnel. Vai ser mais rápido. - coloquei a mochila nas costas depois de me agasalhar. - Sabe o caminho para lá?
Aphelios concordou com a cabeça.
Cait e Vi me encaravam.
- O que foi? Ele precisa ir rápido. E eu conheço um caminho. - dei ombros. - Sabem que eu gosto disso. Pode ser uma grande aventura pra me gabar um dia desses. Talvez escrevam músicas sobre este dia!
Ri, mas as garotas concordaram. Elas sabiam como as aventuras faziam meu coração pulsar mais forte e meu sorriso ficar mais brilhante, bem melhor que só ficar entulhado em casa.
- Vá com cuidado. - disseram.
Nos despedimos e partirmos.
Quer dizer.
Assim que saímos da casa, Aphelios bateu as mãos no bolso e puxou um pequeno frasco brilhante. Abriu e ingeriu o líquido. Vi seu rosto se contorcer, uma veia pulsando em seu pescoço alvo, rápido e forte. Já havia ouvido falar daquela poção. Ele a criou para se tornar mais forte. Mas era doloroso. Muito.
- Não precisava tomar agora. - disse, confuso. - Vamos andar até a estação para pegar o trêm.
Ele virou de costas para mim, se abaixando.
Oh.
Então era isso que queria.
Com certeza a poção o deixaria mais rápido que o trêm.
Ajeitei-me em suas costas, segurando em seus ombros, sem apertar, mas Aphelios se levantou, erguendo-me junto de si e, antes de qualquer coisa, usou as mãos para levar meus braços ao seu pescoço, apertando-os firme, assim como as pernas em sua cintura.
- Obrigado. - murmurei, ajeitando meus óculos no rosto. - Provavelmente é bem rápido, não é...
Ele acenou com a cabeça, assegurando-se que eu estava seguro antes de começar a se movimentar.
Sua velocidade aumentou gradativamente, e eu podia ver seus olhos me observando pelo canto, garantindo que não havia me perdido no caminho ou que a velocidade não tinha me afetado. Fiquei grato por ele ter arrumado meus braços, ou eu com certeza teria caído. Era realmente rápido.
Não pude evitar um sorriso quando vi o mar que beirava Shurima se aproximando. Era belo. Era um cenário que sempre me arrancava suspiros. Lembrava-me de minhas breves aventuras nas ruínas secretas.
Vimos o sol nascer quando chegamos em Nashramae. Antes de entrarmos na cidade, expliquei para Aphelios que eu tinha que guardar minha manopla na bolsa. Infelizmente a luva de Ne'Zuk deveria ter sido devorada pela história, apodrecendo junto da carne podre de seus ancestrais, e jamais voltar a ser usada. Mas eu a salvei de lá. Assim como ela me salvou de uma vida entediante.
No entanto, seria melhor se os habitantes da cidade não suspeitassem que eu a tinha. Esconderia-a até entrarmos nos túneis.
- Por aqui. - chamei em meio a multidão. - Não podemos correr aqui. Tem muita gente e chamaremos muita atenção. Vamos com calma. Logo estaremos no túnel. Já economizamos ao menos dois dias de viagem naquela corrida sua.
Caminhei entre as pessoas do comércio intenso do fim do ano. Pessoas de toda parte de Runeterra comprando presentes para si e para seus queridos, belas joalherias, tapeçarias belíssimas e peças exclusivas eram especialidades de Nashramae. Eu mesmo vi uma ou duas joias que muito provavelmente eram antiguidades, valiosíssimas. Mas tínhamos um objetivo, que poderia ser urgente.
- Aphelios, estamos quase chegando. - virei-me para assegurá-lo que estava tudo bem.
Mas o menino simplesmente tinha sumido na multidão.
- Aphelios? - chamei, olhando as lojas próximas e para as outras pessoas.
Céus.
Ele tinha se perdido?
Grunhi, notando que uma das lojas possuía um telhado fácil de alcançar. Enfiei a mão na bolsa, usando o poder da manopla, me teleportei para o ponto mais alto. Pude ouvir algumas pessoas murmurando sobre a magia, mas ignorei. Não era um crime naquele país.
Caçei o lunari entre a multidão, atento a qualquer movimentação estranha.
Nada. Não conseguia encontrar o rosto pálido, as marcas no rosto, o cabelo desgrenhado pela pressa e desespero.
Mas então...
Uma pequena roda de pessoas parecia incomodada com alguma coisa. Com alguém.
Alguém que estava caído.
- Ah, está de brincadeira... - usei novamente minha magia para se transportar rapidamente até o ponto visto.
Algumas pessoas passavam sem observar, pisando em seu corpo. Enquanto outras rodeavam-o, comentando que alguém deveria ajudá-lo, mas ninguém se quer movia um dedo.
- Com licença. É meu amigo. - pedi para a barreira de pessoas se formava, mas as pessoas não pareciam me ouvir. - Afastem-se, por favor. Ele não está bem.
Pude ver o rosto de Aphelios no chão, sujo, com a marca de uma bota em sua bochecha, curvado em si mesmo, tentando se proteger.
- Saiam da frente! - gritei, deixando que o poder de minha luva criasse uma onda que os afastaram. - Infernos... Aphelios, levante.
Abaixei ao seu lado, tomando seu pulso. Ele estava vivo, mas a pulsação estava lenta. Parecia hibernar.
Puxei seu corpo para meus braços, segurando firme contra meu peito, mentalizando o local que estava antes, no telhado. O teleporte puxou nossos corpos através das obstruções do caminho, o peso do lunari nos derrubando no chao.
- Aphelios. O que aconteceu? - limpei a sujeira de seu rosto, notando uma palidez mais intensa, seus lábios brancos como a cal. - Hey...
Sem resposta.
Eu precisava levá-lo para algum lugar seguro.
Conferi se não haviam ferimentos visíveis, tirando a marca da pisada no rosto. E estava tudo bem. O que quer que afligia o lunari, não era algo físico.
Puxei seu braço para meus ombros, carregando-o com cuidado até a passagem que descobri para um túnel antigo de mineração. Não era utilizado hoje em dia, então, era fácil usá-lo para acessar Monte Targon. A entrada havia sido escondida com grandes inscritos mágicos e em uma de minhas vindas para cá, minha manopla reagiu com as gravuras, abrindo a passagem furtivamente.
Esperei que estivéssemos mais sozinhos para abrir a entrada, puxando Aphelios para dentro, fechando as escritas atrás de mim, fechando-nos no escuro.
Ouvi o lunari tossir e soltar-se de mim com força, caindo de joelhos no chão, os dedos apertando contra a garganta, como se tentasse retirar algo de lá.
- Posso ajudar de alguma forma? - perguntei retirando algumas coisas da mochila que achei que pudessem ter alguma utilidade.
Aphelios balançou a cabeça negando.
Tossiu por alguns segundos e parou quando duas gotas largas de sangue caíram de seus lábios, a boca preenchida do escarlate quente.
Esfregou a mão no queixo, limpando o traço vermelho que lhe marcava. Tentou se colocar de pé, mas suas pernas lhe traziam de volta ao chão, ele forças.
- Hey, espere. Você não está bem. - apoiei seu corpo com o meu, ajudando-o a se sentar contra a parede. - Tente respirar fundo, relaxar. Vou acender o fogo, você está gelado.
Ele apertou as próprias pernas contra o próprio peito e por alguns segundos, o poderoso lunari parecia uma criança perdida.
Bem.
Ele e Alune pareciam não ter mais ninguém. E agora, era só Aphelios, e isso era com certeza muito para processar.
Não importava a idade.
- É um efeito colateral da poção? - perguntei, o fogo já pegando força na madeira velha e mato seco que peguei na entrada dos túneis.
Ele confirmou com a cabeça, mas abriu a boca. Fechou-a rapidamente, lembrando que não conseguiria falar.
- Está tudo bem. Não precisa me explicar. Sei que deve doer pra caramba. - acariciei sua cabeça. - Tente descansar um pouco. Te chamo daqui a pouco para continuarmos. Logo estaremos com sua irmã.
Ele olhou em minha direção e moveu a cabeça lentamente, para baixo, fechando os olhos e depois para mim. Um agradecimento.
- Não me agradeça, sério. - sorri, limpando uma lágrima que escorria em seu rosto cansado, como se não tivesse percebido que estava chorando. - Venha cá. Ainda está muito frio.
Puxei uma das mantas da mochila, envolvendo nossos ombros. Aquela poderia ser uma possível solução para a baixa temperatura.
