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História Born to Die - If I tell you you're mine


Escrita por: auswanqueen

Capítulo 10 - If I tell you you're mine


— O que? – Regina olhou para as mãos de Emma, viu o sangue que tinha assustado a mulher. – Não, Emma. Você brigou com a Belle, lembra?

— Meu Deus, ela tá bem? Regina esse sangue... — Emma balbuciava, as lágrimas escorriam descontroladamente.

— Calma. – Regina segurou as mãos de Emma em volta de sua cintura, longe dos olhos da mulher. – Olha pra mim. – A fotógrafa deixou uma mão sua segurando os pulsos de Emma em volta de sua cintura, e a outra levantou o rosto da mulher para si. Os olhos de Emma estavam fechados, sua face molhada pelas lágrimas. – Olha pra mim, Emma.

Com muita vergonha, Emma abriu os olhos para Regina.

— A Belle está bem, está tudo bem. – Regina fazia carinho no rosto de Emma. – Ok?

— A Ivy? – Um desespero tomou conta de Emma, ela tentou andar, e quase caiu com Regina. As duas voltaram a se equilibrar.

— A Ivy tá lá fora com a Aurora e a Jasmine, ela também está bem.

— Eu tenho que ir... se ela me ver.... – Emma tentou se soltar de Regina, mas a fotógrafa estava presa a ela.

— Não, calma. Me escuta. – Regina segurou o queixo de Emma, seus olhos se encontravam. Todo o amor que sentia Regina tentou transmitir, não demorou para que Emma entendesse e caísse num choro descontrolado. Pela segunda vez naquele dia escondeu seu rosto no ombro de Regina e chorou. Suas mãos agora traziam o corpo da fotógrafa para junto de si. Emma sentia os carinhos de Regina. – Tá tudo bem, Emma, tudo bem, meu amor. – Regina sussurrou.

Emma soluçava nos braços de Regina quando Zelena voltou para a cozinha. Ela não sabia se interrompia ou deixava as duas sozinhas. Era visível que a tal estabilidade de Emma estava balançada. Estranho era Regina permanecer tão forte e tão perto. Mas não era uma decisão dela. Embora doesse ver a mulher que amava se dedicando tanto a outra.

— Gina. – Zelena falou um pouco receosa. A fotógrafa olhou discretamente sobre os ombros. – A Belle foi pra casa da Mulan, mas ela tá bem, só alguns... machucados. – Zelena sussurrou as últimas palavras. Regina concordou com a cabeça.

— Emm, vamos pro quarto, vem. – Regina saiu da frente de Emma, ficando ao seu lado, sem soltar o abraço. A face de Emma recebia as lágrimas sem parar. Seus olhos já estavam vermelhos e inchados. Lentamente Regina levou Emma para o seu quarto.

Não tinha percebido que Zelena seguiu as duas. Discretamente, a mulher colocou uma garrafa de água em cima do criado mudo, próxima de onde Regina deitava Emma.

— Dá um pouco de água pra ela. — Zelena disse.

— Pega uma roupa para ela vestir, por favor? – Regina pediu a Zelena, que foi até o closet da fotógrafa buscar a roupa. Enquanto a fotógrafa tirava o roupão e o biquíni de Emma, pegou a camisa de dormir que Zelena trouxe e, com a ajuda da modelo, vestiu a morena.

Emma não tinha mais forças, ela só conseguia chorar. Aos poucos, sua mente foi trazendo as lembranças do que tinha acontecido. Belle no chão, os braços dela tentando se defender, mas ela era fraca perto de Emma e perto da fúria que ela despejou na morena.

Sua mão descia contra o corpo de Belle, os tapas eram estalados. Emma sentiu que sua mão doía, mas ela não parava. Foi o rosto de Belle que sangrou, o sangue na sua mão era dela e não de Regina. Por um momento, Emma agradeceu. Depois lembrou da filha, de Regina, da própria Belle, ela não conseguia parar de chorar.

— Zelena, ajuda a Jasmine a fazer o almoço, por favor, assim que der eu desço para conversar com elas. – Regina estava sentada na beirada da cama. Fazia carinho nos cabelos de Emma, que estava encolhida na cama, perdida em seus pensamentos e sua dor.

— Pode deixar, qualquer coisa você me chama. – Zelena saiu do quarto, e foi fazer o que Regina disse.

 

(...)

