– Porque ele morreu na hora. – Belle disse com pesar.
O silêncio tomou conta da sala. Todas olhavam para Regina, exceto Emma, que olhava em desespero para Belle. Podia ser um engano, não podia? Porque ninguém falava que era um engano? Uma brincadeira de mal gosto? Emma olhou para a irmã e as lágrimas vieram.
Não era uma mentira.
Regina seguia imóvel nos braços de Emma, sentindo apenas o aperto da mulher ficar maior. Seu olhar estava em Belle, mas não transmitia nada. O silêncio da fotógrafa começou a preocupar Emma.
— Amor? – A loira falou com a voz chorosa, passou a mão no rosto de Regina.
— Eu tenho que ligar para o meu pai. – Regina soltou-se dos braços de Emma e pegou a bolsa em busca do celular.
— Regina... — Belle colocou a mão no ombro da fotógrafa mas ela desviou.
— Não acredito que ele inventou uma coisa dessas só porque eu não atendi as ligações dele. – Regina falava, suas mãos tremiam enquanto procurava o número do pai. A fotógrafa se levantou e Emma foi com ela.
— Amor... — Regina andava de um lado para o outro com o celular na orelha, enquanto Emma buscava forças dentro dela para amparar a esposa. – Regina! – A loira gritou, fazendo a fotógrafa parar e olhar para ela.
— Cai na caixa postal. – O celular foi desligado. – Por que ele tá fazendo isso? – Regina perguntou enquanto olhava para Emma. A loira se aproximou e a abraçou. O celular caiu no chão e as duas permaneceram abraçadas.
O silêncio foi quebrado quando Ivy entrou na sala correndo e parou olhando assustada para as mães.
— Hey... vem cá MM. – Zelena foi até a menina e a pegou no colo. – Tá com fome já? – A modelo tentou desviar a atenção da criança, mas era impossível. Mesmo em seu colo, Ivy não tirava os olhos das mães.
— Mommy. – Ivy chamou, quase em desespero. Não deixando alternativa para Zelena, senão colocar a menina de volta ao chão. Ela correu para os braços das mães e em prontidão Regina a pegou no colo.
— Meu amor. – A fotógrafa abraçava a filha com força. Emma secou as suas lágrimas, não antes de Ivy perceber.
— Você vai embora, mama?
— Oi? – Emma respondeu olhando apavorada para a menina.
— Não, amor, a mama não vai a lugar nenhum, por que você está dizendo isso? – Regina perguntou.
— Porque ela tá chorando. – Ivy falou olhando de Emma para Regina.
— Não, minha pequena, não é nada disso. É outra coisa que deixou a mamãe triste. – Emma abraçou Ivy, junto com Regina.
— Não quero você triste. – Ivy resmungou entre as duas. Era difícil ouvir a menina, já que as duas mulheres a escondiam em seus braços.
Regina não chorou. Apenas ficou com Ivy em seus braços. Emma foi quem decidiu que era melhor as duas irem para casa e falar com a filha lá. Foi a loira quem guiou a esposa para o carro de Zelena e foi a mesma que levou as duas até o quarto da fotógrafa.
Antes de conversarem com Ivy, deixaram a menina brincar com a cachorra, que pulava em cima da criança e corria para as duas mulheres também. Nesse meio tempo, Belle entrou no quarto com o telefone nas mãos. Não conseguiu dizer quem era, porque Regina já o tinha pego.
— Dalton, é você. – A voz da fotógrafa foi pura decepção. – Eu.... eu estou bem, não falei para a minha menina ainda. Na verdade, acabei de chegar em casa. Sim, eu entendo, obrigada. Não, minha mãe está aqui, creio que ele queria ficar com ela, não sei, nunca perguntei. Sim, eu.... eu vou te passar com a minha assistente e você conversa com ela sobre isso. Obrigada, Dalton. – Regina passou o telefone sem dizer nada para Belle e voltou para perto de Ivy e Emma.
— Meu amor, senta aqui pertinho da gente. – Emma pediu. Ivy foi sorrindo para o colo de Emma, com Tinkerbell pulando atrás dela.
Emma ajeitou a menina em seu colo. As três ficaram em silêncio na cama por mais um tempo. Regina respirou fundo, fechou os olhos e pegou Tinker, colocando ela no chão.
— Meu amor. – Regina segurou a mão da filha, olhando para ela. – Aconteceu uma coisa triste com o vovô esse final de semana. – A fotógrafa olhou em busca de apoio para Emma. A loira fez que sim com a cabeça. – Sabe a mãe da mommy, a sua outra vó?
— Ela não está aqui, ela está lá no céu cuidando da gente. – A resposta de Ivy foi rápida.
— Isso. – Regina umedeceu os lábios. A garganta estava seca. As palavras teimavam em não sair. – Então, o vovô, ele... – A fotógrafa travou. Olhava para a filha, mas as palavras não faziam sentido em sua cabeça. Ela não podia estar falando aquilo, estava errado. — Ele foi se juntar com a vovó. – Emma continuou de onde as palavras de Regina pararam. – Ele ficou com saudades dela e ele sabia que você e a mamãe tinham uma à outra, e não iam ficar sozinhas, então ele foi fazer companhia para a vovó, lá no céu.
— Ele não vai voltar? – Ivy perguntou com os olhos marejados.
— Não, minha pequena. Ele vai olhar você lá de cima agora e vai cuidar de vocês duas de lá.
