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História Born to Die - Can you make it feel like home


Escrita por: auswanqueen

Capítulo 9 - Can you make it feel like home


— Nossa, você quer conversar? Que milagre é esse? – Belle falou irônica. – Resolveu me colocar a par da situação agora? Acho que me sinto honrada.

— Belle, por favor, não precisa disso. Vamos conversar numa boa. – Regina pediu. Sentou em uma cadeira próxima a sua escrivaninha, onde a assistente se encontrava de pé, em posição de ataque.

— Agora você quer conversar numa boa, Regina? Você tá louca é? Primeiro coloca aquela mulherzinha dentro de casa, com a sua filha, me ignora completamente e vem me dizer que quer conversar numa boa? – Belle esbravejou, o tom de voz subiu, e ela começou a andar de um lado para o outro pelo quarto.

— Abaixa o tom de voz, Isabelle. Você sabe que a gente nunca fica bem quando você começa com isso.

— A gente nunca fica bem quando aquela mulherzinha entra na história, Regina. – Belle parou de frente pra fotógrafa. – Você se esqueceu o quanto VOCÊ sofreu por causa DELA? Todo aquele problema com a polícia, todas as noites em claro com a Ivy, e depois todos esses anos sem uma notícia.

— Não esqueci de nada, Belle. Agora todos esses anos sem uma notícia? Tem certeza disso? – Regina cruzou os braços encarando a assistente. Não tinha levantado o tom de voz. Não iria por esse caminho.

— Ah mas eu aposto que foi a primeira coisa que ela te disse. – Belle riu, voltou a andar pelo quarto de um lado para o outro, bufando de raiva. – Ela mandou umas cartinhas bobas pra Ivy. Coisa melosa, cheia de desculpas e contos da carochinha.

— E com que direito você decidiu esconder isso de mim? – Regina se levantou, ela realmente não queria brigar com Belle, mas era impossível se manter calma depois de ouvir isso. – Quem você pensa que é para decidir o que a minha filha recebe. Ouviu bem? MINHA FILHA. Eu sou a mãe dela, eu tinha que saber dessas cartas, era minha decisão mostrar pra ela ou não. – Regina apontou o dedo para Belle. – Você é só a "tia" dela. Você não tinha nenhum direito de tomar essa decisão.

— E você queria que eu fizesse o que? Você toda chorosa pelos cantos, não largava essa menina nem um minuto do dia, a gente não chegava perto se você não tivesse do lado. Nem trabalhar direito trabalhava. Que bem isso ia te fazer? Que bem ia fazer para Ivy? – Belle tinha o tom elevado. – Eu tive que tomar as rédeas do estúdio para que vocês tivessem o que comer, eu era a única racional naquele apartamento, e foi com esse direito que eu não mostrei aquela palhaçada.

— Mas você é muito pretensiosa, quer dizer que eu não passei fome por sua causa? Me poupe, Isabelle. Sai desse mundinho egoísta que você vive e vem pra realidade. – Regina passou as mãos nos cabelos. – A Emma era a minha mulher. Essa decisão cabia a mim e somente a mim. Você não tinha direito nenhum de esconder essas cartas. Era uma notícia da Emma.

— E você queria saber para que, Regina? Embarcar num avião e vim atrás dela? Sofrer mais um pouco? Se machucar mais?

— Era outra decisão que cabia a mim. Você não é minha dona, Belle. Nunca foi.

— Eu fiz de tudo por você e por essa menina. E você só quer saber da Emma. Sempre a Emma. Até a criança ela já roubou.

— Belle, eu te amo, mas como amiga. Nós tivemos a nossa chance, o nosso tempo passou. – Regina respirou fundo, tentou se aproximar de Belle que ainda andava como um animal enjaulado. – E eu vou ser eternamente grata por toda ajuda e apoio que você me deu esses anos todos. Mas a Emma, — Belle parou e olhou para Regina. A dor estava estampada em seu olhar. – A Emma é a mulher da minha vida. – Regina passou a mão no rosto de Belle. – Você sabe que a Ivy te ama demais, ninguém vai roubar ela de você.

Belle deu um tapa na mão de Regina, afastando de seu rosto. As lágrimas desciam por sua face vermelha de raiva.

