Pov Mikey
– Galera, vou fazer uma social na minha casa hoje à noite. – Disse meu namorado enquanto bebia um gole de sua cerveja.
– Que legal! Pode contar comigo. – Seu melhor amigo que também estava na mesa conosco respondeu.
– Você também vai né, bebê? – Kisaki disse enquanto apertava minhas bochechas me dando um rápido selinho.
– Se o Shinichiro deixar... –
– Legal. Vou no banheiro pessoal. – Kisaki se levanta, restando apenas nós cinco na mesa.
– Nossa, o Kisaki é tão maravilhoso –
– Cuidado viu? É do meu namorado que você está falando. – Retruquei.
Hanma era o melhor amigo do meu namorado, ele só andava com a gente porque eu tava namorando o Kisaki e tinha que suportar. Ele nunca escondeu que sentia algo a mais pelo meu namorado, e isso me irritava muito! Só o Kisaki mesmo pra não perceber.
– Foi só uma brincadeira, relaxa! – Levantou as mãos em sinal de rendição.
– Uma bem sem graça. – Mitsuya bloqueou a tela do celular, me defendendo da "piada" do Hanma.
Shuji revirou os olhos e completou – Eu não sabia que vocês estavam oficialmente namorando.
– Pois estamos – Pelo amor de deus é claro que ele sabia! Esse ar de sínico misturado com essa voz de sonso me dá vontade de pular na garganta dele.
– Que ótimo, fico muuuuuito feliz por vocês. – Sorriu falso.
– Fique de olho nele. – Baji sussurrou, para que somente eu escutasse.
– O que você disse? – Perguntou num tom debochado que me fez querer morrer por dentro.
– Eu? Nada. – Baji respondeu dando um gole na sua bebida.
– Então, Mikey-kun, ouvi dizer que você vai ter a casa só pra você por um mês inteiro! Isso não é demais cara? – Takemichi falou me dando um soquinho no ombro.
– Sim, meu irmão mais velho vai viajar à trabalho amanhã mesmo.
– Ou seja... Você vai dar altas festas, certo?! – Baji perguntou enquanto "dançava" comemorando, dando um hi-five com Chifuyu.
– Ah eu nem pensei nisso.
– Ah deixa de fingir puritanismo, Mikey. Você devia era dar a festa mais foda do ano. Eu com certeza faria isso. – Hanma falou.
– Ele não tem que dar festa nenhuma se ele não quiser.
Bom, acho que já deu pra perceber que o Mitsuya por ser meu melhor amigo e também não gostar muito do Hanma, sempre me defende de tudo. Te amo Mitsu.
— Aff tanto faz. – Hanma revirou os olhos voltando a mexer no celular.
– Bem, acho que eu vou pra casa. Meu celular ficou sem bateria e eu não deveria deixar o Shinichiro preocupado. Falou pessoal.
– Tudo bem, a gente se vê mais tarde então? – Mitsuya perguntou, colocando a mão no meu ombro.
– Claro! – Me levantei e logo em seguida direção vinha Kisaki.
– Aonde você vai, bebê?
– Pra casa. Você vai me levar?
– Hm... tem que ser agora?
– Se você não se importar, sim.
Kisaki respirou fundo e concordou.
– Obrigado. – Ele passou a mão pela minha cintura colocando sua mão em meu bolso traseiro. Fomos em direção ao seu carro, uma BMW 118i Sport GP.
...
O caminho até minha casa foi silencioso, passei a maior parte olhando a vista apenas sentindo sua mão que pousava em minha coxa. Não demorou muito para chegarmos, afinal, moro perto da lanchonete.
– Obrigada por me trazer em casa. Quer entrar?
– Claro, baby. – Mal abri a porta e já pude ver meu irmão vindo em nossa direção, com o olhar preocupado de sempre.
– Ah, você está aqui!
– Quem é esse aí? – Kisaki perguntou soltando nossas mãos.
– Esse aí é o irmão dele!
– Ih merda – Kisaki sussurrou baixo.
– E quem é você mesmo? –
– Shin, esse é Kisaki, o meu namorado. –
Meu irmão sempre soube que eu era gay. Eu me assumi pra ele quando tinha 12 anos. Na real, eu não me assumi, eu fui chutado do armário quando o Shinichiro flagrou eu e o Mitsuya nos beijando quando eu ainda não sabia exatamente que gostava de garotos. E sim, eu já beijei o Mitsuya, mas foi só porque eu e ele tínhamos dúvida se gostávamos de garotos ou não, e então nos beijamos para experimentar, mas nada além disso. Com esse beijo descobrimos que realmente gostávamos de garotos mas que entre nós era amor de irmão e só. Hoje ele está muito bem namorando o Hakkai. Mas também não é como se fosse ter problema eu ser gay, até porque o Shinichiro é bi. Por incrível que pareça, meu irmão já foi casado com uma mulher e atualmente namora um homem.
