Emma olhava de Regina para Ivy. Era impossível segurar as lágrimas naquele momento. Ela não conseguia formular nenhuma frase. Como elas podiam fazer aquilo com ela? Como poderiam querer ela de volta, colocar suas vidas em risco, por ela? Regina não devia saber o que estava fazendo. Emma tinha que ser forte, ela não podia correr o risco de machucar nenhuma das duas.
— Não posso. – As palavras saíram pesadas, entre o choro. Regina precisou segurar suas lágrimas. Ivy olhou para ela e voltou a olhar para Emma.
— Você disse que amava a gente – A menina falou no mesmo tom de antes. Se aproximou de Emma e tirou as mãos do rosto da mulher. – Não ama mais?
Emma olhou para a filha. A menina não tinha vergonha de mostrar seu choro. Ela passou a mão no rosto de Ivy, enxugando as lágrimas.
— Eu amo demais e é por isso que não posso voltar.
— Não faz sentido. Não sei por que vocês adultos têm mania de complicar as coisas. – Ivy olhou para Regina e voltou a olhar para Emma. – Cansei. Enquanto você não deixar de ser cavalo parado eu não vou mais comer. – Ivy voltou a cruzar seus braços e se sentou no sofá, na frente de Emma.
— Mula empacada. – Regina tinha se aproximado das duas. – Não sei de onde você tirou cavalo parado.
— É que não lembrei que era mula. – Ivy falou para Regina. – Enquanto você não deixar de ser mula empacada eu não vou mais comer. – Ela repetiu para Emma.
Emma olhou para Regina. A fotógrafa não fez nenhuma menção em repreender a filha por isso. A menina não podia ir para a escola, mas podia passar fome? Qual era a lógica de Regina?
— Ivy, não, você não pode fazer isso. Você tem que comer e ponto final.
— E como você vai saber se ela está ou não comendo? – Regina perguntou para Emma.
— Porque você está com ela e é sua responsabilidade cuidar disso. – Emma estava perdendo a paciência com a mulher.
— Eu vou estar, mas não vou forçá-la a comer se ela não quiser. – A fotógrafa deu de ombros.
— Tá tirando com a minha cara, né? – Emma tinha ficado de pé. Ela estava tão nervosa que até o choro tinha parado. Seu olhar só via Regina, e não era um olhar muito amoroso. Regina passou o braço em volta de Ivy, cruzou as pernas, manteve a calma e olhou para Emma.
— Se quiser que sua filha coma, volte para casa.
— Chantagem?
— Você quem escolheu voltar por mal. – Regina novamente deu de ombros olhando para Emma. Se antes ela tinha chorado e temido que a mulher não voltaria, agora ela tinha certeza de que sairia dali com Emma. Um sorriso de triunfo saiu dos lábios de Regina.
— Mas isso é loucura. – Emma abriu os braços e soltou com força. Faltavam palavras para dizer à Regina. Se virou para sua mãe em busca de ajuda. – Fala para ela mãe, fala que isso é loucura.
Mary Margareth olhou para Emma, respirou fundo, e olhou para Ivy e Regina, sentadas não muito longe dela.
— Acho que você devia fazer greve de sono também. – A mais velha disse para a neta.
— Legal, não vou mais dormir. – Ivy levantou o polegar sorrindo para a avó e olhou desafiando Emma.
— Ver televisão de madrugada? – Regina falou para a filha e sorriu. – Passa tanto desenho legal.
— Sério? – Ivy perguntou empolgada para a mãe.
Emma levou as mãos à cabeça. Ruby sorria diante da cena e, para ajudar, Elsa começou a falar sobre desenhos com Ivy. Todas tinham enlouquecido ou aquilo era um pesadelo. Emma perdeu a paciência, segurou o braço de Regina e afastou a mulher da filha e das outras na sala.
— O que você está fazendo? Será que você não vê? – Emma tinha colocado Regina contra a parede e esbravejava com a mulher. – Não vê que se eu não tenho a medicação correta eu posso perder a noção? Eu posso machucar você, eu posso machucar nossa filha.
