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História Born to Die - Choose your last words


Escrita por: auswanqueen

Capítulo 23 - Choose your last words


E assim as três entraram juntas na sala. Ivy, que segurava nas mãos de cada uma das mães, entrou olhando para toda a sala. Seus olhos exploravam sem medo, enquanto as mães iam se sentando. Regina pegou a filha no colo e respirou fundo olhando para Emma, que sorriu de volta para as duas. O nervosismo delas era tão visível que chegava a ser engraçado.

— Deixa eu ver o que tenho aqui. – Rose entrou em uma sala menor e voltou com um pacote de bolacha e balas nas mãos. – Não sabia que iria ter visita, então, vamos improvisar um pouco. – Ela sorriu e sentou-se, colocando os pacotes que trazia em cima da mesa de centro. – Espero que você goste dessas balas.

— Eu gosto. – Ivy respondeu olhando para a médica.

— Pode pegar então. – Rose apontou para o pacote. – E você está vindo da aula de balé?

— Tô sim. – Ivy desceu do colo de Regina para pegar as balas, como não conseguiu abrir o pacote, entregou para Emma.

— E foram as três? – Rose perguntou se dirigindo para as pacientes.

— Sim, foi a primeira vez que a Regina conseguiu ir ver ela na aula. – Emma falou e sorriu. – Estava toda coruja.

— Você também bateu fotos dela no primeiro dia. – Regina riu com Emma, se justificando.

— Certo, então nós vamos fazer assim. – Rose interrompeu as risadas, pegou duas folhas de papel e entregou para Emma e Regina. – Nessas folhas eu quero que vocês escrevam a lembrança mais marcante que cada uma tem com a Ivy. Pode ser individual ou com vocês três juntas. Eu e a Ivy vamos até ali na mesa conversar. – A médica apontou para a mesa atrás dela, que ela nunca usava. Ou assim parecia.

Ivy voltou a sentar no colo de Regina, mas Emma disse que tudo bem se ela fosse até lá. Ainda com receio, a menina foi. Apesar da tarefa ser feita, as duas mães ficaram olhando para a filha e a médica se arrumando na mesa. Ficaram sentadas lado a lado, com as balas e bolachas por perto. A médica colocou na mesa alguns lápis de cor e papel em branco.

— Tá nervosa? – Rose perguntou num tom mais baixo para a Ivy. A menina apenas confirmou com a cabeça, querendo se virar e olhar para as mães. – Não precisa ficar, só vamos conversar enquanto suas mães fazem o que eu pedi.

— Por quê?

— Porque eu gosto de conversar, de conhecer gente nova, você não?

— Gosto, mas depende. – Ivy pegou mais uma bala e, por natureza, começou a desenhar nos papéis em branco, dispostos à sua frente.

— Depende de quem é?

— Se a minha mommy deixa. – Ivy respondeu. – Eu não devo falar com estranhos, é perigoso, eles podem me fazer mal.

— A mommy é a Regina? – Rose perguntou apenas para confirmar suas suspeitas, e Ivy afirmou com a cabeça positivamente — E como você chama a Emma?

— Mama. – Ivy sorriu. – É mais fácil assim.

— É mesmo. E me conta como era a sua vida com a sua mommy, quando era só vocês duas. – Rose pegou mais alguns lápis de cor e virou em cima da mesa, deixando que Ivy desenhasse livremente.

— A gente morava em Nova York, lá em Manhattan, no apartamento. O estúdio da mommy ficava uma quadra antes e a gente ia pra lá todo dia. Eu tinha aula com a senhorita Anne e depois ficava lá no estúdio. Às vezes a mommy deixava eu ajudar ela e eu tirava fotos também, e às vezes quando ela ia tirar foto de mulher pelada, a Mulan me levava no parque. E a gente viajava muito. Eu já fui pra Disney, pra Madri, Roma, a cidade do papa, Paris e Londres, que era a minha viagem preferida.

— E o que você fazia em Londres? – Rose perguntou.

— Eu visitava meu vovô. Daí ele me levava pra brincar e tomar chocolate quente. E eu podia nadar na piscina da casa dele, fosse inverno ou verão. Tinha um escorregador lá. – Ivy fez os gestos com as mãos – Nós dois brincávamos lá e a mommy também ia, era bem legal.

— Você quer me contar sobre o seu vovô? – Rose falou olhando para a menina, que perdeu o sorriso. Ivy deu de ombros e voltou a desenhar.

— Ele foi pro céu, com a minha vó, não a vó Mary Margareth, a mãe da mommy, a vó Cora. Agora ele não vai voltar para me ver e só vai cuidar de mim lá de cima. – Ivy apontou para o céu, sem olhar para a médica.

— Você está com saudades dele?

— To sim. – Ivy secou uma lágrima que caiu.

— Você já falou para as suas mães que você está com saudades?

— Não.

— Por quê?

— Porque a mommy vai ficar triste.

— E tem mais alguma coisa que você não fala porque suas mães vão ficar tristes? – Rose perguntou e Ivy parou de desenhar. Foi a primeira vez que ela olhou para as mães. As duas estavam escrevendo em silêncio. Ivy olhou para a médica.

— Não é que eu não goste do balé, mas eu só quis fazer porque senão a mama ia brigar com a mommy.

— Por que ela ia brigar?

— Porque ela quer que eu vá para a escola e faça balé, e a mommy não queria. Só que eu não quero e agora a mommy quer que eu vá para a escola também.

— E você também não quer ir para a escola?