– E aí mano, tudo tranquilo? – Kisaki respondeu.
– Você está namorando com um marginal desses? – Kisaki revirou os olhos.
Shinichiro não é a pessoa mais delicada do mundo. Depois que meus pais faleceram, meu irmão é quem cuida de mim. Eu optei morar com ele porque achei que ia ser mais legal, afinal ele é meu ídolo desde que eu me conheço por gente. Não que meu avô não seja legal, mas entre morar em uma espécie de dojo e um apê super irado que eu posso ter minha privacidade, acho que o apê ganhou. Eu e Shinichiro também temos uma meia-irmã mais nova, Emma, que está morando com o nosso avô mas que estuda comigo na mesma escola.
– Shinichiro!!! Seja mais legal por favor.
– Kisaki, certo?
– Isso aí.
– Vou te dar 3 segundo pra sumir da minha frente ou eu não respondo por mim.
– Nossa, que grosso! Pensei que você tinha dito que seu irmão era legal, Mikey. Mas enfim, tô nem aí, tô indo embora. Te vejo depois. – Kisaki me deu um selinho apertando minhas bochechas como sempre faz e voltou para o carro, dando partida e indo embora. Logo, entrei em casa e fechei a porta atrás de mim.
– Eu te liguei umas 10 vezes. – Suspirou meio desapontado.
– Desculpa mano, eu fiquei sem bateria. Você tinha algo importante pra dizer?
– Na verdade, sim. Eu queria falar sobre a minha viagem de amanhã.
– Mano, relaxa. Eu vou ficar bem, é apenas um mês. E eu já tenho 18 anos, já sou um adulto! – Enchi o peito confiante.
– Eu sei disso mas...
– Mas...?
– É que eu tenho um amigo que acabou de sair de um relacionamento e precisa de um lugar pra ficar até ele encontrar um apartamento novo. E eu falei que ele poderia ficar aqui, se você não se importar.
– Você tá falando sério? Você quer que eu more com alguém que eu nem conheço?! – Ah não, eu achei que ia ficar com a casa só pra mim.
– Você já conheceu ele, só que talvez não lembre, já que você era bem pequeno quando ele ia lá na casa do vô.
– Shinichiro, eu não preciso de babá. Daqui a pouco eu estou indo pra faculdade!
– É um favor pra ele. Ele precisa de um lugar pra ficar. E não se preocupe, eu não seria maluco de deixar você sozinho com um estranho. Ken é um amor de pessoa, eu prometo. – Ken? Não me soa estranho. – Bom, ele vem aqui mais tarde.
– Como é que é?
– Achei que seria uma boa ideia jantarmos todos juntos para assim vocês conhecerem melhor.
– Mas mano, eu já marquei com o Kisaki hoje à noite. – Suspirei chateado.
– Desmarca.
– Tenho uma ideia, porque você não me leva para a viagem?
– De jeito nenhum!
– Ata, eu não posso ir, mas o Wakasa pode, né? – Wakasa é o ex-melhor amigo que foi promovido para atual namorado do meu irmão. Inclusive braço direito dele na empresa dele, black dragons.
– Já estão falando merda de mim? – Falando no diabo...
– Jamais, amor. – Shinichiro respondeu dando um selinho no Wakasa. – Mikey quer ir com a gente na viagem. – O casalzinho feliz riu.
– Qual é a graça? – Perguntei.
– É uma viagem de negócios e você tem aula.
– Aham, sei. Vocês querem ir sozinhos pra transar sem eu reclamar de vocês gemendo alto de madrugada.
Eu e meu irmão sempre fomos melhores amigos, além de que o Wakasa sempre foi melhor amigo do meu irmão desde que esses dois nasceram, então é normal essa intimidade entre a gente. Até porque não é como se eu nunca tivesse feito barulhos também.
– Isso também. Não temos férias descentes desde que você tinha 15 anos. Preciso transar em paz. – Wakasa respondeu.
– Agora vai se arrumar. Ken vai chegar a qualquer momento. – Shinichiro disse me empurrando em direção ao meu quarto.
Shinichiro POV
– Você acha que ele vai ficar bem?