Ofereci uma das diversas comidas entaladas, mas o lunari parecia já estar dormindo.
Eu realmente não estava com sono, então aproveitei o momento para fazer algumas anotações, organizando nossos suprimentos por horários, para que pudéssemos ter o que comer ao longo da viagem. Apenas um dia caminhando por ali, estaríamos em Monte Targon ao nascer do sol de amanhã. Comi uma lata fervida de sopa e me aconcheguei ao lado de Aphelios. O frio já alcançava aqueles tuneis, e tínhamos que economizar nossas energias. Eu principalmente, pois teria que fazer o caminho de volta sozinho provavelmente.
Mas era preocupante. Por mais que estivesse frio, e por mais que as mãos de Aphelios estivessem gélidas, sua testa em meu ombro parecia fervente.
Toquei a mão em seu rosto, encontrando uma temperatura elevada.
Estava com febre.
- Aphelios, você está doente. - murmurei, buscando a barra de vitaminas dentro da bolsa. - Tem que comer alguma coisa, se não vai perder as forças para caminhar.
Ouvi um respirar fundo do lunari antes dele se ajeitar, sentando corretamente para ingerir o que lhe entreguei.
- Isso tudo é por causa da poção?
Ele balançou a cabeça, negando. Aceitou o remédio, sem questionar ou hesitar, engolindo junto da água que ofereci, em movimentos lentos, exaustos.
- Será que é algo relacionado com a sua irmã? - ele balançou a cabeça de novo. - Realmente precisamos arrumar um jeito de nos comunicarmos. Eu gostaria de entender essas coisas, mas acho que vou ter que esperar para conseguir falar com Alune mesmo.
Cruzei os braços, esticando minhas botas para perto do fogo. Aphelios fez o mesmo, copiando meus movimentos, quando terminou de comer.
Ri baixinho, esticando o braço.
- Venha cá. Estava mais confortável, não?
Ele olhou para o espaço que abri para que se acomodasse em meu corpo. Pude ver as maças do rosto corando. Podia ser por causa da febre, mas ele era adorável com aquele leve vermelho nas bochechas. Olhou para mim, mais uma vez, como se perguntasse se estava tudo bem fazer aquilo. Sorri, dizendo que sim.
Os braços de Aphelios encontraram meu torso antes, a testa encostando entre meu pescoço e meu ombro. Sua respiração firme esquentava minha pele. Abraçava-me como uma criança. Era uma gracinha. Enrolei a coberta em nós dois, deixando meus dedos acariciarem os cabelos escuros, murmurando uma pequena melodia que lembrava de ouvir quando era criança, meu tio cantarolando enquanto tentava me por para dormir.
Meu coração disparou por alguns segundos quando ouvi sua respiração se aprofundar, como se fosse falar algo.
Calei-me, atento ao homem em meus braços.
Um sussurro quase inaudível alcançou meus ouvidos.
- Obrigado...
Sorri.
Não precisava fazer um estardalhaço disso. Sabia que o efeito da poção o emudecia, devido a dor e a contração de seus músculos da garganta, mas talvez, devido ao efeito do remédio para a febre, seu corpo estivesse mais relaxado. E estava tudo bem. Um sussurro que ecoou em meus ouvido pelo resto do tempo em que estivemos diante daquela fogueira.
Beijei sua testa, como faria com alguém querido, deixando que minhas pálpebras pesassem, levando-me para um sono tranquilo.
Despertamos em pouco tempo. Aphelios provavelmente já estava se sentindo melhor com o remédio, e logo se levantou, apressado para ir de encontro com a irmã. Organizei nossas coisas, apagando o fogo antes de partirmos.
Ao longo de nossa caminhada, fui explicando as estatuetas e escritas antigas que encontrávamos nos túneis. Mas o lunari só balançava a cabeça, afirmativamente, como se tivesse ideia daquelas coisas. Bem, querendo ou não aqueles túneis tinham ligação com Monte Targon e talvez ele já tenha visto coisas semelhantes anteriormente.
Fiz ele parar algumas vezes, para conferir sua temperatura e para se hidratar. O homem parecia cada momento mais ansioso, inquieto para se mover mais depressa, mesmo que eu tivesse que caminhar na frente para lhe mostrar o caminho.
- Aphelios, já estamos a caminho. Não podemos arriscar correr muito aqui. As estruturas são muito antigas e não são lá essas coisas no que diz respeito à segurança. Além disso, a última vez que dei uma "passeada" por aqui, acabei encontrando algumas criaturas bem desagradáveis. - expliquei o motivo de andar e não correr.
Ele concordou com a cabeça, mas estendeu a mão para mim.
Olhei para seus dedos, confuso sobre o que ele esperava que eu fizesse. Mas conclui que ele queria minha mão na dele, então o fiz.
Levou meus dedos até seus lábios e murmurou, tão silenciosamente quanto da primeira vez.
- Eu confio em você.
Senti meu rosto queimar, minhas bochechas com certeza vermelhas como o sol que deveria arder do lado de fora daquela caverna. Ele confiava em mim. Estava dizendo isso. Céus. Eu conseguia sentir meu coração acelerando, pulsando forte em minha garganta.
- Sim. E eu fico muito feliz que confie. - abaixei o rosto, tentando evitar a sensação que vinha a mim quando nossos olhos se encontravam. - E por isso confie quando digo que logo estaremos com sua irmã.
Seus dentes mordiscaram suavemente meus dígitos,  como para chamar minha atenção. Senti um calafrio percorrer meu corpo quando me permiti erguer os olhos para o lunari.
- Ezreal...
Pude sentir meus dedos tremerem sobre seus lábios. Era como se sua voz fosse um murmúrio em minha mente. Como se a vibração de seus lábios em minha pele me fizesse crer que a lua estava falando comigo, e não um garoto.
- O que é? - questionei, incerto sobre o comportamento do moreno. - Está se sentindo melhor?
Ele confirmou com a cabeça, levando minha mão a sua testa, que agora tinha uma temperatura normal, mas balançando a cabeça, como se houvesse mais alguma coisa a dizer. Mas que talvez não conseguisse falar. As sobrancelhas se franziam vigorosamente, e eu podia vê-lo engolir em seco, ansioso, nervoso.
- Escute. - sussurrei. - Sei que está feliz pela ajuda e sente-se grato. Mas deve saber que eu sinto o mesmo.
Vi a confusão em seu rosto.
- Eu fico realmente feliz de estar aqui. De estar contigo. De poder te ajudar a se reunir com sua querida irmã. - acariciei seu rosto com a ponta de meus dedos, desenhando as marcas em suas bochechas. - Sei como isso é importante para você. E por isso, não precisa agradecer. Eu estou aqui para você.
Meus dedos tocaram o canto de seus lábios, desenhando-o suavemente, junto com a marca roxa que descia até seu queixo. Meus olhos pareciam presos nos dele.
Aphelios era lindo. Era cativante...
Vi suas bochechas tomarem o vermelho para si quando meu polegar tocou novamente sua boca. Era como se tudo me levasse de volta a vontade de tocá-los. Com meus dedos. Ou com minha própria boca.
Consegui sentir o garoto engolir em seco. A proximidade de nossos rostos me fazia perceber o fato de que eu estava na ponta dos pés para nivelar nossos lábios. Tive vontade de rir ao notar isso, mas senti meu nariz roçando no dele.
Sua respiração instável se prendeu, ele mordeu a própria boca, o rosto corando ainda mais. Tocou minha testa com a própria, afastando suavemente nossas bocas.
- Está mesmo? - sussurrou, a voz quase nula.
- Estou aqui. - deixei minha mão pousar em seu pescoço. - Consegue sentir? Eu realmente estou aqui.
Sabia qual era o problema.
Não sei como, mas eu entendi o que Aphelios queria dizer.
Havia muito tempo desde que ele teve alguém além de sua irmã cuidando dele. E sua irmã sempre esteve longe. Ele podia ouvir sua voz. Mas nada mais. Sentia-se sozinho por não conseguir ouvir a pessoa que sempre esteve ao seu lado.
Mas também deveria ser algo diferente de ter alguém realmente ao seu lado, ao alcance de suas mãos.
Estar comigo naquele momento, era algo estranhamente novo para ele.
Eu apenas rezava para que fosse um estranho bom.
Respirou fundo. Fechando os olhos, levando os dedos para as maçãs de meu rosto, para o desenho de minha orelha, meu maxilar, a curva de meu sorriso. Pude sentir seus ombros tremerem.
- Você não está sozinho. - murmurei, deixando que suas mãos tocassem-me.