— Não. – Ivy respondeu e olhou para as mães, esperando que uma delas ouvisse e lhe falasse alguma coisa.

— E por que não? – Rose olhava para a menina, mesmo que ela não lhe olhasse de volta. A médica não pôde deixar de notar que as fugas de Ivy lembravam as de Regina.

— Porque as meninas batem em mim, porque eu tenho só mãe e não pai.

— E se as meninas não baterem em você? – Rose perguntou e Ivy ficou quieta. – Sabe, às vezes algumas crianças têm problemas em lidar com as diferenças. Mas nem todas são assim, tem muitas crianças legais e tem crianças que são como você, que só tem as mães ou só os pais. Aposto que se você der uma chance, vai encontrar muita gente legal disposta a fazer amizade com você.

— Eu tenho medo. – Ivy sussurrou. Admitir a fraqueza parecia tão terrível para a criança.

— Eu sei. Muita gente tem medo. E o medo é bom, desde que ele não impeça a gente de fazer alguma coisa. – Gentilmente Rose chegou mais perto, falando no mesmo tom da menina, ganhando sua confiança. – Sabe, Ivy, a gente tem que enfrentar os medos da gente. Eu sei que parece muito assustador agora, mas depois que a gente supera, a gente olha pra trás e pensa, “nossa como fui boba de ter medo de algo assim”. E eu tenho certeza que você vai fazer assim com a escola, sabe por que?

— Não. – Ivy olhava séria e atenta para Rose.

— Porque você tem duas mães que te amam muito e elas vão escolher com muito cuidado e carinho a melhor escola para você. Uma escola onde você se sinta bem. Se você confiar nelas e se permitir lutar contra esse medo, você vai ver como a escola pode ser legal.

Ivy olhou para as mães de novo, dessa vez Regina olhava curiosa e ansiosa para as duas. Emma falou algo que chamou a atenção da fotógrafa. A menina olhou para a médica e fez que sim com a cabeça.

— Agora eu quero ver você lutar com um medo aqui e eu vou te ajudar. Você disse que não é que você não goste de ir ao balé, mas foi porque não queria que suas mães brigassem. Me conta do que você gosta.

— De bater foto e de desenhar. E gosto de brincar de correr com a Tinkerbell e dormir no sol com o Peter. – Ivy foi enumerando as suas coisas preferidas. O diálogo entre ela e Rose parecia interminável e Regina já estava impaciente.

— O que tanto ela fala com a Ivy? Pensei que a gente ia ouvir, por isso entrou todo mundo junto. – Regina sussurrou para Emma.

— Calma, amor. Dá para ver que a Ivy está bem, não precisa ficar tão nervosa. Até porque logo vamos saber o que elas estão falando. – Emma sorriu e levantou o pescoço tentando ler a folha de Regina. – O que você escreveu?

— Calma, amor, logo vamos saber. – Regina imitou Emma. Recebeu um leve tapa no braço e um sorriso. Estavam sussurrando uma com a outra quando Ivy voltou correndo até elas e se jogou nos braços de Emma.

— Então, como estão? – Rose perguntou ao sentar-se, se dirigindo às pacientes.

— Curiosas. – Emma respondeu sorrindo.

— Nossa, que família curiosa. – Rose sorriu. – Terminaram o que eu pedi?

— Faz tempo. – Regina respondeu. Seu desconforto era tanto que até Ivy tinha reparado.

— Então, vamos lá. Eu tive uma conversa muito interessante com a Ivy. E nós duas chegamos à conclusão de que os medos devem ser enfrentados e vencidos. Portanto, a Ivy tem duas coisas para falar com vocês. – Rose falou e olhou para Ivy, encorajando a menina a falar.

— Eu vou para a escola e eu gostei da última que a gente viu, acho que a Carol do balé estuda lá também. – Ivy falou com incerteza na voz.

— Isso é ótimo, meu amor. – Emma falou sorrindo. – Você vai ver como vai ser legal e como você vai conhecer mais meninas legais lá.

— É verdade, meu amor. – Regina emendou com Emma, sorrindo para a filha.

— Mas eu não quero mais fazer balé. – Ivy falou de uma vez.

— Como? – Emma e Regina falaram em uníssono. – Filha, você disse que gostava. – Emma continuou. Ivy olhou para Rose em busca de ajuda e a médica apenas fez sinal positivo com a cabeça.

— Eu gostei, mas é chato. É muita ponta, muito pé pra lá, pé pra cá, muita pose, muita regra pra lembrar. E essas roupas são coladas demais. – Ivy afastou o collant. Emma olhava para a filha e começou a rir, olhou para Regina que já ria também. – Não tem graça, esse collant cola demais. – Ivy falou revoltada.

— Isso é tão você, Regina. – Emma falou rindo. – Meu amor, por que você não me contou antes? Se você não gostou da aula, não precisa fazer. A gente procurava outra coisa, outra dança, um esporte.

— Porque vocês iam brigar de novo. – Ivy falou e os risos pararam. Emma e Regina olharam sem entender para a filha. Sem esconder o rosto, Ivy continuou. – Vocês brigaram quando eu disse que só queria bater foto, daí eu pensei que se eu fizesse o balé, não iam mais brigar.

Emma sentiu o coração apertar. Ela havia brigado com Regina. A fotógrafa não queria nada daquilo para começar. Mais uma vez a culpa era dela.

— Meu amor, a mama e eu brigamos, mas a culpa não é sua. – Regina pegou as mãos de Ivy e olhou para a filha. – Quando a gente não tem a mesma opinião sobre um assunto, às vezes a conversa fica acalorada demais. Mas você não precisa fazer nada que você não queira por causa disso.