— Mas a gente vai sentir saudades dele. – As lágrimas escorriam pelo rosto da menina. Regina tentou secá-las, mas não conseguiu.
— Vamos sim, mas ele vai estar sempre com a gente, aqui. – Regina levou a mão ao coração da filha. – E nós nunca vamos esquecer dele, certo?
— Certo. Ele vai ser sempre o meu vovô preferido, para a vida todinha. – Ivy secou suas lágrimas e abraçou Regina.
Uma lágrima solitária desceu pelo rosto da fotógrafa e se perdeu nos cabelos da filha. Ela deitou na cama com a menina em seus braços, logo as mãozinhas de Ivy começaram a lhe fazer carinho nos cabelos. Emma sentou apoiada na cabeceira da cama e ficou ali, dividindo a dor e o silêncio com a esposa.
— Emma? – Era a voz de Zelena que a chamava baixinho. A loira levantou sem fazer barulho e saiu do quarto.
— Dormiram as duas. – A mulher respirou fundo.
— Como a Ivy aceitou?
— Bem, a Regina disse que ele foi para o céu, junto com a mãe dela. Ela chorou, mas depois pareceu aceitar. – Emma sentiu os braços de Zelena segurar seu braço e deixou que a amiga lhe guiasse.
— E a Regina?
— Em choque. Ela ainda não chorou. Acho que a ficha não caiu.
— Esse era o medo da Belle. Que ela se fechasse e guardasse para ela a dor, como ela fez... — Zelena parou de falar. Não precisava dizer. Emma entendeu. Regina estava se fechando e não deixando a dor lhe atingir, como havia feito quando ela sumiu.
— Ela ficou sozinha, mas se ela me quiser, eu vou estar aqui com ela. – Emma falou com a voz baixa.
— Como assim te querer? Tá pirando de novo? – As duas pararam quando chegaram na sala e Zelena olhava séria para a amiga.
— Ela brigou com o pai por minha causa. Eles não se falavam por minha causa. E...
— E a terra gira por conta da Emma, ah não, errei. – Belle falou. Cruzou os braços e olhou brava para a loira. – A Regina pode até ter brigado com o Henry por sua causa, mas se ela não falou com o pai, foi porque ela não quis. Ele ligou diversas vezes e ela ignorou ou mandou dizer que não estava. Então, para com essa sua vibe minha culpa aí e não me apronta nenhuma.
— Eu só estou falando... – Emma tentou continuar, mas a morena levantou a mão a impedindo.
— Não, se é para falar besteira, fica de boca fechada. Até porque não vai ser fácil. – Belle respirou fundo. – Falei com o Dalton, vai de 10 a 20 dias para eles liberarem o corpo para trazer para Storybrooke.
— Tudo isso? – Emma perguntou incrédula.
— Sim, é uma burocracia do cão.
— Gente, que horror, até chegar em Storybrooke, liberar aqui, vai passar de um mês. Que loucura, que sofrimento sem fim. – Zelena comentou, fazendo os cálculos mentalmente.
— Sim, por isso eu pensei em sugerir a Regina que ela cremasse o pai. E depois colocasse as cinzas dele com a mãe dela. – Belle tinha se acalmado e se aproximado da namorada. Olhou com tristeza para Emma. – Ela se fechou né?
— Sim. – Emma cruzou os braços, respirou fundo.
— Então para de falar bobagem, porque agora mais que antes ela precisa de você. – Zelena falou. – Senão, quem vai descer do salto e bater em você, sou eu.
Belle e Emma olharam para Zelena. Era uma imagem que nenhuma das duas conseguia formar, Zelena batendo em alguém. Um leve sorriso nasceu nos lábios das duas.
— Vem, vamos fazer alguma coisa para comer, que saco vazio não para em pé. E você tem duas mocinhas lá em cima precisando muito de você. – Belle falou e segurou o braço de Emma. Zelena fez a mesma coisa com o outro braço da loira e as duas levaram a amiga para a cozinha.
— E agora você pode ficar tranquila que nós não vamos deixar você surtar. – Zelena sorriu para Emma. E Belle concordou com a cabeça.
O almoço foi simples e ninguém além de Zelena realmente comeu. Emma preparou a bandeja, levando os pratos de Regina e Ivy. Quando chegou no quarto, a menina estava acordada vendo televisão. O gato estava na sua cabeça e a cachorra aos seus pés. Regina dormia pesado e mantinha a filha junto ao seu corpo.
— Oi, mama. – Ivy sussurrou ao ver Emma entrar.
— Oi, minha pequena. – Emma apoiou a bandeja ao lado da cama. – Faz tempo que acordou?
— Tempinho, mas a mommy esta dormindo, daí não sai daqui.
— Tá com fome? – Emma perguntou segurando Tinkerbell que ia em direção a bandeja de comida.
— Um pouco. – Ivy respondeu e começou a maratona de Emma. Segurar a cachorra, ajudar a menina sair dos braços de Regina e ainda arrumar o gato que caiu quando Ivy levantou, tudo isso, sem acordar a fotógrafa. Por fim, Tinkerbell voltou para a cama e deitou aos pés de Regina, Peter ficou no travesseiro esticado, Ivy em seu colo e a fotógrafa seguia dormindo.