 

— Mas porque eu não posso ver a minha mama? – Ivy estava sentada na mesa da cozinha, ao lado de Aurora, esperando o almoço e questionando todas as respostas de Zelena.

— Não é que você não pode, princesa. Mas agora a sua mama precisa ficar um tempo sozinha.

— A minha mommy tá lá, porque eu não posso?

— Ivy, a tia Emma deve estar triste, mas depois passa. Só espera um pouquinho. – Aurora gentilmente disse. Quando Emma tinha voltado, tinham dado as mesmas respostas para ela, até que Emma contou que estava doente, e tinha seus momentos difíceis.

— Mas eu cuido dela se ela tá triste. – Ivy respondeu para Aurora. Era visível o quanto era agoniante para a menina ficar parada ali, sem fazer nada.

— Você pode cuidar dela depois, agora só a sua mãe para ajudar mesmo. – Aurora foi paciente. Não convenceu Ivy por completo, mas pelo menos sanou as perguntas. Zelena olhou para Aurora e piscou, sussurrou um obrigada e foi ajudar Jasmine.

 

(...)

 

Regina não se moveu do lado de Emma. Aos poucos o choro da mulher foi parando, mas o olhar perdido permanecia. Olhando para Emma assim, tão fragilizada, tão desesperada, ela pode ter uma noção do que a mulher teria passado nos últimos anos. Isso ela entendia, mas sua cabeça teimava em lembrá-la que não era motivo para ter sido abandonada. Regina amava Emma. Sempre amou. Não iria ter deixado da mulher só por causa da doença. Ela conheceu Emma dessa forma intensa, ela amou Emma assim.

— Regina? – Emma perguntou com a voz embargada. Seus olhos se viraram para a fotógrafa.

— Eu estou aqui. – Regina se inclinou próxima ao rosto de Emma, suas mãos secavam a face da mulher.

— Me perdoa? Eu não queria, não queria machucar a Belle, me perdoa, Regina? – Emma segurou desesperada as mãos da fotógrafa. As lágrimas escaparam novamente.

— Perdoo, Emma. Tá tudo bem. Descansa agora, eu vou descer e depois eu vou trazer alguma coisa pra você comer, ok? – Regina falava, enquanto sua mão segurava a de Emma e a outra limpava o seu rosto, secando as lágrimas que teimavam em sair.

— Eu não tenho fome. – Emma deitou a cabeça no travesseiro. Um cansaço se abateu nela, fechou seus olhos diante dos carinhos que recebia.

— Eu não perguntei se você tinha fome. – Regina deu um beijo carinhoso no rosto de Emma. Cobriu a mulher e soltou sua mão. Saiu do quarto, mas deixou a porta aberta.

— Todo mundo almoçou direitinho? – Regina entrou na cozinha. Ivy levantou a cabeça que estava apoiada na mão. Era a única que tinha comida no prato. Regina foi em direção a filha e a pegou no colo, sentando em sua cadeira.

— Todo mundo menos a nossa princesa aqui. – Zelena olhou de Ivy para Regina.

— A comida da Jasmine não estava boa, meu amor? – Regina perguntou.

— Hei. — Jasmine reclamou, enquanto as outras riam.

— Cadê a mama? – Ivy perguntou para Regina.

— A mama está lá no meu quarto descansando. – Regina fez um carinho no rosto da filha. – Lembra que ela te contou que tinha ficado doente? – Quando a menina concordou Regina continuou. – Pois então, essa doença da mama é chata. Ela não vai embora assim pra sempre, ela volta e incomoda um pouquinho.

— Que nem gripe?

— É, quase que nem a gripe que volta todo inverno. – Regina sorriu. – Tem que ter paciência com a mama nessas horas, e muito muito carinho com ela.

— Mas eu queria ir lá cuidar dela, só que ninguém me deixou.

— Porque não era a hora. Vamos fazer assim, você termina de comer e a gente faz um prato bem gostoso para levar pra ela, que tal?

— Posso comer com ela? – Ivy pediu.

— Não, você termina seu almoço aqui na mesa, com as meninas. E agora. – Regina levantou e voltou a sentar a filha na cadeira. – Quero esse prato limpo.

Apesar de não ter gostado, Ivy voltou a comer. Regina foi esquentar a comida para Emma, e Jasmine se aproximou dela.

— Está tudo bem? O que aconteceu?

