A voz alegre de Emma atendeu o celular. Regina não precisava vê-la para saber que a mulher estava sorrindo. Aquele sorriso bobo que ela sempre abria quando falava com Regina. As lembranças eram torturantes.
— Oi, Emma, tudo bem? – A fotógrafa tentou parecer casual.
— Tá tudo bem sim. Aconteceu alguma coisa? – Emma tinha acabado de entrar no carro. Parou tudo e logo pensou em Ivy. – Aconteceu alguma coisa com a Ivy?
— Não, você quem me ligou, lembra? A Ivy me avisou, mas foi uma manhã corrida por aqui.
— Claro, verdade, foi só uma situação com a minha psiquiatra, e acabei ligando pra você. – Lógico, Emma, se acontecesse alguma coisa com a menina Regina não ligaria para você. Não ainda.
— Situação? Que tipo de situação? – Regina ficou preocupada.
— Ela achou que eu estava alucinando com você. Isso aconteceu um tempo atrás, mas já passou, está tudo certo, não se preocupe com isso, gata.
— Emma... – Regina respirou fundo. Situação com a psiquiatra. Ontem ela estava bem, hoje teve uma situação. Regina sabia que Emma tinha um temperamento explosivo. As poucas brigas que tiveram, foram grandes o suficiente para não esquecer. – Eu preciso ir, tenho que ver as coisas da exposição.
— Sua exposição, é quando mesmo?
— Depois de amanhã. The Rabbit Hole. Primeira vez em Storybrooke. – Regina soltou um sorriso nervoso.
— Fica tranquila, tenho certeza que vai ser linda. – Emma sorriu. Não ia dizer pra Regina que iria na exposição, iria fazer uma surpresa, como Jasmine disse. Mas seria bom ouvir a fotógrafa convidando ela. – Vou deixar você trabalhar.
— Você vai... – Regina ia falar, mas Belle se aproximou e franziu o cenho. A fotógrafa passou a mão na cabeça. – Você vai até lá em casa semana que vem? Pra nós termos aquela conversa.
— Vou sim. – A resposta saiu triste. Por um instante Emma jurou que Regina ia convidá-la. Tudo bem, ela iria sem o convite da fotógrafa de qualquer forma. – Espero você ligar para marcar. Beijo, te amo, tchau.
Regina desligou sem responder. Gata, te amo. Emma falava como se elas estivessem ainda juntas. Isso era...ruim? Não, era bom ter esse carinho de volta. Era diferente receber os carinhos de Emma aos de Belle. Até mesmo Zelena não conseguia balançar a fotógrafa da forma que as simples palavras de Emma balançavam. Droga. Chega Regina, à exposição, depois a Emma.
— Posso saber quem era? – Belle perguntou quando Regina desligou o telefone.
— A Emma. – A fotógrafa respondeu seca. Pegou a planta de organização, e saiu conferindo os painéis.
— A Emma. Você fala assim, nessa naturalidade, como se estivesse falando da Zelena, por exemplo. – Belle seguia Regina.
— Isabelle. – A fotógrafa se virou para a assistente. Regina tirou os óculos de grau que usava naquele momento, respirou fundo e olhou direto nos olhos da amiga. – Nós precisamos conversar. Sobre o que aconteceu entre nós, sobre a Emma e sobre as cartas. Mas não agora e não antes dessa exposição. Já tive distrações demais. – Regina voltou a fazer sua conferência, e como Belle ficou parada no mesmo lugar, ela chamou Mulan para ajudá-la.
As cartas, Belle não ouviu mais nada depois do que Regina falou. Ela sabia. Agora não tinha mais volta, foi a primeira coisa que a outra deve ter dito para ela. Se fazer de inocente, que tentou falar com ela depois. Inferno. Era mais fácil lidar com Emma sendo uma sombra, do que com essa Emma real. Belle acompanhou Regina com o olhar, até ela descer e ir encontrar com Ivy. Zelena, a mais nova sombra estava lá, cuidando da menina. Emma e Zelena, que dupla. Nova York nunca fez tanta falta, quanto agora.
— Cadê a Jasmine? – Regina perguntou ao pegar a filha no colo.
— Teve que sair, recebeu uma ligação e foi embora. – Zelena respondeu. – Acho que era o namorado.