— Quero conversar um pouquinho com você. – Emma falou ao virar Ivy de frente para ela. — Eu sei que você é só uma criança, mas é uma criança muito especial e é por isso que eu preciso da sua ajuda. – Diante do olhar sério de Ivy, Emma continuou. – A mamãe vai ficar um pouco triste, porque ela, assim como você, não queria que o vovô fosse pro céu. E eu preciso que você me ajude a cuidar dela. Fazer ela comer, fazer ela sorrir. Acha que consegue?
— Consigo sim. Eu vou cuidar dela e de você. Vou cuidar das duas até vocês terem uns trezentos anos.
— Trezentos anos? – Emma não conseguiu conter o sorriso.
— Sim. Vocês vão estar bem velhinhas e daí a mommy vai dizer: Ivy, não corre, menina, e você vai falar: Deixa a menina correr, amor. E eu vou correr até vocês, para sempre. Porque não quero que vocês vão pro céu sem mim.
— Oh, meu amor. – Emma abraçou a filha apertado. – Nem eu, nem você e nem sua mãe vamos pro céu antes dos trezentos anos. Combinado? – A loira era tomada pelas lágrimas.
— Combinado. – Ivy sorriu e abraçou Emma de volta. Ficaram daquele jeito até o choro de Emma terminar. Ela secou o rosto e deu um longo beijo na cabeça de Ivy.
— Te amo, minha pequena. – Emma sorriu.
— Também te amo, mama, amo um tantão assim ó! – Ivy abriu os braços o máximo que conseguiu. Emma abraçou a filha novamente e a encheu de beijos.
— Vamos acordar sua mãe, para comer?
— Vamos. – Ivy saiu dos braços de Emma para deitar em cima de Regina. Tanto Emma quanto Ivy distribuíram beijos pelo rosto da fotógrafa. Na verdade, não precisaram de muito esforço para acordar Regina. Assim que Emma tinha tirado a menina dos seus braços, a fotógrafa ficou desperta, apenas manteve os olhos fechados enquanto ouvia a conversa da mulher com a filha. – Anda, mommy, acorda que tou com fome. – Ivy dizia quando Regina começou a fazer de conta que acordava.
— Oi, meu amor, tô acordando. – Regina resmungou. A lágrima que escapou de seu olho, foi coletada pelos lábios de Emma.
— Ouvir conversa atrás da porta é feio, meu amor. – Emma falou baixo no ouvido de Regina. A fotógrafa olhou para a esposa e esboçou um sorriso. Seus olhos estavam marejados. Ela tratou de secá-los e sentou.
Emma pegou a bandeja e colocou na cama. Ivy colocou Tinkerbell no chão e com muito custo a cachorra ficou ali.
— Essa comida já deve estar fria, acho que vou esquentar.
— A minha não precisa, amor, só a da Ivy. – Regina falou segurando o prato. Não tinha fome. Só de olhar para a comida, seu estômago doía.
— As duas, né, mama, porque todo mundo tem que comer tudo. Prato limpo. – Ivy falou olhando de Regina para Emma.
— Certíssima, meu amor. – Emma piscou para Ivy e levou os dois pratos consigo, enquanto Ivy falava alguma coisa do final de semana para Regina.
Emma esquentou a comida com pressa e voltou para o quarto. Quando chegou, Ivy falava da bagunça que ela e Aurora haviam feito com Mary Margareth na casa da avó, arrancando um verdadeiro sorriso de Regina.
— Prontinho. – Emma colocou os pratos na bandeja.
— Finalmente. – Ivy sentou perto de Regina. As duas começaram a comer e, vendo que a mãe mais enrolava a comida do que comia, Ivy parou de comer.
— Que foi, pequena, não está boa a comida? Olha que foi a Zelena que fez, então é compreensível que não esteja boa. – Emma falou olhando para a filha.
— Não vou comer.
— Porque não? – Regina perguntou, seu tom já não era mais calmo.
— Porque você não está comendo.
— Amor, a mommy não está com fome...
— Porque você tá triste, mas se você não comer vai ficar triste e doente. – Ivy respondeu. Regina olhou buscando ajuda de Emma.
— Não posso obrigá-la a comer, se ela não quiser. – Emma respondeu encarando Regina e dando de ombros. Mesmo que estivesse apavorada com o fato da filha insistir em não comer, tentou se manter calma e responder da mesma forma despreocupada que Regina havia respondido para ela um tempo atrás.
— Jura? Você vai fazer isso agora? – Regina perguntou brava com Emma.
— Vou fazer o que for melhor para vocês duas. – A resposta veio a altura. As duas se encaravam sem dizer mais nada. Ivy ficou quieta no meio, até que Regina pegou o garfo e começou a comer de verdade. Emma ficou calma, além de conseguir com que a mulher comesse, a filha voltou a comer normalmente.
Comer, Regina até comeu, sair da cama ela não saiu. Tentou pedir para que Emma levasse Ivy, mas nem a menina, nem a mulher fizeram menção em sair do seu lado. Passaram a tarde vendo filmes e trocaram alguns sorrisos, todos vindos de alguma ação da filha. Antes de pensar no jantar, Emma preparou um banho para a mulher. E, só porque Ivy insistiu, Regina foi com ela.
— Mama, olha. – Ivy foi até as costas de Regina e começou a levantar os cabelos da fotógrafa. A loira que estava na borda da banheira, apenas olhava para as duas.
— Olha só, o novo penteado para a próxima exposição da sua mãe. – Emma falou sorrindo.