— Resumindo? Ontem eu briguei com a Belle, ela me bateu, a Ivy viu, hoje cedo a primeira coisa que ela fez foi contar pra Emma, que quando viu a Belle, perdeu a sanidade.

— Nossa, que loucura total.

— Você vai ficar com ela aqui, Regina? – Zelena tinha se aproximado das duas. Aurora estava distraindo Ivy enquanto a menina comia.

— Vou, ela não tem condições de ficar sozinha. – Regina colocou a comida no prato e arrumou a bandeja. – Vocês aproveitem a piscina. – A fotógrafa colocou a bandeja na mesa e olhou para Ivy. – Vamos subir?

A menina terminou de comer e colocou o prato na pia. Saiu correndo atrás de Regina e passou pela fotógrafa.

— Sem correr, Ivy. Céus, pra que correr sempre, parece que tem formiga na bunda que não pode andar direito. – Não adiantava mais, a menina já estava chegando na porta do quarto da mãe. Entrou quietinha, e parou na cama perto de Emma.

— Ela tá dormindo. – Sussurrou para Regina quando ela entrou.

— Acorda ela então, ela precisa comer.

— Mama... – Ivy chamou, chegou mais perto da cama, e deitou em cima de Emma. – Mama. – Ela chamou mais alto, olhou para Regina quando Emma não se mexeu. A fotógrafa fez sinal para que ela continuasse. – Mamaaaaaaaa.

— Mas quem é que está me acordando, quero encher de cócegas. – Emma resmungou. Antes que Ivy saísse correndo de cima dela, ela pegou a menina no colo e começou a fazer cócegas. As risadas de Ivy tomaram conta do quarto. Mesmo com o rosto inchado do choro, o sorriso apareceu. Como o sol vem depois da chuva. Brincar naquele momento com sua filha, foi como sentir a luz do sol iluminando sua vida novamente.

— Mommy, help me. – Ivy disse entre as risadas, mas Emma não parava. Misturava as cócegas com beijos barulhentos, só aumentando mais as risadas da filha.

— Vamos comer, Emm, antes que sua comida esfrie. – Regina se divertia ao ver as duas rindo. Mesmo que se assustasse um pouco com esses rompantes de alegria que Emma tinha, logo após momentos tão obscuros.

— Eu disse que não tinha fome, Regina. – Emma parou com as cócegas, encostou na cabeceira da cama com Ivy em seu colo.

— E eu disse que não tinha perguntado se você estava com fome. – Regina fez sinal para Ivy sentar do lado e colocou a bandeja no colo de Emma.

— A mommy é assim, quer que eu coma sempre, mas pergunta se ela comeu. – Ivy falou para Emma.

— Sua dedo duro. – Regina sorriu e passou por cima das pernas de Emma para pegar a filha e lhe fazer cócegas. Emma ria ao ver as duas felizes perto de si. Comeu mesmo sem fome. Toda aquela explosão de antes, parecia tão longe agora que tinha as duas mulheres de sua vida ao seu lado. Emma sempre esteve certa, mesmo com lágrimas e dúvidas, Regina e Ivy eram a sua sanidade, e ela precisava mais delas do que de qualquer remédio.

Por toda a tarde as três permaneceram juntas no quarto da fotógrafa. Foram tantos anos separadas, que nada mais importava além de ficarem juntas o tempo todo agora. Mesmo tendo perdido um dia lindo de sol, ninguém se importou. Brincaram toda a tarde, comeram sorvete, dessa vez foi Regina quem contou as histórias de suas fotos e exposições pelo mundo. As horas passavam rápido demais, o tempo ficava curto para recuperar tudo o que foi perdido. Estavam jogando cartas quando ouviram alguém bater na porta.

— Licença, meninas – Zelena abriu a porta e entrou no quarto. Deu para ver que o clima anterior tinha desaparecido. Emma estava sorrindo, assim como Regina. A preocupação tinha desaparecido do rosto da fotógrafa. – A Aurora e a Jasmine estão querendo ir embora, eu vou levá-las ok?

— Meu Deus, a Aurora, esqueci completamente dela. – Emma levou a mão na cabeça, olhou assustada para Regina.

— Relaxa, Emma, ela passou a tarde com a Jas na piscina, te garanto que ela se divertiu. – Regina passou a mão na perna de Emma tranquilizando a mulher. – Zelena, tem certeza que você pode levá-las? Eu posso pedir pro motorista.

