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História Boys will be bombs - Boys will be out


Escrita por: hyunator

Notas do Autor


TO DE VOLTA PRAS DUAS PESSOAS QUE ACREDITARAM EM MIM

eu nas notas anteriores dizendo que ia conseguir atualizar com mais frequência e a faculdade simplesmente DESTRUINDO TODA A MINHA SANIDADE MENTAL COMO KARMA imediatamente após!!!!! que delícia!!!!!! mas sério, me perdoem por ter sumido, realmente não era minha intenção

mas to aqui de volta!!!!! e aviso que vcs não precisam se preocupar, não vou desistir dessa fic. tem muitos detalhes nela que são importantíssimos pra mim, pq tem Muito de mim nela, e escrever ela é praticamente uma terapia sobre muita coisa que se passa/passou na minha cabeça (quem sabe algum dia eu fale mais sobre, mas acho o sexto capítulo meio cedo pra eu abrir todo o meu coração KKKKKKKKKKKK)

quero deixar bem claro antes desse capítulo que quase todas as coisas que acontecem nessa história tem mais de um lado, então não tem problema vcs acharem que o haechan tá certo ou que o haechan tá errado (não só ele como qlqr personagem da fic que não seja os canalhas da família lee)

eu tô no bluesky caso queiram me seguir!!!! meu user lá é hyucore (https://bsky.app/profile/hyucore.bsky.social), às vezes eu fico comentando sobre bwbb lá e vcs podem sempre me falar oq tão achando da fic por lá também!!!

enfim, sem mais delongas!!!!! espero que gostem<3

Capítulo 6 - Boys will be out


— Mark? O que aconteceu? — Jaemin encostou de leve na bochecha do Lee, que encolheu-se sob o toque. 

Mark nunca tinha sido uma pessoa que mostrava ao mundo todas as dificuldades que enfrentava de maneira tão explícita.

Costumava dissertar sobre as coisas mais bobas, como todas as briguinhas sem propósito algum que ele e Jaemin tinham ou sobre a falta de concentração que tinha nas aulas da faculdade que fora obrigado a entrar. Não sobre aquele tipo de assunto, que fazia seus olhos mais parecerem cachoeiras desgovernadas.

Claro, eventualmente os amigos dele descobririam o que verdadeiramente se passava na sua cabeça, ou pior, na cabeça de seus pais. Mas não daquele jeito. Não com uma mancha roxa entornando seus olhos, não o ajudando nem um pouco a ser discreto sobre sua vida familiar.

Jaemin o encarava com pena. O estômago de Mark revirou, odiando a sensação de sentir-se o pobre coitado do Mark Lee mais uma vez.

— Acho que você sabe o que aconteceu — respondeu, sem graça.

Conseguia sentir os olhares preocupados de todos os seus amigos caindo sobre si. Queria sair correndo dali imediatamente, mesmo que fosse o lugar mais seguro que ele tivesse.

— Senta aí, eu vou trazer uma compressa gelada pra você.

Mark sentou-se na cama, deitando sobre a almofada velha do BTS, seu corpo parecendo que ia desmontar a qualquer momento. Depois, suspirou. — Não sei se vai adiantar alguma coisa, não faz tão pouco tempo assim.

— Sempre ajuda um pouquinho.

Jaemin foi buscar a compressa na cozinha, deixando Mark surpreso. Será que tinha algum motivo específico para que o Na estivesse lhe tratando com carinho?

Se fosse ser sincero, nem ao menos imaginou que o ensaio seria na casa dele naquela noite. Jaemin trabalhava cedo no outro dia, ia ser mais fácil os garotos arrumarem alguma forma de ensaiar no meio da rua do que usarem sua casa durante a madrugada.

Talvez ele só estivesse sendo muito gentil novamente.

Mark ruborizou com o pensamento, mas tentou não demonstrar nada. Não quando Haechan o encarava com uma sobrancelha levantada, pronto para julgá-lo por todas as idas e vindas que tinha com o Na.

Mas quando Jaemin voltou para o seu lado, encostando de leve a compressa no entorno de seus olhos, os dedos pressionando levemente em seu maxilar com a outra mão, o rosto bonito e concentrado do Na a centímetros de distância do seu, Mark não conseguiu deixar de encará-lo, desejando mais do que tudo chocar seus lábios machucados nos dele.