— Estou linda, amor? – Regina perguntou para Emma, com um leve sorriso nos lábios.
— Você é sempre linda. – Emma se inclinou e deu um beijo na testa da fotógrafa.
— Para os beijos e coloca as roupas que tou entrando. – Zelena apareceu na porta do banheiro, com a mão na frente dos olhos. Ivy começou a rir.
— Fala, lombriga. – Emma se virou para a direção de Zelena.
— Tira essa mão do rosto, tem nada aqui que ninguém nunca tenha visto. – Belle chegou puxando a mão de Zelena. – Nós já pedimos o jantar e eu queria saber se a minha sobrinha mais linda desse mundo deixava eu falar com as mães dela, só um pouquinho.
— Rapidinho, né? – Ivy respondeu.
— Muito. A tia Zelena seca você. – Belle falou e sorriu para Ivy.
— Eu? Não pode deixar molhada? – Zelena olhou apavorada para Belle. Secar Ivy não era o problema, o problema eram os cabelos dela.
— Tá louca? Quer deixar minha filha doente? – Emma tirou Ivy da banheira e a enrolou na toalha. Levou a menina no colo até Zelena.
— Pode deixar os cabelos molhados, Zel, depois eu cuido disso. – Regina disse.
— Ai sim. – Zelena pegou Ivy e saiu do quarto com a menina nos braços.
Belle entrou e se aproximou da banheira junto com Emma. O silêncio parecia fazer parte daquela casa agora.
— Fala, Belle, desembucha de uma vez, que foi agora? – Regina falou com raiva. Não suportava ver as pessoas com medo de lhe dizer alguma coisa. Belle respirou fundo.
— Eu conversei com o sócio do seu pai e, para trazer o corpo para Storybrooke, vai levar de 10 a 20 dias, fora o tempo de liberação aqui. É muita burocracia, Regina.
— E o que eu posso fazer? Não vou enterrar ele lá em Londres. – A fotógrafa esbravejou.
— Por isso, amor, que a Belle veio falar com você. Ela tem uma outra ideia, se acalma um pouquinho e escuta. – Emma falou com paciência. Ela e a fotógrafa trocaram aquele olhar de desafio e, mais uma vez no dia, Regina cedeu.
— Então, eu pensei que seria melhor cremar ele. E depois o Dalton traz as cinzas aqui para Storybrooke, e você coloca junto com a sua mãe.
— Assim não fica prolongando esse sofrimento, amor.
— E se ele não quisesse ser cremado? – Regina perguntou em dúvida para Emma. Não queria ter que esperar quase um mês para enterrar o pai, mas tinha medo de não estar fazendo o que ele queria.
— Ele tá morto, Regina, ele não vai saber. – Belle falou rápida e friamente.
— Isabelle! – Emma ralhou com a morena.
— Estou sendo prática. A situação já não é fácil, ficar prolongando ela não vai ajudar, Regina.
— Quanto tempo? – Regina perguntou.
— De acordo com o que conversei com o Dalton, em uma semana.
— Tudo bem. Pode fazer assim. – A voz de Regina saiu baixa. Não sentia mais raiva, não sentia dor, naquela hora, ela não sentia nada.
Belle saiu deixando as duas sozinhas no banheiro. Sem aviso, Regina se levantou e Emma ajudou a mulher a se vestir novamente.
— Melhor ver a Ivy e secar o cabelo dela antes de comer. – Regina falou, desviando de Emma e saindo do banheiro.
— Amor. – Emma chamou e Regina virou-se para ela. – Eu sinto muito.
— Eu sei, meu amor, mas não fica assim. Pessoas morrem a toda hora, não tem como evitar. – Regina saiu do quarto. Se ela tinha agido dessa forma quando Emma sumiu, a loira conseguiu entender como ela sobreviveu. Uma pedra de gelo sem emoções. Essa era a Regina que ela tinha agora.
Os dias que se sucederam aquela notícia foram pesados, torturantes. Regina seguiu sem muita emoção ou palavras. Ainda falava com a filha e com Emma, mas nada muito além do necessário. Quando podia, ficava na cama e, quando não estava lá, ficava quieta em algum canto da casa. Belle suspendeu os ensaios daquela semana, o mais simples deixou que Mulan assumisse na outra semana, os que exigiam Regina, tiveram que ser cancelados até segunda ordem. Emma diminuiu as aulas de Ivy, na tentativa de manter a filha perto da mulher. Nem mesmo o balé ou a terapia fizeram naquela semana. A casa entrou em luto. O brilho desapareceu.
— Bom dia. – Dalton estendeu a mão para Emma. – Sinto muito conhecê-la num momento como esse.
— Bom dia. Eu também. – A loira cumprimentou o homem que tanto lembrava o falecido sogro.
— Como está a Regina? – Ele perguntou demonstrando uma sincera preocupação.
— Ela está... tentando passar por isso. – Emma não sabia responder essa pergunta quando lhe faziam. A sua vontade era gritar "ela perdeu o pai enquanto estava brigada com ele, como você acha que ela está?". Mas não podia. Emma tinha que ser a rocha.
— Não é fácil mesmo. Está tudo certo lá no cemitério?
— Sim, o padre apenas vai falar algumas palavras e a cova está preparada já. É só a gente ir. – Belle chegou depois, cumprimentou Dalton e respondeu por Emma, já que era ela quem tinha arrumado tudo.