— Não, Gina, de boa, nós combinamos de dar uma paradinha antes e tomar um sorvete. Vocês é que podiam nos acompanhar. – Zelena sorriu.

As três trocaram um olhar. Não precisava dizer nada, elas já sabiam a resposta.

— Vamos passar essa. – Regina respondeu e sorriu.

— Tia? Posso entrar? – Aurora bateu na porta já aberta.

— Oi, meu amor – Emma respondeu e estendeu a mão para a sobrinha. – Entra aqui, vem cá, sua tia quase se esqueceu de você.

— Quase, sei. – Aurora se aproximou de Emma sorrindo, abraçou a tia, e fez um carinho nos cabelos de Ivy, que olhava com certo ciúme. – Mas fica sossegada que aproveitei um monte esse dia longe da minha mãe. Acho que posso fazer isso toda semana.

— Eu vou adorar receber você aqui toda semana. Aliás, nada mais justo que vocês voltem semana que vem, para que saia um almoço mais programado, e que não seja a Jasmine que faça. – Regina disse rindo. A prima tinha chegado e mostrou a língua para a fotógrafa.

Emma pediu para Aurora ligar para a mãe dela, dizer que ia na sorveteria e depois para casa, e que ligasse quando chegasse. Se despediu da sobrinha e de Jasmine. Ninguém perguntou o que tinha acontecido, ou se ela estava bem. Era uma coisa boa na casa de Regina. Mesmo com todos os problemas, mesmo que Zelena tivesse presenciado, e Emma soubesse disso, ninguém mencionou o incidente. Ninguém a olhou como se ela fosse louca.

Regina tinha acompanhado as meninas até a saída. Passou na cozinha para deixar a bandeja que tinha levado antes para o quarto e pegou água para as três. Parou na porta ao ouvir a conversa de Ivy e Emma.

— Eu não sei. – Ivy dizia. – A mommy gostava dela, a Zelena até dormia na nossa casa, mas daí a mommy me disse que a Zelena não ia mais lá, porque elas não estavam mais juntas. Se gostavam, mas só como amigas. – Ivy deu de ombros. – Acho que a mommy sempre gostou de você, e daí não podia ficar com ninguém mais.

— E a Belle? – Emma arrumava suas cartas, enquanto fazia seu pequeno interrogatório sobre a vida amorosa de Regina para a filha.

— A tia Belle sempre quis namorar a mommy, mas a mommy nunca quis. – Ivy respondeu seca. Falar de Belle não era o que ela queria.

— E você? Nunca quis que a mamãe ficasse com alguém?

— Com a Zelena. – Ivy olhou culpada para Emma. – Ela é muito legal. E ela conseguia fazer a mommy sorrir, mas não era sempre. É diferente com você.

— Diferente como? – Emma jogava e perguntava, mais concentrada nas perguntas que no jogo, para a alegria de Ivy.

— Ela sorri sempre. E mesmo triste ela fica feliz.

— Ela ficou triste depois que eu voltei?

— Ficou, aquele dia da praia. Ela chorou um monte, como eu nunca tinha visto. Fiquei até brava com você, mesmo não sabendo que você era a minha mama, mas eu fiquei braba. – Ivy parou e olhou para Emma. – Mama, quando você ficou doente você foi embora. A mommy disse que a sua doença volta. Você vai deixar a gente de novo?

Os olhos de Emma encheram de lágrimas. Regina e Ivy tinham aceitado ela em suas vidas. Não queria dizer que o medo do abandono tinha ido embora.

— Não, meu amor. – Emma segurou o rosto da filha. – Eu prometo que nunca mais vou deixar vocês.

— Jura de dedinho? – Ivy levantou sua mão, mostrando o dedo mindinho para Emma.

— Juro. – Emma fez o juramento entrelaçando seu dedo com o da filha. Foi a hora de Regina secar suas lágrimas e entrar no quarto.

— Elas já foram. – Regina, deixou as águas no criado mudo e deitou na cama, atrás de Ivy. Deu um beijo na filha, e olhou sorrindo para Emma. – Quem quer comida japonesa de jantar?

— Eu! – Ivy e Emma responderam juntas.

— Ótimo, então vocês fazem o pedido enquanto eu tomo um banho, fechado? – A fotógrafa perguntou. Com a confirmação das duas, foi tomar o banho. Encostou a porta do banheiro, ouvindo as gargalhadas de Ivy, com as escolhas de Emma para o jantar.