— Você que não está vendo as coisas direito aqui, Emma. – Regina cruzou os braços. Não iria amenizar com Emma agora. – Você fugiu de nós e por acaso isso te fez melhorar? Não é você que está há cinco anos brigando diariamente contra essa situação? E como é que você tem coragem de voltar para vida da sua filha, dizer que ama ela, dizer que não vai mais abandoná-la, se no primeiro tropeço, na primeira pedra é exatamente isso que você está fazendo. Que confiança é essa que você quer, Emma? – Regina tinha ido para frente. Sua voz estava dura com pedra. E mesmo diante das lágrimas de Emma, ela continuou. – Que tipo de relação é essa que só vale a pena se as coisas estão bem? É isso que você quer passar para a sua filha? Que a vida é só alegria, e quando não está assim, temos que correr?
— Regina... — Emma disse com a voz chorosa.
— Sem essa de Regina, Emma. CHEGA! – A fotógrafa gritou. Olhou para o lado, mas continuavam sozinhas. – Chega. Eu te amo, eu já disse isso, eu já demonstrei isso. Eu voltei pra sua casa depois de você me largar, DE NOVO. Agora, se você quer ficar vivendo com medo, vivendo nesse vai e vem, pode me esquecer. E esquece a Ivy também. Porque se você não voltar comigo para casa, nunca mais você vai ver sua filha de novo. Não adianta vir com lágrimas, não adianta dizer que está bem. Porque agora, Emma, você está deixando a gente porque você quer. Não tem surto, não tem desculpa, não tem doença. – Regina apontou o dedo no peito da mulher. – Você está fugindo porque você quer. VOCÊ.
O silêncio tomou conta do lugar. Emma não conseguia desviar o olhar de Regina. Ela sabia que a fotógrafa estava certa. Ela estava fugindo porque queria. Mas como ela viveria sabendo que machucou uma das duas? Por que a fotógrafa não entendia isso?
— Se eu te machucar, Regina, se eu machucar a nossa filha, eu não vou conseguir viver com isso. – Emma segurou nos braços de Regina. – Por que você não entende?
— Porque você não vai fazer isso. – Regina soltou seus braços e prendeu o rosto de Emma com suas mãos. – Você salvou a Ivy naquele dia. Você é incapaz de machucar a gente. Eu tenho certeza e eu preciso que você me deixe provar isso.
Emma segurou nos pulsos de Regina. Pensou em afastar a fotógrafa, mas como ela poderia fazer isso? Ela amava Regina com todas as suas forças. Com toda sua sanidade e insanidade. Ivy, a pequena Ivy, fez ela se sentir mais alegre nos últimos dias, do que em qualquer outro momento na sua vida. Emma precisava das duas, como as pessoas precisavam do ar. Sem Regina e Ivy, ela não passava de uma sombra, com as duas ela era vida.
Emma aproveitou que estava próxima da boca de Regina, e usou seus lábios para dar a resposta para a mulher. Ela não iria mais fugir. Ela não iria abandoná-las. Cumpriria sua palavra e ficaria ao lado de Regina.
Seus lábios se encontraram, seus corpos se juntaram, as mãos de Emma passeavam pelas costas de Regina, enquanto o beijo se estendia. As bocas unidas em sincronia, as línguas travavam um pequeno duelo dentro de suas bocas, suas mãos traziam o corpo da outra para mais perto.
— Agora sim isso é um beijo de verdade. – Ivy sorriu sapeca para as mães — A avó mandou chamar vocês para jantar. – A menina mantinha o sorriso de vitória que Regina exibira momentos antes, e mantinha as mãos atrás do corpo olhando para as duas.
As duas pararam o beijo e olharam para a filha. Emma estendeu uma mão e a menina correu até as duas. Emma se abaixou e pegou Ivy no colo, a menina passou seus braços em volta do pescoço de Emma e Regina, e as três ficaram abraçadas sorrindo uma para a outra. Não precisavam expressar com palavras seus sentimentos. Era assim com Emma e Regina, apenas um olhar, um gesto, uma coisa simples que deixava explícito seus sentimentos. E Ivy, mesmo tão pequena, conseguia expressar da mesma maneira. Não precisa dizer que amava as mães, elas sabiam, elas sentiam, apenas pelo olhar da menina.
— Você vai comer, mocinha? – Emma perguntou depois de um tempo para a filha.
— Você vai voltar para casa?
— Eu nunca deveria ter saído, não é mesmo? – Emma sorriu. Ivy sorriu de volta e deu um abraço apertado só nela. – Vamos comer? Quero fiscalizar a senhorita comendo.
