1. Spirit Fanfics >
  2. Born to Die >
  3. Don't make me sad, don't make me cry

História Born to Die - Don't make me sad, don't make me cry


Escrita por: auswanqueen

Capítulo 12 - Don't make me sad, don't make me cry


Regina leu e releu diversas vezes a mensagem. Olhou para o número novamente. Precisava tirar a prova. Procurou pela bolsa de Emma no quarto, mas não encontrou.

— Belle, fica aí mais um pouquinho, eu vou descer para ver como anda o jantar, ok? – Regina falou enquanto saía da cama com o celular na mão.

— Não demora, mommy. – Ivy disse, e abriu a boca de sono. Ainda estava sob o efeito dos remédios. Não ficaria acordada mais muito tempo.

Belle percebeu que Regina tinha ficado preocupada, mas não comentou nada. Voltou a brincar com Ivy, e focou em mantê-la acordada. Regina desceu as escadas, e ouviu a conversa entre Zelena e Emma na cozinha. Procurou novamente pela bolsa da mulher, abriu e pegou o celular. Regina procurou o contato, e confirmou as suspeitas.

— Tá tudo bem? – Emma estava com a bandeja nas mãos, indo em direção ao quarto quando viu Regina de costas, na sala.

A fotógrafa levou um susto, mas achou melhor não comentar nada com Emma ainda. Jogou o celular da mulher dentro da bolsa e pegou o primeiro papel que viu.

— Oi... que susto você me deu. – Regina sorriu para Emma. – Vim pegar a receita da Ivy, queria confirmar se eu tenho o remédio que ele receitou em casa.

— A Mulan e a Jasmine foram comprar os remédios. A receita não está aí. – Emma falou desconfiada. Regina sabia disso, ela mesma quem tinha pedido para as meninas comprarem os remédios.

— Verdade. – Regina levou a mão na cabeça, como se momentaneamente tivesse se lembrado. Internamente, se repreendeu por não ter pensado numa mentira melhor. – Esqueci completamente. Acho que ainda estou assustada.

— Vamos levar a comida para ela antes que o sono a pegue de vez. – Emma respondeu. Não estava convencida com as desculpas de Regina. E nem o porquê de a fotógrafa estar inventando desculpas para ela agora. Subiram em silêncio.

No quarto, Ivy lutava contra o sono, diante das brincadeiras de Belle. Quando as mães chegaram, a assistente deu um beijo na menina, e se levantou para sair.

— Belle. – Regina segurou a assistente antes dela sair. – Desculpa por mais cedo, no hospital. Não deveria ter gritado com você, não foi sua culpa.

— Tudo bem, Regina. Você ficou nervosa e eu sei o quanto você pira quando a Ivy fica doente, imagina com um acidente desses. – Belle sorriu, fez um carinho na mão de Regina.

— Estamos bem? – A fotógrafa perguntou.

— E eu consigo ficar brava com você? – Belle sorriu e as duas se abraçaram. Emma estava dando o jantar de Ivy, e viu de relance o abraço. Não conseguiu controlar o ciúme. Fechou os olhos e contou até dez. Belle é só amiga, Belle é só amiga, respirou fundo, e voltou a cuidar da filha, que a encarava com um olhar curioso.

— Mamãe estava só se acalmando. Não é nada demais. – Emma fez um carinho nos cabelos de Ivy.

— Tá com ciúmes da mommy? – Ivy sussurrou. Emma soltou uma risada.

— Mas você é uma anteninha, não é mesmo?

— Relaxa, mama, a mommy gosta mesmo é de você. – Ivy sorriu para a mãe. Por conta dos curativos que tinha nas mãos, e a dormência que ainda sentia, devido a anestesia que levou para receber os pontos, Ivy tinha que receber a comida na boca.

— É claro que eu gosto, por que não gostaria? – Regina disse sorrindo, ao sentar-se do lado da menina na cama e ouvir apenas a fala da filha.

— Nada. – Emma respondeu antes de Ivy. – Apenas uma conversa nossa. Deixa de ser curiosa. – As duas mulheres se entreolharam, e por todo o restante do jantar da menina, não falaram mais nada.

Emma levou a bandeja na cozinha, limpou tudo, pegou os remédios que as meninas tinham deixado na entrada, e voltou para o quarto. Nesse meio tempo, Regina já tinha colocado Ivy para dormir.

— Vou colocar os remédios dela aqui. – Emma deixou em cima da cômoda de Regina. – O que aconteceu?

— Como assim o que aconteceu? – Regina olhou para a mulher sem entender.