— A Jasmine não tem namorado. – Ivy respondeu.
— E como é que você tem certeza? – A modelo provocou a menina.
— Porque ela é minha amiga e me conta tudo. Tanto que eu sei quem era.
Regina e Zelena trocaram um olhar sorrindo uma para a outra.
— E quem era? – A fotógrafa perguntou.
— Mommy, eu te amo, mas não posso contar. É segredo.
— Você vai ter segredos com a sua mãe? – Regina se fez ofendida.
— Mas o segredo não é meu, mommy, não posso contar. – Ivy foi leal ao pedido de Jasmine.
— Ok, você está certa. – Regina deu um beijo em Ivy. – Mas eu vou saber o que é depois?
— Vai. – Ivy deu um sorriso sapeca, e pediu para ir ao chão. Saiu correndo subindo as escadas e chamando por Belle. – Tia Belle, cadê você?
— Oi, to aqui. – Belle falou mais alto. Não demorou até sentir as mãos de Ivy em volta da sua cintura.
Regina ficou mais um tempo na galeria e depois voltou com as meninas para o estúdio. Passou o dia seguinte da mesma maneira. E na sexta-feira deu o toque final para as telas, antes de voltar para casa, para se arrumar.
— Então, Jasmine, posso contar com você? – Regina perguntou no estúdio para a prima.
— Fica tranquila, eu venho pra casa com a Ivy. – Jasmine olhou para pequena e piscou pra ela.
— Ótimo, então eu vou arrumar a gente. – Regina segurou a mão da filha e ia saindo do estúdio quando ouviu duas vozes falarem ao mesmo tempo.
— Precisa de ajuda? – Zelena e Belle se entreolharam e a assistente fechou a cara, enquanto a modelo apenas sorriu.
— Não, pode deixar. – A fotógrafa respondeu e continuou a subir. Ela e Ivy se olharam e dividiram o sorriso. Até mesmo a menina já tinha percebido as trocas de farpas entre as duas mulheres, e o quanto a presença de Zelena deixava Belle mais mal-humorada.
Dois dias sem notícias de Emma. Regina tinha pensado em ligar, mandar mensagem, mas não fez. Se fizesse poderia ter que encontrar Emma e ela não sabia o que dizer ainda. Mas dois dias eram demais. Será que tinha acontecido alguma coisa? E se ela estivesse surtando por Storybrooke? Não, ela estava estável. Regina viu isso, Emma afirmou também. Mas Regina tinha visto tanta coisa de Emma, e ainda assim não tinha tido a percepção de ver que tinha algo errado. Droga, Regina. Mandou uma mensagem.
— Mommy, você recebeu uma mensagem da Emma. – Ivy sorriu ao dar a notícia para mãe. A fotógrafa tinha terminado seu banho, e agora iria vestir Ivy, antes de colocar a sua roupa.
— E o que ela escreveu? – Regina pegou a roupa de Ivy e levou até a cama, fez a menina ficar de pé.
— "Oi gata, estou ótima. Vai lá e arrasa essa noite. Beijos" – Ivy sorria. – Gata.
No mesmo instante que Ivy começou a falar, Regina se arrependeu de deixar a menina ler. Até mesmo uma simples pergunta informal, Emma conseguia responder em forma de flerte.
— Tá, chega. – Regina tirou o seu celular das mãos de Ivy, e jogou na cama. Fechou o vestido na menina, e depois a colocou no chão. – Vamos arrumar esse cabelo.
— Não vai responder? – Ivy tinha estampado o sorriso sapeca no rosto. Ela sabia quando a mãe gostava de alguém. E desde o instante que a viu com Emma, teve certeza que Regina realmente gostava da mulher. A fotógrafa nunca ficava vermelha quando as outras mulheres falavam com ela. Com a Emma ela ficava.
— Agora não, preciso arrumar você e depois é a minha vez. – Regina levou Ivy até o closet, e fez uma trança nos cabelos da filha.
— Mommy. – Ivy olhou para Regina enquanto a fotógrafa se vestia. – Por que você tem uma foto da Emma e não da minha mama?