— Nós só queremos que você seja feliz, minha pequena. Sua mãe e eu pensamos diferentes em algumas coisas e nós tentamos, juntas, entrar em um consenso sobre isso. – Emma deu um beijo na cabeça da filha. – Eu só queria que você fizesse uma atividade, que conhecesse outras crianças, fizesse amigos.

— E você não está errada, Emma. Nenhuma das duas está. – Rose falou. – A Ivy poderia ter amado o balé, mas não aconteceu. Tudo bem, vamos tentar outra coisa.

— Ioga. – Ivy não deixou Rose terminar de falar.

— É uma escolha diferente para uma criança com tanta energia. – Rose falou sorrindo. – Mas ela falou que gosta de fazer com a tia Zelena, então, não sei se vai ter turma para a idade dela, então talvez fazer em casa seja a solução por agora. Até a escola começar, eles vão ofertar outras atividades extras, que a Ivy possa se interessar e vir a fazer. Nós continuamos com essa parte sobre as atividades extras dela, depois individualmente. Agora eu quero ver o que vocês escreveram. – Regina entregou os papéis para Rose. A médica ficou um tempo em silêncio lendo. – Ivy, esse desenho que você fez – Rose mostrou o desenho de Ivy. – É de que dia?

— Do meu aniversário. É eu, a mama, a mommy, a Tinkerbell, o Peter e a minha festa. – Ivy respondeu sorrindo.

— Primeira vez que isso acontece. – Rose sorriu, as duas mulheres se entreolharam. – Respondendo em ordem; primeiro a Ivy, depois Regina e por último Emma. Ivy, por que você fez esse desenho quando se sentou ali na mesa? E por que as duas escolheram essa memória como a mais marcante?

— Porque é o melhor aniversário da vida todinha. Estava eu, a mommy, a mama, e eu ganhei a Tinkerbell e o Peter. – Ivy respondeu sem demora.

— Foi o primeiro aniversário da Ivy em que a Emma estava com a gente. Foi a primeira vez que eu vi a Ivy sorrir plenamente feliz. – Regina ficou com os olhos marejados.

— Eu tinha a minha família de volta. – Emma falou abraçando mais a filha. Olhou para Regina e as duas sorriram uma para a outra. As três tinham escolhido a mesma memória como a mais marcante.

— Como conjunto da obra, vocês estão no caminho certo. Problemas, divergências, incertezas, tristezas, isso vai acontecer, faz parte do cotidiano. O que muda é a forma que se lida com isso. A partir de hoje, nós vamos trabalhar individualmente, menos a Ivy. – Rose olhou sorrindo para a menina quando viu que ela arregalou os olhos para a médica. – E vocês vão perceber que essas sessões individuais vão refletir de forma positiva na relação de vocês. Como eu já percebi que acontece. Hoje as nossas sessões vão ser mais curtas e semana que vem começamos bem certinho, ok?

Emma e Regina concordaram com a cabeça. A pedido da médica, Emma saiu com Ivy, deixando a fotógrafa para a sua sessão. Enquanto as duas ficaram se divertindo na sala de espera, a sessão de Regina foi carregada. A fotógrafa não conseguiu evitar falar do pai e, mais uma vez, as lágrimas acompanharam a sua sessão de terapia. Na troca de lugar com Emma, não conseguiu esconder os olhos vermelhos de Ivy e teve a filha secando suas lágrimas enquanto esperavam pela mulher.

— Olha só, já que tivemos um dia tão bom, que tal a gente chamar a Zelena e a Belle e jantarmos fora? – Emma sugeriu no caminho de casa.

— Vamos comer pizza? – Ivy respondeu já gostando da ideia.

— Pode ser, vamos num rodízio, para comer bastante pizza, até a barriga estufar e ter que abrir o zíper da calça. – Emma virou-se no banco e respondeu para a filha sorrindo.

— Nossa, mãe, que isso? De onde veio essa fome? – Regina perguntou acompanhando a risada das duas enquanto dirigia.

— Acho que a convivência com a Zelena está me deixando mais faminta que o normal. – Emma respondeu.

— Sei, convivência com a Zelena... — Regina olhou de relance para a mulher. Assim que chegaram em casa, Ivy saiu correndo em direção às tias para fazer o convite. – Vem cá. – Regina segurou Emma pelo braço antes delas entrarem em casa. – O que aconteceu na sua sessão?

— Nada demais. – Emma respondeu tranquila. – Nós apenas conversamos sobre algumas coisas, falei de alguns sentimentos que tive nessa última semana, normal.

— Normal? – Regina tinha cruzado os braços. – Ela não te passou nenhuma tarefa?

— Não. – Emma deu de ombros e sorriu com a cara indignada que Regina fez. – Oh, meu amor, faz essa carinha não, ela só está te ajudando.

— Ela está é me deixando louca, Emma, isso sim. – A fotógrafa respirou fundo. – Você vai ficar chateada se eu não for mais?

— Amor. – Emma abraçou Regina e entrou com ela em casa. Foram juntas até a cozinha, onde conseguiam ouvir Ivy falando com as meninas. – Não vou ficar chateada com você, mas antes de tomar essa decisão, quero que você pare e pense se realmente não está te fazendo bem a terapia. Eu sei que é chato, que ninguém gosta de ficar ouvindo outra pessoa falando dos nossos problemas na nossa cara, mas ela está tentando ajudar. Não pense que só porque ela não me deu tarefa ou eu saí rindo que ela não pegou no meu pé, tá? – Emma sorriu. – Eu gosto da Rose, acho que ela é uma ótima profissional e que pode nos ajudar muito.