— Você estava mexendo na minha bolsa. – Emma cruzou os braços, estava apoiada na cômoda. Regina fechou os olhos e respirou fundo.

— Eu recebi uma mensagem e fui olhar no seu celular para saber se era de quem eu estava pensando. Não era. – Regina mentiu. Iria acabar tendo que dizer de quem ela achava que seria a mensagem, se contasse a verdade para Emma.

— E o que tinha nessa mensagem? Quem você achou que tinha te mandado?

— Não era nada demais, só fiquei curiosa, achei que poderia ser da sua psiquiatra.

Ela estava mentindo. Emma podia sentir. O que quer que tivesse naquela mensagem tinha balançado Regina. Tanto que ela estava mentindo agora. A fotógrafa sabia que aquela história não iria terminar ali, não estava fácil enrolar Emma. Mas antes de despejar uma bomba em cima da mulher, ela precisava de certeza.

Emma se deitou na cama, abraçou a filha e deixou o sono vir. Regina esperou Emma dormir e depois pegou seu celular, apenas por garantia, colocou senha nele. Por fim, nenhuma das duas conseguiu dormir direito. Ivy teve febre no meio da noite, teve pesadelos, acordou chorando algumas vezes. Quando Emma acordou, a fotógrafa estava sentada na cama, com uma xícara de café nas mãos, e o notebook no colo.

— Bom dia. – Regina disse primeiro. Sorriu para a mulher. – Trouxe uma xícara de café para você. — Emma abriu e fechou os olhos mais algumas vezes, e por fim se levantou.

— Obrigada. – Ela sorriu para Regina. Sobre Ivy, ela se inclinou e deu um beijo na mulher. O café estava quente, e depois daquela noite, desceu maravilhosamente bem. – Vou em casa, tenho que pegar mais umas roupas e preciso passar na escola também. Posso dar a aula para Ivy de tarde hoje?

— Claro que pode, é até melhor deixar ela acordar sozinha. – Regina fechou o notebook e olhou para Emma, que tomava seu café de costas para ela. – Está tudo bem que precisa passar na escola?

— Tenho que trocar o material da Ivy, apesar da dificuldade em escrever, ela está muito adiantada, no geral mesmo. – Emma olhou para Regina. – Por que você nunca a colocou numa escola?

— Porque eu viajava muito. Tinha muitas exposições, ficava muito tempo fora. Ela iria acabar perdendo o ano, então eu comecei com o ensino em casa. Qualquer lugar que eu fosse ela poderia seguir com aprendizado sem interrupções.

— Mas precisou de uma nova professora agora.

— Aqui em Storybrooke as coisas são diferentes. Não dava para manter as aulas no estilo, eles não iriam considerar e seria uma menor fora da escola.

— Eu conversei com ela, ela não tem amigos da idade dela. Ela considera a Jasmine uma amiga. – Emma olhava para Regina. Esperava fazer com que a fotógrafa entendesse o que a menina estava perdendo, e o quanto seria prejudicial a ela.

— Eu sei, Emma, mas se eu tiver que viajar para uma exposição daqui há duas semanas e tiver que ficar fora por um mês?

— Ela pode ficar comigo. Nós esperamos você.

— Eu nunca me separo da minha filha. – Regina se levantou. – Eu aceito sua preocupação, mas eu sou a mãe presente e a educação dela vai continuar como está.

Emma baixou a cabeça. Mãe presente. Ela também se levantou e olhou para Regina.

— Você foi a mãe presente, mas se nós vamos criar a Ivy juntas, a minha opinião também tem que valer. Ela precisa ter contato com crianças da idade dela. Você sabe disso.

— Ela está bem, ok? Ela esteve assim a vida inteira. – Regina levantou o tom de voz. Era questão de tempo para que Emma quisesse tomar conta da educação da menina. – Você mal a conhece, não tem direito de dizer o que ela precisa ou deixa de precisar.

— Ela não sou eu, Regina. Ela não vai te deixar só por ir para a escola. – Emma segurou as lágrimas. A fotógrafa tinha vindo com todas as armas contra ela e mesmo que Emma estivesse certa, ela ainda estava errada. Seis anos longe, não seriam compensados em três semanas. Talvez tivesse falado muito cedo com Regina sobre isso. Ou talvez não importe o tempo que passasse a reação da fotógrafa seria a mesma. – Eu volto de tarde, pelo menos diga isso quando ela acordar. – Emma deu um beijo na testa da filha e saiu do quarto.

Regina ficou parada olhando Emma sair. Por um momento ela questionou se realmente a mulher voltaria à tarde. Voltou para cama ao lado da filha, e a pegou no colo. O sono da menina estava tão pesado, que ela nem se incomodou quando Regina a apertou junto ao seu peito.