Delicadamente, ele tocou meus cabelos, meu pescoço, meus ombros. Deslizou por meus bracos, ate enlaçar uma das mãos nas minhas.
Afastei-me, permitindo que nossos dedos permanecessem juntos.
- Vamos? Estamos quase lá. - puxei-o.
Seus olhos alternaram entre olhar para nossas mãos unidas e para meu rosto, suas bochechas e orelhas vermelhas.
Sorri.
Era muito fofo.
- Não tem problema. Acho que vai te deixar mais tranquilo desse jeito, se estivermos nos tocando de alguma forma, pra você sentir que tem alguém com você. - voltei a caminhar, puxando o garoto. - Você não está acostumado com a sensação de estar sozinho, não é? Dessa forma, você pode se sentir mais seguro.
Aphelios respirou fundo como se fosse falar algo, mas se calou.
Ele não estava mais emudecido pela poção, mas de alguma forma, não podia confiar em suas próprias palavras.
- Pode falar comigo. - apertei seus dedos. - Se não estiver doendo mais, pode falar o que quiser.
Durante alguns longos minutos, o silêncio nos abraçou. Eu não forçaria Aphelios a falar comigo, mesmo que eu quisesse que ele fosse mais sincero, ele deveria falar quando se sentisse confortável. Quando tivesse algo para falar.
E estava tudo bem.
Eu entendia, e seu silêncio dizia muitas coisas.
Caminhamos e caminhamos.
Eu sabia que logo estaríamos em Monte Targon e Aphelios provavelmente já sentia isso também.
Mas pouco antes de começarmos nossa subida final, o lunari segurou minha mão firme, parando seus pés.
- O que foi? - perguntei.
Seus olhos se prenderam em nossos dedos entrelaçados. O suor deixava-os escorregadios, quentes, a ansiedade do homem gritando através de seus poros.
Ele puxou minha mão, me levando mais para perto, o rosto corado e incerto.
- Está se sentindo bem?
Balançou a cabeça, não era sobre isso que queria falar.
- Ezreal, eu queria...
Sua voz baixa foi interrompida por um grande estrondo vindo do chão.
- Ah, não... - rodei os olhos, soltando a mão do mais alto, ajeitando minha manopla. - Espere só um minuto, já vou te ouvir.
A criatura que emergiu bem debaixo de nossos pés era feita de metal derretido, pedras preciosas e grandes olhos de fogo. Não era muito ágil, mas aquele punho podia ser fatal se aceitasse um golpe com força o suficiente.
Conseguimos nos reposicionar. Disparei alguns golpes em meu alvo, acertando precisamente onde desejado.
Aphelios buscava a poção em seu bolso, enquanto desviava de um golpe ou outro.
- Não beba! Podemos fazer isso sem te causar sofrimento, droga! - gritei, golpeando a criatura pelas costas após um teleporte.
Seus olhos se arregalaram, as mãos buscando suas armas, o pânico exposto em suas feições. Não sabia o que fazer. Depois de tanto tempo ouvindo o que seria melhor, qual ataque, onde, quando fazê-lo, Aphelios simplesmente não tinha ideia do que deveria fazer.
- Não se preocupe, ele está quase caindo! - ri alto, acertando mais um golpe brilhante em seu rosto. - Foque em se manter seguro quando ele cair, pois sempre acabam explodindo!
Não eram fortes quando sozinhos, mas quando estavam em grande número, pois explodiam seguidamente, dificultando termos chances de fugir daquele fogo que se espalhava com velocidade.
Golpeei suas costas algumas vezes, o grito da criatura ecoando nos corredores. Isso poderia ser um problema, visto que eu tinha ideia de que ele não era o único naquele local. As últimas vezes que caminhei por ali, tive problemas com diversos gigantes semelhantes aquele que estávamos enfrentando.
Quer dizer, eu estava enfrentando.
Aphelios parecia devastado.
Após meu teleporte, caí ao lado do lunari. Quase podia sentir o cheiro de seu desespero, seus dedos tremendo, seus olhos presos nestes.
- Aphelios?
Seus joelhos escorregaram até o chão, suas mãos enfiaram-se nos cabelos escuros.
- Hey, agora, acho que não é um bom momento... - voltei minha atenção para a grande criatura fervente. - Aguente um pouco!
Carreguei minha magia, deixando que a temperatura se elevasse ao seu máximo em meus dedos abaixo da manopla, o brilho dourado rasgando minha pele suavemente ao ser disparado contra o grande monstro de metal, atravessando seu coração. Se é que havia algum ali.
- Vamos! - corri na direção de Aphelios, mas o garoto parecia frágil como uma criança.
Ergueu o rosto para a minha direção, mas eu conseguia ver o rosto manchado de lágrimas que caíam sem parar. Ele não ia se mover.
Céus, naquela distancia, ele morreria com a explosão.
Conseguia ouvir o tiquetaquear do interior do monstro. Era questão de tempo.
Apertei meu passo, jogando-me contra o garoto e deixando que a magia nos teleportasse o mais longe que podia para longe da fonte de perigo, fechando os olhos e rezando para que fosse o suficiente. Consegui posicionar nossos corpos atrás de um grande rochedo, o corpo de meu companheiro de viagem caindo sobre o meu. A dor da queda após o teleporte não foi nada comparada com a voz que saiu da garganta sensível de Aphelios.
- Alune!
Um grito de pânico, sincronizada com a explosão do gigante.
A onda de calor chegando até nós, mas sem machucar. Como um vapor carregado de poeira, pronto para derrubar nossas defesas. Ainda bem que a pedra qeue estávamos atrás era bem resistente.
- Shh... Shh... Está tudo bem. - apertei meus braços ao redor de seu corpo. - Já estamos seguros. Estamos quase lá. Alune está bem.
Aphelios tentava recuperar o fôlego, mas parecia que o ar não voltava para seus pulmões.
- Hey, eu sei o que está acontecendo. Espera.
Levantei-me com cuidado, sentando o homem com as costas na pedra. Uma pontada de dor atingiu minhas costas. Eu com certeza tinha me ferido na queda após me teleportar. Mas agora não era um problema.
- Aphelios, me escute. - segurei seu rosto entre minhas mãos. - Conte comigo, cinco coisas que pode ver.
Seus olhos pareciam buscar foco, a respiração acelerada tirando-o do controle. A boca se abriu e se fechou, tentando falar.
- Se estiver doendo, pense nessas coisas que pode ver, olhe para elas.
Ele balançou a cabeça, certo do que tinha que fazer.
- Pedras. - murmurou. - Chão. Um pedaço de metal. Sua manopla. Você.
Sorri, acenando que estava certo.
- Vamos continuar, você está indo muito bem. - acariciei sua bochecha, limpando seu choro, e afastando meus dedos dele, sentando-me diante dele. - Respire comigo e me diga quatro coisas que pode tocar. Me fale, qual seria a sensação de tocá-las.
Estabilizei minha respiração, diminuindo sua frequência e aumentando sua profundidade.
- Minhas roupas. - começou a falar, calmamente, tentando imaginar a sensação, de olhos fechados. - Seria resistente, o tecido em meus dedos, sujo pela poeira e pelo tempo que estou vestindo-as.
- Muito bem. O que mais poderia tocar? - respirei fundo, levando-o a respirar junto de mim, acalmando sua ansiedade, seu medo.
- O chão. Duro, quente pela explosão. Cheio de pedras lisas.
Ele estava bem mais calmo. A respiração estável, os dedos já não tremiam tanto.
- Meu cabelo. Molhado de suor, escorregaria entre minhas mãos.
- Ótimo, Aphelios. Só mais uma. Você já está quase lá. - ajeitei-me, um pouco mais relaxado no chão, deixando meu próprio corpo relaxar após o combate, já sentindo a dor no ponto especifico de minhas costas. Devo ter aterrissado em uma pedra pontuda, deveria ter esfolado a pele.
Seus olhos escuros se abriram, menos instáveis, fixados em meu rosto.
- Sua pele. - ergueu devagar a mão, não se deixando tocar-me. - Seria quente. Não como o chão, quente por estar vivo. Macio. Seria... Seria bom.
Sorri.
Queria beijá-lo. Mas aquele não era o momento. Aphelios ainda estava se recuperando de uma crise. Seria um desrespeito enorme aproveitar-me de uma situação tão frágil para satisfazer meus desejos.
- Como está se sentindo? Quer continuar o exercício para melhorar? - perguntei, deixando-me segurar sua mão com cuidado.