— Sei lá, parece que ela tá me perseguindo. – Regina deu de ombros. Ouvindo Emma, a morena percebeu que estava sendo infantil.

— E você acha que se ela estivesse te perseguindo eu ia deixá-la inteira? – Emma falou abraçando Regina. – Pensa com mais carinho nisso, semana que vem você me diz.

— Mas você acha que eu devo continuar. – Era uma conclusão. Regina sabia da opinião de Emma.

— Eu acho que você deve continuar. – Emma sorriu. Estavam se beijando quando Ivy voltou correndo atrás delas.

— A tia Belle não queria ir, porque ela tá fazendo dieta, mas daí a tia Zelena disse que ia de qualquer jeito, então a tia Belle vai também. – Ivy sorriu para as mães.

— Vamos nessa, galera. – Zelena chegou na cozinha.

— Tá morta de fome? – Emma perguntou rindo.

— Não foi você quem disse que era para comer até ter que abrir o zíper da calça? Tem que começar cedo então. – Zelena respondeu passando a mão na barriga.

— Besta. – Emma fez que não com a cabeça enquanto a filha e a mulher riam. Como sempre, Zelena e a professora ficaram fazendo brincadeiras uma com a outra e Regina aproveitou para ir até o estúdio.

Estava tudo quieto por lá. O ensaio que tinham para o dia havia sido cancelado. A fotógrafa ainda não tinha encontrado a vontade para voltar ao trabalho. Andava lentamente pelo estúdio, olhando para o seu local de inspiração, de paixão, de prazer, quando foi surpreendida pela voz de Belle.

— Você faz falta por aqui. – A morena sorria. – Fica tudo muito quieto quando você não está.

— Tá dizendo que eu sou barulhenta, Belle? – Regina sorriu para a assistente.

— Só um pouquinho. – Belle sorriu de volta. – Você e a sua pestinha.

— A Ivy é barulhenta mesmo, inquieta....

— Impulsiva, mau humorada, mandona, mimada, alegre, doce, gentil, apaixonada por tudo o que faz, inesquecível, impossível não a amar, igualzinha a você. – Belle terminou fazendo Regina sorrir ainda mais.

— Está tentando me ganhar, Isabelle? – Regina começou a rir.

— Tive seis anos para isso e não consegui, não vai ser agora, né?

— Eu nunca te agradeci por tudo o que você fez. – Regina se aproximou de Belle e segurou nas mãos da amiga.

— Não precisa. A única coisa que eu sempre quis em troca foi o seu amor e o da Ivy. – Belle apertou as mãos de Regina.

— E você tem. O nosso amor e a nossa gratidão. Eu sei que não fui fácil no começo, sem a Emma, sei que te machuquei diversas vezes depois e ainda não te agradeci por ter ficado do meu lado em todas as crises, em todas as alegrias. Você é mais que uma amiga, Belle, você é uma irmã.

— Nossa, Regina, você falando assim eu me emociono. – Belle secou uma lágrima que escapou dos seus olhos. – O que te deu pra ficar assim sentimental, foi a terapia?

— Eu sou sentimental, Belle. – Regina sorriu. – Só que eu acho que a terapia ajudou um pouco. – As duas começaram a rir e se abraçaram como há tempos não faziam. – E prepara o estúdio, amanhã eu volto com força total.

— Jura? Vamos recomeçar mesmo? – Belle estava surpresa e feliz. Tinha demorado tanto da última vez para que a fotógrafa reunisse suas forças e voltasse a trabalhar, que a assistente já tinha tudo planejado para passar pela maré baixa que se aproximava.

— Vamos sim. Preciso fazer as campanhas que fechamos o contrato e preciso terminar minhas fotos, quero montar a minha exposição início do ano que vem, antes das aulas da Ivy começarem. – Regina falou puxando fundo o ar. Não sabia se estava pronta para isso, porém dessa vez tinha Emma ao seu lado, não poderia se afundar no trabalho como fez antes. Teria que conciliar a dor que sentia com a sua vida. – E falando nisso, nós vamos ter que preparar meu calendário com as aulas dela agora.

— Mas gente... não sei se é a Emma ou a psiquiatra, mas estou vendo um milagre acontecer. – Belle não pode deixar de brincar.

— É a Emma, meu bem, sempre é a Emma. – Regina piscou para a assistente.

— Eita que estão falando meu nome. – Emma chegou no estúdio com Ivy nos braços e Zelena ao seu lado.

— Só coisas boas, meu amor. – Regina beijou Emma e sorriu para a família.

Pela primeira vez, Regina se deu conta disso. Ela tinha uma família que ia além de Ivy e Emma. Belle sempre esteve ao seu lado, sempre presente. E tinha Zelena também, que chegou de mansinho no seu passado e acabou se tornando uma grande amiga. O latido de Tinkerbell fez a fotógrafa sorrir. Família completa com gato e cachorro. Emma colocou Ivy no chão para brincar com Tinker e sentiu os braços de Regina em sua cintura.

— Acho que está na hora de pensarmos seriamente na segunda filha. – Regina sussurrou no ouvido de Emma. A loira olhou para a esposa e seu sorriso indicava que ela concordava com Regina.