— SUA EGOÍSTA, VAGABUNDA. VOCÊ ME USOU PARA TE SATISFAZER TODOS ESSES ANOS E VEM ME DIZER QUE NOSSO TEMPO ACABOU? – Belle gritou. Seu peito inflava da raiva.

— Você sabia que nunca ia dar em nada aquelas noites, Belle. – Regina respondeu séria. – Eu errei sim em te usar, mas você também nunca foi criança para dizer que não sabia o que estava fazendo e eu que te iludi.

Mal as palavras terminaram de sair da sua boca e Regina sentiu o tapa. A dor veio logo em seguida. A fotógrafa levou sua mão no rosto e olhou para Belle. A morena estava estática, seu olhar aterrorizado. Não era para Regina que ela olhava. A fotógrafa virou e viu a filha parada na porta do quarto, olhando assustada para as duas mulheres.

Ivy olhou de Regina para Belle algumas vezes. Quando Regina tirou a mão de seu rosto e andou em direção à filha, Ivy correu, passou por Regina, chegando até Belle. Ela empurrou a morena.

— NÃO ENCOSTA NA MINHA MOMMY. – Ela empurrou de novo. Era a vez da menina chorar e antes que o tapa dela atingisse Belle, Regina pegou a mão da filha.

— Ivy, não, para com isso. – Regina virou e pegou a filha no colo, segurando suas mãos e olhou séria para a menina. – Nunca mais bata em ninguém. Nada justifica violência. – Ivy olhou sob o ombro para Belle, o olhar assustado tinha sumido, a menina chorava e demonstrava raiva.

— Eu odeio você. – Ela disse e abraçou Regina com toda força.

O olhar de Belle encontrou o de Regina. A assistente chorava, estática. Não tinha forças para sair do lugar. A fotógrafa apenas olhou para a porta, manteve a filha em seu colo e quando viu que Belle não se mexeu teve que falar.

— Sai daqui, Belle.

— Regina...eu

— Outra hora, Isabelle, agora vai. – Regina cortou. Não tinha condições de manter a conversa, não depois da interrupção de Ivy.

Passos lentos e pesados tiraram Belle do quarto. Ela só conseguiu fechar a porta. Foi ao chão ali mesmo. E se permitiu chorar.

Regina levou Ivy até sua cama, deitou com a menina. Ficaram agarradas por um longo tempo, até que a respiração da criança voltou a ser pesada e compassada. A fotógrafa arrumou a filha na cama ao seu lado.

— Mommy – Ivy resmungou. – Se machucou?

— Não, amor, a mommy tá bem. – Regina se inclinou e deu um beijo na testa de Ivy. – Agora dorme.

— Cadê a mama? – A menina perguntou se encolhendo junto ao corpo de Regina. – Vou contar tudo pra ela.

— Na casa dela, amanhã ela vem almoçar com a gente, tá bem? – Regina não escondeu o sorriso.

Não teve resposta. O sono venceu. Regina ficou fazendo carinho nos cabelos de Ivy. Pensou em ligar para Emma, mas achou melhor não incomodar a mulher naquela hora. A fotógrafa ficou observando a filha dormir e se deu conta que não tinha perguntado para Belle o que ela tinha feito com as cartas. Ela teria Emma antes, se tivesse recebido aqueles presentes?

Regina ficou remoendo o passado a noite inteira. Adormeceu algum tempo antes do sol nascer. Estava em um sonho ruim, quando seu telefone tocou. Inconscientemente desligou o celular,e virou pro lado, abraçando mais a filha contra si. O barulho do celular recomeçou, e parou.

— Quem é? – Uma voz brava e resmungona tinha atendido.

— Ivy? Amor, é a mamãe, cadê a sua mommy?

— Por que você não tá aqui? Daí não precisa ligar cedo. – Ivy largou o celular do lado de Regina. – Mommy, mommy.

— Oi. – Regina falou com a voz carregada de sono.

— A mama. – Ivy entregou o celular para Regina, e voltou a se encolher junto ao corpo da fotógrafa.

— Emma? – Regina se esforçou para abrir os olhos.

— Bom dia, minha dorminhoca. – Emma ria. – Eu vou encher essa marrentinha da nossa filha de beijos quando você abrir a porta pra mim.

— Abrir a porta? Você já está aqui? – Regina sentou na cama trazendo Ivy em seu colo. – Que horas são?