Regina saiu segurando a mão de Emma, as três chegaram juntas até a mesa de jantar.
— Olha, Emma, sua mãe me ofereceu comida, eu já fui logo sentando e me sentindo em casa, porque comida a gente não nega não. – Zelena foi a primeira a ver as três, e começou a sorrir e falar.
— Credo, mãe, você não sabia que não podia oferecer comida para aquela ali não? – Emma falou em tom de brincadeira. Sentou-se ao lado de Regina, e Ivy ficou à sua direita. – A comida da Granny é a melhor, quero ver prato limpo mocinha. – Emma servia Ivy.
— O que é aquilo? – Ivy apontou para um prato.
— Brócolis com molho branco. – Elsa respondeu, pois estava mais perto do prato que chamava a atenção da menina.
— Eu quero. – Ivy disse. Emma olhou para a menina, e depois para a tia. As duas mulheres, junto com Mary Margareth e Ruby olharam para Regina.
— Ela come, pode colocar no prato. – Regina afirmou sorrindo.
E realmente Ivy comeu. Foi a primeira vez que Emma parou para notar a filha comendo e não foi surpresa ao ver que até nisso ela lembrava Regina. Mesma sutileza com os talheres, comia devagar, nem de longe parecia uma criança. Após o jantar, Granny serviu a sobremesa. Emma foi a única que não comeu. Mas acabou dividindo umas colheres com Ivy, de tanto que a menina insistiu.
Emma pegou a filha e foi com ela até seu apartamento, pegar suas roupas e objetos pessoais para levar para a casa de Regina. A fotógrafa e Zelena ficaram no apartamento de Mary Margareth.
— Regina, você pode explicar que história é essa com os medicamentos da Emma? – Ruby perguntou.
— Eu andei lendo, fazendo umas pesquisas sobre a doença da Emma e sobre o tratamento também. Eu olhei os remédios dela e fiquei curiosa por ela tomar um antipsicótico. Nessa curiosidade eu pedi para a Emma para ir conversar com a psiquiatra dela. – Regina falava séria, olhando para a sogra, Ruby e Elsa. – E com o que ela me disse do quadro clínico da Emma, eu passei para a médica da Ivy, que entrou em contato com um psiquiatra amigo dela, e pelo que foi exposto a ele, ele não concorda com essa medicação. A Emma deveria tentar um tratamento com um estabilizador de humor e um antidepressivo. Na verdade, o antidepressivo é quem pode estar deixando a Emma assim, com esses rompantes de humor.
— E eu achava que isso era uma coisa da doença, algo com o que se acostumar. – Mary disse. As três estavam atônitas.
— Até pode ser, mas para alguém com tantos anos de tratamento e tomando a medicação corretamente, a Emma oscila muito.
— Agora dá para entender esse surto da Emma. Imagina, todos esses anos confiando naquele tratamento. – Elsa comentou.
— E o pior é que ela realmente parecia melhor algumas vezes. – Foi a vez de Ruby falar.
A conversa seguiu entre um misto de indignação por parte da família de Emma e toda a calma de Regina, para controlar a situação e esclarecer o próximo passo a ser tomado.
Já no apartamento de Emma, as coisas iam na maior alegria. Ivy estava ajudando Emma a colocar a roupa dentro da mala. Era a segunda mala que fazia em menos de vinte e quatro horas para ir para a casa de Regina. Ainda assim, parecia que ela não levava o suficiente nunca. Talvez estivesse apegada demais com suas coisas e seu espaço. Fazia seis anos que não dividia um armário ou uma casa com mais alguém. Era uma mistura de sentimentos voltar a viver com sua família.
— Mama, esse é igual ao meu xero. – Ivy tinha nas mãos uma camiseta para dormir, igual ao seu xero. Ela abriu e cheirou a camiseta. – Tem o mesmo cheiro também. – Ivy olhou sem entender para Emma.
— Oh, meu amor. — Emma se sentou na cama ao lado dela, cheirou a própria roupa. – É que eu amava essa camiseta, sempre gostei de dormir com ela. E quando eu fiquei doente, eu a deixei lá em Nova York com a sua mãe. Pelo que ela me contou, ela usava para dormir, e você se apegou a peça, e ela deixou com você depois que você passou a dormir na sua cama.