A noite foi divertida e, depois de duas semanas com Ivy visitando a cama delas na madrugada, aquela noite passou em branco. Os dias que se sucederam foram voltando ao seu ritmo natural. Emma tinha que recuperar o tempo perdido com a filha nos estudos e assim passavam a maior parte do dia estudando, enquanto Regina retornava ao seu ritmo com as fotos.

Dias viraram semanas. A fotógrafa passou a dedicar seu tempo entre as campanhas e as fotos para a exposição. Já haviam matriculado Ivy na escola e estavam diariamente preparando a menina para a nova experiência. Como não tinha em nenhum lugar de Storybrooke uma academia que tivesse ioga para crianças, Zelena tomou a responsabilidade para si. E mesmo sem a filha indo as aulas de balé, Regina cumpriu a palavra de fazer as fotos para a apresentação de fim de ano.

A sala de dança foi preparada para as fotos e as crianças estavam ansiosas. O burburinho de risadas e brincadeiras tomavam conta de todo o corredor. Emma não deixaria Regina ir fazer aquelas fotos sozinhas, por isso ela e Ivy acompanharam as meninas naquele ensaio. A presença de Guinevere o tempo inteiro na sala fez com que o humor Emma mudasse drasticamente.

— Isso, agora olha aqui. – Regina falou ao fotografar as crianças menores. – Ótimo, acabamos. – A fotógrafa sorriu e entregou a câmera para Jasmine.

— Vamos lá, gente, hora da outra turma. – Guinevere tirou as pequenas da sala e chamou a próxima turma. Regina tinha se aproximado um pouco da mulher e da filha. – As meninas estão prontas, Gina.

Emma bufou ao ouvir a professora chamar a mulher daquela forma. Regina voltou para as fotos.

— Jas, deixa que eu ajudo a Regina agora e você pode levar a Ivy para comer alguma coisa? – Emma tinha perdido a paciência e resolveu agir. A prima da fotógrafa aceitou a troca e levou Ivy para fora. A loira tomou o lugar de Jasmine e voltou a sua velha profissão de assistente.

— Amor, me passa a... — Regina começou a falar quando sentiu a câmera que queria em suas mãos. Sua sincronia com Emma estava tão forte quanto era anos atrás. As duas trocaram um sorriso e o ensaio continuou, por toda a tarde.

— Nossa, Gina, nem sei como te agradecer. – Guinevere disse ao fim do dia. – Foi tudo tão lindo, aposto que essas fotos ficaram ótimas.

— Tivemos boas fotos sim, vai ficar lindo o ensaio. As meninas foram um amor. – Regina falou sorrindo.

— Pena que a Ivy não quis mais.

— Ela puxou a mãe dela aqui, não gosta muito de regras. – A fotógrafa brincou e, diante de mais uma aproximação de Guinevere, Emma chegou ao lado da mulher.

— E quando é a apresentação? – A loira perguntou séria.

— Dia doze de dezembro. Quase lá já. Esse ano passou voando.

— Verdade. – Emma respondeu. – Podemos ir, né, amor?

— Eu queria fazer um convite para vocês antes. – Guinevere falou e Emma a olhou séria. Iria matar a bailarina. – Amanhã vou estar de babá do meu sobrinho e pensei em levar ele à praia. É calmo e o mar é ótimo para crianças, só que é só nós dois, então pensei que vocês poderiam nos acompanhar. Assim as crianças podem brincar enquanto os adultos se divertem.

— Amanhã? – Emma perguntou detestando a ideia. Porém foi a resposta da mulher que a deixou maluca.

— É uma ótima ideia, faz um tempo que não vamos à praia mesmo. – Regina olhou para Emma e percebeu o que tinha feito. – Mas eu tenho que ver minha agenda. A gente liga para confirmar. – Tentou consertar o mais rápido possível.

— Claro. Vou ficar esperando. – Guinevere deu um beijo no rosto de Regina e depois em Emma. A loira pegou a filha e saiu da escola.

O silêncio tomou conta do caminho de casa e Emma foi direto para o quarto quando chegou. Regina pediu que Ivy ficasse com Belle enquanto ela conversava com a esposa. Assim que encostou a porta atrás de si, Emma desabafou.

— Não posso acreditar que você disse aquilo. Já não bastou aquela oferecida ficar te chamando pelo apelidinho o dia inteiro? Já não bastou ela ficar praticamente em cima de você? E você não fazer nada! Você ainda me cogita o convite dela? – Emma esbravejou.

— Desculpa. – Regina estava encostada na cômoda e deixou que Emma desabafasse.

— Desculpa? É só isso que você tem para me dizer? Depois de ter que ver você jogando seu charme para cima daquela vagabunda, é isso que você me diz? – Emma andava de um lado para o outro bufando dentro do quarto.

— Eu não joguei charme nenhum para cima de ninguém. – Regina estava calma. O que deixava Emma mais irritada ainda.

— Ah não? E aqueles sorrisinhos que você ficou dando o tempo inteiro? Acha que não te conheço, Regina? Conta outra.

— Não, Emma, você me conhece, me conhece muito bem para saber que eu não fiz nada disso e que essas palavras são os seus ciúmes descontrolados.

Emma parou de andar e encarou Regina. Tudo bem, Regina não tinha feito nada além do normal. Emma sabia que a mulher seduzia mesmo quando não tinha essa intenção. Era algo de Regina, fazia parte dela, era injusto pedir que ela mudasse. Seus ciúmes vinham das atitudes descabidas de Guinevere. Da forma como ela falou o tempo inteiro com Regina, dos olhares que ela lançava para cima da fotógrafa e do jeito que ela tratou Ivy.