– Claro que vai Shin, não se preocupa.
– Eu me sinto mal por deixar ele por tanto tempo.
– Seu amigo vai cuidar dele, relaxa.
– Você tem razão, tenho que parar de me preocupar tanto.
– Bom, eu vou lá pra casa arrumar minhas malas. Te vejo amanhã bebê. Te amo.
– Também te amo.
[Quebra de tempo - Algumas horas depois]
Acordei de um cochilo. Levantei e fui logo trocar de roupa, escovar os dentes e comer alguma coisa, estava faminto. Fui me aproximando da sala e pude ouvir vozes conversando, era meu irmão e mais alguém. Não demorou muito para que esses presentes na sala me notassem.
– Mikey, você chegou na hora certa. Já ia lá te acordar se você não viesse. – Shinichiro disse. Eu ainda estava meio desnorteado por conta do sono mas quando vi o homem do lado dele, meu mundo parou. – Mikey, te apresento Ken.
O homem que estava diante de mim definitivamente não era nada daquilo que eu imaginei. Olhar pra ele era como admirar um modelo masculino de capa de revista. Ele tinha a pele lisa como veludo, olhos suaves e cativantes, sua mandíbula parecia esculpida pelos deuses, além do piercing na orelha que deixava ele ainda mais atraente.
Ele estreitou os olhos e me encarou de volta. Isso foi mais que o suficiente pra me intimidar. Era o homem mais lindo que eu já vi na vida. Seu cabelo era loiro, preso em uma trança, era raspado dos lados e em um desses tinha uma tatuagem de dragão. Ademais, as roupas que ele usava não eram nada feias, estilo puro.
– Esse é o seu irmão? – O loiro falou e pude notar um certo espanto na sua reação. Shin apenas concordou com a cabeça e então ele continuou. – Eu não sabia que ele era tão... – Ken fez uma pausa por um momento; parecia que ele estava procurando a palavra certa. O mesmo passou a língua pelo lábio inferior e manteve seu olha fixo em mim. Seu olhar, tão intenso, me deixou atordoado.
– Tão... O que? – completei.
– Nada... Tem alguma coisa queimando?
– A pizza!!! – Meu irmão correu em direção a cozinha me deixando a sós com Ken. Ficamos em silêncio, eu não conseguia parar de encarar a beleza desse homem.
– Vai parar de encarar? – Ele disse, me fazendo acordar do meu transe.
Fiquei meio sem reação, não queria parecer que estava babando ele e gostando de ter uma babá durante a viagem do meu irmão. Então tentei pensar em algo descontraído. – Tô quase acabandoj... pronto, acabei. – Ri meio debochado.
– Sim, já faz um bom tempo... É muito bom te ver novamente, Manjiro.
– Uhm... é sim. Me chama de Mikey, prefiro.
– Ok Mikey, então me chame de Draken. – Puta merda até o apelido desse filho da puta é atraente.
– Quantos anos você tem? – Perguntei e acho que não foi nada discreto.
– 24 e você deve ter... – De repente se eu falar que tenho 21 ele não pegue tanto no meu pé durante esse mês. Ah mas não é bom mentir, enfim.
– 18. – Ele apenas murmurou meio pensativo. – O que foi?
– Foi mal, é meio estranho ver que você já é quase um adulto.
– O que você quer dizer com quase? Eu sou adulto.
– Uhum.
– Eu faço coisas de adulto.
– Ah, é mesmo?
– Sim.
– Tipo o que?
– Eu cozinho se você quer saber.
– É, foi o que eu pensei. – Ele completou, com um ar meio debochado. Logo Shin apareceu na porta nos chamando para o jantar.
– Você primeiro, Mikey. – Ele se curvou em uma espécie de referência, se fingindo de cavaleiro. Revirei os olhos e passei direto para a cozinha. Ele veio logo atrás. Nos sentamos e peguei um pedaço da pizza caseira que o Shinichiro faz, é simplesmente divina. De repente, o silêncio foi quebrado por Draken, que comentou:
– Nossa, essa pizza que você fez está deliciosa, Shinichiro. Há anos que eu não como uma boa comida caseira.
– Sua ex namorada não cozinhava pra você? – Shinichiro engoliu em seco. Nossa mano, nem eu dava uma bola fora dessas. – Desculpe por falar disso, você não falava muito dela e, enfim perdão. Falei sem pensar.
– Tá tudo bem. Ela tava sempre cansada ou na balada com os amigos, e eu não sei nem fritar um ovo.