A fotógrafa não saiu da cama até que Zelena apareceu na porta.

— Hey, bom dia, posso entrar?

— Oi, Zel, entra, claro. — Regina sorriu para a amiga, colocou Ivy na cama.

— Nada dessa mocinha acordar ainda? – Zelena trazia uma bandeja nas mãos. – Eu trouxe o café da manhã.

— Não, vou deixá-la acordar sozinha, ela teve febre, pesadelos, foi uma noite muito agitada. – Regina pegou a bandeja e colocou no pé da cama.

— E essa carinha aí é só preocupação com a Ivy ou tem mais?

— Eu e a Emma tivemos um desentendimento hoje cedo. – Regina respirou fundo. – E eu acho que a psiquiatra dela é mais louca que ela.

— Como? Começa com a parte da psiquiatra louca. – Zelena acabou pegando uma xícara de café para acompanhar a conversa. Regina olhou para filha e checou se o sono ainda estava pesado mesmo. Olhou para Zelena, e a acompanhou com o café.

— Ontem nós fomos lá e resumindo, ela me disse que a convivência da Emma com a gente pode fazer com que um novo surto ocorra. E a Emma se desesperou e me garantiu que não. Que nós somos a sanidade dela. – Regina apontava para ela e Ivy quando falava.

— E você acha que a psiquiatra dela é louca por isso? – Zelena não podia acreditar que por tão pouco Regina chegaria numa conclusão daquelas.

— Não, o problema é que eu acho que ela vem prejudicando o tratamento da Emma. – Regina colocou a xícara na bandeja. – É notável o quanto a Emma se esforça para se controlar. Eu sinto que ela só se solta mesmo quando estamos nós três, é como se ela só ficasse segura desse jeito. Quando qualquer outra pessoa está perto, dá para notar o quanto tudo o que ela faz exige um controle. E ainda assim, ela oscila muito no humor. Você tinha que ter visto ela na consulta. Entrou nervosa e quando a psiquiatra disse que nós poderíamos causar um novo surto nela, ela gritou, ficou agressiva e dois minutos depois se ajoelhou na minha frente, em lágrimas e se desculpando. Eu estou assustada. O que ela fez com a Belle e como ela ficou depois. Me deu pena, eu nem consegui brigar com ela.

— É, aquilo com a Belle foi assustador, por mais que tenha sido muito legal ela ter enfiado a mão na cara do terror moreno, acompanhar a reação dela, de pura raiva para aquelas lágrimas, é tão... fora do que a gente está acostumada a lidar. – Zelena olhou para Regina e sorriu. – Mas você acha que isso ocorre por problemas nos medicamentos? Porque eu a vi tomando remédio hoje de manhã, antes de sair, e ela estava triste, só para avisar.

— Acho sim, acho que ela deveria medicar a Emma com um estabilizador de humor e não um antipsicótico, como ela vem fazendo. Pelo menos foi o que eu li na internet, mas hoje cedo mandei um e-mail para a doutora Ariel, vou esperar pela resposta dela. – Regina olhou para Ivy que estava começando a acordar. – Se eu estiver certa, vamos ter que mudar de psiquiatra. O que não vai ser ruim, já que a louca gosta da Emma. – Regina olhou para Zelena que estava incrédula sobre a última parte. A fotógrafa concordou com a cabeça, e foi para o lado da filha, esperar ela acordar de vez. – Bom dia, meu amor. – Regina deu um beijo na pequena.

 

(...)

 

Antes de ir para casa, Emma passou na escola, conversou com a diretora e trocou o material para as aulas de Ivy. Aproveitou e pegou o folheto com as aulas extracurriculares da escola e mais alguns de outros locais que ofereciam atividades para crianças. Regina podia ser teimosa, mas a professora também era, e não iria desistir assim fácil da ideia de socializar a filha com as crianças da idade dela. Estava arrumando suas coisas em casa, quando a campainha tocou.

— Mãe. – Emma respirou fundo, saiu da porta e voltou para o quarto. Mary Margareth entrou e fechou a porta, foi em silêncio atrás da filha. – Eu não quero brigar, não estou nos melhores dias então, por favor, me deixe.

— Eu também não quero brigar, Emma. – Mary Margareth olhava a mala que a filha fazia. – Vim para me desculpar. Fiquei preocupada com você aquele dia, com isso tudo, e acabei fazendo o que não devia.

— Fez mesmo, mãe. – Emma olhou séria para a mãe. — E mereceu o que ouviu da Regina.