— São nove horas de uma linda manhã de domingo e nós estamos loucas para tomar um banho de piscina.

— Nós? – Regina, fechou os olhos e jogou a cabeça para trás. Colocou Ivy na cama novamente e levantou devagar.

— Sim, eu passei para pegar a Jasmine e trouxe uma convidada especial também.

A porta da frente se abriu. Regina estava com a roupa de ontem, o cabelo um pouco ajeitado, um pouco bagunçado e a cara de uma noite muito mal dormida. Uma marca vermelha no rosto que foi a primeira coisa que chamou a atenção de Emma.

— Nove horas e você acha cedo, Emm?

— Eu disse que ela ia reclamar, Emma. – Jasmine disse rindo, não se importou com o visual de Regina. Deu um beijo no rosto da prima e entrou em casa.

Mesmo sem entender o estado de Regina, Emma sorriu para disfarçar.

— Regina, essa é a minha sobrinha Aurora. Aurora, sua quase tia, Regina.

— Oi, Regina. – Aurora sorriu. A menina era parecida com Emma. Pele branca, olhos esverdeados, cabelo quase branco. Abriu um sorriso alegre no rosto, mesmo com os olhinhos inchados de choro.

— Oi, Aurora, que linda que você é. – Regina saiu da porta para deixar as duas entrarem, já que elas não tinham invadindo a casa da mesma forma de Jasmine.

— Eu vou com a Aurora pra piscina, porque ninguém merece esse calor todo. Você quer que eu coloque o café lá fora? – Jasmine perguntou, pegando Aurora pela mão.

— Ótima ideia, Jas, obrigada. – Regina respondeu e olhou para Emma. Nem deu tempo das duas meninas saírem da sala e as mãos de Emma foram ao rosto de Regina.

— O que aconteceu? Que marca é essa aqui, Regina? – Emma falava entre um tom bravo e preocupado.

— Uma situação com a Belle. – Regina tirou a mão de Emma de seu rosto, tentou escondê-lo. Não tinha se visto no espelho, não sabia que tinha ficado marcada. Mas deveria imaginar, Regina, você sabe que tem a pele sensível. – Vamos subir, a Ivy ainda tá na cama. – A fotógrafa não deixou Emma perguntar mais nada, saiu na frente dela em direção ao seu quarto. Não precisou olhar para trás, ela sentia a presença de Emma nas suas costas.

— Você vai me contar tudo, não vai escapar dessa usando a Ivy não. – Emma ralhou atrás de Regina. Mesmo que a fotógrafa não tenha respondido nada, Emma seguiu com mais alguns resmungos bravos até entrar no quarto de Regina.

— Boa sorte. – Regina apontou para cama e deitou do outro lado da filha. Olhando Emma se aproximar e deitar devagar do lado de Ivy.

Ela deu um beijo no rosto da menina, que não se mexeu. Emma sorriu, e fez um carinho nos cabelos da pequena. Deu outro beijo, e outro beijo, até que os beijos ficaram mais rápidos, e Ivy resmungou.

— Ei, psiu, acorda, meu bebê. – Emma mexeu um pouco o corpo de Ivy, e a menina fez que não com a cabeça, e jogou os braços em volta de Emma.

Emma continuou a dar beijos em Ivy, mesmo com ela abraçada em seu pescoço.

— Só mais um pouquinho. – Ivy respondeu, soltou o pescoço da mãe e rolou na cama, abriu os olhos e viu Regina do outro lado, apenas sorrindo para ela. Quando Ivy viu Emma na cama, abriu um sorriso enorme e se jogou nos braços da mãe. – Mama.

Foi Ivy quem deu os beijos em Emma agora.

— Você dormiu aqui? Quando você chegou?

— Não, meu amor, eu não dormi, acabei de chegar. Você não lembra que falou comigo no celular agorinha?

— Não. – Ivy saiu de perto de Emma, e deu um beijo em Regina, que apenas olhava as duas. Gentilmente a menina passou a mão no rosto da mãe. O sorriso desapareceu, e ela olhou para Emma. – Viu só isso? – Ivy apontou o rosto de Regina.

— Ivy, agora não. – Regina disse, mas a menina não ouviu.

— Foi a Belle quem fez, ontem à noite, porque a mommy não quer mais ela e só você.

— Ivy. – Regina segurou a filha e ralhou com ela. – Se eu disse que agora não, é agora não.