– Mikey cozinha muito bem! Aposto que ele pode cozinhar pra vocês enquanto eu estiver fora. Não é Mikey?
– Hm... Claro, posso cozinhar pra você. – Disse em um tom confiante. Realmente eu cozinho bem.
– Você não precisa fazer isso. – Draken disse levemente envergonhado.
– Relaxa, sem problemas.
– Nesse caso eu adoraria uma comida caseira. Você poderia me ensinar!
– Claro. Mas então, o que aconteceu entre você e a sua namorada? – Pode parecer meio grosseiro, mas eu ia morrer de curiosidade se não perguntasse. Além de que eu não quero parecer muito simpático, preferia passar esse mês sozinho e aproveitar a casa. Mas não, tenho que aturar esse intruso.
– Mikey... – Shinichiro me repreendeu.
– Não, tudo bem Shin. Terminamos porque ela me traiu. Com o meu melhor amigo.
– Que merda hein... – Caralho mas que pessoas filhas da puta que esse aí tinha em volta hein.
– Essa boca suja! – Shinichiro me repreendeu. Por mais que tivéssemos intimidade ele odeia que eu fale palavrão na frente de visitas.
– Parece que algumas pessoas não são quem você pensa que são. – Isso foi uma indireta Draken? O que você está querendo dizer com isso? – Como antes morávamos juntos agora estou a procura de um novo apartamento. E não é fácil achar um do jeito que eu quero.
– Você pode ficar o quanto quiser Draken – Cala-boca Shinichiro porra! Eu quero que ele suma o quanto antes. Quero sair com meus amigos sem esse mala atrás de mim, dizendo o que eu posso e não posso fazer.
– Obrigada Shin. Seria melhor se você deixasse eu te pagar por ficar aqui.
– Cuidar do meu irmão já é mais que suficiente. Ele pode ser bem difícil quando quer. – Claro, quem quer ficar sendo vigiado 24 horas por dia quando podia estar sozinho com a casa?
– É mesmo? – Draken olhou pra mim com um ar superior, meio curioso.
– Ele está exagerando.
– Parece que sou eu quem vai decidir isso, Mikey.
Olhei pra baixo pois senti meu celular vibrar. Era uma mensagem do Kisaki: "Bebê, cadê você?" Ah merda, esqueci de avisar pro Kisaki que não vou poder ir na casa dele hoje. – Com licença. – Levantei e pude sentir o olhar do Draken meio desconfiado nas minhas costas. Kisaki ja estava me ligando, atendi.
– Oi, Kisaki. Foi mal eu não vou poder ir hoje. Eu tô jantando com o meu irmão e um amigo dele.
– "Você está de palhaçada? Não dá para escapar mais tarde?" – Deu para notar seu tom meio chateado.
– Não, eu não posso.
– "Você não pode ou você não quer?"
– Tá bom, eu vou tentar fugir mais tarde, ok?
– Não vai não. – Escutei a voz de Draken atrás de mim. Me assustei desligando a ligação.
– Perdão? – Quem ele acha que é?
– Você não vai escapar mais tarde.
– Você não é meu pai, nem meu avô e nem meu irmão.
– Tudo bem, vamos chamar seu irmão então. – Não! O Shinichiro já não gostou do Kisaki, se for assim ele nunca mais me deixa sair.
– Espera!
– Pois nao?
–Talvez possamos negociar.
– Negociar? Lá vem. Prossiga.
– Se você não contar de mim, eu não conto de você.
– E o que eu estou tramando?
– Até parece que você quer realmente ficar de babá de um garoto de 18 anos. Aposto que você gostaria de dar umas festinhas e sair ao invés de cuidar de mim
– Vamos esclarecer uma coisa. Seu irmão é um grande amigo meu. E ele é gentil o suficiente para abrir a casa dele para mim enquanto eu fico de olho em você. Que tipo de amigo eu seria se o decepcionasse assim? – Legal, eu tinha que ficar justo com o amigo mais leal e puritano do universo. – E quem é que você pensa encontrar mesmo?
– Meu namorado.
– Você tem namorado? – Ele me olhou meio espantado. Vai homofóbico, fala que eu vou chamar o Shin e aí quem vai embora daqui nesse segundo é você.
– Sim, tenho. E estamos super apaixonados.
– Pois diga pra sua paixão que hoje você vai ficar em casa. Você deveria saber que na ausência do Shin você vai ter que seguir as minhas regras. Nada de fugas românticas noturnas ou agir de forma imprudente. – Arg que ódio!