- Estou melhor. Muito obrigado. - murmurou. - Acho que foi a primeira vez que realmente senti como se Alune não existisse mais... Ela sempre aparecia quando eu estava lutando. Foi aterrorizante pensar que ela não estava comigo.
Com certeza, aquele seria a vez que Aphelios mais falaria ao longo desta viagem. E não havia nada que eu pudesse falar para tranquilizar seu medo. Eu poderia realizar os exercícios que aprendi para controlar a ansiedade, mas não conseguiria tirar aquela dor dele.
Durante alguns segundos, ficamos ali, sentados em silêncio. Nossas mãos juntas, sem apertar, sem desespero. Só ali. Juntas.
Seu corpo tombou em minha direção com cuidado, a testa repousando em meu ombro.
- Está tudo bem... - sussurrei, deixando meus dedos livres acariciarem seus cabelos, aceitando a proximidade.
- Temos que ir logo... - sua respiração aquecia-me através da roupa, sem fazer qualquer menção de se mover.
Concordei, deixando o sentimento agridoce preencher meu corpo. Queria que Aphelios se reunisse com a irmã, mas ao mesmo tempo... Queria estar com ele durante mais algum tempo. Queria poder continuar segurando sua mão, acariciando seu cabelo, sentindo o cheiro da noite nele. 
Obviamente, o lunari queria reencontrar a irmã o mais rápido possível, mas seu corpo não se afastava do meu. Eu podia ouvi-lo abrir e fechar a boca, tentando organizar o que queria me falar.
Alguém deveria fazê-lo primeiro. Precisávamos ir logo.
Eu o ajudaria, se estava tão difícil.
Afastei Aphelios de meu ombro, empurrando-o suavemente com as mãos em seu peito.
Ele estava sentado entre minhas pernas, e eu não esperava ver aquela expressão quando o afastei. Seus olhos brilhavam, as bochechas avermelhadas, bem como os lábios, como se tivessem sido mordidos repetidas vezes. Piscou algumas vezes, a mão se direcionando ao meu rosto, repousando de leve.
- Aphelios... - seu nome saiu de minha garganta, baixinho como um segredo. - O que foi? Temos que ir...
- Eu sei. - balançou a cabeça.
Senti minha nuca arrepiar quando seu polegar imitou o movimento que fiz anteriormente, desenhando seu lábio. Agora fazendo o mesmo comigo. Céus, ele era muito para mim.
- Aphelios. Sei que pode ser algo novo, desconhecido ou inesperado para você... Mas se você me toca dessa forma, eu fico com mais vontade ainda de te beijar. - suspirei, sendo honesto e me afastando do toque, puxando o homem para se colocar de pé. - Vamos indo. Estamos quase lá.
O lunari balançou entre seus próprios pés antes de se estabilizar, mas segurou minha mão antes de continuar caminhando.
- Você quer mesmo fazer isso... Beijar... Comigo? - seu rosto parecia ainda mais corado, como se tivesse tomado sol de mais o dia inteiro, encolhia-se em seus ombros.
Ah.
Era muito para mim.
Se aquilo não era um pedido, eu não sabia mais nada sobre sedução.
Respirei fundo e ergui-me nas pontas dos pés, puxando a gola da jaqueta do mais alto. Nossos narizes se tocaram.
- Se não quiser, pode me afastar. - murmurei, fechando meus olhos.
Deixei que minha boca pousasse sobre a dele, beijando-o.
Era mais macio do que eu esperava, mais delicado, como se pudesse se partir se eu o apertasse um pouco mais que aquilo. Seus dedos tocaram levemente as maçãs de meu rosto, meu queixo, retribuindo o beijo por alguns segundos.
Nos afastamos.
Sorri para seu rosto corado.
- Vamos? - estendi a mão para ele.
Aphelios esfregou o rosto com as duas mãos antes de segurar meus dedos para realizarmos nossa última parte da viagem.
Monte Targon era imponente e único. Emanava energia que nunca vi igual. Estive ali apenas uma ou duas vezes em minha vida, explorando inocentemente sua base e nada mais. O acesso era controlado, independente de onde gostaria de ir.
O túnel nos levou diretamente para uma das entradas para a escadaria na direção do território lunari.
Parei diante dos guardas, sabendo que não me deixariam entrar, mas Aphelios me puxou pela mão, passando pelos guardas sem qualquer tipo de impedimento. Podia sentir meu coração pulsando rápido. Nunca vi nada daquele local e, tanto eu havia ouvido a respeito!
Tudo que eu queria era tirar meu diário da mochila e desenhar aquelas pilastras feitas de mármore tão brilhante que refletiam perfeitamente a lua que já se mostrava no céu escuro.
- Oh! Olhe essas estátuas! - não pude evitar as expressões de surpresa conforme íamos nos aprofundando nos territórios novos. - Aphelios, é tudo tão lindo!
Pude captar por alguns milissegundos um leve sorriso naquele rosto tão sério. Céus, eu estava perdido.
Mordi meu próprio sorriso, odiando meu coração por disparar com o leve curvar nos lábios do outro homem. Aphelios era precioso. Não era para mim. Nem para qualquer pessoa no mundo.
Contive minhas expressões de apreço para aqueles pequenos detalhes. Aqueles olhos que brilhavam em minha direção quando eu sorria ou comentava algo sobre a arquitetura do lugar. As bochechas rosadas quando eu apertava seus dedos com carinho.
Alguns homens de armadura, pararam diante de Aphelios, trocaram algumas breves frases que não compreendi.
O rosto do lunari ao meu lado se transformou em uma folha em branco. Todo sentimento esvaiu-se de seus olhos. Aquele era o Aphelios que eles deveriam conhecer.
Não o que caminhou comigo através dos túneis.
Não o que eu beijei.
Engoli em seco quando o garoto voltou a caminhar, desta vez, segurando minha mão com mais firmeza, os passos mais rápidos.
Chegamos em uma sala grande, porém vazia. Apenas uma figura esperava de pé, no meio do salão iluminado pela lua. Digo que esperava, pois a forma como estava posicionado virado para a porta de entrada parecia dizer que ele sabia que viriamos.
Ou que ao menos Aphelios apareceria.
- Demorou. Temos pouco tempo. - a voz firme rosnou. - Vamos logo. O equilíbrio de nosso mundo está correndo grande perigo.
Consegui reconhecer aquela silhueta sendo Shen. 
Naquele momento, eu não sabia mais exatamente o que estava acontecendo, mas Shen aparentemente conseguiria nos enviar para o templo onde Alune estava, mas tínhamos pouco tempo, pois logo não mais o alcançaria com seus truques mágicos e desconhecidos para mim. Aphelios se manteve quieto e inexpressivo durante todo o tempo até Shen firmar um grande portal azul, explicando que tínhamos pouco mais que uma hora, e então sua magia nos puxaria de volta.
- Façam o que for preciso para manter esse templo ativo. Vocês não tem ideia de como seria catastrófico se nenhum lunari estiver fazendo este trabalho. Você entendeu, Aphelios? - Shen parecia estar falando de algo que somente eles podiam compreender.
O lunari baixou o rosto, uma pontada de dor passando por entre suas sobrancelhas que se franziram. Concordou brevemente com um movimento da cabeça, apertando meus dedos em suas mãos com força quando entrou no portal, prendendo a respiração. Algo estava errado.
Assim que atravessamos, chamei sua atenção.
- O que está acontecendo? O que Shen quis dizer? - deixei meus instintos falarem mais alto, algo com certeza estava muito mal.
Por alguns segundos, achei que Aphelios não me responderia, mas ele respirou fundo e explicou.
- Alguém precisa ficar aqui. Um lunari. Se não o mundo perde parte do equilíbrio. - fechou os olhos e deixou-se balançar a cabeça. - Nada vai acontecer. Está tudo bem.
- Espere! Mas e se não estiver? O que acontece?
Aphelios soltou minha mão, começando a caminhar pelo longo corredor escuro.
O teto era extremamente alto e, alguns pontos, era aberto e eu podia ver milhares de estrelas e uma grande lua brilhante. Aquelas constelações eram desconhecidas para mim. Não estávamos em nenhum lugar de Runeterra e disso eu tinha certeza. Aqueles céus eram desconhecidos...
- O tempo não está sempre no mesmo lugar, e muitas vezes nem eu sei exatamente onde está... Se é que está em algum lugar real. - murmurou, aguardando que eu o seguisse.
