Regina apenas cruzou os braços. Jamais imaginou reencontrar Emma daquela forma, no seu local de trabalho, tão próxima da filha. Falar era difícil, então ela permaneceu em silêncio, enquanto via Emma se recuperando.
– Regina. – Emma insistiu e tentou levantar, mas acabou se sentindo tonta. Voltou a sentar rapidamente com as mãos na cabeça. Como ela tinha ido parar ali? Como ela não percebeu que era Regina? Não tinha como, o nome da mãe da menina era Isabelle. Belle, Emma lembrou imediatamente. A morena, a concorrente. Ela tinha dito que era mãe da menina. Como assim?
– Espera aí. – Regina disse autoritária, correu até a cozinha e voltou com um copo de água. Emma estendeu a mão para pegar o copo, mas a fotógrafa o colocou na mesa, sem olhar para ela, sem tocá-la.
– Obrigada. – Emma respondeu baixo e bebeu a água. Regina estava de costas para ela. Olhava para a porta de trás, e sorrateiramente para a mulher. Emma não pode deixar de notar o quanto ela continuava linda. A mesma pele branquinha como neve, o cabelo estava mais comprido, mas ainda seguia escuro. As roupas eram mais modernas, tons neutros, mas ainda era a mesma Regina. A sua Regina. – Faz tempo que voltaram? – Emma perguntou, não tinha pensado em como iria falar com Regina, resolveu trazer a atenção da fotógrafa para si.
– Como é que você veio para aqui? – A ênfase no você que Regina deu, gelou o coração de Emma.
– A...a escola... – Emma gaguejou, parou e respirou fundo e seguiu a falar. – A escola me ligou, disse para vir fazer a reunião com a mãe da criança e apresentar o plano de aula, a escola. Eu...eu sou professora particular. – Ela olhou para a fotógrafa quando terminou, o olhar apaixonado pela vida que a mulher tinha, agora estava furioso. Ela teve medo, queria correr. Mas não, Emma não iria fugir, não dessa vez, mesmo não estando preparada para aquele momento, ela ficaria.
– E ainda assim você teve a cara de pau de vir aqui? – Regina respondeu entre dentes, sua fúria lentamente ia saindo.
– O nome da mãe da menina era Isabelle. Sem sobrenome, sem nome da criança, só um nome e um endereço. – Emma tremia internamente, olhou para o copo vazio, precisava de mais água.
– Pode ir embora. – Regina voltou a se controlar, apontou para a rua.
– A Belle é a mãe dela? – Emma teve que perguntar, estava com aquilo atravessado, precisava saber.
– Eu disse para ir embora. – A fotógrafa foi fria.
– Por favor, Regina, eu vou embora, mas me responde isso. É importante pra mim.
– Importante pra você? – O sorriso foi irônico. – Importante por que, posso saber? Não era importante há seis anos atrás?
– Era tão importante, quanto é agora. Eu posso explicar pra você...
– Eu não quero ouvir. Não quero saber das suas explicações. Você teve seis anos pra isso, agora é tarde. – Regina apontou de novo para porta. – Sai da minha casa.
– Não precisa ouvir nada agora, mas eu só saio daqui depois que você responder a minha pergunta. – Emma não se mexeu, juntou toda a coragem que tinha dentro de si, segurou as lágrimas e enfrentou Regina.
– Olha pra mim, Emma. – Era a primeira vez que Regina se aproximava dela e falava seu nome novamente. Os passos lentos da fotógrafa, a raiva transparecendo em seu rosto. Emma não sabe como conseguiu olhar para ela naquele momento. – A única mãe da Ivy sou eu! – Bateu no próprio peito. – EU, ficou claro?
– Sim. – Emma respondeu baixo, sentiu seus olhos encherem de lágrimas e percebeu a mesma emoção em Regina. Nenhuma das duas chorou. A fotógrafa se afastou e ficou de costas. Emma se levantou, pegou o material que tinha caído com ela e olhou para Regina. Anotou um telefone em um papel e deixou sobre a mesa de centro da fotógrafa. – Meu número, vou deixar aqui, pra quando você quiser me ouvir. Eu tenho muito para dizer.
– Pode dizer adeus de uma vez por todas. – Regina falou sem olhar para Emma.