— Vão indo na frente, eu vou buscar a Regina. – Emma falou para Belle.
— Quer que a gente leve a Ivy?
— A minha mãe vai com a gente, ela vai olhar a Ivy. – Emma respondeu e saiu em direção ao quarto, de onde Regina não tinha saído desde o dia anterior.
No meio do corredor Emma pode ouvir o choro. A dor era sentida por aquelas lágrimas que tanto ficaram presas. Lentamente a loira foi até onde a mulher estava aos prantos. Com o rosto escondido nas mãos, Regina chorava copiosamente na frente do notebook. Sem dizer nada, Emma abraçou a esposa, encostou sua cabeça em seu peito e deixou que Regina chorasse.
Os braços da fotógrafa envolveram o corpo de Emma, seu choro parecia ficar maior e mais forte. Emma fazia carinho nos cabelos da fotógrafa, trazia o corpo da esposa para mais perto do seu. Seu abraço, seu colo, era o que ela podia oferecer naquele momento.
Enquanto Regina chorava, a atenção de Emma foi chamada para o notebook. Mantendo a fotógrafa junto a si, a morena começou a ler a mensagem que tinha conseguido fazer com que Regina finalmente colocasse sua dor para fora.
"Filha,
Eu tentei te ligar diversas vezes, porém, sua mágoa parece ser maior. Tudo bem, eu entendo. Como pai, eu fiz o que achei certo, na pura e mais sincera ação de tentar proteger meu bem mais precioso. Você e Ivy. Entendo que ofendi sua esposa também, afinal, nunca dei a ela uma chance de conhecê-la e a tratei como uma qualquer. E, como pai, eu errei. Nem sempre o que eu acho melhor para você, realmente é. Tenho certeza que vai entender, afinal, você é mãe e muitas vezes erra na intenção de acertar. Por isso te peço perdão, minha filha. Não só a você, como a Emma e a Ivy também. Meu erro atingiu a todas. Saiba que de minha parte, suas palavras e ações já foram esquecidas. Só quero que você me perdoe e atenda meus telefonemas. Estou com saudades de você e da Ivy.
Seu pai, que te ama muito."
Emma olhou a data do envio. Dois dias antes do acidente de Henry. Abraçou Regina com força, sem conseguir controlar as lágrimas que tomavam conta de sua face. Ficaram chorando juntas, abraçadas como se pudessem se tornar uma só e assim desaparecer com a dor. Emma estava tão distraída que não ouviu a porta do quarto se abrir. Levantou a cabeça quando sentiu um abraço envolvendo seu pescoço e o de Regina. Ivy apenas encostou a cabeça com a da fotógrafa e ficou quietinha ali com suas mães. Emma beijou a testa da filha, sabendo que ali estava a razão que elas tinham para continuar.
Levou mais um tempo até que Regina se acalmasse para sair de casa. Acompanhadas de Mary Margareth, as três chegaram com um longo atraso no cemitério. As palavras do padre foram rápidas e a urna com as cinzas de Henry foi depositada em cima do caixão da mãe da fotógrafa. Regina chegou calada e assim permaneceu o tempo todo, até voltar para casa.
— Deita aqui com a mommy, meu amor. – A fotógrafa falou puxando Ivy para a cama com ela. A menina abraçou a mãe e deitou a cabeça no peito da fotógrafa.
Emma trocou as roupas das duas e, com muito esforço e ajuda de Ivy, conseguiu com que Regina comesse alguma coisa. Depois, deixou as duas juntas na cama, enquanto foi tomar seu banho.
Deixou a água fria cair em seu corpo e se permitiu chorar. Chorar por Regina, pela dor da esposa, pela filha que tão pequena já passava pela experiência de perder alguém. Chorar por ela mesma. Talvez ela não fosse a culpada pelo afastamento de Regina com o pai, mas se ela não estivesse ali... não teria como saber. E isso machucava mais ainda. Emma acabou lembrando do próprio pai e de como foi dura a perda dele. Emma chorou, chorou até cansar, até as lágrimas não descerem mais pelo seu rosto. Terminou seu banho e vestiu a coragem. Tinha que cuidar da filha e da mulher, ser forte por ela e por Regina. Já tinha chorado o que podia, agora era a hora de seguir em frente.
— Mas e você? – Ivy perguntou.
— Eu vou ficar em casa trabalhando e esperando você voltar. – Regina fazia carinho nos cabelos de Ivy.
— E se eu não gostar? – Ivy respondeu olhando para a mãe. Emma estava na porta do banheiro, apenas observando. Não tinha entendido qual era o tema da conversa e estava surpresa por ver Regina falando com tanta paciência.
— Meu amor, vai ter coisas que você não vai gostar e vai ter coisas que você vai amar. Só indo mesmo para saber.
— E se me baterem de novo? – O tom da menina era de desespero. Emma segurou a respiração. Regina estava falando com a filha sobre a escola? Sobre ela ir realmente para a escola? A loira soltou a respiração, fazendo com que sua presença fosse notada.
— Não vai acontecer, amor, é outra escola, outra situação. – Regina viu Emma na porta do banheiro ouvindo a conversa. Ivy também percebeu Emma ali parada. Em lágrimas, ela olhou para a mãe.
— É culpa sua, você é uma boba. Eu não vou pra escola. – Ivy berrou em direção a Emma.