Caminhamos durante alguns minutos, e o estreito corredor se transformou em uma enorme sala sem teto. Um grande altar se localizava no meio, rodeada por água cristalina, refletindo a lua com perfeição.
- Alune! - chamou Aphelios, sem resposta, seu rosto demonstrando pavor. - Ela deveria me ouvir de qualquer lugar do mundo... Por que não me responde?
Seus passos começaram a acelerar na direção do altar e eu quase podia sentir seu coração explodindo em seu peito, o medo de não encontrar a irmã. E eu o entendia. Aquele pavor de ter sido deixado sozinho. A mão, que estava colada na dele há pouco tempo, formigou, bem como meus lábios solitários. Amaldiçoei-me por comparar meus sentimentos com os dele. Eu só o desejava, e almejava por seu toque e sua companhia. Alune era muito mais que uma companhia para Aphelios. Era parte de si. E sempre seria. Mesmo que não a encontrássemos.
Chegamos no altar e para nossa infeliz surpresa estava vazio.
Aphelios franziu o rosto, o queixo trêmulo, mordendo o próprio lábio. Ajoelhou diante da grande estrutura prateada que alcançava os céus, repousando suas mãos em seu peito.
- Você tem que encontrá-la, Ezreal. - murmurou. - Vou estar aqui, por favor, encontre-a.
- O que? Você tem que vir comigo... Como eu vou encontrar ela?
- Você ouviu o que Shen disse. Alguém precisa estar aqui. Alguém precisa fazer esse papel. - sua pele alva recebia a luz refletida pela lua com suavidade, como se banhasse sua alma com aquela luminosidade, iluminando as pequenas gotinhas que escorriam em seu rosto novamente inexpressivo. - Encontre Alune, por favor. Só siga a lua... Ela vai te levar até minha irmã e depois de volta a mim.
Quem eu era para lhe negar aquele desejo?
Quem eu era para deixar que aquele homem sofresse daquela forma?
Limpei suas lágrimas com meus lábios, prometendo voltar o mais rápido que pudesse.
Tomei meu folego, ajeitando a manopla em meu punho, deixando as minhas pernas seguirem a direção que a lua aparentemente iluminava com mais força. Deixei-me olhara para trás, para olhar para Aphelios mais uma vez. Seu corpo brilhava em um azul suave, e um feixe perolado descia do alto pilar até envolver seu todo. Ele estava usando sua conexão com a lua para encontrar Alune... Eu tinha que me apressar.
Corri na direção da lua, da forma mais veloz que podia, minhas pernas gritando com o esforço exagerado, os músculos queimando deixando-me alcançar a velocidade que eu conseguia alcançar.
Não sei quanto tempo passei correndo. O templo não parecia ter um tamanho limitado, e o tempo parecia passar diferente lá dentro. Quando senti minha respiração falhar, deixei que minha manopla me teleportasse para frente, tentando me dar alguns milissegundos de descanso nas pernas e um impulso para continuar correndo, no entanto quando o teleporte chegou no fim e meus pés tocaram o chão, meus joelhos fraquejaram, derrubando-me com força no chão. Rolei com força, caindo de cara em um arbusto azul reluzente.
- Ugh... - ergui-me em meus braços, esfregando minhas pernas doloridas. 
Eu tinha que continuar.
Respirei fundo, e me arrependi. Senti o perfume daquelas flores azuladas, que queimavam o fundo de minha garganta. Forcei-me a teleportar novamente, um pouco para longe delas. Aquelas eram as flores que Aphelios usava em seu elixir... Céus, se apenas o perfume delas me fazia arquejar, não podia imaginar a dor que o lunari estava passando.
Quando coloquei-me de pé, notei que a lua havia parado de iluminar um caminho a frente, e estava parada naquele salão. 
Ah.
Meus olhos percorreram a grande extensão do local, procurando a mulher que deveria estar ali.
Um pequeno corpo podia ser visto, brilhando suavemente, perto das flores. 
- Alune! - corri para me aproximar, percebendo que na verdade, o que brilhava era uma cópia do corpo de Aphelios, que murmurava para a irmã, pequenas palavras de conforto. - Vou te levar até ele, não se preocupe.
A garota parecia em alerta, mas ao me ver sorriu brevemente. Estendeu os braços como pode, deixando-me pegá-la no colo, e no mesmo momento que o fiz, a sombra brilhante de Aphelios desapareceu.
Começamos a caminhar de volta e eu pude sentir como Alune estava quente. Estava doente, bem como Aphelios esteve nos tuneis. Ofereci os mesmos remédios, e a lunari aceitou, agradecendo baixinho. Seus dedos desenhavam pequenos círculos em meu peito, provavelmente tentando se distrair do mal estar. Consegui ouvir seu pulmão chiar quando respirou fundo.
- Desculpe estar dando trabalho... E desculpe por preocupá-lo. - murmurou, erguendo os olhos para mim. - Deve ser somente uma gripe. Vim buscar água limpa aqui perto para lavar meu rosto e acabei desmaiando... A febre não abaixa por nada...
Grunhi.
- Não peça desculpas. Aphelios só está fazendo o que com certeza você faria por ele... - fui interrompido.
- Não. Eu não faria. Não poderia sair daqui para cuidar dele se estivesse doente. - sua voz era calma e gentil, embora mostra-se fraqueza devido a doença. - Não como você fez nos tuneis. Muito obrigada por cuidar de meu irmão.
Abri a boca para contestar, mas ela continuou:
- Sinto muito... Eu podia ouvir Aphelios chamar meu nome, seu grito de desespero. Mas não tinha forças para respondê-lo...
- Está tudo bem. Eu só me surpreendi com... O fato de você ter ouvido. - senti meu rosto corar. - Viu algo também?
Seu breve riso me fez avermelhar mais ainda, eu podia sentir o calor acumulando em minhas bochechas.
- Não se preocupe, Ezreal. - pousou as próprias mãos sobre o peito, fechando os olhos. - Conheço meu irmão. Ele não vai falar nada sobre isso, mas eu conheço as sombras e as luzes de seu coração. Sei como ele está se sentindo. E sei que você também esta sentindo o mesmo, aqui de perto eu posso ouvir.
A garota encostou o ouvido em meu corpo, ficando em silêncio por alguns segundos.
- Se você pudesse ignorar a dor de Aphelios, não escolheria fazê-lo. E se pudesse ir embora agora, deixando que eu e meu irmão resolvêssemos nossos problemas sozinhos, você não faria. - abriu os grandes olhos, que me lembravam de um belo cervo que vi uma vez em uma floresta antiga, direcionando-os para mim. - Você está se apaixonando por ele, não é? Ele também esta. Acho que é a primeira vez que meu irmão demonstra interesse real em alguém.
Aquela mulher devia conseguir ler pensamentos, ou algo assim, eu não conseguia nem pensar em algo para dizer ou responder suas afirmações tão intensas. Alune era sábia de mais...
- Não precisa dizer nada. Já estamos chegando, converse com Aphelios depois. - deixou-se repousar, fechando os olhos e ressonando suavemente.
Ela estava certa. Chegamos em pouquíssimo tempo, eu carregando o corpo leve da lunari contra meu peito, até alcançar o altar onde o garoto que me acompanhava estava ajoelhado murmurando uma pequena melodia enquanto seu corpo sincronizava com a lua. Pude ver algumas gotas de suor escorrendo em sua bochecha quando me aproximei. Não precisei chamar seu nome para que ele abrisse os olhos e voltasse seu rosto em minha direção.
- Alune... - sussurrou, os olhos cheios de lágrimas. - Ela... Ela...
- Está bem. Tem febre como você teve. Já lhe dei o remédio e por isso está sonolenta, mas vai ficar boa em pouco tempo, como você também ficou. - expliquei. - Ela está bem, Aphelios.
Mordeu os lábios, tentando conter o choro esticando as mãos para mim, tirando a irmã de meus braços e acolhendo-a nos dele. Murmurou a mesma melodia, acariciando os longos cabelos de Alune. Um pequeno sorriso repousava na boca de ambos, estavam unidos. Quantos anos faziam desde que Aphelios pode acalentar Alune daquela forma, em seu abraço? Quantos anos faziam desde que Alune pode sentir o calor do amor de seu irmão em sua pele, além de seu coração?
Uma pequena lágrima escorreu de meu rosto e eu ri internamente. Estava me tornando um cara sensível de mais.
Eu tinha quase certeza que uma hora já havia se passado e que logo estaríamos sendo puxados de volta para aquela sala ode deixamos Shen. Mas havia algo muito estranho em como o tempo passava naquele local. O caminho de volta ate Aphelios parecia ter sido mais rápido, enquanto ir até Alune havia sido exatamente o contrário.