Regina congelou. Olhava para o espelho do closet, mas não conseguia disfarçar. Ela tinha travado. Ivy é esperta. Lembrou das palavras de Zelena. Mas como? Ela só viu a Emma duas vezes, como ela estava assim ligada? E essa foto, como ela viu? Estava tão bem escondida. Ninguém mexia lá, nem Belle, nem ninguém. Ninguém, exceto uma criança curiosa.
— Eu...eu tenho fotos da sua mãe, eu só não consegui mostrar pra você. – E agora nem olhar, apenas pelo reflexo do espelho Regina deu a resposta. Mas ela via, estava naquele olhar, não era o suficiente. Ela não ia conseguir esconder muito tempo. Seu corpo perto de Emma lhe traía. Se Ivy visse as duas mais algumas vezes, não teria jeito. Talvez seja melhor ela saber logo. – Podemos falar disso depois da exposição?
Regina, a rainha da procrastinação. Tinha a conversa com Belle, com Emma, e agora com Ivy. Era possível pedir para que essa noite nunca mais terminasse?
— Tá. – Ivy não ficou contente com a resposta que ouviu. Mesmo assim, aceitou as palavras da mãe. Regina não mentiria para ela. Emma e sua outra mãe, eram duas pessoas diferentes. Senão, Regina teria dito. A menina escolheu os brincos da fotógrafa e os entregou com um sorriso no rosto. – Esses aqui, mommy.
As duas desceram para encontrar Zelena e Jasmine esperando por elas.
— Venci. – A modelo disse sorrindo. – O terror da Belle queria esperar por vocês, mas alguém tinha que estar lá e a Mulan sozinha não dava, e a Jasmine está de babá oficial, e como eu não trabalho aqui, lá ela foi bufando.
Ivy dava gargalhadas quando Zelena falava assim de Belle. Às vezes a modelo irritava a assistente de Regina, apenas para a menina sorrir. O que irritava mais ainda Belle.
As quatro saíram perto das dez da noite da casa de Regina. A fotógrafa tinha feito a menina dormir um bom pedaço da tarde até às oito da noite. Pelo menos assim, a menina ficaria umas duas horas na exposição. As exposições de Regina mostravam as suas fotos, mas a fotógrafa adorava desfilar com a filha pelas galerias. Quanto maior a menina ficava, mais tempo ela conseguia permanecer no local, e mais orgulhosa Regina ficava.
(...)
Dois dias. Dois dias sem um sinal de Regina. A ansiedade consumia até o último fio de cabelo de Emma. Mas ela estava seguindo o conselho de Jasmine. "Deixa a Regina sentir um pouco sua falta. Agora ela já sabe onde você está. Deixa ela pensar que você está esperando pela conversa, por ela chamar." Tudo bem, Emma tinha deixado. Mas estava consumida. Tinha ficado uma manhã inteira em frente a galeria, só para ter certeza que a exposição estava de pé e que Regina iria. A assistente foi se arrumar na casa de Killian e Milah. Estava tão nervosa que não conseguia fechar o vestido.
Comprou a roupa com a ajuda de Jasmine, especialmente para aquela noite. Um vestido preto, justo, de manga longa, com um decote V no colo, e outro nas coxas. Seus seios estavam valorizados, assim como as pernas. As duas partes do corpo de Emma que Regina adorava. Usou salto, há tempos não usava. Chegou a treinar em casa para não passar vergonha. E deixou os cabelos longos soltos. Estava pronta quando seu celular deu sinal de mensagem, e Emma saiu correndo tão rápido que quase derrubou Killian no meio do caminho. Era Regina. A professora respondeu imediatamente. Faltava pouco agora. Iria surpreender a fotógrafa.
(...)
Regina chegou e foi direto ao segundo andar. Passou pelos corredores de acesso para não ser vista. A música baixou, as luzes da galeria diminuíram e só um foco de luz foi direcionado ao topo da escada. Com Ivy segurando sua mão, as duas trocaram um último olhar. Sorrindo, a fotógrafa apareceu no alto da escada. Os aplausos tomaram conta do local, e lentamente Regina foi descendo as escadas. Ivy vinha sorrindo do seu lado, e logo atrás Belle, Mulan e Jasmine.