— Eu senti sua falta — Mark disse baixinho, para que só ele pudesse ouvir. Sim, poderia fazer pouco tempo desde que Mark foi proibido de sair de casa, mas quando estavam em bons lençóis, passar um dia sequer longe do Na parecia torturante.

Jaemin nada falou. Talvez não tivesse escutado.

Pouco importava, Mark queria beijar ele ali mesmo.

— A gente pode conversar a sós? — foi tudo o que o Na respondeu, com aquela típica expressão vazia de quando Mark havia feito alguma coisa de errado novamente. 

O mais velho murchou a face. — Podemos. Tá tudo bem?

Mas Jaemin não respondeu. Mark engoliu em seco.

— Ei! — gritou, chamando a atenção dos outros garotos que arrumavam os cabos dos instrumentos e discutiam os arranjos novos. E Jeno, que tentava fazer qualquer outra coisa que não fosse encarar a realidade de seu primo. — Vão lá pra rua, tenho que conversar a sós com o Mark.

— Vão vocês? — Chenle argumentou. — A gente tá arrumando as coisas pro ensaio.

— A casa é minha? — Jaemin tinha um ótimo ponto. — E outra, o amigo de vocês tá machucado. Parem de ser insensíveis — apontou para Mark, que encolheu-se ainda mais. — Vão, sei lá, pixar o muro da minha casa, fazer essas coisas que vocês fazem.

— Era só o que me faltava — Renjun massageou as têmporas, organizando uma lista mental dos possíveis lugares que poderiam começar a ensaiar nos quais Haechan ainda não havia brigado com o dono. Provavelmente nenhum deles aceitaria ensaios de madrugada.

— Deixa eles — Haechan disse, terminando de plugar um dos cabos no seu microfone. Mark podia perceber que tinha alguma coisa estranha em seu semblante, mas sabia que provavelmente era culpa sua.

Afinal, com tudo o que Mark tinha dito para o melhor amigo sobre Jaemin, era de se esperar que ele não fosse muito fã do relacionamento dos dois.

Fez uma nota mental de que precisava urgentemente parar de ter uma boca tão grande quando bebia e ia dormir na casa do mais novo.

— Tá, mas não deixem a gente plantado na rua — Renjun ralhou, saindo da casa e levando os garotos consigo.

Assim que fecharam a porta, Mark engoliu em seco, observando a expressão fechada de Jaemin. Poderia fingir para si mesmo que ele tinha expulsado todo mundo para que pudessem dar uns amassos, mas duvidava muito que aquele fosse o caso.

— Mark, eu acho que isso não vai funcionar.

Mark sentiu sua respiração falhar, seu coração parar de bater por alguns instantes.

— Como assim?

— Escuta… Você acha que a gente tá namorando?

— Sim? — ele viu a expressão de Jaemin se comprimir. Resposta errada. — Quer dizer, não sei, você que sabe. Eu só imaginei que fosse isso.

— Aí é que tá. Eu não quero que você ache uma coisa que não é. Só porque a gente fica, não quer dizer nada — Jaemin deu de ombros. Mark sentia suas tripas brincarem de cama de gato. — As coisas continuam do mesmo jeito, você não mudou nada. 

Lá estava Jaemin de novo, cobrando algo que Mark nem ao menos imaginava o dia em que poderia cumprir.

Mark franziu a testa. — Jaemin, não tem como eu te assumir pra minha família. Olha a porra do meu olho.

— Então faz que nem eu, ué. — Mark permaneceu confuso, o encarando. — Sai de casa.

— Tá maluco? — Mas aparentemente Jaemin não achava que estava maluco, porque ele não entendeu as implicações daquela proposta. — Se eu continuar nessa cidade mas em outra casa só por causa da minha sexualidade, meus pais descobrem onde eu moro, invadem minha casa, me matam e ainda roubam meu videogame.

— Pois então desculpa, mas do jeito que as coisas tão, elas não vão ficar — Jaemin ergueu-se, e, de repente, parecia muito maior e mais intimidador do que Mark. — Não vou ficar com alguém confuso, que não aceita a própria sexualidade e tem medo de tudo e de todos.