- Temos algum tempo ainda, não muito, mas não quero te prender aqui. Vou chamar Shen para te levar. - Aphelios murmurou.
- O que? Não. Eu vou ficar. - retirei minha jaqueta, enrolando-a como um travesseiro, oferecendo para deitar Alune. - Vim até aqui e vou ficar até o final.
Aphelios concordou brevemente com a cabeça e deitou a irmã sobre o travesseiro improvisado. A respiração dela era curta e espaçada, como se respirar doesse. Revistei minha mochila para encontrar alguns remédios no kit de primeiros socorros, separando algumas pastilhas pra tosse e o remédio para febre.
- Com isso, ela vai conseguir se manter estável caso a febre volte, mas acredito que não vá precisar se ela for tão resiliente como você. - deixei os remedios ao lado da garota. - E você? Está se sentindo bem?
Um aceno de cabeça foi só o que recebi, e então ficamos em silêncio.
Depois de tanto tempo próximo de Aphelios, eu já estava acostumado com aquele silêncio, mas algo parecia não estar certo. O lunari com certeza queria falar algo. Respirei fundo, estava tudo bem. Em seu tempo, ele falaria.
Senti um leve puxar em meus dedos, e soube que tínhamos que ir.
- Aphelios... - mas antes que eu o respondesse, ele já havia entendido.
Toquei o ombro de Alune suavemente, tínhamos que avisá-la que estávamos indo. Seus olhos se abriram lentamente, e sua pequena mão os esfregou, tentando mantê-los abertos.
- Temos que ir, irmã. - Aphelios murmurou, beijando a testa da garota. - Por favor, fique boa logo.
Ela sorriu.
- Não sei preocupe. Logo já estarei bem. Os remédios que seu companheiro me deu são muito bons. Muito obrigada, Phel, por ter vindo. - pousou a mão em seu rosto, acariciando sua bochecha, antes de se virar para mim. - Obrigada por tê-lo ajudado, Ezreal. Por ter cuidado dele. Eu não tenho palavras o suficiente para agradecer, então leve isso.
Ela ergueu-se levemente, colocando a mão por dentro de um dos grandes tecidos que compunha sua roupa, puxando um pequeno pingente.
- Sei que para você, talvez não tenha muito significado. Mas isso é uma joia da lua, e para nós é um símbolo cerimônial muito importante. - colocou-o em minha mão. - Era de nossa mãe, e sei que ele deve ficar com você como forma de gratidão, pois sei que ela ficaria grata pelo que fez por nós. E como forma de prece. Que a lua cuide de você como cuida de nós. 
- Espera eu não posso aceitar isso. É tipo uma herança de família, eu não posso tirar isso de vocês.
- Reconheço sua manopla. Ela já teve um dono também. - Alune riu baixinho.
- Não. Aquilo é... Aquilo é diferente. - ergui os olhos para Aphelios. - Por favor, diga a sua irmã que não posso.
Mas o rosto do garoto estava rubro, baixo e em silêncio.
- Ugh, eu fico com ele até Aphelios me levar para casa. Depois deixarei com ele. - a lunari pareceu satisfeita. - Agora temos que ir. Cuide-se, Alune.
Trocamos sorrisos, e Aphelios abraçou a irmã uma última vez, sabendo que não tinham ideia de quando se veriam daquela forma novamente.
E com isso um puxão arrastou-nos para fora do templo, os dedos do mais alto presos nos meus. Por algum motivo, tive vontade de não mais soltar a mão de Aphelios quando chegamos do outro lado. Como se ele fosse desaparecer...
Mas ele soltou minha mão, dirigindo -se a Shen para relatar o ocorrido.
Deslocado, deixei meus pés me levarem lentamente de volta à base do Monte Targon, nao conseguindo pensar em nada, embora eu devesse estar pensando em meu caminho de volta pra casa. O que foi que aconteceu? Por que eu esta tão... Incerto deste desfecho?
Eu não podia ficar com Aphelios. Ele tinha suas missões, suas responsabilidades, seus passos. Eu só era um moleque ambicioso e narcisista o suficiente para achar que ele poderia precisar de mim. Eu era só um humano inútil.
Não podia abrir portais para que ele fosse ver a irmã. Não podia falar com ele de outra dimensão. Porra, eu mal podia compreender seu silêncio em diversos momentos ao longo de nossa jornada.
Esfreguei meu rosto com as mãos, saindo dos limites do territorio lunari, decidindo voltar pelo caminho mais longo. Não estava com pressa para ir pra casa.
Respirei fundo e deixei meus pés se moverem. Mas antes que pudesse chegar em meu segundo passo para fora daquele lugar, uma mão segurou a minha, impedindo-me. Meu coração tremeu, mas me deixei virar para ver o garoto com os cabelos bagunçados e o rosto de uma criança perdida, os olhos brilhando por me encontrar.
- Por favor... - sussurrou Aphelios. - Deixe-me te acompanhar de volta...
Olhei para nossas mãos unidas. O rosto do garoto avermelhou por perceber meu olhar, mas ele apertou mais firme, sabendo o que queria, lutando por isso. Por mim.
Céus, eu nunca tive alguém que me quisesse daquela forma. Eu podia sentir a intensidade de seus sentimentos. E eles se misturavam com os meus. E Alune disse que aquilo era só o começo de se apaixonar? Eu nunca havia me apaixonado então! Aquilo era só o começo... Seria mais intenso? Mais profundo? Eu não sobreviveria se fosse. Olhar para Aphelios me tirava o fôlego...
Aceitei, com um manejo de cabeça breve.
Caminhamos de mãos dadas até que o sol começasse a se pôr. O silencio era um companheiro que combinava com nossos corações pulsantes e rápidos. Conseguimos um quarto para passarmos a noite, bem próximo a estação de trêm que nos levaria de volta para Piltover. Sabia que Aphelios não tinha necessidade de descansar naquele momento da noite, mas sua mão me puxou para a estadia quando os raios de sol não mais alcançavam o horizonte. Estava tentando cuidar de mim.
O quarto era simples, mas estava ótimo. As duas camas de solteiro e o chuveiro com água quente era o paraíso. Tomei um banho breve, deixando que Aphelios também o fizesse depois de mim.
Tínhamos que conversar.
Concordei com Alune que o faria.
Precisávamos conversar sobre tudo aquilo.
Aphelios e eu precisavamos de um desfecho. De organizar nossas dúvidas para conseguir respostas.
Quando o garoto saiu do banho, abri a boca para falar, mas ele também fez o mesmo.
- Tudo bem. Pode falar. - sorri.
- Ah. Sim. - esfregou as mãos. - Minha irmã já está melhor. Consegui ouví-la agora pouco. Obrigado pela ajuda...
- Não precisa agradecer. Fico feliz que Alune está bem.
Novamente o silêncio. Eu, sentado em minha cama, e Aphelios na porta do banheiro. Nós dois olhando para qualquer coisa que não fossemos nós mesmos.
Eu era um covarde. Mas tinha que fazer algo.
- Aphelios, escute. - me levantei, indo para perto dele, mas mantendo minha distância segura. - Quando nós... Nos beijamos... Não tivemos uma chance para conversar sobre aquilo.
Seu rosto estava corado, mas ele acenou com a cabeça.
- Eu não achei que você queria fazer algo assim comigo... Quero dizer, ahm... Beijar. - sussurrava como se estivesse contando um segredo.
Céus. Ele não tinha noção das coisas que eu queria fazer com ele além de beijá-lo.
- Ah, mas eu quero. - enganchei meus dedos suavemente em sua mão, levando-a para minha bochecha. - Mas e você? Quer me beijar? Quer que eu beije você mais uma vez?
Ele parecia querer fugir de mim, mas ao mesmo tempo seu polegar acariciava minha pele, seus olhos mapeavam meu rosto, captando cada detalhe. Aphelios também queria. Mas talvez nem soubesse o que estava acontecendo com seu coração.
E eu esta a certo.
- Eu quero. - ergueu os olhares de minha boca para meus olhos. - É a primeira vez que eu realmente quero algo. Algo que não tem nada relacionado com minhas missões. Ou com Alune. Eu... Eu não sei o que fazer.
O ar parecia sumir de meu corpo.
- Eu vou te beijar, Aphelios. É isso que quer? - falei, erguendo-me nas pontas dos pés.
- Sim.