Fotos, fotos, fotos. Sempre do mesmo jeito. Depois de algumas, Regina pedia para que Ivy ficasse com uma das meninas. Antes que a menina tonteasse com os flashes em cima dela. Jasmine ficou com Ivy, e foram andar pela galeria, enquanto Regina foi deixada com as assistentes e com os fotógrafos e repórteres.
— Emma! – Ivy chamou ao reconhecer a mulher e foi correndo até ela. Emma olhou para a menina em sua direção, ajoelhou e abraçou Ivy com toda força.
— Minha boneca. Que saudades. – Emma falou sorrindo. Não pode perder a chance de encher a menina de beijos, antes de soltá-la dos seus braços. – Você está linda, sabia?
Ivy tinha um vestido rosa de bolinhas pretas com um pequeno laço no lado esquerdo. Um casaquinho preto com meias 7/8 fechavam o look.
— Obrigada. Você também está linda. – Ivy sorria.
— Olha só, esses são os meus amigos, Killian e Milah. – Emma apresentou o casal para a menina. Educadamente, Ivy estendeu a mão e cumprimentou os adultos.
— Mas é uma menina muito linda mesmo. – Milah disse, encantada com a pequena. – Emma elogiou muito você, e olha ela não mentiu.
— Ah, obrigada. – Ivy respondeu um pouco tímida. — Você já viu as fotos, Emma?
—Já vi sim. Estão lindas.
— E sabe quem mais tá linda? – A pergunta tinha um tom sapeca.
— Quem? – Emma entrou na brincadeira.
— A minha mommy. Linda não, tá uma gata. – Ivy piscou rapidinho para Emma. Pegou na mão da mulher e puxou. – Vem, vem ver ela.
Jasmine, que até o momento tinha acompanhado de longe, viu Ivy voltar correndo com Emma atrás.
— Tá linda, Emm. – Jasmine abraçou a amiga. – Vai arrasar.
— O coração da minha mommy? – Ivy perguntou para as duas. – Também acho. Ela gosta de seios, ouvi a tia Belle falando isso uma vez quando comprava uma roupa. Só que não faz muito sentido. Ela namora mulher, então tem que gostar de seio, porque não tem mulher sem seio.
— Ivy! – Jasmine chamou a atenção da menina, mas tanto ela quanto Emma sorriam – Fala baixo e não fala isso perto da sua mãe que ela mata a Belle.
A menina deu de ombros e voltou a puxar Emma. Se aproximou de Regina e atraiu sem querer a atenção de Belle que estava perto. O sorriso da morena desapareceu na hora em que ela viu Emma. Mas para sua sorte, o semblante de Emma não era dos melhores. Ao lado de Regina, estava Zelena. As duas riam de alguma coisa que a mulher tinha dito para fotógrafa. O ciúme invadiu a morena de forma devastadora, porém ela não conseguiu parar Ivy.
— Mommy, olha quem está aqui. – Ivy parou atrás de Regina, puxando a mão da mãe e chamando a atenção.
A fotógrafa virou-se na direção da voz da filha. Seu rosto não escondeu a surpresa de ver Emma ali, de mãos dadas com Ivy. O sorriso de felicidade da menina, estampava também o rosto de Emma. Sim, era o sorriso de Emma nos lábios da filha e vice-versa. Ela sempre soube, agora uma do lado da outra, ela teve certeza. Regina não conseguiu segurar seu próprio sorriso.
— Emma...que surpresa. – Regina sentiu suas bochechas esquentarem. Belle, Mulan, Zelena e Ivy olhavam de formas diferentes para ela. E tinha Emma. Ela estava nua na frente da mulher. Primeiro porque a professora não fez questão de disfarçar seu olhar sob seu corpo, e segundo, porque Emma a fazia se sentir assim, sempre.
— Era exatamente a minha ideia, te surpreender. – Emma voltou a olhar nos olhos de Regina. O leve vestido branco de alças que a fotógrafa usava, era uma perdição para seus pensamentos.
— De novo? Uma vez só não é o suficiente? – Belle esbravejou, e acabou separando os olhares que Emma e Regina trocavam. Antes que Emma respondesse, ou mesmo Ivy perguntasse alguma coisa, Zelena ficou do lado de Regina e estendeu a mão para Emma.
— Prazer, Emma, eu sou Zelena.