— Ela tem muita cara de pau. Deu em cima de você, ali na minha cara, como se eu não estivesse presente e você ainda cogitou a hipótese de passar um dia na praia com ela. – Emma voltou a andar. Percebeu o silêncio de Regina e olhou para a mulher. – Eu pensei que você me conhecesse melhor.

— Eu fui tomada pela pena, me desculpe. – Regina disse calmamente.

— Pena? – Emma olhou incrédula.

— Eu não comentei nada com você porque sabia que você ia pirar de ciúmes, mas no dia que fui cancelar a matrícula da Ivy do balé, acabei tomando um café com a Guinevere e ela me confessou alguns dos problemas que ela passou depois que se machucou. O "sobrinho" dela... – Regina fez aspas com as mãos. – É filho dela. Ela ficou grávida de um homem de balada e ela queria abortar. A irmã dela não deixou e pegou o menino para criar. Agora que ela está melhor, ela voltou a conviver com o menino, mas só como tia. – Regina respirou. – Então quando ela convidou para passar o dia com eles, eu fiquei com pena e por isso me empolguei. Achei que seria bom para a Ivy ter um amiguinho e que, talvez assim, ele conseguisse se aproximar mais das crianças.

— Te deixo resolver uma coisa sozinha e você acaba tomando café com a sua ex. – Emma se amoleceu com a história, era verdade. Ainda mais ela, ainda depois de tudo o que passou longe da Ivy. Só que naquele momento, ela era pura raiva e não iria ceder.

— Ex, exatamente isso. – Regina falou grossa. – Uma ex lá do meu passado, uma ex como a Belle, uma ex como a Zelena, só uma ex. E nem amiga posso dizer que eu sou, porque eu não convivo com ela, eu não saio com ela. Talvez ela até pudesse se tornar nossa amiga, Emma, assim como a Belle e a Zelena se tornaram, se você não ficasse vendo coisa onde não tem e fosse um pouco mais simpática com ela.

— Eu sou simpática com quem merece a minha simpatia, Regina. – Emma esbravejou. – Agora não me pede para ser simpática com alguém que dá em cima da minha mulher.

— Eu não a quero, eu não quero a atenção dela. – Regina se aproximou de Emma, sem encostar na loira. – Eu tenho em você tudo o que eu preciso. Entenda isso.

— Eu entendo. Eu confio em você, não devia ter dito que você jogou charme para ela, só que isso não me impede de ficar puta da cara quando uma vaca qualquer chega dando em cima da minha mulher. – Emma deixou Regina se aproximar. Ela precisava daquilo. Mesmo nervosa, mesmo a fotógrafa sendo a razão do seu nervosismo, Regina também era sua calma.

— Está bem. Vou te deixar sozinha, daí você fica puta e depois, quando deixar de ficar puta, a gente vai jantar, ok? – Regina sorriu segurando o rosto de Emma. Deu um beijo na bochecha da mulher e a soltou, passando pelo seu lado. Apesar da surpresa das palavras da fotógrafa, Emma segurou o braço de Regina e a fez ficar de frente para ela. A fotógrafa tinha um sorriso safado nos lábios.

— Você é louca. – Emma empurrou Regina contra a parede. Prendeu o corpo da fotógrafa com o peso do seu e a segurou pelos pulsos, mantendo-os ao lado da cabeça – Quer me fazer perder o juízo?

— Quero. – Regina passou a língua nos lábios de Emma e deu uma leve mordida, foi dando beijos pelo rosto da mulher até chegar ao seu ouvido. – Perde o juízo comigo na nossa cama, agora. — Regina falou num tom baixo e sexy. Sentiu o corpo de Emma pesar mais ainda contra o seu, os lábios da loira foram famintos em sua direção. O beijo foi tórrido. Emma soltou os pulsos de Regina, deslizando as mãos pelo corpo da fotógrafa. Puxou a mulher da parede e a jogou sem medo na cama. Regina caiu de costas no colchão, olhou com um sorriso malicioso nos lábios, provocando Emma.

— Você é a chefe, meu amor. – Emma falou com um olhar faminto para Regina.

 

(...)

 

— Anda, tia Belle, deixa de ser velha, vamos fazer ioga com a gente. – Ivy puxava Belle em direção onde Zelena estendia os colchonetes.

— Bebê, a tia está cansada, vai você fazer, deixa que eu fico olhando. – A morena tentou argumentar pela milésima vez.

— Olhar não tem graça. – Ivy fez um biquinho. Zelena apenas ria diante da insistência da menina. Ela mesma já tinha tentado várias vezes convencer Belle a se exercitar com ela, mas nunca tinha conseguido. – Por favor, tia Belle, por mim.

— Ai céus, assim não dá, como é que eu vou dizer não pra essa carinha? – Belle apertou as bochechas de Ivy, roubando um beijo rápido da menina.

— Não é pra dizer não mesmo. – Ivy sorriu, puxando de vez Belle para o chão.

— Certo, para ela você não diz não. Vou me lembrar disso. – Zelena tentou se fazer de indignada, mas não conseguiu. – MM, você pega outro colchonete para nossa convidada de honra?

Ivy saiu correndo com Tinkerbell ao seu lado, em direção a parte da casa onde Zelena tinha organizado para deixar seus equipamentos de ginástica. Belle sentou-se ao lado da namorada e sorriu para ela.

— Que foi que você está com essa cara boba aí?

— Só pensei que, talvez, a gente devesse ter filhos também. – Zelena falou com um certo receio.