— IVY! – Regina falou mais alto. Segurou o braço da filha, fazendo com que ela olhasse para si. – Nunca mais fale com a sua mãe desse jeito.
Ivy deitou na cama, escondendo o rosto. Emma se aproximou e sentou na beirada da cama, próxima de Regina. As duas respiraram fundo.
— Pensei, já que amanhã não tem trabalho ainda, a gente podia visitar umas escolas, almoçar no shopping, levar a Ivy para o balé e depois ir ver a Rose. – Regina falou com a calma que estava antes na voz.
— Eu não vou para a escola. – Ivy falou com o som da voz abafado pelo travesseiro e o choro que mantinha. Emma segurou a mão de Regina e murmurou um "tem certeza?" para a mulher, que concordou com a cabeça.
— Nós três na Rose? – Emma perguntou incerta. Ainda estava assustada com a ação da mulher.
— As três. – Regina esboçou um leve sorriso. – Você está bem?
— Um pouco assustada e preocupada – Emma respondeu com a maior sinceridade, conseguindo agora um sorriso verdadeiro da fotógrafa.
— Nós já choramos o que tivemos que chorar, nós já sofremos o que tínhamos para sofrer, agora chega, né?
— Chega. – Emma sorriu para a fotógrafa. — Vou colocar o pijama, você escolhe o filme? – A loira deu um beijo nos lábios de Regina e foi para o closet, sem esperar a resposta da fotógrafa.
Mesmo depois que Emma voltou para a cama e mesmo mantendo a filha no meio, nenhuma das duas dirigiu a palavra para a criança. O choro passou sozinho e o travesseiro que escondia o rosto, não estava mais ali. Quando Ivy começou a se encolher para perto de Regina, o filme ficou no mudo.
— Aquilo é jeito de falar com a sua mãe? E depois fazer essa cena de bebezinho? – Regina perguntou séria.
— Não. – Ivy resmungou.
— Não ouvi.
— Não. – A menina falou normalmente.
— Então... – Regina apontou para Emma. Ivy levantou e abraçou a loira.
— Desculpa, mama, você não é boba e eu te amo.
— Está desculpada. – Emma falou e deu um beijo no rosto da filha, ganhando um bem grande de volta.
— Mas eu não quero ir para a escola. – Ivy falou olhando para Emma. A loira olhou rapidamente para Regina e voltou a olhar para a filha.
— Amor, você não vai já para a escola. A gente só vai lá conhecer, ver como é que é e nós três juntas vamos decidir qual é a melhor.
— A melhor é estudar em casa com você. – A menina persistiu.
— Filha, na escola você pode encontrar suas amigas do balé e até outras meninas. Fazer novas amizades. – Regina se aproximou de Emma e falou.
— Você não queria ir no balé no começo, não é? E o balé não é legal? Você não gosta muito de ir lá? – Emma emendou.
— Gosto. Mas lá tem a professora direto.
— Na escola também vai ter, filha, as escolas de Storybrooke são diferentes das de NY, a professora vai ver você o tempo inteiro. – Regina rebateu. A menina estava impossível de se convencer. Por um momento, a fotógrafa teve certeza que talvez Rose pudesse ajudar.
— Isso mesmo, por isso a gente vai lá amanhã, vamos conhecer não só uma, mas algumas escolas. E se precisar a gente volta outro dia, não tem pressa. – Emma falou. Regina estranhou a falta de pressa da mulher e olhou para ela.
Ivy ficou quieta. Antes tinha Regina que a ajudava, agora nem isso tinha. Deitou no peito de Emma e não falou mais nada. Cientes que não tinham convencido a filha, as duas apenas voltaram a ver o filme, enquanto dessa vez, deram mais atenção à menina.
— Chorou antes de dormir. – Regina disse ao voltar para cama ao lado de Emma. – Não foi fácil.
— Essa noite ela vem pra nossa cama. – Emma abraçou a fotógrafa.
— Vem sim, nem fechei a porta. – Regina sorriu de leve. – Pensei que ela aceitaria mais fácil a escola.
— Acho que vai ser uma longa batalha, ela é teimosa como a mãe. – Emma sorriu. – Mas nós vamos conseguir. Temos até ano que vem para isso.
— Pois é, porque você disse que não tinha pressa? Não vamos colocá-la esse ano?
— Amor, o último bimestre já começou, logo vem as férias, vai ser pior colocar ela agora e nem sei se vão aceitar. Você já sabe quais escolas quer ir?
— Bom, tem duas aqui perto que eu falei antes, por causa das aulas em casa, e tem a sua, né?
— Tem, mas acho que podemos ir lá por último, fica tão fora de mão pra gente. E com todo esse receio dela, é melhor uma escola perto de casa.
— Você está certa. – Regina sorriu ainda mais diante do sorriso de Emma. – Mas não precisa ficar convencida não.
— Vou ficar só um pouquinho. – Emma falou e beijou Regina.
— Obrigada. – A fotógrafa sussurrou depois do beijo.
— Por ficar convencida? – Emma brincou com a fotógrafa e recebeu um leve tapa de volta.
— Não, boba, por ter sido paciente comigo, todo esse tempo, principalmente com o que aconteceu com o meu pai.
— Eu te amo, sempre vou ser paciente com você. Não importa o que aconteça, vou estar sempre do seu lado. Não me permito falhar de novo.