As borboletas que sentia ao estar perto de Jaemin estavam todas esmigalhadas em seu estômago.

Sabia que não tinha alternativas seguras, não seria fácil como o Na tinha idealizado.

As coisas não funcionavam desse jeito. Ele não poderia simplesmente arrumar as malas e seguir sua vida como se nada tivesse acontecido. 

Mas também não iria suportar perder Jaemin mais uma vez. Jaemin era o amor da sua vida, sua alma gêmea, seu futuro. Todos os sonhos de Mark envolviam Jaemin, por pior que fossem as brigas, por mais distante que estivessem durante os términos, por mais complexos que fossem seus sentimentos.

Jaemin suspirou. — Eu te amo, Mark, mas não posso ficar com alguém que se odeia. A gente não consegue nem mais ficar de boa perto dos seus amigos, porque seu primo não pode saber.

— Eu não… — Mark engoliu em seco. Tinha que ter alguma forma de Jaemin mudar de ideia. Tinha que ter algum jeito de fazer tudo voltar ao normal sem envolver seus pais. — E se eu… E se eu contar pro Jeno?

Jaemin o encarou nos olhos, retirando a compressa de gelo que espalhava em seu rosto. — Tá falando sério? — ele chegou a abrir um sorriso, demonstrando, pela primeira vez na noite, alguma reação positiva.

Ah, então era isso que Jaemin queria.

Claro.

— Claro.

Jaemin voltou a sentar-se do seu lado, colocando a mão sobre o ombro do mais velho.

— Seria um ótimo começo, de verdade — sua voz estava doce, mais uma vez. — Você faria mesmo isso por mim?


 

— Pô, Yangyang, abre o carro aí — Chenle pediu, assim que foram expulsos da casa para que o pseudo-casal pudesse conversar, puxando a maçaneta do sedan muitas vezes, como se a porta fosse magicamente abrir sozinha.— Esqueci os óculos no banco de trás.

— E vai tá precisando nesse breu? — Yangyang apertou a chave em seu bolso, destravando as portas.

— Tá na moda usar fora de casa — Chenle gritou, de dentro do carro. — Não que você saiba, né? Jogando LOL o dia inteiro trancado no quarto — saiu sorrindo, trajando seus óculos escuros mais uma vez.

— Literalmente ninguém usa isso, para de ser maluco — Haechan implicou, escorando-se próximo ao porta-malas, sendo acompanhado por Renjun.

— Claro que usa! Né, Jisung? — Chenle cutucou o garoto ao seu lado.

— É… — Jisung respondeu, meio apático.

Chenle franziu o cenho.

— Yangyang, tô entrando no seu carro de novo — foi tudo o que ele avisou, antes de abrir a porta e jogar-se para dentro do automóvel, puxando um Jisung confuso consigo.

— Tá, tanto faz — Yangyang suspirou, aceitando um cigarro de Haechan. — Achei que você não fumasse em dia útil.

Haechan deu de ombros. — Fui demitido. Não existe mais dia útil.

— Justo.

— Cê foi demitido? — Renjun perguntou, parecendo preocupado. — Porra, que merda. O Doyoung deve ter enchido o saco — Renjun deitou a cabeça contra o carro, ainda encarando o Lee.

— Tá tudo sob controle — tragou o cigarro, tossindo logo em seguida. Maldita asma que não o deixava ser cool toda vez que quisesse. — Logo, logo, eu arrumo outro — Haechan concluiu, fazendo um sinal com as mãos de que aquilo não era nada de mais.

Renjun ergueu uma sobrancelha, sabendo que Haechan estava fingindo que aquilo não era nada de mais. — Se você diz...

Jisung encarou Chenle com os olhos arregalados após ser puxado para dentro do carro, o chinês dando tudo de si para que conseguisse se erguer e fechar a porta com apenas um dos braços. Após todos os pensamentos absurdos que Chenle já tinha compartilhado consigo, o Park temia pela própria vida toda vez que ficavam apenas os dois sozinhos. Dessa vez, estava com medo de que o garoto desse partida no carro e fossem parar no fundo de um lago, com o carro do Liu e tudo.

— Cê tá com dor de corno? — Chenle foi sincero em sua pergunta.