Ivy abaixou a cabeça e olhou de canto de olho para Emma que não disse nada. Ela se encolheu na cama e abraçou a coberta, já que seu xero não estava ali. Emma e Regina trocaram um olhar. Enquanto o de Regina trazia vergonha, o de Emma era pura raiva.

— Não vamos ficar na cama o dia inteiro, não é mesmo? Tem um sol lindo lá fora e vamos aproveitar. – Emma disse abraçando Ivy. Pegou a menina no colo e tirou da cama, foi andando com ela para o banheiro, e aproveitou que a fotógrafa levou alguns segundos para sair da cama, e sussurrou para Ivy. – Deixa que a mama vai resolver isso, ok?

A menina olhou para Emma e sorriu, concordou com a cabeça. Emma deu banho na filha, enquanto Regina pegou as roupas. Foi torturante enquanto ela arrumava Ivy, olhar Regina vestir o biquíni na frente dela. Durante a troca de roupa, as duas trocaram olhares, e foi inevitável para a fotógrafa não sorrir, diante dos olhares safados que Emma lançou para ela.

— Quem é aquela com a Jas? – Ivy perguntou quando chegaram as mesas da área de festa e ela percebeu que a prima não estava sozinha na água.

— Aquela ali é a minha sobrinha, a Aurora. – Emma olhou para Ivy. A carinha desconfiada e ciumenta da menina, fez Emma e Regina sorrirem.

— Toma o seu café e depois você vai lá conhecer a Aurora. – Regina disse ao sentar.

— Tá bem. – Ainda desconfiada Ivy, tomou o café olhando para a piscina. Comeu bem pouco, e logo que acabou pediu para ir para a água. Regina levantou e passou o protetor solar na filha, e quando ia levá-la para piscina, Emma segurou seu braço.

— Vai lá, filha. – Emma disse para Ivy, que saiu correndo. – Jas, fica de olho nas meninas, por favor.

Ivy chegou na borda da piscina e pulou sem pensar duas vezes. Não demorou muito para que ela começasse a se divertir com as meninas. Sem ter mais ciúmes de Aurora.

— Eu preciso do meu braço de volta. – Regina sentia a mão firme de Emma em seu braço, não tinha como soltar, sem se machucar.

— Que história é essa que a Belle te bateu? Me explica isso direito.

— Solta o meu braço, por favor. – Regina pediu olhando séria para Emma. A mulher soltou seu braço, mas usou seu corpo para impedir que Regina desse um passo para longe dela. – Nós discutimos, Emma, eu fui cobrar as cartas e ela perdeu o controle, a Ivy acabou vendo justo essa cena. Ela deve ter acordado com a gente brigando.

— Acho que o seu direito e o meu não são os mesmos. Vamos esclarecer então. – Emma se aproximou de Regina, segurou toda a sua raiva, e falou. – Você pode até dizer que não é minha mulher, mas ontem mesmo você disse que me amava e só por isso eu me dou o direito de saber detalhadamente o que aconteceu, até porque quando eu matar aquela morena, é bom eu saber para poder usar em minha defesa.

— Não, por favor, chega de violência. Já basta a Ivy ter presenciado essa cena horrível. – Regina passou a mão nos cabelos, novamente tentou andar, mas Emma a prendeu. – Você está me prendendo.

— Quero que você olhe pra mim e me conte o que aconteceu. – Emma tinha sua mão na cintura de Regina. Não iria descansar enquanto a fotógrafa não lhe contasse tudo.

— Já disse, Emma, eu cobrei as cartas, nós brigamos.

— E por isso ela te bateu? Porque você cobrou as cartas que eram da Ivy?

— Uma coisa levou a outra, ela fez acusações, eu revidei. – Regina cruzou os braços. Não havia meio de se afastar de Emma, nem de fazê-la esquecer o assunto. Sentiu a mão da mulher em seu rosto gentilmente passando sobre a marca vermelha que trazia na bochecha.

— Você voltou com ela? – Os olhos de Emma encheram de lágrimas, sua mão que fazia o carinho no rosto de Regina baixou até encontrar a mão da fotógrafa.

— Não. – Regina respondeu num sussurro. – Mas eu fiquei carente muitas vezes e acabei... — Ela olhou para Ivy, respirou fundo e voltou a olhar para Emma. – Acabei dormindo com ela.