— Eu pensei que era dela. – Ivy cheirou a peça de novo. – Eu sempre gostei desse cheiro. É bom e acalma. – A menina sorriu para Emma.
Emma não resistiu ao sorriso da filha e encheu a menina de beijos e abraços. Ivy começou a fazer cócegas em Emma, mas logo foi rendida e ficou entre gargalhadas e busca de ar, no colo da mãe.
— Para... mama... – Regina tinha estranhado a demora das duas e desceu para ver o que estava acontecendo. Não teve nenhuma surpresa quando entrou no apartamento de Emma e já da porta ouviu as gargalhadas de Ivy. Seguiu o som das risadas até o quarto, e ficou olhando as duas fazendo festa na cama. Emma era outra pessoa perto da filha. Alegre, com um brilho nos olhos, ficava mais leve, mais viva.
— Mas então é por isso que essa mala não fica pronta nunca. – Regina falou com os braços cruzados, apoiada na lateral da porta. Sorriu para as duas, que pararam na hora que ouviram a voz da fotógrafa.
— Mommy... socorro. – Ivy escapou das mãos de Emma e correu até o colo de Regina. A fotógrafa pegou a filha no colo.
— Ahh, mas agora você corre para sua mãe pedindo socorro, é? – Emma fez uma expressão indignada. – Pois eu faço cócegas nas duas. – Emma se levantou e foi até Regina.
As duas gritaram e Ivy abraçou mais forte Regina. Emma voltou a fazer cócegas na filha mesmo no colo de Regina, e até mesmo a fotógrafa recebeu algumas. Quando o ar da menina começou a faltar, Emma parou. Deu um beijo no rosto de Ivy, e outro nos lábios de Regina.
— Vamos terminar essa mala. – Emma falou, e voltou a arrumar suas roupas. Teve que dobrar novamente, pois com a bagunça que tinha feito na cama com Ivy, algumas roupas estavam fora da mala e desdobradas. Com a ajuda de Regina, Emma terminou de juntar suas coisas. Emma e Regina levavam as malas da mulher, e Ivy as bolsas das mães. Foram direto para o carro, onde Zelena estava aguardando.
— Só isso? Pela demora achei que vinha o apartamento inteiro. – Zelena falou, abrindo o porta-malas.
— Tá reclamando do quê, hein, lombriga? – Emma respondeu. – Demoro para arrumar a mala.
— Desculpa, Srta. só como alface. – Zelena retrucou. Emma se sentou na frente com Zelena que continuou no volante, e Regina foi atrás com Ivy. As duas nem conseguiram falar, porque Zelena e Emma foram até em casa trocando apelidos carinhosos uma com a outra. Entre as risadas que ecoavam pelo carro, as maiores eram de Ivy.
Regina pensou que encontraria Belle esperando por ela, mas para sua surpresa a assistente não estava em casa. Deram boa noite para Zelena, e as três foram para o quarto da fotógrafa. Regina arrumou um espaço no seu closet e algumas gavetas para Emma, que insistia em arrumar suas roupas naquela noite mesmo. Ivy ficou correndo pelo quarto da fotógrafa, ajudando as mães, e quando finalmente acabaram, se jogaram na cama.
— Cadê seu xero, meu anjo? – Emma perguntou, quando Ivy começou a se encolher entre as duas.
— No meu quarto. – A menina resmungou, passou seu braço em volta de Regina. Emma olhou para a mulher, e sorriu. Levantou e foi buscar o xero da filha. Ivy abraçou a roupa, e minutos depois, seu sono já estava pesado. Metade de seu corpo jogado em cima de Regina, as pernas estavam no colo de Emma.
— Desculpe, minha culpa. – Regina disse, enquanto fazia carinho em Ivy.
— Tudo bem, vamos deixar ela dormir aqui essa noite, amanhã, nós conversamos com ela. – Emma se deitou, segurou a mão de Regina, e ficaram se olhando. – Ela viu minha camiseta igual ao xero hoje.
— Jura? O que você disse?
— Que era minha a camiseta e ficou lá, e que você dormia com ela. – Emma sorriu. – Ela disse que sempre tinha gostado do cheiro.
— Eu comprei o seu perfume. Depois de lavar a camiseta eu colocava nela. – Regina sorriu. – Eu escondo o perfume, assim ninguém sabe disso.