— Shiu, não fala assim. Talvez as coisas tinham que acontecer dessa forma para que hoje a gente dê mais valor ao que tem, ao nosso amor, a nossa filha... que por sinal está vindo para cá.
— Como é... — Emma levantou a cabeça e Ivy passava da porta. Subiu na cama, agarrada com o xero e deitou sobre Regina. Fechou os olhos e voltou a dormir. – Você ouviu ela? – Emma sussurrou.
— Ouvi a porta do quarto dela se abrir. – Regina respondeu no mesmo tom para Emma. A loira ficou inconformada de não ter ouvido a filha. Talvez fosse uma coisa só da fotógrafa mesmo, de sentir quando a filha estava perto, porque ela jurava de pé junto que não tinha barulho nenhum em porta nenhuma. Emma deu um beijo na cabeça de Ivy e abraçou mais a fotógrafa.
O silêncio encheu o quarto. Logo Regina dormia tão pesado quanto Ivy. Emma ficou observando as duas dormirem, até que o sono chegou até ela.
Ivy dormia em seus braços, Regina sentia isso, porém tinha um vazio na cama, Emma já estava de pé, estava na hora dela levantar também. Tinha programado um dia cheio para elas e agora já se arrependia. A dor lhe enchia o peito, o medo não lhe permitia se mover.
Seu pai não tinha sido o mais presente na sua vida, mas era seu pai, estava de alguma forma lá quando ela precisava. E desde que Ivy nasceu, ele tentava ser mais presente. Não passou um Natal longe das duas, mesmo que ele e Regina acabassem discutindo por alguma coisa dias antes das festas. Regina amaldiçoou seu orgulho. Podia ter atendido o pai. Belle pediu, Zelena pediu, até Emma pediu, mas ela não ouviu ninguém. Não percebeu que chorava até que a mão da mulher, suavemente, passou em seu rosto, secando a lágrima que escorria. Regina abriu os olhos e sorriu de leve para Emma.
— Bom dia. – A loira sorriu para ela.
— Hora de levantar, né? – Regina olhava para a esposa com um fundo de esperança que ela dissesse que não, que a fotógrafa podia ficar ali.
— Sim. Já passou da nossa hora habitual. – Emma ficou de pé e estendeu a mão para a fotógrafa. – Vamos, seu banho está te esperando, deixa a pequena dormir mais um pouquinho.
Regina respirou fundo. Ela tinha que vencer o medo. Foi a promessa que fez para si mesma.
Colocou Ivy ao lado e segurou na mão de Emma. Foi difícil lutar contra a vontade de desistir e voltar para onde estava. Era como sair de sua zona de conforto para uma guerra. Mas dessa vez, ela não estava sozinha. Emma ficou ao seu lado. Mais precisamente nas suas costas. As mãos da loira passavam pelo seu corpo espalhando o sabonete, não tinha aquela tensão sexual, era só cuidado, carinho. Regina se encostou em Emma e envolveu os braços da mulher ao redor de seu corpo. A sensação de segurança sentida foi a sua força para aquele dia.
Tirar Ivy da cama foi trabalho dobrado. Cada canto da casa pareceu mais interessante para a criança naquela manhã. Até conseguirem entrar no carro e sair em direção a escola, levaram mais de duas horas.
Conversaram com a diretora, pegaram os panfletos da escola. Emma fez várias perguntas em relação às aulas e a forma que eram ministradas, Regina estava mais interessada na parte da socialização da escola. Ivy não falou nada, não olhou nada, apenas ficou quieta no colo da mãe.
Segunda escola do dia. A mesma coisa. Emma achou que seria mais fácil achar a escola ideal para a filha. Estava errada. Nem ela e nem Regina estavam satisfeitas com o que tinham visto. Antes de partirem para o bairro de Emma, acharam outra escola.
— Eu tou com fome. – Ivy falou quando chegaram.
— Vamos ver se podemos comprar alguma coisa na cantina deles. Vem. – Regina levou a menina pela mão enquanto Emma ficou esperando a diretora.
Diferente das outras escolas, as três não conversaram na sala da diretora. Caminharam pela escola, vendo não só toda a estrutura do local, como algumas aulas que eram dadas ao ar livre. Pararam em uma turma e conversaram com uma professora. Por um instante, Emma viu Ivy demonstrar interesse, mas assim que ela percebeu Emma olhando para ela, voltou a cara de brava que mantinha. Era a primeira vez que as duas saíam felizes de uma escola.
— Eu gostei. – Regina disse no carro. – E amei a cantina deles, não tem fritura nenhuma, não vende refrigerante, tem poucos doces e uma enorme variedade de lanches saudáveis.
— Nossa, olha só, amor, você pode trazer sua mãe para almoçar na cantina, o que você acha? – Emma falou olhando pelo retrovisor para a filha.
— Prefiro almoçar em casa. – Ivy respondeu. Emma e Regina se olharam.
— Enfim, acho que é certa. – Regina falou e Emma sorriu concordando com a cabeça.
Agora era só convencer Ivy. A própria diretora tranquilizou as duas, devido a experiência anterior ter sido ruim, era natural toda a resistência da menina. E como Emma havia previsto, aconteceria só no ano seguinte mesmo.
Não chegaram a ir ao shopping devido ao movimento e a fome que as três sentiam. Pararam num restaurante simples e comeram tranquilas. Sem falar na escola, o humor de Ivy foi melhorando e logo a menina já estava rindo e ansiosa para a aula de balé, que voltaria a fazer naquela semana.