O rosto sorridente de Emma voltou a demonstrar o ciúme. Ela não era assistente de Regina, mas era íntima demais. Emma estendeu a mão.
— E você é o que dá Regina mesmo? – A pergunta foi direta.
— Ex, por enquanto, ex. – Zelena respondeu sorrindo, e soltou a mão de Emma rapidamente, tinha levado um aperto quando o ex saiu de seus lábios. – E você?
— Futura, a futura mulher dela. – A resposta de Emma pegou todas no círculo de surpresa. Inclusive Ivy, que imitou a mãe e abriu a boca surpresa.
— Nossa, mas se é assim, eu to na fila também. – Belle falou, atônita ainda com a resposta de Emma.
— E você, Mulan, quer namorar minha mãe também? Aproveita que eu to pegando as fichas. – Ivy sorriu para a assistente, quebrando o clima tenso que estava na conversa.
— Chega. E vocês três se comportem, que a criança aqui é outra. – Regina foi rude, e pegou Ivy pela mão e saiu com a menina. Belle cruzou os braços e foi para outro caminho. Jasmine chamou Mulan para conversar, e acabou ficando Zelena e Emma paradas olhando Regina se afastar.
— A exposição está ótima, não acha? – Zelena perguntou. Emma olhou para ela, sorriu.
— Está linda, a cara da Regina. E por falar nela, com licença. – Emma virou as costas e deixou Zelena sozinha.
— Mommy, esses são o Killian e a Milah, eles são amigos da Emma. – Ivy e Regina tinham andado pela galeria e acabaram se aproximando do casal.
— Boa noite. – Regina estendeu a mão primeiro para a mulher. Killian, Killian Jones, o ex-marido de Emma. Casal amigo? Como assim?
— Oi, Regina, você não deve estar lembrada de mim, não é? – Milah comentou após cumprimentar a fotógrafa.
— Seu rosto me é familiar, mas eu confesso que não consigo lembrar.
— Eu estudei com a Emma em Nova York, acho que nos vimos uma vez apenas, numa festa, depois eu acabei indo para Londres estudar piano, e só conversava com a Emma por e-mail.
— Milah, é, eu lembro do nome. – Regina sorriu educadamente. Lembrava do nome, lembrava dos ciúmes também. – Faz tempo que voltou para Storybrooke?
—Uns três anos e meio já. Eu voltei, me apaixonei e acabei ficando por aqui. – Milah abraçou Killian.
— A Emma foi nossa cupido e madrinha de casamento. – Killian falou sorrindo. – Sem ela jamais teria conhecido essa pessoa maravilhosa aqui.
— Que bom, a Emma sempre teve esse olhar para aproximar as pessoas. – Regina respondeu, sem perceber que a mulher se aproximava pelas suas costas. Emma parou muito próxima de Regina e sorriu.
— Sempre tive?
Regina levou um susto ao ouvir a voz de Emma tão próxima de si. Sem querer acabou puxando Ivy para mais perto. A menina que percebeu a reação da mãe, sorriu. E já que a fotógrafa não respondeu, ela falou.
— Você gosta de brincar de cupido, Emma? Por isso tá difícil acertar a flecha em você?
— Essa foi direta até demais. – Killian comentou e seguido de Milah riram da pergunta da menina, que conseguiu deixar Regina mais vermelha ainda, mas não abalou Emma.
— Não, pequena, a minha flecha já foi acertada faz tempo. – Emma piscou pra Ivy que sorriu de volta.
— Na minha mãe?
— Chega, não dá para manter vocês duas juntas. Eu vou perder o juízo desse jeito. – Regina respirou fundo olhando para Emma e depois para filha. – Com licença. – Ela disse para o casal, que bem que tentava, mas não conseguia disfarçar o sorriso. Já ia saindo quando sentiu a mão de Emma em seu braço, impedindo que ela andasse.
— Regina, espera. Por favor. – Emma encarou a fotógrafa com um olhar que implorava.
— Mommy, é o Bae, vou lá ver ele. – Ivy apontou para o pai de Jasmine. Fez Regina se abaixar e lhe dar um beijo, e deixou as duas sozinhas.
— Não lembro de você sentir tanta vergonha assim. – Emma falou para Regina, enquanto as duas acompanhavam Ivy com o olhar.