– Isso eu não vou dizer, Regina. Você pode me odiar agora, mas já me amou uma vez, e eu sei que vai me amar de novo. – Saiu da casa com passos lentos. Assim que fechou a porta atrás de si, começou a andar rápido até o carro. Entrou e jogou os papéis no banco, não ligou o carro, não conseguiu mais se mexer. As lágrimas presas vieram, e Emma começou a chorar.
(...)
Regina apertou tanto os dedos na palma da mão que chegou a sair sangue. Mulan apareceu discretamente. A chefe ainda estava estática no meio do estúdio, algumas lágrimas corriam por seu rosto.
– Regina? – Mulan chamou calmamente.
Regina respirou fundo, soltou as mãos e olhou para a assistente. Mulan estava hesitante, viu os machucados em Regina, mas teve receio de se aproximar. Nunca tinha visto a fotógrafa daquele jeito.
– Cadê a Ivy? – A voz saiu fraca, rouca. Não tinha mais os traços de raiva.
– Lá fora na piscina com a Belle. – Mulan se aproximou mais um pouco. Regina parecia ter se acalmado ao ouvir sobre a filha – Elas estão numa festa lá fora. Você está bem? – A assistente pegou as mãos da chefe, os machucados eram superficiais.
– Era ela, Mulan. – Regina se deixou tocar. Tudo que ela queria naquele momento era um toque, era poder sentir novamente.
– Ela quem?
– A minha Emma. – As lágrimas escaparam. Não sentia mais nada além de dor, e precisou chorar. Finalmente, as lágrimas presas por tantos anos vieram à tona. Mulan não disse mais nada, não precisava, abraçou a amiga o mais forte que conseguiu e deixou que Regina chorasse em seu peito.
(...)
Emma ficou chorando dentro do carro. Ainda não podia acreditar no que tinha acabado de acontecer. Assim que sentiu que conseguiria falar novamente, ela ligou para a irmã. Contou pra Ruby onde estava e o que tinha acontecido, sem entrar em detalhes. E com a voz da irmã no viva voz, Emma conseguiu sair de vez da casa de Regina.
Quando Belle entrou no estúdio seguida por Ivy, Regina e Mulan estavam sentadas, abraçadas no sofá. O choro da fotógrafa já tinha parado. Ela apenas mantinha um olhar vazio e os olhos vermelhos. Ivy parou ao ver a mãe daquela forma. Já tinha visto Regina triste, e até mesmo emocionada, mas nada parecido com o que via agora.
Belle tentou segurar a menina, mas ela correu direto para o colo da mãe. Sem dizer uma palavra, Ivy se ajeitou sobre as pernas de Regina, abraçou a mãe com força, depositando a cabeça da fotógrafa em seu peito. Exatamente como a mãe fazia com ela sempre. Os braços de Regina abraçaram a filha com força. Por mais que ela odiasse Emma, como a própria havia dito para ela, Emma também tinha dado o maior presente da vida de Regina. E com a filha em seus braços, era difícil entender seus sentimentos pela ex-mulher.
Mulan soltou Regina, e deixou as duas no sofá abraçadas. Se aproximou de Belle, que olhava para a fotógrafa com um aperto no peito. Nunca, nesses anos todos, nem mesmo nos momentos mais íntimos, tinha visto Regina ficar tão fragilizada.
– O que aconteceu aqui, Mulan? – Belle sussurrou para a amiga.
– A professora, Belle, era a Emma. – Mulan suspirou e respondeu.
Belle ficou estática, olhou de Mulan pra Regina, e só assim conseguiu acreditar no que tinha ouvido.
– Me explica isso direito. – Belle olhou mais uma vez para Regina, antes de puxar Mulan para fora do estúdio.
A fotógrafa sentia as mãozinhas da filha fazendo carinho em seus cabelos. O gesto tão simples, era o lembrete de que ela não podia se abater. Não podia desistir e nem se entregar, as dores do passado, pertenciam ao passado. Ela tinha que continuar em frente, como vinha fazendo todos esses anos.
– Te amo muito, sabia? – Regina falou para a filha, apertando mais ela junto de si.
– Eu te amo mais, mommy. – Ivy sorriu ao ouvir a voz da mãe, e deu um beijo em sua cabeça.