Chegaram mais cedo na escola e Emma foi até o banheiro ajudar Ivy trocar de roupa, enquanto Regina ficou andando pela pequena escola.
— Regina? – Uma voz estranhamente conhecida chamou. O coração da fotógrafa parou. Era ela. Regina fez uma cara de surpresa e olhou.
— Oi. – Sorriu a procura da voz.
— Eu juro que quando olhei pro sobrenome da Ivy não acreditei, mas olha que surpresa. – Guinevere se aproximou da fotógrafa sorrindo.
— Olha só, Gui, é você mesmo. – Regina estava sem jeito, retribuiu o abraço empolgada da bailarina. – Não acredito que virou professora.
— História triste, machuquei o joelho, não tinha mais como seguir a carreira. Fiquei um tempo sentindo pena de mim mesma, depois joguei tudo o que tinha em Londres pro alto e voltei pra casa. – Guinevere respondeu e Regina colocou um espaço entre as duas.
— Gui! – Ivy correu e abraçou a professora.
— Minha boneca. Senti sua falta semana passada e as meninas também.
— Estava ajudando a mama cuidar da mommy. – Ivy respondeu sem dizer mais nada. Emma chegou e abraçou Regina pela cintura, firmando ela do seu lado. Aparentemente, a professora de Ivy e a Guinevere do passado eram a mesma.
— Isso é muito bom. – Guinevere deu um beijo no rosto de Ivy. – Hoje nós vamos começar o ensaio para a nossa apresentação de fim de ano. – A bailarina voltou a ficar na altura das mulheres. – Oi, Emma, tudo bem? Então, seguindo o embalo, as apresentações de fim de ano ganharam o tema do momento, Frozen. Cada turma vai dançar uma música do filme, com as meninas vestidas no estilo das personagens em cada fase da música. Como a turma da Ivy é a das pequenas, ela faz a segunda apresentação, Você quer brincar na neve é a nossa música.
— Eu sei cantar ela todinha. – Ivy falou sorrindo e com os olhos brilhando.
— Eu imagino. Essa é a empolgação da turma inteira. – Guinevere riu.
— Sim, tá uma febre mundial esse filme. Muito legal essa ideia. – Regina falou sorrindo.
— Vamos mandar fazer os figurinos e isso tem aquele custo extra...
— Sem problemas. – Emma cortou a professora. Seu humor não estava dos mais simpáticos naquele momento.
— Eu vou avisando vocês. – Enquanto a professora foi falando, as outras meninas foram chegando. A hora da aula começou e Emma pegou Ivy pela mão e a levou para a sala com as outras meninas.
— Que súbita paixão pela Ivy que ela teve, não acha? – Emma ironizou para Regina. A fotógrafa apenas riu e deu um beijo na mulher.
Como era a primeira vez que Regina levava Ivy na aula, as duas ficaram espiando a aula inteira. Volta e meia a fotógrafa tirava uma foto e ria sozinha. Antes do fim da aula, conheceram as outras mães e conversaram animadamente.
— Gina. – Guinevere pegou no braço da mulher. – A Ivy falou que você é fotógrafa. Não sei bem se é o seu ramo, mas estamos pensando em fazer umas fotos para divulgar a apresentação de fim de ano e fazer um cartão para os pais, coisa simples. Pensei que você poderia fazer. Se puder, claro. – A bailarina sorriu e Ivy ouvindo o pedido se empolgou.
— Por favor, mommy, vai ser o máximo. – Ivy pulava de alegria.
— Claro, liga lá pro estúdio e fala com a Belle, ela sabe direitinho como está minha agenda e pode marcar a data com certeza. – Regina falou, disfarçadamente tirou o braço da mão de Guinevere e sentiu a mão de Emma apertar firme sua cintura.
— Que maravilha. Obrigada. – Guinevere não se abalou com o afastamento da fotógrafa e abraçou Regina. Deu um beijo em Ivy e uma sutil despedida para Emma.
Emma bateu a porta do carro com tanta força que até Ivy percebeu que tinha algo errado. Regina preferiu não falar na frente da filha, portanto ficou em silêncio até o consultório de Rose.
— Por que eu vim aqui também? – Ivy perguntou quando se aproximavam da porta do consultório.
— Porque a Rose quer conhecer você. – Regina respondeu com calma. Nem ela ainda estava habituada na terapia, imagina a filha vim assim do nada.
— Não se preocupa, meu amor, ela só vai conversar tranquilamente com você, não precisa ter medo. – Emma emendou. Seu tom de voz estava calmo e a expressão mais calma. A raiva parecia ter passado.
Tiveram que esperar um pouco até o horário delas e quando Rose despediu-se do paciente, e olhou para as próximas clientes, não pôde deixar de sorrir.
— Que presença mais ilustre eu tenho aqui hoje. – Rose se aproximou e estendeu a mão para Ivy. – É um prazer conhecer você, Ivy, meu nome é Rose.
— Oi. – A menina segurou a mão da médica e respondeu timidamente.
— Vamos entrar? – Rose perguntou apontando a porta.
— As três né? – Regina se levantou segurando a mão de Ivy. Sua vontade era sair correndo dali com a filha. Só por Emma mesmo que ela não fez.
— As três, Regina. – Rose não pode deixar de rir da ação da fotógrafa. E assim as três entraram juntas na sala.
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