— Não lembro de você ser tão direta assim. – A fotógrafa olhou para Emma. Ela estava linda. Estava não, Emma era linda. Continuava a linda loira por quem Regina tinha largado as noites.
— Uma vez você me disse que eu te enrolei muito no começo. Não vou fazer mais isso. – Emma se aproximou de Regina, seus corpos ficaram próximos demais, mas não se tocaram. – Nem te enrolar, nem te abandonar, nem te fazer sofrer. Só quero você sorrindo agora. Esse sorriso lindo. – Uma mecha do cabelo de Regina tinha caído, Emma não perdeu tempo e ajeitou atrás da orelha, ficando mais próxima da fotógrafa.
Regina segurou a respiração, o mínimo toque de Emma fez seu corpo tremer. A fotógrafa tentou, mas não conseguiu desviar o olhar.
— Emma.. – O nome saiu em um sussurro
— Eu sei, nós precisamos conversar. – Emma sorriu, afastou a mão do rosto de Regina, e encarou a fotógrafa com carinho. – Mas até lá, posso brincar de te deixar envergonhada?
— Não. – Regina respondeu sorrindo. Parou o garçom que vinha e pegou uma taça de champanhe. Não tinha mais bebido nada com álcool desde o jantar com Zelena, mas essa noite, ela não iria sobreviver sem um pouco. Ofereceu pra Emma mas a mulher recusou.
— Só água, por causa dos remédios. – Emma sussurrou de volta para Regina.
— Verdade, desculpa. – Regina começou a andar, acompanhada de Emma.
— Sem problemas. Já estou acostumada. – Emma parou em frente a uma foto e ficou olhando. – Sinto falta disso, sabia?
— De posar nua pra mim?
— Mas se eu soubesse que só precisava de uma taça de champanhe já tinha entregado mais cedo. – Emma sorriu para a fotógrafa. Regina não conseguiu conter o sorriso. Ele escapava sem ela perceber por seus lábios. O sorriso fácil, que até então só a filha tirava dela. – Mas disso eu não sinto falta, morria de vergonha, você sabe. Sinto falta de ver o mundo sob as suas lentes. É tão bonito.
— Essa foto é uma das mais recentes. Agora aquela ali – Regina pegou o braço de Emma, e foi com a mulher até o painel seguinte. – Essa aqui tem uma história muito interessante.
Foi natural, ela nem percebeu que manteve o braço entrelaçado com Emma. A professora sorriu, mas fez questão de não lembrar Regina. Apenas ouviu a história da foto, e da próxima foto. Via todas as fotos novamente, mas não tinha importância, agora ela via pelos olhos de Regina, e cada foto ficava mais linda. O tempo passou sem que as duas percebessem.
— Mommy? – Ivy apareceu entre os painéis, sorrindo. Estava correndo, suas bochechas vermelhas entregavam a menina. Regina e Emma pararam a conversa informal, e por reflexo Emma se abaixou e acabou pegando Ivy no colo, antes que Regina o fizesse.
— Você estava correndo aqui dentro? E se você caísse, menina?
— Fica relax, Emma, eu sou boa de corrida. – Ivy passou o braço em volta do pescoço de Emma, sorrindo. – Tô fugindo da Jasmine.
— E você me diz isso assim, na maior tranquilidade? – Regina cruzou os braços, fazendo cara de brava.
— É que ela quer me levar embora, mas eu queria ficar. – Ivy olhou de Emma pra Regina. – Queria ir embora com você e a Emma.
Enquanto a expressão de Emma era pura alegria, Regina tinha receio. Ela se lembrou da pergunta que a filha fez mais cedo. O coração apertou. Ela sabia? Ela já tinha percebido que Emma era especial para Regina. Já estava jogando Emma para cima de Regina. Mas será que ela sabia quem realmente era Emma?
— Amor, você sabe que a mamãe vai embora mais tarde. É muito tarde pra você. – Tanto Ivy quando Emma ficaram com o rosto triste.
— E se você for embora, descansar e amanhã nós três tomamos café da manhã juntas? – Emma falou sorrindo, olhando para a menina.
— Lá em casa? Você pode dormir lá, festa do pijama. – Ivy ficou empolgada no mesmo instante.