– Não, eu te amo mais. – A fotógrafa levantou a cabeça e deu vários beijos na bochecha da pequena.
– Mommy, Nova York tá bem longe de Storybrooke, né? – Ivy perguntou olhando para a mãe.
– Está sim, é bem longe por que?
– Porque é esse tantão assim e mais um pouco que eu te amo, então eu amo mais. – A pequena sorriu para a mãe, com os braços abertos, tentando demonstrar o tamanho do sentimento.
– Ficamos assim, nós duas nos amamos muito, mais muito, que não dá nem para medir. – Regina disse, o sorriso retornava ao seu rosto, assim como as lágrimas que escapavam vez ou outra.
– Fechado, mas nada de chorar. – Ivy secou as lágrimas de Regina, e deu beijos estalados pela bochecha da mãe.
(...)
– Emma. – Ruby correu até a irmã antes da mesma entrar em seu apartamento, deu um forte abraço, e ajudou a mais nova com os papéis que trazia amassados nos braços. – Me explica essa história direito, minha irmã, como assim era a Regina?
Emma se jogou no sofá, abraçou a almofada e respirou fundo. Não podia se entregar às lágrimas, precisava explicar o que tinha acontecido para a irmã. Ela tinha que contar, desabafar e assim não perder a linha.
– A diretora me ligou e pediu para que eu fosse fazer uma reunião com uma mãe, que queria urgente uma professora particular. Passei na escola, peguei o material e o endereço. – Emma parou, respirou fundo novamente e continuou. – Tinha o nome da mãe, Isabelle, e o endereço. Só isso. Eu fui, e quando eu entro na casa, era um estúdio de fotografia, e ela estava ali, parada, na minha frente, em carne e osso. Era a minha Regina.
– E aí? – Ruby estava apreensiva.
– E aí que eu desmaiei. – Emma levantou e começou a andar pela sala. – Não sei, perdi os sentidos, levei um susto, cai lá no chão. Ela me ajudou. Me acordou, mas, minha irmã, eu machuquei demais aquela mulher. – Passou a mão no peito, como se pudesse sentir a dor de Regina.
– O que que ela te disse?
– Perguntou como eu fui parar lá e depois me mandou embora. Não quis me ouvir.
– Como eu disse pra você. – Ruby respondeu. – Era de esperar essa reação dela.
– Era, eu só não estava preparada pra isso. Foi horrível ver ela assim, Ruby. – Emma não suportou mais as lágrimas presas. – Tinha ódio e dor naquele olhar. Eu só quis correr até ela e abraçá-la, mas eu não pude.
– Calma, Emma. – Ruby levantou e abraçou a irmã. – Foi só o primeiro encontro, você ainda vai conseguir conversar com ela.
– Ela já sabe, Rubs.
– Sabe do que? – Não entendeu o que a irmã disse. – Pensei que ela tinha mandado você embora.
– Mandou, mas eu avisei pra ela. – Emma olhou nos olhos da irmã através de suas lágrimas. – Eu já avisei pra ela que ela vai me amar de novo.
(...)
Belle voltou para o estúdio com passos rápidos. Ela já tinha ficado brava, nervosa, inconformada e agora sentia raiva. Não podia acreditar que em menos de um mês, aquela mulherzinha tinha dado um jeito de reaparecer na vida de Regina, e pior de tudo, deixar a fotógrafa balançada daquele jeito.
Regina e Ivy não estavam mais no estúdio, então a assistente seguiu para o quarto da fotógrafa. A cama já estava desarrumada, e ela podia ouvir o barulho vindo do banheiro.
– Achei vocês. – Belle parou na porta do banheiro. Regina já tinha o sorriso no rosto novamente e estava brincando com Ivy na banheira.
– Não estávamos nos escondendo, Belle. – A fotógrafa respondeu. A sua voz estava tranquila, e não tinha mais sinais do encontro que havia tido aquela tarde. Pelo menos era isso que ela tentava demonstrar. – Só tomando um banho, com muita espuma e testando uns penteados novos, o que você acha desse aqui? – Terminou de fazer um moicano nos cabelos de Ivy, que riu ao ver seu cabelo no espelho.