– Espera aí! Quem você pensa que é?
– Ah achei vocês. Tudo bem por aqui? – Shin chegou atrás de nós. Tudo péssimo irmão, tira essa mala do seu amigo daqui. Tudo bem que é um insuportável muito gato, mas foda-se, tira dele daqui!!!
– Sim, tudo ótimo. – Respondi irônico.
– Eu só estava dizendo pro Mikey que enquanto você estiver fora ele terá que seguir as minhas regras.
– Muito bem, eu confio em você pra cuidar dele. – Alôoo, eu ainda tô aqui? Porque vocês estão falando como se eu fosse um pré-adolescente de 12 anos? – Nossa eu nem te mostrei o seu quarto. Mikey, você faria a gentileza de mostrar o quarto de hópesdes pro Draken?
– Tá... Vem comigo. – Sai andando no intuito que ele me seguisse. ‐ Pronto, subindo as escadas, a segunda porta a direita. Esse vai ser o seu quarto. Bem longe do meu.
– Valeu pirralho. – Ele coçou a nuca meio envergonhado. – Foi mal, eu costumava te chamar assim quando você era pequeno. Mas parece que você já não é mais tão pequeno assim.
– Pois é, não sou. Então não me chame assim de novo.
– Anotado.
– Ótimo.
– Sabe, não faria mal sorrir mais um pouco.
– Faria sim.
– Ah é? Você costumava me amar quando pequeno. Eu te dei o seu brinquedo favorito, lembra? Você brincou com ele por meses. – Sorriu vitorioso.
– Eu era uma criança naquela época. Vai ser preciso bem mais do que um brinquedo para me fazer gostar de você agora.
– Tenho a sensação de que morar com você vai ser interessante. – Está mais pra torutura.
– Se já terminamos aqui, vou saindo.
– Vou dar uma olhada em você mais tarde.
– Acabou? Já posso ir embora? – Fui em direção ao meu quarto me jogando direto na cama. Jesus, ele está me dando nos nervos. Mas fazer o que, pelo menos são só algumas semanas.
[No dia seguinte...]
Acordei cedo, já desci pronto pro colégio e fui direto tomar o café da manhã. Peguei uma maçã na cozinha e logo pude notar a presença de um cara meio alto, de cabelo castanho com os olhos meio esbugalhados. – Olá? Quem é você?
– Oi eu sou o Peh-Yan, assistente do Ken Ryuguugi.
– Ah coitadinho. – Ironizei.
– Ah, na verdade eu gosto de trabalhar com ele. Ele é gente boa.
–Uhum – Coitado, esse aí tem que rever os conceitos de gente boa dele.
– Eu sei que ele pode ser meio reservado mas é que ele não teve uma vida fácil. Graças a Deus seu irmão apareceu. Se não fosse pelo Shinichiro, nem imagino o que teria sido da vida do Ken.
– O que você quer dizer com isso?
– Espera, você não sabe a história de como eles se conheceram?
– Hm, não.
– Seu irmão basicamente salvou a vida dele. Eu adoraria contar a história se você tiver tempo. – Sinceramente eu até gostaria de conhecer mais o Draken e saber porque ele é tão leal assim ao meu irmão, mas infelizmente tenho que ir pra escola. Se eu faltar mais um dia, vou ser reprovado por falta.
– Aposto que é uma boa história Peh, mas eu preciso ir. Não quero me atrasar pra escola. – Ele assentiu e sai, indo para o hall de entrada, onde Shin e Ken estavam parados.
– Odeio ter que te deixar de novo mas eu estou de volta em um mês. – Shin é muito preocupado comigo. Não sei se é porque ele tem medo de que eu me sinta sozinho já que não temos mais nossos pais conosco, e nossa família nunca foi a mais normal. Agradeço demais ao Shin por ser tão cuidadoso comigo, ele é a melhor pessoa que eu conheço. – Fico feliz que o Ken esteja aqui pra cuidar de você.
– Chame as coisas pelo nome, Shin. Ele está aqui pra ficar de babá. – Draken riu.
– Prometo que serei o melhor babá de todos. – Revirei os olhos.
– Tenho certeza disso. Me liguem caso aconteça alguma coisa.
– Te amo, Shinichiro. – Falei o abraçando.
– Tambem te amo, Manjiro Sano. – Bagunçou meu cabelo e saiu, deixando somente eu e Draken.
– Parece que somos só eu e você.
– Parece que sim. – Repondi.
– Você sabe da ex do seu irmão?