Regina observava a conversa das duas, as mudanças no humor. Alegria, tristeza, alegria de novo. Muito rápido, muito forte. E se Ivy tivesse a mesma doença de Emma? Não, era normal ela ficar triste com a repreensão de Regina, e feliz com uma solução para a situação. Não era?
— Ivy, a Emma dorme na casa dela, e nós na nossa.
— Mas e o café da manhã? Eu não vou levantar cedo pra comer. – Ivy olhou pra Emma. – Foi mal, Emm.
— Se sua mãe deixar, eu vou lá na sua casa amanhã e faço o café especial pra nós três. – Emma olhou para Regina. O olhar pidão foi seguido por Ivy. Não, as duas assim não. Muito próximas, muito parecidas. Cadê a Ivy que era a cara dela? Cadê Jasmine para chegar e impedir a resposta dela? Ninguém apareceu, agora que ela precisava de qualquer pessoa, ninguém apareceu.
— Desde que não seja muito cedo. — Foram as únicas palavras que conseguiu pronunciar.
— Combinado, você me liga quando acordar e eu vou até lá e faço o café de vocês. – Emma recebeu o abraço de alegria de Ivy. Era impossível não amar a filha. Quanto mais perto ela chegava, mas ficava difícil para Emma soltar as duas. Nem Ivy, nem Regina. As duas faziam parte dela. As duas eram a sua lucidez.
— Então vamos achar a Jasmine, que já passou da sua hora de dormir mocinha. – Regina esticou a mão, mas Ivy apenas segurou, e não fez menção de descer do colo de Emma. Nem mesmo a mulher fez questão de soltar a menina. E assim foram as três até encontrar Jasmine, aflita.
— Regina, eu vou usar uma coleira na Ivy, quase morri do coração agora. – A prima falou ofegante para Regina. – Andei essa exposição inteira atrás dela. Te mato, sua pestinha. – Jasmine fez cócegas em Ivy no colo de Emma. A menina deu gargalhadas, e abraçou Emma, pedindo por socorro.
— Ela apareceu correndo atrás da gente agora. – Regina pegou Ivy dessa vez. – Vamos conversar sobre você sumir assim, você sabe que eu não gosto disso. – Falou séria para a filha. – Agora, pra casa com a Jasmine, quero você na cama quando eu chegar, nada de ficar comendo besteira até de madrugada na frente da televisão. Ouviram? – Regina olhou pra Jasmine, que fez que sim com a cabeça, seguida de Ivy.
Regina abraçou a filha e lhe deu um beijo demorado, carinho que foi retribuído igualmente pela menina. Emma não foi esquecida. Um beijo e um abraço bem forte, e uma surpresa.
— Ela gosta de você, eu sei. – Ivy falou bem baixinho no ouvido de Emma. Diante das palavras da menina foi impossível conter a lágrima que caiu pelo seu rosto.
Emma tentou disfarçar, secando imediatamente, mas até mesmo Ivy percebeu. Sorriu para Emma e para a mãe, e foi embora com Jasmine.
— Tudo bem? – Regina perguntou quando as duas se afastaram.
— Tá sim. – Emma sorriu. A mão que Regina gentilmente apoiou em seu ombro ao fazer a pergunta foi tocada pela mulher. – Só que essa menina é incrível.
— Tenho que concordar com você, Emm. – Zelena se aproximou das duas, tinha ouvido a parte final da conversa. – A Ivy é incrível mesmo. E esperta, muito esperta. Se liguem nisso, as duas. – Zelena trocou olhares com Emma e Regina. Depois olhou sobre o ombro. – Gina, seu quarto está maravilhoso, mas essa noite vou ter outra companhia. – Piscou pra Regina, e deu um beijo no rosto da fotógrafa, saindo e sendo seguida por uma mulher.
Seu quarto? Outra companhia? Mas que porcaria era essa? Emma olhou com ciúmes para Regina. Seu corpo ficou tenso. Todas as mudanças ficaram nítidas para Regina.
— Não sabia que você estava nessa de relacionamento aberto.
— Como? –Regina franziu o cenho para Emma.
— Sua ex, por enquanto só ex.
— A Zelena é só minha amiga, nada mais.
— Só amiga, Regina? – Emma cruzou os braços, o tom bravo emanava de sua boca. – Só amiga vai trocar seu quarto e sua companhia por outra?