Quando Regina saiu do banheiro, Emma estava andando pelo quarto, falando ao telefone. Ivy olhou para a mãe, estava vendo televisão e deu ombros, não sabia quem era. Regina foi até o closet se vestir e quando estava pronta, viu que Emma respirava fundo próxima a janela. A fotógrafa se aproximou, e colocou a mão no ombro de Emma.

— O que aconteceu?

— A Aurora chegou em casa e, para variar, minha mãe estava lá. Acabou fazendo um interrogatório na menina, ela me ligou chorando porque acabou contando o que aconteceu antes. – Emma se virou para Regina. – Liguei para a Ruby, mas minha mãe atendeu e fez o maior escândalo. Não suporto ela ficar me tratando como uma criança. Já passei dos trinta, caralho. – Emma esbravejou. Os olhos de Regina arregalaram como se tivessem chamando a atenção da mulher. Logo Ivy olhou para as duas.

— Mommy, caralho é uma palavra feia?

— É sim. – Regina virou para a filha. – Sua mama não devia ter dito. Agora preste atenção no desenho.

— Mas ela tem que pagar multa. – Ivy ainda olhava para as duas.

— Ela vai pagar. – Regina se virou para Emma. – Jarro do palavrão. Dez dólares para cada palavrão dito na frente dela, só assim consegui fazer com que as meninas parassem de xingar dentro do estúdio.

— Boa ideia. – Emma sorriu. Passou a mão no rosto de Regina, aproximou seu corpo para junto da fotógrafa. Suas mãos passaram em volta da cintura da fotógrafa. – Você é uma ótima mãe, não poderia ter escolhido melhor.

— Ás vezes eu olho para Ivy e nem acredito que eu cheguei tão longe. – Regina olhou para Emma, sua mão foi a nuca da mulher, a outra buscou uma mão de Emma em sua cintura. Entrelaçou seus dedos com os da mulher. – Eu senti tanto a sua falta.

Emma encostou sua testa na de Regina, seu nariz roçava no da fotógrafa, ela sussurrou.

— Jamais vou conseguir dizer o quanto vocês me fizeram falta esses anos todos. Eu vou lutar todos os dias, para recuperar esse tempo perdido.

Regina fechou os olhos, sua boca ficou entreaberta. Emma sentia o hálito fresco da fotógrafa, aproximou sua boca para os lábios de Regina. A campainha tocou.

— A comida chegou. – Ivy pulou na cama. Quando viu as mães tão próximas, sorriu e pulou para o chão. – Fiquem se beijando, que eu pego a comida. – A menina saiu correndo do quarto.

As duas sorriam com as testas unidas.

— Eu vou. – Regina olhou para Emma. – Alguém tem que pagar o jantar, que a sua filha saiu correndo para buscar.

— Eu pago. Vem, minha carteira está lá embaixo. – Emma pegou a mão de Regina e as duas desceram até a sala. Ivy estava com a porta aberta esperando o entregador.

O sorriso da menina desapareceu e ela fechou a porta. Correu até as mães que estavam na sala. Emma entregava o dinheiro para Regina quando a filha chegou correndo.

— Não é o entregador, eu abri o portão, porque pensei que era ele, mas não era. Me desculpa, mommy. – Ivy falava rápido, estava com medo. A campainha da porta tocou.

Regina olhou para Emma e foi até a porta. Emma pegou a filha no colo e seguiu a fotógrafa. A porta foi aberta. Regina congelou.

— Boa noite, Regina. – A voz era fria e dura. Atrás da mulher tinha uma estranha para a fotógrafa. – Vim buscar a minha filha.

A fotógrafa olhou para trás sobre os ombros. Sentiu seu coração gelar. A postura alegre, o sorriso, tudo tinha desaparecido. Aquele rosto era a mais pura expressão da raiva. Regina fechou um pouco mais a porta.

— Dona Mary Margareth. – A fotógrafa forçou um sorriso. – Claro, assim que você me mostra a comprovação que a sua filha é menor de idade. Porque eu não vejo nenhuma outra justificativa para a sua invasão na minha casa. – A postura de Regina era séria. Ela sentiu Emma se aproximando dela. Com mais força segurou a porta.

Antes que a mãe respondesse, Ruby tomou as rédeas da situação.

— Regina, eu sou a Ruby, irmã da Emma. – A mulher sorriu e estendeu a mão para a fotógrafa. Friamente Regina cumprimentou. – Nós só estamos preocupadas com a Emma e, apesar da minha mãe custar a entender, eu sei que ela só sai daqui se ela quiser.