— Eu sei. E eu pensei no que ela me disse. E acho que ela está certa. Talvez nessa minha vontade de proteger você, de cuidar de você, eu ajudei nesse afastamento de vocês, e mesmo sem querer, posso ter prejudicado a minha neta.

— Neta? – Emma se sentou na cama, seus olhos encheram de lágrimas. – É a primeira vez que você fala assim da Ivy.

— Para uma avó tão coruja da Aurora, eu sinto que fui muito insuficiente com a Ivy. – Mary se aproximou de Emma, sentou-se ao lado da filha e segurou suas mãos. – Não vou mentir e dizer que me sinto bem com você ao lado de uma mulher. Mas, se é uma mulher que te faz feliz, que te faz bem, não vou deixar essa ideia boba e antiquada me afastar de você. – A mulher tinha os olhos marejados, enquanto Emma já chorava. – E você deu à luz aquela menina, e mesmo que ela seja a cara da Regina, ela é minha neta, e é meu dever como avó encher ela de doces e presentes. – As duas sorriram. Emma abraçou a mãe com força.

— Obrigada, mãe. Irritantemente você é a melhor. – Emma sorriu, enquanto Mary Margareth secava suas lágrimas.

— Eu preciso recuperar rapidamente esses seis anos perdidos com aquela menina, alguém precisa me defender nessa família.

— Como diz a Regina, a Ivy gosta de todo mundo. Você vai amá-la. – Emma sorria. Sua mãe, pela primeira vez, tinha mostrado vontade em conhecer Ivy. Até então era a única que nunca tinha demonstrado interesse na sua filha. A alegria de Emma era tanta, que ela nem se importava mais com as duras palavras de Regina. – E ela deu um susto na gente ontem. Acredita que ela caiu com o prato na mão, quebrou o prato e os cacos de vidro cortaram a mão dela. Isso bem na hora que eu e a Regina estávamos na doutora Fiona.

— O que? Mas ela está bem? Muito machucada? – Mary perguntou e teve uma curiosidade a mais. – Foi com a Regina na doutora Fiona? O que ela achou?

— Ela está melhor agora, Regina acabou de me responder que ela já acordou e já está comendo direitinho. – Emma olhou séria para mãe. – Ela não gostou muito. Ficou querendo ver minha receita, achou que a doutora da em cima de mim. Imagina isso. – Emma voltou a fazer a mala.

— Não sei de onde ela possa ter tirado isso, talvez daquele decote exagerado. – Mary Margareth se levantou, ajudou Emma a escolher as roupas e colocar na mala.

— Mas será possível que todo mundo reparou nesse decote?

— Minha filha, você não viu por que sua cabeça e desejo só tem lugar para a Regina. Mas que sempre esteve lá esse decote, esteve. – Mary olhou para a filha. Seu olhar dizia você ficou sozinha porque quis. Emma sorriu e fechou a mala. – Eu queria ver a Ivy, posso?

— Pode, ela deve estar manhosa e eu e a Regina tivemos um desentendimento hoje cedo, tenho que trocar as lições da Ivy, então acho melhor pular a aula hoje mesmo. – Emma deu de ombros.

— Problemas no paraíso? Você me conta no almoço, vamos para o shopping, eu aproveito para comprar um presente para a minha neta. – Mary Margareth sorriu e Emma não negou o convite. Ela e sua mãe tinham suas divergências, mas ainda assim podiam ser amigas.

Para não pegar a fotógrafa de surpresa, Emma avisou que tinha conversado com a mãe e que ela queria conhecer a neta, e por isso levaria ela na parte da tarde. Como resposta, Emma ganhou o silêncio de Regina e não sabia dizer se isso era bom ou ruim.

— O que tem essas mensagens que estão deixando você assim, hein? – Belle se aproximou de Regina e se sentou ao seu lado. A fotógrafa estava olhando para o celular. O notebook ligado na caixa de e-mail na sua frente. Ivy estava com Zelena sentada na borda da piscina.

— Emma vai trazer a mãe dela hoje à tarde para conhecer a Ivy. – Regina respondeu com os olhos na filha.

— Ué, diz que você não quer, a casa é sua, a filha é sua. – Belle deu de ombros.

— A filha não é só minha.

— A filha é só sua se você cria sozinha. Chegar agora que a menina está crescida e querer ocupar o posto é muito fácil, mas quem ficou com as fraldas sujas e as noites em claro foi você.

— Eu sei, Belle. – Regina respirou fundo. – Mas se eu ficar nessa o tempo inteiro, nunca vou me acertar com a Emma. – A fotógrafa olhou para a assistente.