– Tá linda, Ivy, tem que sair assim na rua. – A assistente brincou com a menina, e deixou sua raiva desaparecer. Regina não iria falar com ela na frente da filha, e pelo jeito, não iria soltar a filha a noite inteira.
– Agora é a sua vez, mommy. – Ivy ficou nas costas de Regina, e começou a tentar prender o cabelo da mãe.
A festa continuou por mais algum tempo, e quando as duas já estavam murchas de tanto tempo dentro da água, Regina saiu da banheira, e fez a luta de secar os cabelos da pequena.
– Nunca vi alguém que gosta de andar de cabelo molhado. – Regina falou, enquanto mantinha a filha presa entre as pernas, e lutava para secar os cabelos da inquieta criança.
– Ele seca sozinho, mommy, secador é muito quente. – Ivy reclamou.
– Não tem nada quente aqui, Ivy. Tem que secar os cabelos, senão depois fica doente porque dormiu com a cabeça molhada.
– Já secou agora? Posso ir? – A menina tentava escapar, e mal Regina desligou o secador, ela saiu correndo para cama da mãe. – Vai dormir com nós, tia Belle? – Disse ao encontrar Belle na cama de Regina.
– Vou pedir pra sua mãe, se ela arruma um cantinho pra mim aqui. – Belle fez beicinho.
– Eu te ajudo, se você convencer a mommy deixar a gente comer chocolate.
– Estão fazendo complô, mocinhas? – Regina veio para o quarto logo em seguida, apenas com o roupão. Pegou a camisola e trocou de roupa na frente de Belle, que não fez questão de disfarçar seu olhar sob a fotógrafa.
– A tia Belle quer comer chocolate, vamos comer com ela? – Ivy perguntou.
– Eu quero é? – Belle tirou os olhos de Regina por um segundo.
– Qual é? – A pequena sussurrou. – Pensei que queria dormir aqui.
– Vai lá, Belle, pega os chocolates, e traz alguma coisa pra gente beber também. – Regina deitou rindo na cama.
Dessa vez Belle não disse mais nada, levantou e foi atender as vontades da fotógrafa. Se ela tivesse sorte, as coisas poderiam melhorar para ela.
Belle trouxe uma caixa de chocolates e uma garrafa de vinho. Ligaram a televisão, e nem mesmo todo o açúcar foi o suficiente para manter a pequena Ivy acordada muito mais tempo. Com uma taça de vinho em uma mão e a filha no outro braço, Regina observava em silêncio a pequena dormir.
– Como você está? – Belle sussurrou.
Regina olhou para a assistente, esticou a taça.
– Enche, Belle.
– Acabou a garrafa, meu amor. – Belle sorriu.
– Pega outra então. – Regina ordenou, largando a taça na mão da assistente.
– Sim senhorita. – Belle levantou, e não reclamou de ir buscar outra garrafa. Era bom não ter que ouvir Regina falando daquela mulher, ela estava tentando esquecer. Ela queria esquecer. Belle iria ajudá-la a esquecer.
Quando a assistente voltou para o quarto, Regina estava em pé, mexendo em sua mesa.
– Procurando alguma coisa em especial? – Belle se aproximou pelas costas da chefe, e pousou a garrafa em cima dos papéis, abraçando Regina pela cintura.
– Uma foto que a Ivy tirou hoje de manhã e deixou por aqui. – Regina pegou a taça e encheu, tomou um gole e manteve a cabeça baixa procurando a foto.
– Essa menina é igualzinha à mãe, tem que fotografar tudo o que vê. – Belle tirou o cabelo de Regina do pescoço, e depositou um beijo ali.
Como Regina não recuou, nem mesmo falou nada, a assistente persistiu nos carinhos. Deixou suas mãos apertarem o corpo de Regina contra o seu, seus lábios percorrem o pescoço exposto. Logo as mãos da fotógrafa soltaram a taça e encontraram o corpo de Belle. O único barulho do quarto vinha da televisão que permanecia ligada. Os beijos da assistente se tornaram mais intensos, suas mãos percorriam o corpo de Regina com mais urgência.
Era errado, no fundo Regina sabia que era errado, usar Emma daquela forma. Não, ela estava usando Belle. Não Emma. Porque ela não esquecia aquela mulher?