Jisung permaneceu em silêncio por alguns segundos. Definitivamente, não era o que ele estava esperando. — O quê?

— Cê tá com dor de corno por causa do Jaemin? — refez a pergunta. — Cê fica com cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança toda vez que ele tá perto do Mark.

— Ah… — Jisung deu de ombros, com cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança. — Sei lá, eu só nunca tinha ficado com ninguém que eu não gostasse antes… É meio estranho. Especialmente quando ele volta com o ex um dia depois e o ex leva um soco na cara por causa dele — Jisung cerrou a testa, olhando para o nada enquanto tentava compreender a situação.

— Ah, não se preocupa — Chenle sorriu, fazendo com que o Park voltasse a encará-lo. — Você se acostuma a não ligar pra isso de precisar gostar pra beijar…

— É mesmo?

— É — Chenle afirmou com a cabeça. — Por que que cê não tenta comigo? — ele abriu um sorriso maior ainda, deixando Jisung em dúvida se ele estava flertando consigo ou tirando sarro da sua cara.

Jisung negou com a cabeça, rindo enquanto empurrava o ombro do Zhong de leve. Deveria ser uma brincadeira para que Jisung parasse de ficar tão borocoxó por causa daquele assunto, que devia ser bobagem na cabeça do chinês. — Para com isso.

— Desculpa, perto de gente bonita eu fico… Qual o contrário de tímido?

— Extrovertido?

— Não, aí é de introvertido.

— Desinibido, sei lá —  Jisung riu. Chenle realmente estava ajudando com aquele papinho esquisito.

— Isso — Chenle confirmou com a cabeça, mas antes que pudesse dar em cima do mais novo ainda mais descaradamente, uma movimentação suspeita do lado de fora do carro se fez presente.



 

Quando Jaemin aceitou sua proposta, Mark não pensou em mais nada. Se fazer uma coisinha de nada daquelas significava que teria Jaemin de volta, era toda a confirmação que precisava para acreditar que era uma boa ideia.

A melhor ideia. A ideia perfeita.

Afinal, quantas vezes já não tinha se assumido? Todos os seus amigos e garotos gatinhos desconhecidos que beijava em festas sabiam.

Se assumir para Jeno seria a coisa mais fácil do mundo.

Quando percebeu, já tinha aberto a porta da casa de Jaemin e caminhava em direção ao próprio primo em passos firmes, ignorando completamente qualquer conversa que tivesse se iniciado entre os garotos da banda.

— É pra gente voltar? — Jeno perguntou, seu tom de voz bem mais baixo do que o dos outros garotos.

— Jeno, eu tenho que te contar uma coisa — Mark anunciou, sem nenhuma hesitação. O Lee parecia confiante, prestes a dizer algo de grande importância. Jeno virou em direção a ele, prestando toda a atenção que conseguia.

Os garotos já tinham parado de conversar e observavam atentamente a movimentação. No silêncio, tudo o que poderia ser ouvido era a janela do carro abrindo lentamente, revelando mais dois olhares curiosos com a cena que se desdobrava.

— O que foi? — seu semblante estava calmo, transmitindo confiança para o Lee mais velho. Jeno parecia, de fato, com um padre esperando a confissão de um dos fiéis pecadores.

Haechan franziu a testa, tentando entender o que estava acontecendo em sua frente. No fundo, podia ver Jaemin encostado na batente da porta, sorrindo de orelha a orelha ao observar a cena.

Não.

Não, não, não.

Ele não ia fazer isso.

Mark não ia inventar de fazer aquilo, sabendo que seu primo poderia odiá-lo para sempre.

E pior, sabendo que Jeno revelaria seu segredo para o resto da família inteira, e Mark provavelmente seria crucificado ainda mais pelos próprios pais, que morreriam no fracasso de terem um filho publicamente bissexual.

— Pode falar — Jeno assegurou, com a expressão serena.

— Jeno, eu…

— Jeno, eu sou gay — Haechan o interrompeu, antes que Mark pudesse arruinar a própria vida com suas palavras. — E agora que a gente tá passando o tempo todo juntos, eu acho ridículo ter que ficar fingindo o tempo todo que não sou só porque você é católico.