Regina deu uma risada.
— Meu quarto de hóspedes.
— Ela não disse quarto de hóspedes.
— Emma, eu não te devo satisfação da minha vida. – Regina tinha cruzado os braços também. O tom de brincadeira tinha ido embora. – E você sabe muito bem que eu detesto crise de ciúmes sem cabimento.
— Sem cabimento também não né, Regina, pô, a mulher só não caiu em cima de você, porque você não deixou. – Emma abriu os braços esbravejando. Algumas pessoas que passavam perto, tiveram a atenção chamada.
— Para, baixa a voz. – Regina se aproximou de Emma. Recuperou a calma, e falou pausadamente. – A Zelena não é minha mulher. A Belle não é minha mulher. Você não é minha mulher. Para agora com isso que você está na minha exposição e não quero barraco. Entendeu?
Emma respirava apressadamente. Tinha visto as pessoas olhando. Diante do silêncio acabaram seguindo seu caminho. A voz dura de Regina atingia cada parte do seu corpo. A fotógrafa ficou perto demais. Sua respiração atingia Emma em cheio.
— Você não é minha mulher. Não ainda. – Emma olhava diretamente nos olhos de Regina. Não esperou mais um segundo, não esperou mais nada. Era agora ou nunca. Tomou a coragem que faltava. Subiu sua mão rapidamente para nunca de Regina. Deixou seu corpo colado no da fotógrafa e levou seus lábios de encontro a boca vermelha que estava em sua frente.
Não teve como prever. Não teve como escapar. Quando sentiu a mão de Emma em sua nuca, Regina mal conseguiu preparar a respiração. O beijo veio feito um furacão. Começou frio. Regina tinha sido pega de surpresa, Emma foi dura. Mas logo as bocas se reconheceram. Os lábios ficaram suaves. A língua de Emma pediu passagem para boca de Regina. A fotógrafa deixou. Se entregou. O gosto dos lábios familiares de Emma, a língua curiosa que ela usava. Seu coração disparou. Podia jurar que ouvia o coração disparado de Emma. Sua mão subiu até o rosto da mulher. Emma continuou provocando a língua de Regina. O ar foi embora, mas ela não queria parar. Saudade. Saudade daquela boca na sua. Aquele corpo contra o seu. Regina era sua mulher. Nem mesmo o tempo tinha conseguido mudar isso.
Quando finalmente se soltaram, tanto Emma quanto Regina buscaram o ar. Com as testas unidas, Emma foi a primeira a abrir os olhos. O batom de Regina estava manchado, os lábios ainda estavam entreabertos. Ela pensou em beijar de novo, mas não era o local. Se fizesse de novo perderia a razão. Estavam em público. Se controla, Emma.
A mão de Regina escorregou do rosto de Emma para o peito da mulher. Ela sentiu o coração disparado contra sua mão. Deixou o ar voltar para os pulmões até abrir os olhos. Os olhos claros de Emma a encaravam. Regina puxou todo o ar, e soltou lentamente. Foi a vez da fotógrafa não conseguir segurar a lágrima.
— Você ainda tem o melhor beijo do mundo. – Emma sussurrou. – Vem embora comigo.
— Emma...
— Vem, Regina. Eu sei que você quer.
— O que eu quero e o que é certo estão distantes.
— O que você quer é vir comigo, o que é certo é você sair daqui com a mãe da sua filha. – Emma sentiu que Regina tentou se afastar, mas não deixou. Segurou a nuca de Regina, manteve sua testa na dela, abraçou a sua cintura. Ela era mais forte. A relutância de Regina fugir foi vencida.
— Emma, por favor, não faz assim. Eu já não consigo pensar direito com a sua presença, não posso ir com você.
— Não pode ou não quer?
— Não devo. – Regina olhou pra Emma, sentiu suas bochechas molharem. – Tem a Ivy, não posso bagunçar a cabeça da menina desse jeito. Ela já está desconfiada, Emma. Tá fazendo perguntas, me colocando contra parede.
Emma tirou a mão da nuca de Regina, secou suas lágrimas. Olhou compreensiva para a fotógrafa, e como um pedido que saiu direto do seu coração, perguntou:
— Deixa eu te levar em casa?
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