— E quem disse que você precisa se acertar com ela? – Belle sorriu.

— Eu, porque eu a amo. – Regina sorriu de volta para Belle, e respondeu a mensagem de Emma. – E eu me casei com ela, eu aceitei a família que veio de brinde.

— Nem sei se esse casamento é válido ainda, e você não conheceu a família dela. Só a mãe, e pelo amor, posso escolher não precisar olhar para a cara dessa mulher de novo? Senão eu baixo a Emma pra cima dela.

— Credo, Belle, por favor, isso não. – Regina não conteve o sorriso. — E é claro que meu casamento é válido, eu nunca pedi o divórcio, nem a Emma.

Ao ouvir o nome da mãe, Ivy se levantou e foi até Regina.

— A mama tá vindo?

— Tá sim, meu amor, ela vai trazer uma surpresa para você. – Regina pegou a filha no colo, e usou a toalha para secar as pernas da menina.

— Que surpresa?

— Se é surpresa você não pode saber, né, curiosidade? – Belle falou sorrindo.

As quatro almoçaram na piscina e logo após o almoço Belle voltou ao estúdio para cuidar dos detalhes das próximas campanhas de Regina. Não muito tempo depois. Emma chegou.

— Mama. – Ivy viu a mãe chegando na parte da piscina e saiu da mesa correndo em direção a Emma.

— Meu Deus, qual parte do não corre mais que ela não entendeu? – Regina falou sozinha, e foi atrás da filha. Emma já tinha se adiantado também, e pegou a filha no colo na metade do caminho.

— Correndo de novo, menina? Você não tem dó do meu coração? – Emma perguntou, seu tom não era bravo como o de Regina que vinha logo atrás.

— Ivy, eu não disse para você não correr mais desse jeito? Você nem sarou e já está descontrolada correndo de novo.

A menina se encolheu no colo de Emma, olhou com os olhos baixos para Regina.

— Desculpa, mommy. – Resmungou. Emma e a fotógrafa trocaram um olhar. Emma pediu calma para a mulher, e sorriu.

— Olha aqui, pequena, alguém veio te conhecer. – Emma disse, foi levando Ivy até onde sua mãe estava. Mary Margareth tinha ficado parada quando viu Emma e Regina correndo atrás da menina. Mesmo que tivesse vontade de dizer que não era para tanto a reação das duas, ficou quieta. – Essa é a minha mãe, você viu a foto dela lá em casa, lembra? Dona Mary Margareth, sua avó.

— Oi, você é muito linda, sabia? – Mary disse. Ivy estava com os curativos na mão, então deu logo um abraço na avó.

— Oi. Obrigada. Também acho você linda. – Ivy voltou a se ajeitar no colo de Emma. – Agora eu tenho um avô e uma avó. – A menina sorriu e olhou para Regina, esperando a confirmação da mãe.

— Tem sim, mas a família da mama é grande, tem mais gente para você conhecer ainda. – Quem respondeu foi Emma. A fotógrafa ainda estava tensa em seu lugar, um pouco atrás de Emma.

— Sua mãe me contou que você se machucou, então eu comprei para você uma coisa que a sua mãe adorava fazer quando estava doente ou machucada. – Mary tirou de dentro da sacola um presente e entregou para a Ivy. A menina agradeceu e foi logo abrindo.

— Puzzle! – Ivy sorriu ao ver o presente. – Eu adoro, só que preciso de ajuda para montar, você me ajuda?

— Quebra-cabeça. – Emma se inclinou ao lado de Ivy. – É um quebra-cabeça.

— Quebra-cabeça. – A menina repetiu, mostrou para a fotógrafa.

— Muito legal, leva sua avó no estúdio, lá no seu cantinho para vocês montarem. – Regina forçou um sorriso. Não estava contente com a presença de Mary Margareth, e muito menos convencida dessa espontânea aproximação. Mesmo assim, deixou que a filha levasse a mulher para o estúdio, porque sabia que Belle estava lá. Com sorte, a assistente infernizaria a sua sogra. – Precisamos conversar. – Disse para Emma, quando as duas entraram em casa.

— Eu sei. – Emma cruzou os braços.

— É sobre aquela dúvida que eu tinha. Eu conversei com a médica da Ivy, que conversou com um psiquiatra amigo dela. – Regina respirou fundo. – Eu estava certa. A Fiona não está te passando o tratamento correto.

— Como é que é? Do que você está falando? – Emma descruzou os braços. Ela não podia acreditar no que estava ouvindo. Fazia aquele tratamento há anos. Tinha melhorado, ela sabia, a família havia dito para ela. Céus, eles que a obrigavam a ficar voltando lá.