— Você passa esse perfume? – Emma estendeu o pulso até Regina. A fotógrafa sentiu e sorriu.
— Esse mesmo. Seu cheiro de dormir.
— Eu quase chorei quando ela disse que o meu cheiro acalmava. – Emma demonstrou um sorriso bobo. Fez carinho em Ivy.
— Ela sempre me disse isso. – Regina sorriu. – Até nisso você tem o mesmo efeito em nós.
— Boba. – Emma disse para Regina. Voltou a segurar a mão da fotógrafa. Seus olhos diziam muito mais que suas bocas. Logo, as duas adormeceram, no silêncio das palavras ditas pelo olhar.
Como não poderia ser diferente, Emma acordou primeiro. Olhou para o lado, Regina dormia com Ivy em seu peito. As duas tinham o sono pesado. Emma sorriu e se levantou. Entrou no banheiro e foi tomar uma ducha. Em seis anos, era a primeira vez que realmente se sentia bem ao acordar. O medo da incerteza do que poderia acontecer, tinha sumido. Emma estava segura. Não importava como o dia seria, ela encontraria Regina no final do dia, sorrindo para ela, dizendo que lhe amava como só ela sabia dizer, e tudo ficaria bem. Não, Emma não surtaria mais. Nem tentaria nada contra a filha. Ela tinha achado seu remédio, sua cura.
Perdida em seus pensamentos, Emma não percebeu quando a fotógrafa entrou no banheiro. Regina parou e ficou olhando para a mulher tomando banho. Ela não podia negar mais. Muito menos fugir. Não eram só os sentimentos mais puros que Emma despertava nela. Desejo, tesão, estava tudo ali. Tão presente, como se os anos não tivessem afastados as duas. Regina sorriu diante de seus pensamentos, bem quando Emma percebeu sua presença. Apesar do inicial susto, Emma reconheceu o olhar de desejo de Regina. Abriu o box e olhou para a fotógrafa.
— Vai ficar parada aí ou vai entrar?
— Estava admirando a vista. – Regina respondeu. Tirou seu pijama e entrou no chuveiro com Emma.
As palavras foram trocadas por beijos. As mãos percorriam seus corpos com urgência, desejo, paixão. A água morna esquentava mais seus corpos. Emma encostou Regina contra a parede do chuveiro. Seus lábios iam da boca para o pescoço de Regina. As mãos da fotógrafa apertavam o corpo de Emma contra si. Emma colocou sua perna entre as de Regina, subiu sua coxa e pressionou o sexo da fotógrafa. Regina gemeu no ouvido de Emma.
A porta do banheiro se abriu. As duas pararam no mesmo instante. Regina olhou sob o ombro de Emma e viu Ivy ir até o vaso. Emma olhou assustada para a fotógrafa, não fez mais nenhum movimento. A menina saiu alguns segundos depois, ouviram a torneira e logo depois a porta se fechou.
— Ai meu Deus, Regina, ela viu a gente. – Emma encostou a cabeça com vergonha no pescoço da fotógrafa.
— Não, ela não viu, ela estava dormindo. – Regina começou a rir diante da reação de Emma.
— Como não viu, ela é sonâmbula agora? – Emma olhou para a fotógrafa que ria.
— Não é, mas ela vai no banheiro assim meio dormindo. Se ela estivesse acordada, nós não estaríamos conversando entre nós agora, e sim respondendo a um interrogatório.
Era impossível não sorrir. Emma não quis mais arriscar, e acabaram o banho comportadas. Regina vestiu-se e desceu para fazer o café, deixando com a Emma a função de acordar Ivy.
— Ainda bem que saí cedo para correr, porque Regina Mills, de pé, a essa hora da manhã e fazendo café, vai chover. – Zelena chegou com a roupa da academia, e toda suada na cozinha.
— Hahaha, bom dia para você também. – Regina respondeu enquanto arrumava a mesa.
— Devo imaginar que nem dormiu essa noite. – Zelena pegou um copo de água, olhando curiosa para a fotógrafa.
— A Ivy dormiu conosco. – Regina respondeu, olhou de relance para Zelena, e começou a fazer as omeletes.
— Você sabe que não dá para fazer sexo com uma criança na cama, né?
— Claro que eu sei, é só que...