Emma levou o braço envolta de Regina. A porta foi aberta e ela apareceu por completo. Fuzilava a mãe com o olhar.

— Eu não acredito que você veio até aqui, depois do que eu te pedi, do que eu te disse. Qual é o seu problema? – Emma acabou gritando. Regina olhou sobre o ombro, Ivy estava no lugar onde as duas estavam antes. Regina apontou pedindo para a menina subir. Se afastou da porta.

— Calma, Emma, por favor. – Regina pediu. – Entra, vamos conversar com calma.

Emma tentou segurar, mas não conseguiu. Regina puxou sua mão e a trouxe para a sala. Ruby e Mary Margareth entraram. As três sentaram, Emma andava pela sala com os braços cruzados fuzilando a mãe. Já que ninguém falava, Regina tomou a frente.

— A Emma teve um desentendimento com a minha sócia, coisa do passado. Ela ficou mal com isso, mas está muito melhor agora. – Regina falou e olhou para Emma. – Estava melhor.

— Ela surtou. – Mary disse. – Ela precisa de certos cuidados quando isso acontece, por essa razão ela deveria estar em casa. – Ela ralhou com Emma.

— Ela teve excelentes cuidados. Ela teve a filha dela do lado, fazendo ela rir e se divertir. – Regina falou mais alto, e antes da resposta de Emma e Ruby. Tinha sido um erro deixar as duas entrarem. – Como mãe eu entendo a sua preocupação. Mas, como mulher, eu vou pedir educadamente que você saia da minha casa, porque até segundos atrás, sua filha estava calma e sorrindo, e agora, como você pode perceber, ela não surtou na sua cara, provavelmente porque você é a mãe dela.

— Quem você...

— A mulher dela. Aquela que você acusou de assassinato. A mesma que ficou sozinha com a sua neta e a criou. A mesma mulher que passou seis anos sem uma notícia da esposa e que só sabia que ela estava viva porque a polícia veio contar. – Regina ficou de pé. – Emma pode ter surtado e fugido de mim, mas eu aposto que você tem uma grande parcela de culpa por esses anos todos sem notícias. E para alguém que se preocupa tanto com a filha, saiba que se ela tivesse voltado para mim, essa doença estava controlada há muito tempo. – Regina gritou as últimas palavras. A raiva de Emma parecia ter passado para ela. Nem Ruby nem Emma disseram uma palavra. As duas olhavam quietas para a fotógrafa. – Sai da minha casa.

Ruby levantou, olhou para irmã. Não teriam nenhuma conversa naquele momento.

— Você precisa de alguma coisa?

— Preciso do material para as aulas da Ivy. Começam amanhã. – Emma respondeu. Regina e Mary Margareth ainda se encaravam.

— Eu levo a Aurora para a escola e passo aqui, tudo bem?

— Desde que você deixe sua mãe em casa. – Regina praticamente rosnou.

Ruby pegou a mãe pelo o braço, apontou a porta. A mulher tentou reagir, mas Emma já tinha lhe dado as costas, e Ruby não lhe dava apoio. Saiu nada satisfeita.

— Espero que esse domingo não tenha sido um presságio do que vai ser a semana. – Regina passou as mãos na cabeça e olhou para Emma. A mulher estava com os olhos fechados, respirando fundo várias vezes.

— Regina, eu...— Emma começou a falar, mas Regina a interrompeu.

— Não precisa falar nada, Emma. A sua mãe era minha Belle atravessada. – Regina sorriu levemente e se aproximou da mulher. Emma abriu os olhos e abraçou forte Regina, ficaram juntas até a porta se abrir.

— Tinha um entregador no portão com uma linda barca. Claro que eu assaltei ele e trouxe o jantar. – Zelena fechou a porta com o pé, e sorriu para as duas mulheres na sala. – E, só por curiosidade, quem eram aquelas duas que acabaram de sair daqui com cara de poucos amigos?

— A minha mãe e a minha irmã, apareceram para fechar o domingo. – Emma manteve o braço envolta de Regina. Mesmo Zelena sendo só uma amiga, não foi o que ela tinha dado a entender quando Emma a conheceu, portanto era melhor não dar bobeira.

— Então ainda bem que eu convenci o rapaz a me entregar uns saquês do outro cliente. – Zelena abriu um enorme sorriso, que foi seguido por Emma e Regina.