Quando as mãos da morena a viraram de frente para ela, alcançaram suas coxas por baixo da camisola, e Belle a sentou na mesa, Regina não conseguiu conter um gemido e se perdeu nas palavras.
– Emm, não podemos fazer aqui, a Ivy tá dormindo. – Regina sussurrou, e sentiu as mãos que antes a tocavam com carinho se tornarem em segundos, pedras contra seu corpo.
– Emm? – Belle se afastou e olhou pra Regina. – Você realmente me chamou de Emm? - A fotógrafa fechou os olhos, e respirou fundo. Não conseguiu coragem para olhar para a assistente. Diante do silêncio de Regina, Belle perdeu a paciência. – Tem uma criança no quarto. – Disse com raiva, pegou a garrafa de vinho e saiu.
Regina permaneceu sentada por mais alguns instantes. Olhou pra baixo e viu o que realmente procurava. Um pequeno pedaço de papel, com um número de telefone. Ela deveria ter jogado no lixo, deixado na mesa do estúdio, alguém teria dado um fim naquilo. Mas não, ela guardou. Um simples pedaço de papel. Regina lembrou das últimas palavras de Emma, "você pode me odiar agora, mas já me amou uma vez, e eu sei que vai me amar de novo". Regina tinha certeza quanto às duas primeiras sentenças, mas amá-la de novo? Tem como voltar a amar alguém que a gente nunca deixou?
(...)
Emma não conseguiu dormir naquela noite. Deitou e levantou diversas vezes. Olhou para o celular, para a televisão. Andou por todo o apartamento. Sim, Regina estava furiosa com ela. Ela estava magoada, ferida. Tudo isso, Emma já imaginava. Ela era a única mãe da Ivy, então nenhuma outra mulher. Nem mesmo Belle. Era esse o sinal de confiança que ela precisava? Regina não tinha ninguém na sua vida, e nem colocado outra pessoa no seu lugar na vida da filha também. Estava ali a sua porta entreaberta para voltar a fazer parte da vida delas? Debaixo daquela mágoa, daquela dor, ainda tinha amor por ela?
Tantas dúvidas, tantas perguntas. Todas as incertezas pareciam ganhar vida agora. Era impossível dormir. Impossível acalmar seu coração. Deixou seus pensamentos vagarem, e o sol aparecer pela cortina. Vestiu-se com a coragem, e saiu cedo de casa.
A cabeça de Regina estava doendo. Dormiu mal a noite inteira, e o vinho não tinha ajudado em nada. Sentou-se na cama e viu que era muito cedo. Faltavam três dias para a sua exposição. Tinha tanta coisa para ver, para terminar. E tinha Emma. A mulher não saiu mais da sua cabeça, desde o dia anterior. Teria uma Belle rejeitada para lembrar disso. Com tantos sentimentos confusos, Regina voltou a deitar do lado da filha, até que ouviu seu celular tocar.
Deixou assim, era cedo, não valeria a pena. Mas o aparelho foi insistente, até que Ivy começou a chorar para acordar. Regina acalmou a filha, e atendeu o celular sem ver quem era.
– Alô. – A fotógrafa falou com a voz baixa.
– Regina?
Regina gelou, olhou para o celular e viu que não tinha o número cadastrado, mas ainda assim parecia familiar demais. Ouviu seu nome novamente, e resolveu responder.
– Como você conseguiu esse número?
– Estava na ficha da escola. – Emma foi rápida, tinha que convencer a fotógrafa a falar com ela. – Estou numa padaria que tem um café da manhã maravilhoso. Tem aquelas massinhas de creme com coco que você sempre reclamou que sentia falta em Nova York.
Regina olhou pra Ivy, fez um carinho na filha, e respirou fundo. Desliga o telefone, a razão gritava. Fala com ela, dizia o coração.
– Você lembra, bom pra você.
– Eu nunca esqueci, Regina. – A mulher respondeu. - Vem tomar café comigo, vamos conversar.
– Não posso, a Iv...a minha filha não acordou ainda. Ela tem um péssimo humor matinal, principalmente se eu não estou perto quando ela acorda.
– Péssimo humor? – Emma não conteve um leve sorriso. – Puxou a mãe. Tudo bem, eu espero você aqui, não tem pressa.
– Onde você está? Vou ver o que consigo fazer. – Regina se rendeu.
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