Nossos lábios se encontraram com calma e indelicadeza. Com a leveza da água do banho, que pingava de seu cabelo escuro. Senti suas mãos puxarem-me mais para perto, enroscando nos cabelos em minha nuca. Deixei meus dedos vagarem por seu peito, a língua deslizando em seu lábio, tentando alcançar mais e mais daquele toque.
Mas Aphelios se afastou como se eu tivesse machucado-o.
Ele parecia ferido.
Os olhos arregalados, seus dedos tremiam levemente em meu pescoço. A boca se abriu e se fechou.
- O que... O que está fazendo? - sussurrou. - Meu corpo...
Sorri. Ah, eu queria ensiná-lo.
Puxei-o para minha cama, sentando-o. Acariciei seus cabelos, tirando os de seu rosto. Ele era tão belo.
- Não vou te machucar. - pousei meu polegar em sua boca, sentando-me em seu colo, uma perna de cada lado do corpo. - Confie em mim.
A respiração do lunari estava instável, mas ele concordou com a cabeça, fechando os olhos e erguendo o rosto para minha direção.
Desenhei seus lábios com a minha língua, enquanto timidamente Aphelios se deixou abrir a boca, alcançando-me com a própria língua. Os ombros tensos foram relaxando aos poucos, as mãos escorregando para meu quadril.
O beijo era tão íntimo, como se nossas almas estivessem tocando suas profundidades.
Mordisquei sua boca antes de me afastar. Aquela era a imagem do pecado, eu estava manchando aquela inocência com meus desejos. Os lábios vermelhos, abusados, os fios negros apontando para todos os lados, desgrenhados por meus dedos. As bochechas rubras e os olhos queimavam meu corpo.
Não.
Eu não estava destruindo-o. Manchando-o.
Não.
Estávamos cedendo aos nossos desejos. Ele também me desejava. Eu não estava usando-o.
- Ezreal... - sua voz suave alcançou meus ouvidos, rouca e baixa. - Tem algo errado comigo...
- Não está se sentindo bem? - afastei-me, buscando sinais de algo preocupante.
Mas não havia nada.
Nada além de o começo de uma ereção.
- Ah. Não tem nada de errado. - sorri, beijando seu rosto, achando isso fofo demais para aguentar.
Mas paralisei.
- Espera. - pisquei algumas vezes. - Você nunca nem se masturbou? Quer dizer, já imaginava que você é virgem, mas você nunca se tocou?
O lunari parecia cada vez mais confuso com cada palavra minha. Pelos deuses antigos, como eu explicaria para ele o que estava acontecendo? Pois era muito mais do que só se sentir bem. E era muito complicado, pois era possível ter uma ereção mesmo quando você não é apaixonado por uma pessoa, ou até mesmo em situações estranhas. Mas naquela situação, após um beijo, uma reação tão rápida.
Ah.
Eu estava ferrado.
Podia sentir o calor se acumulando em meu baixo ventre e minha intimidade. Pensar que Aphelios estava reagindo tão rápido, pois estava se apaixonando por mim... Era muito.
- Sinta isso. - puxei uma mão para seu peito e uma para o meu, rodando suavemente meu quadril, esfregando nossos membros semidespertos.
- Haah... Ezreal... - baixou os olhos para o local onde nos encontrávamos, mordendo o lábio. - Seu coração esta disparado, como o meu... Por que...
- Porque nossos corpos e nossos corações querem estar mais juntos, Aphelios... - respirei fundo. - Nessa situação, você consegue ouvir o que seu corpo e sua alma desejam? Consegue entender o que eles estão te dizendo? Eu escuto claramente tanto os seus desejos quanto os meus...
Beijei sua boca brevemente.
- Por favor, diga o que está passando pela sua cabeça.
Ele parecia estar afundado em sua mente, com tanto a dizer, mas tão acostumado em não dizer nada. Em não expressar seus sentimentos, suas dores, seus desejos.
- Por favor, me conte o que quer.
Aphelios soluçou, perdido entre as palavras, mas organizou seus pensamentos em alguns segundos.
- Quero estar com você. - os dedos tremiam em meu peito. - Quero te tocar, e quero que me toque... Quero ouvir seus desejos como consegue ouvir os meus... Quero dizer como me sinto sobre você...
- Como se sente? - sorri, beijando sua testa. - Tenho certeza que é exatamente o mesmo sentimento que o meu.
- Eu... - abriu a boca, mas fechou rapidamente, os olhos se prendendo no pingente que Alune me deu, pendurado em meu pescoço. - Eu estou me apaixonando por você... Ezreal, o que faço?
Ri, baixinho.
- Ei, eu também estou me apaixonando por você. Não faça essa cara, como se houvesse algo errado. Está tudo bem. - beijei seus dedos, levando a mão dele para meus lábios. - Deixe-me te mostrar algo que podemos fazer para satisfazer isso. Pode ser doloroso ignorar isso.
Escorreguei meus dedos até os botões de nossas calças, puxando com delicadeza nossas intimidades para fora, deixando-as livres para serem manuseadas e para que trocassem beijos como nós trocamos. Quando o calor dele encontrou com o meu, um suspiro foi arrancado de nossos pulmões, e minha mão logo envolveu-nos.
A respiração de Aphelios parecia cada vez mais espaçada e funda, os olhos fecharam-se por alguns segundos, mas logo voltaram para o movimento que minha mão fazia em nossos corpos unidos, cheios e urgentes por atenção. Não pude evitar de sorrir quando ele levou os próprios dedos, tentando imitar meu toque, apertando-nos de leve, aceitando o ritmo que eu estabeleci.
- Isso... Isso é bom. - murmurou, tombando a cabeça em meu peito. - Não pare, por favor...
Era tão lindo, céus, eu estava perdido!
- Não se preocupe, eu vou cuidar de você. Deixe comigo. - empurrei-o para deitar-se, me mantendo sentado em suas pernas, tentando não rir com a expressão de panico do garoto. - Não precisa ficar com medo.
- Eu não estou... - mordeu a boca quando rodei novamente meu quadril, com maestria.
Eu podia nunca ter me apaixonado pra valer, mas eu não era inexperiente.
Escorreguei minha mão por baixo da camisa que ele usava, arranhando levemente seu peito enquanto apertava nossas ereções com a outra mão. Mas esse movimento quase não durou. Estava calor, e por todos os deuses eu havia esquecido como Nashramae era quente, então aproveitei a distração que meu quadril estava fornecendo para retirar minha camiseta e desabotoar sua camisa. Céus, ele era tão branco quanto a lua, e minhas unhas tinham deixado um fino rastro vermelho em sua pele. Eu queria marcá-lo por inteiro, mas sabia o que eu realmente queria. E brincar muito tempo com Aphelios ia destruí-lo.
Queria levá-lo ao ápice em um lugar muito mais agradável.
Enfiei três dedos em minha própria boca, mas não pude resistir o pequeno riso quando Aphelios puxou minha mão para fazer este trabalho por mim, lambendo e sugando meus dedos, sem ideia do motivo que eu precisava daqueles dedos molhados. Mordi meus lábios, não resistindo de afundar meus dígitos em sua boca, fazendo-o sugar de novo e de novo, como eu gostaria de fazer com meu próprio membro naquela boca. Mas haveria tempo para isso em outro dia.
Tirei minha mão de perto dele, retirando o restante de minhas roupas, levando meus dedos para minha entrada, experimentando lentamente meu próprio interior. Era apertado, quente, e com certeza ia fazer Aphelios se sentir bem.
Sua mão alcançou nossos prazeres, movendo-se hesitante, mas arrancando me um gemido.
- Não precisa fazer isso... - sorri, acertando um bom ponto em meu interior, aproveitando a deixa para inserir mais um dedo.
- Eu também quero te tocar... - murmurou, os olhos semicerrados, mordendo o canto da boca, voltando a mover a mão. - Não sei o que está planejando, mas também quero te tocar...
Eu queria tanto afundá-lo em meu corpo naquele momento, mas sabia que ainda precisava de mais um dedo, se não acabaria me machucando e Aphelios iria se sentir mal por isso, sabia que iria. Então tinha que deixar tudo certo, para que ele aproveitasse o máximo de sua primeira vez. Queria que ele jamais esquecesse dessas sensações, independente de onde estivesse.
Senti seus dedos tomando mais coragem, apertando-nos um pouco mais forte, movendo-se mais rápido. Meu coração pulou, pois ao mesmo tempo acertei aquele ponto delicioso em minhas paredes internas.
- Aphelios! Oh...
- Ezreal, hn! Tem algo... - sua voz se elevou, sutilmente, vi seu corpo se contrair.