– Não sei, não falo com ela a dois anos. Desde que o Shin se assumiu e pediu divórcio, ela nunca mais deu as caras. Uma pena porque ela era legal comigo até. O Shin não fala dela, acho que ele se sente mal por ter magoado ela, mas não é culpa dele, não escolhemos a quem amar. – Ele concordou com a cabeça. – Enfim, seu assistente vai ficar sempre aqui?
– Sempre que eu precisar dele.
– Você parece uma pessoa ocupada.
– Posso dizer que sim, afinal, dirijo minha própria empresa de finanças. – Legal, além de gato, é inteligente e trabalha.
– Uau, isso é impressionante.
– Pode ser. – Coçou a nuca meio envergonhado.
– Bem, tenho que ir, se eu faltar mais um dia, reprovo por falta.
– Tá bom, pega suas coisas e eu te levo.
– Eu vou de ônibus hoje. Tenho que ir logo antes que eu perca.
– Mas... – Saí, deixando Ken para trás. Senti ele suspirar chateado. Eu não vou ser legal com ele, mas não mesmo.
[Quebra de tempo]
Eu estava no ponto de ônibus esperando o tal para ir pra escola, quando sinto pingos de chuva tocando minha pele. – Ótimo, chuva, vou chegar encharcado na escola. – De repente vejo um carro vermelho se aproximar; não sou exatamente bom com carros mas tenho certeza que esse é o carro mais lindo e mais caro que eu ja vi. Ele então parou do meu lado e abaixou o vidro, era o Draken no volante.
– Ei pirralho, eu vi que estava começando a chover. Por que não deixa eu te levar para a escola? Se é para morarmos juntos, quero te conhecer melhor.
– Valeu por oferecer mas acho que vou de ônibus mesmo.
– Ô teimosia. Te vejo mais tarde então. – Ele fechou o vidro e saiu. Logo chegou o ônibus e subi.
[Quebra de tempo]
Cheguei na escola e como de costume avistei Mitsuya, Baji e Chifuyu vindo até mim. Eles estavam sentados com o pessoal na entrada já que aparentemente algum professor havia faltado.
– Oi! E aí, Mikey? Qual a sensação de estar livre do Shin por um mês? – Mitsuya falou enquanto passava o braço pelo meu ombro me dando um meio abraço.
– Hm, falando nisso... Tenho uma coisa para contar.
– O que foi? – Indagou Chifuyu.
– Um amigo do meu irmão vai morar comigo enquanto ele estiver viajando. E cara, ele é tão lindo. – Coloquei a mão na testa em rendição.
– É sério? – Perguntou Baji. – Em uma escala de zero a dez...
– 11. – Respondi.
– Caralho. – Mitsu falou surpreso.
– Ele terminou com a namorada recentemente e precisa de um lugar pra ficar.
– Ele tá morando com você e está solteiro? Nossa que sortudo Mikey. – Chifuyu comentou recebendo um "Ei!" de reprovação do Baji, o qual recebeu um selinho rapido do loiro.
– Calma Fuyu, não vai rolar nada entre a gente.
– E porque não? – Mitsuya olhou pra mim indignado.
– Ele tá lá pra ficar de olho em mim. Além disso ele é mais velho, amigo do meu irmão e eu acho que ele é hetero.
– Uuh, romance proibido. Eu gosto disso. – Baji riu.
– Mesmo se eu me sentisse atraído por ele, nada poderia acontecer.
– Mikey? – Me virei extremamente assustado, parecia que eu tinha visto o capeta, e sinceramente, eu preferia que fosse. Era o Draken atrás de mim. Merda! Quais as chances desse infeliz aparecer na minha escola meu Deus. Será que ele ouviu?
– Você esqueceu sua mochila no ponto de ônibus. – Baji e Chifuyu não paravam de rir atrás de mim. Deus o que eu fiz para merecer isso?
– Ah valeu por traze-la até aqui. – Peguei a mochila de suas mãos rezando para todos as entidades existentes pra que ele não tivesse escutado a conversa.
– Sem problemas. – Ele saiu indo em direção ao carro.
– Puta que pariu, vocês acham que ele ouviu?
– Você quer que eu minta? – Mitsuya respondeu.
– Merda. – Dei um tapa na minha testa. – Com certeza ele vai me zoar por causa disso.
– Eu juro que vi nos olhos dele dizendo que gostou de escutar isso.
– Para de ser ridículo, Chifuyu.
– Ihhhh.
– O que foi, Baji?
– Parece que a sua irmãzinha mais popular do colégio já está marcando território.
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