Uma lágrima desceu pelo rosto de Emma. Ela secou rapidamente. Lógico, Regina era linda, sempre tinha mulheres atrás dela. Belle estava em cima, com toda a pressão causada pela sua ausência, a morena deve ter se aproveitado.

— Você estava sozinha. – Emma disse com a voz embargada. – Mais alguém?

— Você quer ter....

— Mais alguém? – Emma cortou Regina. Se era para ouvir, que fosse tudo de uma vez.

— Zelena. Eu namorei com ela. Foi a pessoa que cheguei a ter um relacionamento, mesmo que por pouco tempo. – Regina olhava preocupada para Emma. O semblante feliz e até mesmo de raiva tinham desaparecido. A dor tomava conta do seu rosto. O choro que ela trancava, Regina podia sentir. – Emma, não importa mais ok? A Zelena é só uma amiga, e a Belle... – A fotógrafa respirou fundo. – É a mesma Belle que você já conhece.

Emma segurou o rosto de Regina. Não conseguiu evitar as lágrimas. E não acreditou quando o braço da fotógrafa a envolveu e sua cabeça caiu no ombro de Regina, seus braços em volta da cintura dela, seu corpo junto ao da fotógrafa. A mão da branca fazia carinho em seus cabelos, acalentando. E as palavras está tudo bem, foram sussurradas com amor em seu ouvido.

Precisaram sentir duas mãos molhadas em suas cinturas para as duas se afastarem um pouco. Regina sorriu ao ver a filha abraçada com elas. Emma também sorriu quando viu a menina.

— Por que você tá chorando, mama?

— Nada demais, meu amor, já te disse que sua mãe é bobona, chora por qualquer coisinha. – Emma passou a mão nos cabelos da filha, encostou sua cabeça junto com Regina. O sorriso de Ivy ao ver as duas assim, foi demais para a fotógrafa, ela pegou a filha no colo e encheu de beijos.

— Como você pode ser assim fofa hein, mocinha? Já não te proibi disso? – Regina disse diante das gargalhadas que seus beijos tiraram da filha.

— Nada pode parar a minha fofura, mommy.

— Mas olha só isso. – Emma encheu Ivy de cócegas, e as três trocaram sorrisos.

— Vamos para água? – Ivy perguntou olhando para as duas.

— Vamos. – Regina começou a andar em direção a piscina, seguida por Emma.

— Pera, para aí. – A menina pediu, desceu do colo de Regina e ficou olhando para as duas mães. – Quero ver um beijo antes.

— Oi? – Emma ficou atônita com o pedido da filha.

— Como é que é? – Regina cruzou seus braços.

— Quero ver um beijo antes de ir para a piscina. – Ivy apontou para as duas. – Vocês duas. Não enrola, vamos logo. – Ivy bateu palmas apressando as mães.

Regina ficou sorrindo olhando para a filha, quando viu que a menina não ia desistir da ideia, e antes que ela pedisse ajuda da prima, a fotógrafa se virou e deu um beijo no rosto de Emma.

— Um beijo de verdade, mommy, isso é beijo que vocês dão em mim. – Ivy revirou os olhos para Regina.

Emma não esperou pela resposta de Regina, aproveitou que a fotógrafa ainda estava próxima de si, e lhe deu um selinho mais longo.

— É.. tá bom para começar. – A menina disse, não muito convencida. Regina estava mais nervosa e ela nunca tinha visto a mãe assim. Seria bem mais complicado do que ela imaginava ter a duas juntas de vez. Virou as costas e voltou correndo para a piscina.

O coração de Emma gelou, quando a filha deu um escorregão antes de pular na água. Ela e Regina correram até a piscina, mas Ivy emergiu tranquilamente.

— Ivy, não corre assim, você quase caiu. – Regina chamou a atenção da filha.

— Poxa, filha, tem que tomar cuidado, você poderia se machucar. – Emma emendou com Regina. Sentia seu coração batendo acelerado.

— Sorry, mommy e mama. – Ivy fez uma carinha pedindo perdão, e depois foi para perto das meninas sorrindo. Jasmine pegou a prima no colo, e as três voltaram a brincar.

— Regina, ela não tinha que usar boias? Essa piscina não é muito funda? – Emma perguntou, enquanto a fotógrafa ia tirando sua saída da praia, e sentando-se na borda da piscina.