A fotógrafa chamou Ivy, e as quatro foram jantar. Emma e a filha beberam refrigerante enquanto Regina e Zelena tomaram os saquês.

— Essa barca estava enorme, dava para comer mais umas três pessoas facilmente. – Zelena comentou.

— Realmente, mas todos os pratos deles são assim gigantes. – Emma comentou. Acabou bebendo alguns goles do saquê de Regina, durante a conversa que se estendeu até tarde.

Ivy tinha ido para o colo da fotógrafa e agora dormia pesado. Regina levantou e foi colocar a menina na cama. Deixando Emma e Zelena sozinhas na mesa.

— Eu tentei sabia. – Zelena disse olhando para Emma. – Eu tentei fazer essa mulher feliz. Mas eu não pude, ninguém mais pode. Foi sempre você, Emma. – Zelena terminou de beber, olhou para Emma novamente. – Portanto, trate de não estragar tudo.

— Eu não posso voltar e apagar os erros do passado, mas eu não vou perdê-la nunca mais. Pode ficar tranquila.

— E mesmo eu não apoiando a violência, amei a surra que você deu na Belle, foi tipo, para limpar a alma de muita gente. – Zelena começou a rir. Emma riu também. – Agora vai lá com a sua mulher. Eu arrumo as coisas aqui.

— Assim não dá, Zelena, desse jeito eu vou acabar gostando de você. – Emma sorriu, e saiu da mesa. Foi encontrar Regina no quarto de Ivy.

Ela não entrou, ficou observando todo o cuidado que a fotógrafa tinha com a menina. Regina deixou a filha abraçada com o xero e a boneca da fada, e um beijo de boa noite. Ela se aproximou de Emma na porta, e sussurrou:

— Ela perguntou se você ia dormir aqui, quando eu disse que sim, ela disse que queria que você acordasse ela amanhã.

— Você contou que eu vou dar as aulas para ela? – Emma segurou a cintura de Regina, deixaram a porta entreaberta e foram para o quarto da fotógrafa. Quanto mais perto do quarto, suas vozes iam aumentando.

— Não, você faz a surpresa. Tenho certeza que ela nem imagina. – Regina soltou a mão de Emma e foi vestir o pijama. Voltou e encontrou a mulher sentada na cama. – Você tem os seus remédios com você?

— Estão na minha bolsa. – Emma respondeu, ficou de frente para Regina. A fotógrafa pegou a mão de Emma, mordeu seu lábio inferior. – Pede.

— O que? – Regina estava perdida em pensamentos quando a voz de Emma a trouxe de volta.

— Pede o que você quer. – Emma sorriu. – Você sempre morde o lábio quando quer alguma coisa.

— Eu queria conhecer sua psiquiatra. – Antes que Emma respondesse, Regina continuou. – Eu quero entender melhor a sua doença e a melhor forma de te ajudar.

— Eu só vou lá porque praticamente sou obrigada. – Emma respondeu. Ela sentiu que Regina não acreditava nela, que ela estava melhor. Aquela briga com Belle tinha estragado tudo.

— Eu não quero ir lá para saber como você está. – Regina passou a mão no rosto de Emma. Parecia ler seus pensamentos. – Eu só quero saber como é essa doença, como eu posso te ajudar. Emma, eu não quero viver com medo de que você vai surtar e eu vou te perder. Eu preciso saber como identificar essas crises.

Emma fechou os olhos. Segurou a mão da fotógrafa em seu rosto. Olhou novamente para Regina.

— Você pode vir comigo essa semana quando eu for lá.

— Obrigada. – Regina se aproximou mais de Emma. Seus rostos ficaram tão perto quanto seus corpos. – Eu sei que não deve ser fácil para você, então obrigada.

— Tudo por você e pela Ivy. – Emma abraçou Regina. Sua mão fazia carinho pelas costas da fotógrafa. Ela olhou para os lábios de Regina. – Não tem mais ninguém para tocar a campainha agora, não é mesmo?

— Não. – Regina sorriu. Sua mão estava no rosto de Emma, fazendo carinho. – E se tocar, eu não vou atender.

— Ótimo, assim podemos continuar de onde paramos. – A boca de Emma já estava próxima da fotógrafa.

— E onde nós paramos? – Os olhos se fecharam.

— No beijo. – Emma sussurrou.



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