— Nossos? Tá louca, garota? Levo jeito com criança não. – Belle riu.

— Nossos é claro. E acho que você leva sim. Olha só como você é com a Ivy.

— É diferente, a Ivy é...

— É a filha da Regina e eu sei o que a Regina representa na sua vida. – Zelena interrompeu. – Mas se você pudesse se ver quando está com ela, você iria me dizer que nasceu pra ser mãe. Seus olhos brilham, seu sorriso não some, nem mesmo quando você está irritada.

— Imagina um filho meu, Zelena, coitada da criança, ia morrer sozinha. – Belle estava e não estava gostando daquela conversa. Não tinha tirado Regina do seu coração, mesmo que entendesse que a fotógrafa amava Emma, ainda estava se acostumando com a ideia de outra pessoa povoar seus pensamentos e seu coração. Zelena não fazia pressão, apesar de falar sobre assuntos sérios de vez em quando, ela não cobrava, ela a conquistava.

— A gente pode adotar, tem tanta criança por aí precisando de amor. – Zelena sorriu.

— A gente é gay, esqueceu?

— Tem crianças precisando de pais gays, já viu como tem uns casais aí que não sabem se vestir? Imagina os filhos dessas pessoas indo para a escola.

— Estou falando sério. A burocracia demora muito mais que uma gravidez. – Belle deu um leve empurrão em Zelena e sorriu.

— A Emma ficou grávida, mas teve que esperar seis anos para ter a filha dela. – Zelena falou. – Foi o destino. Talvez o nosso seja adotar uma criança que, sei lá, está nascendo agora.

— A Emma ficou doente. Não foi destino.

— Você fica com o seu ceticismo e eu fico com as minhas ideologias. – Zelena se deitou no colchonete, Ivy estava voltando.

— Por que você acha que foi o destino? – Belle perguntou curiosa.

— Porque se a Emma não tivesse ficado doente, eu não teria conhecido a Regina e, por consequência, não teria conhecido a Ivy e nem você. – A modelo piscou. – Destino, baby.

Belle começou a rir. Ivy colocou o colchonete no chão e logo Zelena começou a orientar as duas nos movimentos. Como a menina estava praticando há algum tempo, estava mais preparada que Belle, que reclamou de quase todas as posições.

— Você reclama muito, tia Belle, nem a mommy reclamou tanto. – Ivy falou após terminarem.

— Até a Regina você arrastou para isso? – Belle estava largada em cima do colchonete. Suada, cansada e moderadamente dolorida.

— Até a Emma já fez e, realmente, elas não reclamaram tanto quanto você. – Zelena sorriu. Pegou as pernas da morena e movimentou para alongar. – Eu já disse que você precisa se exercitar mais, como é que vai correr atrás dos nossos filhos?

— Filhos? Você vai ter bebê, tia Belle? O médico colocou ele em você? – Ivy começou a ajudar Zelena com o alongamento em Belle.

— Não, MM, ainda não, mas você gostaria de ter um priminho ou priminha? – Zelena sorriu para a menina, contra a vontade de Belle.

— Quero sim, uma priminha. – Ivy sorriu.

— E se for um priminho, não vai gostar? – Zelena insistiu.

— Zelena, chega. – Belle disse séria.

— Se ele vier assim ranzinza com a tia Belle, não. – A menina respondeu tão rápido que até mesmo Belle começou a rir.

— Também quero saber da piada. – Emma e Regina se aproximaram das três, sorrindo e abraçadas.

— A tia Belle e a Tia Zelena vão ter um bebê. – Ivy falou primeiro.

— Oi?

— Me explica isso. – Regina falou seguida de Emma. E Zelena, com toda a empolgação do mundo, explicou. Até a hora do jantar, Belle já tinha começado a sonhar com a possibilidade de se tornar mãe, tamanha a empolgação criada por todas.

— Vai, mama, conta. – Ivy insistiu. O jantar era simples, mas a conversa já se estendia por um bom tempo.

— Eu tenho uma. – Belle falou rindo. – O dia da escolha do nome do bebê.

— Sempre quis saber o porquê do nome Ivy. – Zelena falou olhando para o casal de amigas. Regina riu e apontou para Emma.

— Eu sou devota e...

— Para, para, para, deixa eu contar. – Belle impediu Emma de continuar. – Então, a Emma é devota e como tinha perdido as outras crianças, fez a promessa de chamar a menina de Ivy e o menino de George. – A morena revirou os olhos. – Só que ela não contou para ninguém da promessa e, depois que elas descobriram o sexo do bebê, a dona Regina fez uma lista com milhares de nomes e foi apresentar a lista para a Emm, que calmamente olhou para a Regina e disse: "Eu fiz uma promessa, que seria Ivy se fosse menina." – Belle parou para rir. – Pensa numa pessoa indignada. Essa mulher falou o dia inteiro e mais um pouco que se recusava terminantemente de chamar a filha de Ivy.

— Como se fosse um nome horrível. – Emma falou. Lembrava bem do trabalho que teve com a fotógrafa sobre o nome da filha.

— E lá foi a tia Belle aqui dar a ideia de colocar um outro nome, amenizar a situação, já que a dona Emma também não ia quebrar a promessa. Saiu de tudo, mas sempre tinha um motivo ou outro pra nenhuma das duas aprovar. Eis que veio uma campanha e a modelo principal era uma boneca de linda. Mesmo a Emma com ciúmes não pode negar que ela era linda. – Belle apontou para a loira e riu. – O nome dela era Isabela, mas por conta do avô, que tinha umas ideias malucas, o apelido era Ivy. Quando a modelo foi embora, a Regina tinha ficado tão encantada que acabou achando que o destino estava dando um sinal. A Emma me olhou séria e mandou eu dizer o nome da menina. Falei e, adivinha? A mocinha ali chutou toda vez que o nome foi dito.