— Calma, deixa eu te explicar, vem cá. – Regina segurou o braço de Emma, e a trouxe para a mesa. — Senta aqui. A Zelena me ajudou nessa pesquisa.

Emma olhou para Zelena. Sua respiração ficou ofegante. Regina virou o notebook para ela.

— Esses aqui são os artigos que eu li sobre a sua doença. Todos eles mencionam no tratamento o uso de estabilizadores de humor. Diante disso, eu pesquisei os remédios que você toma. E por isso te perguntei da receita nova. – Regina olhava para Emma. Seu medo era que a mulher explodisse de alguma forma. E aparentemente ela não iria conseguir evitar. – Eu mandei sua receita e a explicação que a Fiona me deu sobre o seu caso para doutora Ariel, a médica da Ivy. Ela consultou um psiquiatra amigo dela. E pela descrição do seu caso, ele disse que você deveria tomar um estabilizador de humor, em vez do antipsicótico.

— A Regina detalhou algumas das situações em que aconteceram essa sua mudança de humor para eles, tipo o incidente com a Belle – Zelena olhou para Emma. – Ou como está acontecendo agora.

— E aconteceu no consultório. – Regina olhou para Emma. – Meu amor, essas suas repentinas oscilações de humor podem ser controladas, melhoradas. Com o tratamento certo.

— Você está dizendo que faz cinco anos que eu sou enganada? – O tom de voz baixo de Emma foi subindo conforme ela ia falando.

— Estou dizendo que devemos consultar outro psiquiatra, porque sim, seu tratamento pode estar prejudicado.

Regina nem tinha terminado a frase quando Emma já estava de pé andando de um lado para o outro. As mãos de Emma tremiam e o silêncio tinha tomado conta. Zelena e Regina trocaram um olhar e deixaram a professora assimilar toda a notícia no seu tempo.

Cinco anos, cinco longos anos de tratamento, como podia estar errado. Emma tinha melhorado, a família lhe havia dito, ela sabia disso, conseguia ver as mudanças que teve todo esse tempo. Não podia estar tomando remédio errado, ela estava... Emma parou. Melhorando, Emma estava melhorando há tanto que nem se lembrava direito. Mas nunca ficava boa o suficiente para andar sozinha. Foi ela quem pediu para diminuir as sessões, foi ela quem pediu para diminuir os remédios. Nada disso vinha da médica. Emma achou que era bom isso, essa iniciativa que ela tinha, mas depois do que ouviu, ela não tinha mais certeza.

Suas pernas fraquejaram e ela foi ao chão. Antes de seu corpo inteiro desabar, ela sentiu as mãos de Regina ao seu redor.

— Emma, Emma. – A fotógrafa gritou.

— Eu achei que estava melhor. – Emma olhou para a mulher. Seus olhos se encheram de lágrimas. – Eu coloquei vocês em perigo. Me deixa ir. – Ela tentou se soltar de Regina, mas a fotógrafa abraçou a mulher com toda sua força.

— Não fala isso, Emma. Olha aqui pra mim. – Regina segurou o rosto de Emma. – Quantas vezes eu tenho que te dizer que você é a minha escolha? Com doença ou sem eu escolho você, Emma. – Regina estava chorando agora. As duas ajoelhadas, de frente uma para a outra. Emma passou a mão no rosto da mulher. – Para de fugir de mim. – O pedido veio entre as lágrimas. Emma estava fragilizada, mas usou suas forças para abraçar a mulher.

— Desculpa, meu amor. – Emma chorava com Regina em seus braços. – Mas eu não posso colocar vocês em perigo. – Emma segurou suas lágrimas, o tanto que conseguiu. Soltou Regina, e se levantou. Dessa vez a fotógrafa não reagiu. Apenas sentiu Emma sair de seus braços e ir para longe dela. Regina ficou no chão, dominada pelas lágrimas e pelo pavor de estar sendo abandonada novamente.

— Emma, não faz isso, você não precisa fazer isso. – Zelena, que via a cena, também não conseguia acreditar no que a mulher estava fazendo. Implorou em nome da amiga.

— Eu não posso. – Emma disse sem se virar. Não olhou mais para trás. Não conseguiria mais andar se olhasse. Entrou no estúdio da fotógrafa e chamou a mãe.

Mary Margareth levou um susto ao ver a filha em prantos, passando pelo estúdio feito um furacão. Ivy nem conseguiu chegar na mãe. Os braços de Emma esticaram dizendo para a menina parar. Emma nem olhou direito para a filha. Saiu sem dizer adeus.