Não era mentira, afinal. Haechan achava um pouco absurda toda aquela superproteção que estava acontecendo com o baixista, especialmente quando ele poderia ser um homofóbico em potencial, e odiar não somente ele, como todos ali presentes.

Jeno permaneceu em silêncio por alguns instantes, mas sua expressão não se dissipou.

De repente, algumas coisas passavam a ter um pouco mais de sentido. Jeno recordou-se mais uma vez de quando Haechan o havia perguntado se ele nunca tinha se interessado por garotas, ou então, a forma como todos eles pareciam estar constantemente lhe escondendo algo de importante.

Talvez Jeno tivesse passado muito tempo refletindo sobre aquilo, pois Haechan agora o encarava, sobrancelha levantada em expectativa. — Você não vai responder nada? — ele perguntou, incrédulo.

Jeno continuou em silêncio por algum tempo.

— Hm… O que é pra eu responder? — Jeno perguntou, por fim. Não conseguia entender quais eram as expectativas do Lee.

Haechan se juntou ao silêncio. Que tipo de pergunta era aquela?

— Cê tem algum problema com isso?

— Não… Você não é católico, né? — Jeno não olhava mais para os olhos de Haechan, ocupando-se em esfregar uma mão na outra. —  Se essa sua escolha te faz feliz e não machuca ninguém, eu não acho que a igreja possa interferir em alguma coisa.

— Minha escolha? — foi tudo o que o Lee respondeu.

Todos os outros estavam em silêncio completo. Confusos com o que tinha acabado de acontecer, mas um tanto quanto curiosos para saber qual seria a reação de Jeno. Afinal, Haechan era, entre eles, o que mais se incomodava em não saber os pensamentos reais do futuro padre, mas todos eles não teriam motivo para manter Jeno por perto caso ele fosse homofóbico de verdade.

— Sim, eu respeito sua escolha — Jeno respondeu, com a cabeça ainda abaixada.

— Olha pra mim — Haechan mandou, chegando um pouco mais próximo do mais velho. Jeno fez o que lhe foi ordenado, hesitante. Um frio percorreu sua espinha quando deu de cara com a expressão fechada do garoto. Tinha falado alguma coisa de errado? — Esquece tudo o que já te falaram na igreja por dois segundos. Cê acha mesmo que alguém escolheria sofrer preconceito? Ser xingado, ameaçado, agredido dentro de casa?

Mark engoliu em seco. Aquela conversa não estava seguindo o planejado. Precisava de Jaemin de novo, urgentemente.

Mas quando virou para trás para buscar o Na com o olhar, ele tinha uma expressão vazia no rosto, não muito amigável. Mark resolveu que esperaria até que ele não estivesse mais chateado consigo. Ou com Haechan, que tinha interrompido que seu plano se concretizasse.

Mark bufou. Por que o Lee sempre se metia onde não era chamado?

— Desculpa, eu não… — Jeno balançou a cabeça, negativamente. — Não tinha pensado nisso.

— Então pensa nisso na próxima vez — Haechan respondeu, com escárnio. — Não existem só pessoas como você e a galera da sua igreja no mundo.

— Eu… Vou pensar… — Jeno falou, parecendo genuinamente arrependido de ter falado algo que o Lee não tinha gostado.

— Tá, gente, vamos ensaiar — Renjun cortou a conversa, antes que Haechan pudesse desferir alguma ofensa contra Jeno. — Pronto, você já descobriu que ele não é homofóbico… — o Huang segurou o coreano pelos ombros, levando ele consigo em direção à casa de Jaemin. Ambos entraram, deixando os outros lá fora, em dúvida se deveriam seguí-los ou não.

— Isso é não ser homofóbico pra você? 

— Olha, Haechan — Renjun respirou fundo, tentando falar calmamente. — O Jeno provavelmente nunca falou com uma pessoa LGBT na vida dele — Haechan ergueu a sobrancelha. — Que ele saiba, né, pelo menos. Acho que cê tá cobrando demais dele, ele saber exatamente os termos certos pra usar. Ele não falou como se fosse contra, nem nada.

— Tanto faz, o Mark tá me devendo essa — Haechan cruzou os braços, claramente não querendo demonstrar que talvez tivesse agido um pouco impulsivamente.