Ah, não. Eu queria lhe dar seu primeiro orgasmo. Não ousaria perder para minha voz e sua mão.
Levei minha mão para seu membro, apertando-o na base, com cuidado, mas impedindo-o de alcançar seu limite.
- Ah! - sua mão foi até a minha, puxando-a sem forças. - Não, não... Está doendo, Ez... Por favor...
- Shh... Espere um pouco. - tirei meus dedos de dentro de mim, puxando sua mão para mim, beijando-a de novo e de novo, lambendo seus dedos molhados de nossos líquidos, mas não ainda o resultado final de nossos atos. - Só um pouco, espere só um pouco. Vou te dar algo muito melhor que sua própria mão.
Vi Aphelios jogando a cabeça para trás, a boca aberta, os olhos fechados com força.
Soltei seu membro lentamente quando vi a respiração do garoto estabilizar.
- Desculpe... Eu só... Quero que você sinta-se ainda melhor... - murmurei, tentando me posicionar melhor sobre ele, erguendo-me em meus joelhos.
Ele abriu os olhos, as mãos se prendendo em minhas coxas. Os olhos estavam cheios de lágimas que se recusavam a cair.
- Oh, céus, eu te machuquei mesmo, me desculpe. - sentei-me de volta em suas pernas, acariciando seu torso, tentando me desculpar. - Sinto muito, de verdade...
Aphelios mordeu a boca e deixou uma pequena gotinha escorrer de seus olhos. Mas um pequeno sorriso repousou em seu rosto após isso.
- Foi bom... Não pede desculpas...
Não vou mentir. Naquele momento eu achei que estava acabado, a pressão em meu ventre me fez ver estrelas, mas me foquei em meu objetivo, eu o queria em mim. Eu precisava dele em mim. Naquele momento.
- Aphelios, está tudo bem mesmo? Digo, para fazermos isso... Você quer fazer sexo comigo? - voltei a me ajeitar, posicionando-o em minha entrada.
Vi seu rosto queimar, vermelho como uma lamina em sua forja. As mãos em minha perna apertaram-me, ele afirmou com a cabeça.
Deixei meu corpo ceder, seu membro adentrando minha intimidade, arrancando um longo suspiro de minha garganta até que estivesse completamente em mim. Me preenchia por completo. Era mais do que eu esperava, mas a leve ardência deixava-me alerta e fazia os fios de cabelo em minha nuca se arrepiarem.
Era perfeito.
- Como está se sentindo? - sussurrei, deitando-me em seu peito, beijando seu queixo.
Sua respiração tremula tentava se regular, sem qualquer sucesso.
- Quente... Ezreal, é tão bom... - seu quadril movia-se por si só, para cima, para dentro de mim.
Arquejei, sentindo seus movimentos, mas sorri, erguendo-me novamente em meus joelhos, iniciando meus movimentos sem muita paciência, pois conseguia sentir nossos músculos vibrando, anunciando que não duraríamos muito mais.
Ergui-me em meus joelhos e soltava-me com suavidade, apertando-o dentro de mim, deliciando-me com a voz que saia dele. A velocidade e a profundidade atacava cada ponto sensível, fazendo-me cravar as unhas em seu corpo, acompanhando os movimentos que ele fazia com seu quadril sem pensar em nada além da sensação deliciosa que meu corpo estava fornecendo.
Pelo menos, eu acreditava que ele estava perdido em prazer. Mas Aphelios ainda tinha sua mente e seu coração em seu lugar, o suficiente para escorregar a mão em meu torso com cuidado, decidindo tocar meu membro na mesma intensidade que eu o puxava para dentro.
- Oh, Aphelios! Dessa forma... - mordi meu lábio, tentando enganar meu orgasmo com uma pontada de dor, sem muito sucesso.
Minha melhor chance era levá-lo junto.
Apertei-o com força em meu interior, apertando sua mão livre entre meus dedos, chamando seu nome com um sorriso nos lábios.
- Ezreal, tem algo... - tremeu, um gemido rasgando sua frase. - Algo vai sair... Ez...
Era minha vitória. Seu primeiro orgasmo.
Pensar nisso me jogou do abismo que estive evitando, arrancando o ar de meus pulmões em um gemido estendido, meu prazer jorrando no peito do garoto. O primeiro orgasmo da pessoa que eu amo...
- Ezreal! - grunhiu, o quadril empurrando-se para dentro de mim, despejando todo o seu liquido, preenchendo-me.
- Haah... Isso mesmo... Deixe tudo sair... - sorri, rodando meus quadris, retirando até a última gota. 
As bochechas, as orelhas, os ombros e os lábios estavam vermelhos, sua respiração estabilizando aos poucos. Minha mão em seu peito podia sentir o coração pulsando rápido, quente, cheio de amor. Eu estava tão feliz que podia chorar.
Seus olhos repousaram em meu rosto, um sorriso amável desenhava sua expressão suave. Os dedos ergueram-se até o pingente em meu pescoço. Respirou fundo, acariciando o em minha pele, sentando-se e levando o colar até os próprios lábios, beijando-o.
Aquilo pareceu tão intimo quanto beijá-lo.
- Alune já devia saber de tudo. Lhe deu isso de propósito. - murmurou. - Este é um pingente cerimonial. Carrega uma grande simbologia para nós lunari. Um simbolo de amor e proteção. Trocamos pingentes de pedra da lua como simbolo de união, de nunca abandonarmos as pessoas que amamos. Sei que estamos nos conhecendo agora, mas Alune deve ter algo em mente.
Meu rosto esquentou e pousei a mão sobre a dele no pingente.
- Sei exatamente o que ela devia ter em mente. - beijei sua boca.
Naquele dia, eu não saberia dizer se dormimos de mais ou se não dormimos nada, pois no dia seguinte a preguiça de me levantar era tão grande quanto a de Aphelios. Tudo que queríamos era continuar ali, enroscados em nossos braços. Mas partimos de volta a Piltover, eu tinha que voltar para casa, e Aphelios tinha suas missões.
Lembro-me perfeitamente do beijo que trocamos diante a estação de trem, da promessa que aquele beijo carregava. Da mão apertada na minha, do coração partido por ter que ir.
- Aphelios... - murmurei, contendo minhas lágrimas. - Eu...
- Sim. Eu também... - beijou minha testa. - Sabe que estarei contigo, não importa onde esteja... A lua sempre nos ligará.
Merda, eu não queria ir. Não queria deixá-lo.
- Hey! Sério mesmo! Phel, entre agora neste trem! - a voz feminina ecoou em nossos ouvidos e eu vi a silhueta azulada de Alune com os braços cruzados, negando-se a aceitar. - Quem liga pra missão que tem que em Ionia? Vá agora junto dele! Você o quer, certo? Então, faça-o!
O garoto abaixou a cabeça, como um pequeno cachorro que tomou uma bronca, mas sorriu, concordando com a cabeça e agradecendo a irmã.
Naquele trem, quando Aphelios dormiu encostado em meu ombro, ouvi Alune mais uma vez.
- Cuide de meu irmão, Ezreal. E eu prometo que a lua sempre estará do seu lado. - sussurrou, sorrindo para mim.
Aquela era uma promessa.
E eu não precisava de nada, nem ninguém dizendo que era para prometer. Pois eu queria fazê-lo.
Seja em silêncio, segurando sua mão através da dor da poção que consumia. Ou compondo nossa melodia com o som que nossos corpos faziam de novo e de novo em nosso futuro.
E dessa forma, eu sabia que jamais estaríamos sozinhos. 


Notas Finais


É isso ai meus amores! Espero que tenham gostado! Aphelios sinceramente parece muito um fofo isadhjsdlk E eu tenho certeza que ele nunca JAMAIS se masturbou ou algo assim, pq imagina que constrangedor ele ta lá de boas e a irmã dele vem falar algo ou alguma coisa do genero KKKKKKKKKK Ele é um menino inocente eu não aguento.
Ah! Li todos os comentários e estarei respondendo hoje! Vi o que vocês querem ler, e gostaria de pedir paciência, pois acabo demorando para escrever, e nem sempre consigo fazer com o campeão que vocês desejam, mas podem ficar tranquilos, pq hora ou outra eles vão aparecer por aqui!

Não esqueçam de recomendar pros amigos que curtem MCR e Arctic Monkeys pq eu tenho certeza que o Aphelios ia curtir mesmo <3
Beijinhos meus anjo <3

------- To the next dream, Ezreal------>


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