Zelena tinha se ajoelhado ao lado de Regina. Abraçado a fotógrafa, enquanto as lágrimas de dor desciam sem parar. O choro que anos atrás tinha ficado trancado no peito, agora saía sem medo. A dor do abandono tinha voltado, e dessa vez era pior. Tantas vezes tinha ouvido que não aconteceria de novo, que não seria abandonada de novo, e ali estava ela, sozinha de novo. Emma tinha fugido de seus braços novamente, novamente por medo. Um medo de que nem Regina conseguia vencer.

 

(...)

 

— Emma, minha filha, por favor me conta o que aconteceu. – Mary Margareth tentava falar com a filha. Tinham vindo no carro apenas com o choro de Emma como barulho. Agora a mulher tinha se jogado no sofá da sua casa, abraçado uma almofada e chorando mais ainda. A cena se repetia, como anos atrás quando Emma voltou dos Estados Unidos, ela estava igual. Um retrocesso. Mary Margareth ligou para Ruby e para a irmã, Elsa.

A primeira a chegar foi Ruby. O déjà vu foi o mesmo que a mãe tinha dito. Emma aos prantos, inconsolável, naquele sofá.

— Eu não sei o que houve, eu estava com a Ivy, brincando com ela dentro do estúdio, quando a Emma chegou desse jeito. Ela disse que tinha brigado com a Regina hoje cedo, mas não me pareceu nada grave quando nós chegamos lá.

Ruby se aproximou da irmã. Sentou-se ao seu lado e acariciou seus cabelos.

— Emma, o que houve?

— Eu fui uma idiota, uma tola. – As palavras custaram a sair. Eram pedras em sua garganta.

— Por quê?

— Eu não posso ficar com elas. Eu sou um perigo.

— Do que você está falando minha filha? – Mary Margareth tinha sentado próxima as filhas. – Você não é um perigo para ninguém.

— Ela mentiu para mim. Eu não estou bem, eu nunca estive.

— Eu vou pedir para a Granny fazer um chá de camomila para você, você vai se sentar, tomar ele, se acalmar e contar certinho o que está acontecendo. – A mulher deu um beijo em Emma e foi até a cozinha. Deixando Ruby tentando consolar a irmã.

Emma precisou de algumas xícaras de chá e muito tempo para controlar o choro. Tinha dado tempo para Elsa chegar e ficar a par de tudo o que estava acontecendo. Emma voltou a deitar no colo da mãe. Tinha o olhar perdido.

— A Regina falou com uns médicos lá de fora. Ela contou meu caso para eles e eles disseram que eu estou sendo tratada com os medicamentos errados.

— Como assim? – As três mulheres se entreolharam.

— Eu devia tomar outro remédio. – Emma enxugou mais uma lágrima. – Eu não estou melhor, nunca estive. Era tudo mentira da Fiona. Eu as coloquei em perigo.

— Mas isso não faz o menor sentido. Você estava melhor sim. – Elsa enfatizou.

— Não, eu que pedi para ir menos vezes, eu que pedi para diminuir a dose, eu que achei que eu estava melhor. Mas era mentira, tudo mentira. Ela ficou me prendendo lá, eu nunca melhorei, apenas enganei.

O silêncio tomou conta da sala de estar. Ninguém falava nada. As confusões ficaram estampadas no rosto de cada uma. E Emma voltou a se isolar em seu mundo com seus pensamentos. Ruby foi quem tomou uma atitude e ligou para Regina. O celular tocou diversas vezes até que alguém o atendesse.

— Alô? – Uma voz desconhecida atendeu. – Emma?

— Não, é a irmã dela, Ruby. É a Regina? – Ruby perguntou. Estava longe de Emma para que a irmã não a ouvisse.

— Não, é a Zelena, uma amiga dela. A Regina não está em condições de falar agora.

— Zelena, eu não sei exatamente o que houve, porque a Emma não consegue falar direito. Mas ela precisa da Regina. Eu já a vi desse jeito, e não terminou bem da última vez.

— Ruby, a Emma deixou a Regina chorando no chão no meio do gramado. Tem uma criança chorando aqui, porque uma mãe está aos prantos na frente dela e a outra saiu chorando de casa, e ninguém sabe o que dizer.

— Por favor, só me deixe falar com a Regina.

Zelena parou de andar, respirou fundo. Olhou para trás, viu Regina chorando com Ivy em seu colo. A menina estava abraçada com Regina, mas ela sabia que Ivy chorava junto. Perto delas estava Belle, seus olhares de encontraram e a cabeça da assistente fez que não. Foi o que Zelena precisava para saber o que fazer a seguir.