— E como exatamente você sabe que era isso que o Mark ia falar? — perguntou, sério. — Você tem quinze segundos pra me dizer, antes que eu mate vocês os dois com uma cajadada só.

— O Jaemin tava aqui na porta com o maior sorriso do mundo — Haechan tentou sussurrar, mas seus grandes movimentos com os braços deixavam clara a sua indignação. — Não duvido nada que essa conversinha que eles tiveram, foi ele tentando convencer que o Mark tem que assumir ele pra todo mundo.

— Ele é maluco mesmo, né? — Renjun sussurrou de volta. — O garoto apanhou feio por causa da família homofóbica e ele ainda queria que ele se assumisse pra outro pedaço da família.

— Ele é- — mas quando Haechan ia continuar ofendendo o Na com seus grandes movimentos corporais, Jaemin entrou na sala, sendo seguido pelos outros. Haechan e Renjun permaneceram em silêncio, vendo Jaemin sussurrar alguma coisa no ouvido de Mark e encará-los.

— Vamos começar o ensaio? — foi Mark quem interrompeu o silêncio, sorrindo amarelo.

Prosseguiram com o planejado, terminando de conectar os cabos e regular o som para os instrumentos. Parecia que todos tinham combinado de permanecerem em um silêncio constrangedor – Jeno mal conseguia olhar para qualquer lado que não fosse o próprio baixo, com receio de ter continuar dizendo coisas erradas, Mark culpava-se por não ter conseguido ir até o final com o que Jaemin desejava, e Renjun, que já estava naturalmente cansado pelos longos períodos diários em que praticamente morava na universidade, sentia-se ainda pior depois de tudo.

Nada entre eles era normal, nunca. Se fosse em outro dia, o Huang provavelmente já teria puxado Haechan e Mark para um canto e distribuído um sermão coletivo por terem agido sem pensar por um segundo em quais poderiam ser as consequências. Mas estava cansado de mais para ser pai dos próprios amigos hoje, decidindo que apenas aceitaria a desculpa fuleira que Haechan lhe deu.

— Nossa, parece até que alguém morreu — Yangyang sussurrou, entre uma música e outra, para Chenle e Jisung, os três sentados na cama. 

Chenle sorriu. — Deixa eles, o Haechan deve ter ficado chateado que o Jeno não se assumiu de volta pra ele, pra ele poder corromper o menino da igreja — debochou, falando tudo em mandarim para que os envolvidos não compreendessem.

Não é porque eu não entendo mandarim que eu não escuto quando alguém tá falando meu nome, Chenle — Haechan anunciou no microfone, os olhos semicerrados fuzilando o mais novo.

— Acho que você não vai querer que eu fale em coreano, não — Chenle riu, cutucando Jisung com o cotovelo como se o Park tivesse entendido tudo. Jisung não sabia nem ao menos dizer "oi" em chinês.

Haechan apenas revirou os olhos, pedindo para que Mark fizesse a contagem para a próxima música.

A setlist da apresentação tinha ficado um pouco mais inclusiva ao passar dos dias: colocaram Queen por causa do Renjun, The Clash por causa do Mark, Green Day por causa do Haechan, Ramones por causa do Chenle, e, é claro, My Chemical Romance por causa do Jisung. Faltava muito pouco para que chutassem o pau da barraca completamente e incluíssem uma música de rock gospel, em homenagem a Jeno.

Talvez agora faltasse um pouco mais, na verdade.

A cada música que tocavam, parecia que Jeno afundava-se cada vez mais na sua própria bolha. Geralmente, quando estava com os garotos, a música costumava clarear a sua mente, o fazia esquecer do mundo fora da pequena extensão da casa de Jaemin. Mas agora, sentia-se como se estivesse no ministério de música mais uma vez, preocupado com uma perfeição inalcançável. Aos poucos, a última música ia se aproximando, e com ela, a dúvida se Haechan iria agir da mesma forma consigo, como sempre agia.

E então, sua ansiedade crescente permaneceu embolada na garganta quando de repente estavam no meio de um tiroteio, no centro de um restaurante. Apenas ele e o baixo, apenas ele e as notas, apenas ele e Haechan.