— Não, Emma, ela sabe nadar. Fez aula e tudo mais, e também tem esses jacarés pela piscina e eu estou aqui. – Regina colocou os pés na água e Emma sentou do seu lado. Tinha tirado a roupa também, e estava apenas de biquíni. Quem não disfarçou o olhar safado agora foi a fotógrafa.

— Nós estamos aqui, Regina. – Emma olhou para Regina e percebeu seu olhar sobre ela. Deu um tapa de leve no braço da fotógrafa. – Nem me beijar direito beija e agora fica com essa cara.

— Que cara? – Regina voltou a olhar as meninas na piscina, sorrindo.

— Essa cara de quem tá querendo tirar o meu biquíni.

— Tá com vergonha, Emm? – Regina usou um tom mais sexy, e passou seu pé na perna de Emma que estava na água.

— Não. – Emma respondeu rápido demais. Fechou os olhos, tinha se entregado. – Não é isso, só que faz tempo...

— Faz tempo que você não me vê também, e isso não te impediu de chegar matando ou me deixar tão sem jeito.

— Você foi a última mulher com quem eu estive, Regina. – Emma sussurrou e olhou para a fotógrafa.

— Por seis anos? – Regina se aproximou de Emma, sussurrou surpresa.

— Eu estava doente. – Emma olhou com cara feia para Regina. – O que você queria, que eu tivesse uma lista?

— Calma, foi só uma surpresa. – Regina se afastou com as mãos levantadas. – Mas nem sozinha? – Ela olhou curiosa para Emma e sorriu.

— Regina. – Emma empurrou a fotógrafa para a água. Seu tom de voz alto tinha chamado a atenção das meninas, que caíram na gargalhada quando viram Regina cair na piscina.

— Então é assim. – A fotógrafa disse assim que veio a superfície, e puxou Emma para a água também.

As duas se aproximaram das meninas e fizeram a alegria de Ivy jogando a menina na água, de uma para a outra. Jasmine foi a primeira a sair, e deitou para pegar sol. Como Aurora tinha gostado da moça, seguiu ela. Já Regina, Emma e Ivy, não paravam de brincar. Nem mesmo quando Emma cansou e sentou na borda, as duas deixaram ela sossegada. Ou começavam uma guerrinha com água, ou Ivy se pendurava em suas pernas para ser jogada na água.

Ivy tinha muita energia, energia que Regina compartilhava com a filha. Ainda mais quando estavam na água. Nenhuma das duas parecia cansar.

— Mommy, to com fome. – Ivy disse depois de nadar para perto de Regina.

— Somos duas viu, Regina, aliás três, porque a Aurora também está com fome. – Jasmine falou alto.

— Nossa, mas nós perdemos tanto assim a hora? – Regina olhou para Emma que se levantava e olhava no celular.

— Perdemos, já passa de uma hora da tarde. Segura mais um pouquinho, galera, que vou preparar uma comida rapidinho para nós.

— Qualquer coisa chama uma pizza, mama. – Ivy falou quando Emma vestia o roupão e ia para dentro de casa. A mulher apenas fez que não com a cabeça e sorriu para a filha.

— Nada de pizza, menina. – Regina fez que ia morder a filha, rindo as duas ficaram ali mesmo.

Emma demorou um pouco para achar a cozinha. E mais ainda para se localizar nela. Tudo ficava ao contrário da sua casa, e ela tinha que abrir todas as gavetas e portas para achar os talheres e panelas. Olhou no freezer e tirou uma carne moída. Já tinha encontrado o macarrão, então macarronada era o que teria no almoço. Preparava a comida distraída, quando um barulho de palmas chamou sua atenção. Seu primeiro pensamento foi que Regina tinha chegado, mas quando ela olhou, Belle estava na porta batendo as palmas.

— Chegou exatamente a pessoa que eu estava esperando. – Emma desligou o fogão e foi caminhando até Belle, que não me mexeu.

— Saudades de mim, Emm? – Belle foi de encontro com Emma.

— Não, a única coisa que senti falta em relação a você esses anos todos, foi de não ter metido a mão na sua cara. – Emma parou próxima de Belle. As duas se encaravam. – Mas você já me deu o motivo que precisava para matar essa vontade.