— E assim foi escolhido o tão complicado nome. – Emma sorriu. – Mantive a promessa e, no final, Regina cedeu. Foi fácil não.

— É porque é o primeiro, o segundo é mais fácil. – Zelena falou sorrindo. Ivy olhou para a modelo e depois para as mães. A menina não sorria mais.

— Que carinha é essa, meu amor? – Regina perguntou. Sabia que não seria nada fácil aquele assunto com a filha.

— Eu não quero irmão nem irmã. – Ivy falou decidida.

— Primeira criança que quer ser filha única. Que não quer um irmão para brincar, para viver aventuras. Imagina você, a irmã mais velha, vai poder ensinar muita coisa para um irmãozinho. – Emma falou. Ela tinha amado a ideia de Regina de mais um filho, mas também previa que Ivy não compartilharia com o mesmo entusiasmo da novidade.

— Ele vai me obedecer? – Ivy perguntou pensando na hipótese de ter um irmãozinho.

— Amor... — Regina ia responder, mas Belle riu e interrompeu a fotógrafa.

— Vai. Com certeza, vai obedecer a você. – A morena ria, dando de ombros para a cara de desaprovação de Regina e Emma.

— É, se for menina dá para pensar. – Ivy falou e voltou a comer a sobremesa que estava em seu prato.

Emma parou olhando assustada para a filha e Regina abriu um sorriso. Talvez elas estivessem se precipitado e fosse mais fácil dar uma irmãzinha para Ivy do que elas tivessem imaginado.

— Que bagunça. – Ivy falou pulando na cama das mães. O lençol estava fora do colchão, os travesseiros jogados pelo chão. Regina riu, enquanto Emma jogou tudo em cima da cama.

— Vem cá, você gostou da ideia de ter uma irmãzinha mesmo? – Regina falou deitando-se ao lado da filha e a trazendo para o seu peito.

— É, a Carol lá do balé tem uma, ela disse que é legal, dá para brincar de vestir ela, mas acho que vou preferir ensinar ela a correr. – Ivy falou, já fechando os olhos.

— Desde que ela não corra dentro de casa. – Regina respondeu e sorriu para Emma.

— Pode ser Robin o nome dela? – Ivy resmungou, o sono estava batendo nela.

— Robin? Por quê? — Emma se deitou ao lado das duas e deu um beijo em Ivy.

— Gostei do som. Robin. – A menina falou com um tom italiano. – E daí vamos chamar ela de MS. Mini Swan.

Emma começou a rir junto com Regina. Ela bem que tentou fazer a filha falar mais, porém o sono bateu e Ivy era só resmungos depois de um tempo. A loira levou a filha para a cama e, quando voltou, Regina se deitou em seus braços.

— E quanto amanhã? – Ela perguntou em dúvida. Não tinham mais tocado no assunto desde o final da tarde.

— Vamos para a praia. Você distrai as crianças e eu afogo a bailarina no mar. – Emma falou.

Agora que estava mais calma, que conseguia pensar como uma pessoa sã, ela sabia que não tinha perigo por Regina. A fotógrafa era sua mulher, era sua e ninguém mudaria isso. E tinha ficado mexida com a história do filho afastado. Ela mais que ninguém sabia o quanto doía, mesmo que suas histórias fossem completamente diferentes.

— Pensei em chamar a Belle e a Zelena também. Fazer um dia bem família. – Regina sorriu.

— Isso sim é uma boa ideia. – Emma sorriu. – Já pensou aquelas duas com filhos?

— A Belle toda afobada e a Zelena toda paciente vai ser uma loucura. – Regina riu. – Mas fico tão feliz por elas.

— Eu também. Quem diria que seria a nossa filha que iria juntar as duas e daria tão certo? – Emma sorriu. – Aliás, olha a loucura que é essa vida. A nossa filha de seis anos juntou as duas exs da mãe dela e deu super certo.

— Você tinha que frisar o ex? – Regina olhou tentando ficar séria.

— Mas são suas exs.

— Não tenho culpa que você demorou para aparecer na minha vida e, depois que apareceu, resolveu tirar férias. – Regina deu de ombros.

— Férias, sei. Falando em férias, vamos fazer a nossa primeira viagem de família depois do Natal?

— Vamos sim. – Regina sorriu, tinha se esquecido completamente do final de ano. Também não queria lembrar muito. Seriam as primeiras festas sem seu pai e depois de todos os últimos anos ele presente, ela tinha medo de como seria. – O que você sugere?

Regina afastou os pensamentos tristes e se focou nas ideias da mulher. Emma parecia ter pensado naquelas férias por anos, porque tinha um roteiro pronto, na ponta da língua para recitar para a fotógrafa. Conversaram por tanto tempo que foram dormir muito tarde. Os gritos incomodavam a fotógrafa, mas estavam distantes. Um pesadelo chegando, talvez, ela não saberia dizer. Os braços de Emma a sacudiram com força e ela despertou. Agora ela entendia os gritos. Emma estava assustada e já saindo da cama, falava com ela, mas ela só ouvia o chamado desesperado de Belle.

— NÃO FAZ ISSO COMIGO, ZELENA!



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