— Só que nada, Regina. A Ivy tem o quarto dela, a cama dela, e vocês duas precisam de privacidade.
— Eu sei, Zelena. – Regina olhou para trás e falou mais baixo. – Só que eu queria uma coisa especial, é como se fosse a nossa primeira noite de novo, ainda mais que a Emma não ficou com ninguém esse tempo todo.
— Como assim ninguém esse tempo todo? – Zelena olhou incrédula para Regina. – Tá me dizendo que ela tá na seca por seis anos? – Ela falou alto demais.
— Shiuu... É, sem ninguém é isso.
— E você ainda está enrolando a mulher? Qual é hein, Regina? Pensei que amasse ela.
— E amo, Zelena, mas...
— Mas nada. Eu vou levar a Ivy para o cinema essa tarde e depois vou cansar ela nos brinquedos do shopping, e depois levo ela no salão comigo, e depois vou levar para jantar. – Zelena pegou mais um copo de água. – E você, vai deixar de ser besta e fazer um sexo gostoso com a sua mulher.
— Eu tenho que fazer uma coisa antes. – Regina terminou de fazer o café e serviu.
— O que?
— Vou ter uma conversa particular com a psiquiatra da Emma.
— Vai dar na cara dela? – Zelena perguntou, no mesmo instante que Emma e Ivy chegaram. Junto com as duas estava Belle, e uma cara de ressaca.
— Que é isso, gente? Quem vai bater em quem? – Belle perguntou, puxou uma cadeira e se sentou.
Emma colocou Ivy na mesa e olhou em tom de pergunta para Regina. A fotógrafa balançou a cabeça em negação. E sentou-se também.
— Ninguém, Belle. – Regina sorriu. – Agora toma seu café que nós temos uma reunião para ir hoje.
— Temos? – Belle olhou sem entender para Regina. Não lembrava de nenhuma reunião, muito menos com a participação da fotógrafa. Mas também, àquela hora da manhã, não se lembrava de muita coisa.
— Temos sim. – Regina olhou para Emma. – Você fica com a Ivy?
— Não precisa nem perguntar, né, Regina.
Após o café, Regina pegou Belle e levou para seu quarto.
— Eu preciso ir ver a psiquiatra da Emma, não pergunta nada agora, só se arruma e faz de conta que vamos numa reunião que não quero que ela saiba que eu vou lá. – Regina disse, e quando Belle fez menção de fazer uma pergunta a fotógrafa a interrompeu. – No caminho eu te conto tudo.
Emma ficou com Ivy, e voltou com as aulas da menina. Mulan e Jasmine seguiam normalmente com seu trabalho, enquanto Regina e Belle saíram.
Como prometido, Regina explicou tudo para Belle. Desde o que aconteceu em Nova York, todo o desenvolvimento da doença de Emma, o tratamento, o reencontro delas, tudo, inclusive o que a fotógrafa pretendia com a visita a Fiona. Regina desabafou com Belle como há tempos não fazia. Expôs seus sentimentos, seus medos, suas dúvidas. E teve em Belle a melhor ouvinte que poderia ter. Sem nenhum comentário sarcástico, as duas chegaram ao consultório de Fiona.
Pacientemente Regina esperou que a médica terminasse a consulta que fazia. E quando ela abriu a porta e dispensou a paciente, teve uma surpresa ao ver a fotógrafa ali.
— Regina, aconteceu alguma coisa com a Emma?
— Aconteceu sim, Fiona, eu posso falar com você? – Regina pareceu desesperada. Fiona dispensou o paciente seguinte, e pediu que as outras consultas da manhã fossem suspensas. Convidou a fotógrafa para entrar na sua sala.
— Essa é a Belle. – Regina disse ao se sentar. – Minha amiga.
Fiona se sentou de frente para Regina. Belle ficou mais perto da psiquiatra.
— O que aconteceu, Regina?
— O que você acha que aconteceu, Fiona? Acha que ela já surtou, por que eu continuo com ela? – O tom acusador da fotógrafa, fez a postura da médica mudar.
— Regina, o caso da Emma é muito delicado...
— Sabe que eu falei com outros médicos e nenhum concordou com a medicação que ela está recebendo? – Regina interrompeu Fiona. – Me diz, Fiona, como você consegue? Como consegue atender um paciente por tantos anos e não desejar a melhora dele.