Jeno engoliu em seco quando sentiu a ponta dos dedos do outro Lee encostando em seu queixo, puxando sua cabeça para cima para que o olhasse nos olhos. Como na primeira vez que tinha tocado aquela maldita música. Jeno pensava que nunca se acostumaria com a intensidade dos olhos castanhos em sua direção, os cabelos vermelhos despontando para todos os lados, a potência vocal admirável.

Ele não era para estar chateado consigo agora? Haechan era a pessoa mais confusa que Jeno conhecia.

— Acho que você tava certo — Yangyang comentou de volta para Chenle.

— Eu sei, eu sempre tô certo.

— Nossa, se eu lembro de umas três vezes que você tava certo é muito.

Haechan cantou o resto da música, os olhos grudados em Jeno durante todas as estrofes, diferente do que costumava fazer. A cabeça do mais velho parecia estar girando em seu próprio eixo, confuso com o que tudo aquilo significava. Por mais que aqueles momentos que presenciava fossem parte de uma performance que Haechan colocaria no palco, por que aquilo existia, de todo modo?

Não que fosse um fã ávido de bandas de rock, mas nunca tinha visto o vocalista de banda alguma flertar com um dos instrumentistas no meio de uma música.

Espera. Haechan estava flertando consigo? Ou apenas tentando mexer com a sua cabeça, como conseguiu com sucesso fazer depois de lhe questionar no ônibus sobre Jeno se interessar por garotos?

Um nó enredou-se em sua garganta mais uma vez, o deixando com um gosto esquisito na boca. Suas mãos tremiam contra as cordas do baixo, contando os tempos até que a música acabasse de uma vez e Haechan improvisasse um agradecimento para a mini plateia que possuíam, fingindo que estavam tocando para um público de quinhentas pessoas.

Quando o inferno pessoal de Jeno (a voz melodiosa e os olhos perfurantes de Lee Haechan) finalmente teve fim, estava ofegante. Se tivessem lhe dito que tinha acabado de correr uma maratona ali mesmo na casinha de vinte metros quadrados do Na, talvez fosse capaz de acreditar.

— Ei, Jen — Mark o chamou, levantando-se da banqueta atrás da bateria, antes que ele pudesse se mexer para ajudar o resto da banda a guardar os cabos.

Jeno observou quando Haechan e Renjun permaneceram alertas, prestando atenção no que o primo fosse lhe dizer.

— Sim?

Mark coçou a cabeça, parecendo nervoso. — Tem problema se eu dormir na sua casa?

— Na minha? — Jeno perguntou, surpreso. Deveria fazer pelo menos uns oito anos desde que seu primo tinha parado de frequentar sua casa daquela forma.

— É que eu acho que minha mãe meio que notou que eu fugi de casa, tá ligado? — Mark mordeu o lábio, pensando nas suas próximas palavras. — Honestamente, acho que se ela descobrir que eu fugi pra ir pra sua casa, ela fica até orgulhosa.

Jeno ficou em silêncio, por um tempo. Seria um desafio explicar para sua mãe que tinha colocado Mark para dormir em seu quarto sem a permissão dela, especialmente um Mark que, em teoria, deveria estar preso dentro de sua própria residência.

Mas, no fim das contas, poderia simplesmente dizer para Eunsoo o que ele dizia para si mesmo: estava ajudando o primo a encontrar o caminho do bem, um caminho livre do pecado.

Depois daquela semana mais maluca de toda a sua vida, tinha certeza que Mark faria o mesmo por si.

— Tudo bem… — Jeno encostou no ombro de Mark. — Mas acho que vamos ter que cobrir as manchas do seu rosto pros meus pais não verem.

Aquela era a primeira vez na noite que Jeno mencionava que algo estava diferente em Mark. De certa forma, o mais velho sentia-se extremamente seguro em saber que Jeno estava fingindo não ter visto nada, ciente de que Mark nunca gostou de ter seus machucados a mostra.

— Obrigado — Mark sorriu. — Eu roubo a base do Jaemin, não se preocupa.

Jeno não fazia a menor ideia do que seria uma base, então apenas sorriu de volta, concordando.


Notas Finais


trinta coisas acontecendo ao mesmo tempo so p da um susto em quem tava com saudade<3333


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