— Espera. – Zelena foi até Regina. Belle tentou pegar o celular de sua mão, mas não conseguiu. – Gina, olha aqui. – Regina não olhou, manteve os olhos fechados. – É a irmã da Emma e eu realmente acho que você deveria ouvir o que ela tem a dizer. – Regina não se mexeu. – Ruby, eu vou colocar o celular no ouvido dela e você fala, ok? – Zelena fez o que disse.

— Regina? Regina, é a Ruby. A Emma nos contou sobre os medicamentos e para dizer a verdade ninguém entendeu direito essa história. – Ruby podia ouvir o choro do outro lado da linha. – Regina, eu sei que ela te deixou agora. Mas há seis anos, quando isso aconteceu, você se acomodou. Ficou com a sua mágoa e com a sua dor, e criou sua filha sozinha. Você também não veio atrás dela. E ela precisava de você. – Ruby respirou fundo. — Ela precisa de você agora. Ela precisa da filha dela. Talvez seja a hora de você vir bater na porta dela e dizer que não vai deixá-la ir. Ela está aqui na casa da minha mãe. – Ruby desligou o celular. Regina olhou para Zelena e a amiga tirou o celular de seu ouvido.

A fotógrafa abraçou Ivy com toda sua força. Secou suas lágrimas e ficou acalentando a filha, com as palavras de Ruby martelando em sua cabeça. Nem Belle, nem Zelena falaram mais nada. As duas ficaram próximas, mas não tocaram em mãe e filha. Quando Ivy parou o choro, Regina a sentou de frente para ela.

— Meu amor. – Ela respirou fundo. – É muito difícil explicar para você tudo o que está acontecendo.

— A mama foi embora? – A pergunta saiu com a voz chorosa.

— A mommy contou uma coisa para a mama e ela ficou com medo e fugiu. – Regina passou a mão no rosto da filha, limpando suas lágrimas. – Mas quer saber? Dessa vez nós vamos atrás dela. E vamos brigar com ela por ela ter fugido, e vamos trazer ela de volta.

— Vamos? De verdade? – A esperança reapareceu entre os olhinhos marejados.

— Vamos sim. Você vem comigo? – Ivy não precisou dar nenhuma resposta para Regina, saiu do colo da fotógrafa e foi correndo buscar as chaves do carro. Regina foi até o banheiro lavar o rosto, enquanto a menina esperava por ela ao lado de Zelena no carro.

— Regina, o que é que você está fazendo? Olha para vocês duas, como assim ir atrás dela? – Belle tentou argumentar, enquanto a fotógrafa ia saindo.

— Seis anos atrás eu fui abandonada e aceitei isso. Eu não vim atrás dela. Agora eu não vou aceitar. – Regina deixou Belle para trás e saiu de casa, encontrou Zelena ao volante, e entrou no lado do carona.

— Eu dirijo, qual é o destino? – Zelena perguntou sorrindo para a fotógrafa.

Regina deu as direções para a amiga e não demoraram a chegar ao edifício onde Emma morava. Sem se esconder dessa vez, Regina perguntou ao porteiro qual o apartamento de Mary Margareth, e seguida por Ivy e Zelena foi até o local.

Regina tocou a campainha. Ninguém abriu a porta. Ivy apertou mais tempo dessa vez. A mulher que abriu a porta era desconhecida. Branca, cabelos longos e loiros. Parecia Aurora, portanto Regina sabia que era alguma parente de Emma.

— Nós viemos ver a Emma. – A fotógrafa disse.

O olhar da mulher saiu dela para a criança. Ela sorriu, saiu da frente para que elas entrassem.

— Sou Elsa, a tia da Emma. – Ela falou sorrindo quando as três mulheres entraram. – Emma, você tem visita. – Elsa chamou Ivy e a colocou na sua frente.

Logo que viu a filha, Emma congelou. Sentou-se rapidamente e viu Regina logo atrás da tia.

O olhar vermelho de choro da fotógrafa se misturava com a feição brava que ela trazia. A mesma feição que Ivy tinha no momento, um pouco mais emocionada que a de Regina. A menina cruzou os braços e olhou para Emma.

— Você tem cinco segundos para pegar suas coisas e voltar para casa. – O tom era bravo. Mesmo assim, Ruby e Mary Margareth se seguraram para não sorrir. Antes mesmo que Emma respondesse, Regina emendou.

— E você vem com a gente, por bem ou por mal. Essa é a única escolha que você tem agora, Emma.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...