— A Emma vai muito bem, principalmente quando ela não se lembra de você.
— E quando é isso? Quando em cinco anos ela esqueceu de nós? Me diz.
— Toda vez que ela foi pra minha cama. – Fiona respondeu sem pensar muito. Se levantou e ficou de costas para a fotógrafa. Regina e Belle trocaram um olhar.
— Isso aí não é crime, não? – Belle perguntou inocentemente para Regina.
— Acho que há um impedimento entre o envolvimento de médicos e pacientes em tratamento. – Regina sorriu para Belle.
— Ela quis, não teve nada de errado nisso. Agora saí daqui e não volta nunca mais. – Fiona apontou para a saída. Regina concordou com a cabeça para Belle. – Só mais uma coisa, Regina. Você vai fazer a Emma surtar de novo. Ela vai te deixar de novo e dessa vez, quando ela vier até mim, eu vou fazê-la esquecer você e aquela coisa que você a forçou a pôr no mundo.
Regina nem conseguiu responder, Belle estava mais próxima da médica e não pensou. Sua mão atingiu em cheio o rosto de Fiona, derrubando a médica em uma de suas cadeiras.
— Presta bem atenção no que eu vou te dizer, Fiona. – Belle colocou o dedo na cara de Fiona. – Abre a boca para falar daquela criança novamente e eu vou quebrar você todinha. E não vá chorar depois, dizendo que não sabia.
Regina pegou Belle pelo braço e a levou embora. Quando as duas entraram no carro, a morena tirou o celular de dentro do bolso da camisa e desligou o gravador.
— Como é que você sabia que ela ia dizer aquilo? – Belle perguntou.
— Eu te disse, o jeito que ela olhou para Emma a sessão inteira e depois o que eu ouvi da família de Emma, era a melhor chance dela para tentar justificar o fato de a Emma ficar cinco anos no mesmo lugar.
— E você acredita que a Emma não dormiu com ela?
— Eu tenho certeza que não. – Regina sorriu e olhou para Belle. – E você tinha que ameaçar ela? Isso também ficou gravado.
— Olha, Regina, não foi por você, porque eu realmente acho que a Emma vai te fazer sofrer de novo. Mas você tem o dom para não me ouvir e colocou a Emma lado a lado com a Ivy. E a menina está louca por ela. Então, pela Ivy, eu quero a Emma normal, dentro dos limites dela e aquela vagabunda além de insinuar que ia fazer minha menina sofrer, chamou ela de coisa. – Belle apontou para o consultório. – Mas aquilo ali, Regina, vai aprontar. Conheço esse tipinho.
— Deixa ela tentar, Belle. – Regina sorriu. – Deixa ela sonhar que pode chegar perto da Emma de novo. Eu acabo com a carreira dela.
As duas retornaram ao estúdio. E o resto do dia seguiu normal. Até que Zelena chegou no estúdio.
— Então, Regina, posso levar a Ivy comigo? – Ela perguntou em voz alta para a fotógrafa.
Ivy que estava fazendo uma colagem com Emma olhou para a mãe. As outras meninas também olharam para a fotógrafa.
— Meu amor, você quer ir ao cinema com a Zelena? – Regina perguntou para Ivy. A menina parou tudo o que fazia e pulou da cadeira, sorrindo.
— Podemos levar a Tia Belle?
— O terror moreno? – Zelena não fez uma cara muito feliz. E nem Belle. Mas diante de toda a animação de Ivy, e os olhinhos pidões que ela fez. As duas concordaram em sair juntas com ela.
Regina arrumou a filha e nesse meio tempo, Zelena deu um jeito de dispensar Mulan e Jasmine sem que Emma percebesse. Ivy despediu-se de Regina e Emma, e foi sorrindo com as tias passear.
— Eu vou tomar um banho, estou cheia de tinta e cola da montagem que estávamos fazendo. – Emma sorriu para Regina.
Aproveitando o tempo que teve no banho de Emma. Regina tirou a roupa e colocou uma lingerie preta. Trancou a porta do quarto, e foi ao encontro de Emma. Entrou no banheiro no exato momento em que a mulher estava se secando. Quando a loira reparou na presença de Regina, e a forma como ela estava vestida, largou sua toalha no chão.
— A casa é só nossa. – A fotógrafa sorriu maliciosamente.
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