O primeiro tapa saiu. Emma usou toda a sua força. Toda a sua raiva. Nunca tinha batido em ninguém, mas estava com Belle atravessada em sua garganta por anos. Desde a época que ela estava com Regina, a morena era um problema. Sempre ultrapassando os limites, sempre provocando. Agora era a revanche de Emma, por pior que os seus erros tinham sido, mesmo que seu relacionamento com Regina não tenha reatado, ela não iria permitir que ninguém encostasse a mão na fotógrafa, ainda mais perante sua filha. Emma iria se certificar disso.

Belle tropeçou com o tapa inesperado. Pensou que iria dizer umas boas verdades para aquela mulherzinha, mas não conseguiu falar mais. Não teve tempo de se recompor quando sentiu as mãos de Emma contra ela. As duas foram ao chão. Belle não sabia se batia ou se defendia dos tapas que estava levando. Ela ouvia as palavras de Emma, mas não tinha nexo naquele momento.

— Olá, suas traidoras. – Zelena chegou na área de festa sorrindo. Estava acompanhada de Mulan.

— Oi, Zelena, vem pra piscina. – Ivy sorriu quando viu a mulher chegar.

— Não somos traidores, eu mandei mensagem para Mulan, que tinha almoço na Regina hoje. – Jasmine levantou para cumprimentar as meninas.

— Exatamente, não precisa de convite especial para vir aqui em casa, até porque, dona Zelena, a senhorita deveria estar hospedada aqui.

— Eu dei uma esticadinha um pouco longa demais na noite de sexta, ok? – Zelena sorriu, se aproximou de Aurora. – E essa moça linda aqui, quem é?

— Essa é a Aurora, sobrinha da Emma. – Jasmine disse. Zelena olhou para Jasmine e depois para Regina.

Ivy abriu um sorriso bem grande. Estava no colo de Regina, que sorria junto com a filha.

— A Emma é a minha mama. – Ivy falou com toda alegria. – E ela ta fazendo nosso almoço.

Zelena e Mulan estavam paradas na borda da piscina, olhando para as duas sorridentes dentro da água. O primeiro momento de choque havia passado, quando Mulan disse:

— Na cozinha? – Ela olhou assustada para Regina. – A Belle foi para lá.

Regina congelou, a piscina ficava longe da cozinha, não dava para ouvir nada. Ela saiu com Ivy no colo da piscina, e a deixou no chão.

— Ivy, isso é sério, eu não quero que você saia daqui, me entendeu? – Regina falou com em um tom severo com a filha. Mesmo sem entender o que estava acontecendo, a menina concordou. Regina não precisou pedir, Jasmine já estava segurando a mão da menina, enquanto ela, Mulan e Zelena corriam para a cozinha.

Mal entraram em casa e puderam ouvir os gritos que vinham da cozinha. Regina tomou a frente e entrou correndo pela cozinha. Emma estava em cima de Belle, uma mão segurava um braço da mulher e a outra lhe acertava o corpo, rosto.

— Emma, PARA. – A fotógrafa correu para cima da mulher, segurou seu braço, mas era fraca em relação a Emma, e a mão da mulher atingiu novamente Belle. – Emma, não. – Regina tentou chamar a atenção de Emma, mas foi só quando Zelena a ajudou que conseguiu tirar Emma de cima de Belle. Mulan no mesmo instante puxou Belle.

— Emma, por favor, para. Eu te pedi para não ter violência. – Regina estava na frente de Emma, impedindo que a mulher voltasse a agredir Belle. Emma estava irreconhecível, a calma que emanava minutos antes na piscina, tinha desaparecido completamente. A mulher era pura raiva, Regina não conseguia entender o que ela falava. – Deixa ela comigo, Zelena, tira a Belle daqui.

As meninas tiraram Belle da cozinha e se Regina não estivesse na frente de Emma, ela teria ido atrás. A fotógrafa segurou o rosto de Emma com as duas mãos. Seu olhar de compaixão, pela primeira vez, tinha conseguido fazer com que Emma olhasse para ela.

— Regina... — Emma olhou para sua mão, tinha sangue nos dedos, olhou para Regina e seus olhos encheram de lágrimas. Ela mal conseguiu sussurrar as próximas palavras, tamanho o medo que atingiu seu coração. – Eu machuquei você?



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