História Broken Angel - Lágrimas Pesadas

Acabei passando todo o final de semana na casa de Yuu. Na segunda-feira, fomos para o colégio juntos, mas na hora da volta, falei para ele que tinha que voltar para casa, sendo que havia ficado todo o final de semana fora. O moreno assentiu, mas no meio do caminho onde nós deveríamos nos despedir, Yuu cismou que me levaria até minha casa e depois voltaria. Mesmo contra meus protestos, no final o moreno acabou ganhando após sua insistência.

-Sabe que não precisava me trazer.

-Uhum, mas eu queria ficar mais um pouco com você. -Ele disse.

-Mas já ficamos o final de semana todo juntos.

-Eu sei, mas agora que estamos juntos não consigo ficar longe. -Yuu olhou ao redor enquanto conversávamos e quando notou que não havia ninguém na rua, o mais alto segurou minha mão, fazendo com que eu ficasse um pouco corado com sua atitude repentina.

-Yuu.- O chamei.

-Só um pouco.

Ele apertou minha mão quando tentei me soltar e acabei assentindo, apertando sua mão com os meus dedos também, tentando aproveitar o curto tempo que desfrutávamos juntos. A mão de Yuu era tão quente, macia, forte. Ela me passava segurança enquanto caminhávamos e agora, mesmo em silêncio, eu me sentia tão radiante. Afinal, nós dois estávamos compartilhando do mesmo sentimento.

Quando chegamos na porta de minha casa, eu não queria soltar sua mão. Por mim faríamos o mesmo percusso mais dez vezes, mas eu sabia que não podíamos. Quem sabe amanhã?

-Bom, chegamos. -Falei enquanto me virava de frente para Yuu.

-Está entregue em segurança. -Ele brincou.

Assenti e antes de entrar, tratei de me aproximar de seu corpo. Segurei o moreno pela gola de sua blusa, o que o deixou um pouco surpreso e tratei de ficar na ponta dos pés, apenas para ficar na mesma altura que a sua e então lhe roubei um beijo simples, mas com carinho. -Obrigado pelo final de semana. -Deixei um sorriso adornar o canto de meus lábios enquanto começava a me afastar antes que alguém pudesse aparecer.

O moreno não tardou a me puxar para o canto da parede após ouvir minhas palavras, assim que senti meu corpo encostar no muro baixo, Yuu segurou minha face com ambas as mãos e então me encarou nos olhos, me deixando constrangido com sua atitude.

-Aqui não. -Pedi enquanto levava minhas mãos até seus pulsos.

-Aishiteru. -Após suas palavras, o moreno se soltou de minhas mãos e segurou meus pulsos contra o muro, grudando sua boca em meus lábios sorridentes. Acabei me deixando levar por sua boca grudada na minha, enquanto começava a corresponder o beijo simples. Yuu logo soltou meus pulsos, deixando com que eu enlaçasse meus braços ao redor de seu pescoço, como sempre fazia. Essa era a maneira de deixá-lo o mais próximo possível de meu corpo. O beijo dado era lento, mas às vezes necessitado. Conforme sua boca ia se afastando da minha, eu ia selando seus lábios e sussurrando.

-Aishiterumo.

Yuu sorriu e beijou minha bochecha, ficamos mais alguns minutos naquele local, apenas aproveitando a companhia um do outro, com pequenos beijos e carícias, até que eu dissesse que tinha que entrar.

O moreno entendeu e mesmo contra nossa vontade, ele partiu, me deixando ali encostado no muro como um bobo apaixonado. Mesmo caminhando para longe, ele sempre olhava para trás e acenava e eu fiquei ali, no mesmo local, até que eu perdesse sua silhueta de vista.

Quando entrei em casa, fechei a porta atrás de mim e me encostei na madeira enquanto tocava meus lábios com a ponta dos dedos, sorrindo. Eu ainda sentia o gosto de sua boca sobre a minha, o que fazia parecer que eu estava em um singelo conto de fadas. Fechei meus olhos aos poucos e coloquei a mão sobre meu coração ansioso. Eu não via a hora do dia seguinte chegar logo, eu queria ficar perto do moreno o dia inteiro.

-Não sabia que você ficava igual uma vagabunda por ai.

Eu estava tão perdido com meus pensamentos que nem havia visto que Hiroshi estava na sala. Revirei os olhos assim que ouvi suas palavras e apenas segui para a escada. Já estava acostumado com aquela sua atitude podre.

-Vai para o inferno! -Falei em um sussurro enquanto subia a escada apressado, mas quando cheguei na metade dos degraus, senti meus cabelos serem puxados para trás e só não cai pois acabei segurando no corrimão. -Ahh…

-Você está tão arredio, Takanori. -Ele falava próximo de minha orelha, puxando mais meus cabelos. -Está achando que esqueci o que você aprontou? -Ele continuava falando enquanto eu tentava me soltar, mas para cada ação minha de desobediência, mas ele puxava os fios. Por fim, Hiroshi me obrigou a subir as escadas com ele, mesmo contra vontade.

Assim que adentramos meu quarto, o moreno trancou a porta atrás de si sem soltar minhas madeixas. Hiroshi já me abraçava por trás enquanto eu tentava me soltar daqueles seus toques imundos. -Não, não… eu não quero!-Falava enquanto suas mãos puxavam minha blusa. Acabei por dar uma cotovelada em sua barriga, o que o fez me soltar durante um mísero segundo, mas assim que pensei em correr, Hiroshi puxou meu braço, me virando de frente para si, acertando um tapa contra minha face, fazendo-me virar o rosto devido a dor.

-DESGRAÇADO! -Gritei de imediato, começando a socar seu tórax, mas antes que eu pudesse fazer algo a mais, o moreno me segurou pelos braços novamente, jogando-me sobre a cama.

-Eu vou cuidar da sua impertinência, Takanori. -Ele falava enquanto tirava o cinto da própria calça com voracidade, cheguei a pensar que ele fosse me bater enquanto se aproximava de minha cama com o item em mãos, mas logo este foi solto sobre o colchão.

-Não toca em mim! Eu vou denunciar você, eu vou contar para todos o que você faz! -Falava com ódio enquanto ia chegando para trás sobre o colchão. Hiroshi puxou minhas pernas, trazendo meu corpo para próximo do seu.

O moreno riu, alisando minha franja para trás, me fazendo empurrar sua mão em seguida. - E você vai falar para eles que você gosta? -Ele perguntou enquanto sentia seus dedos acariciarem minha face.- Vai falar que você ficou esses anos todos em silêncio porque gosta quando eu te toco?

Arregalei meus olhos com sua intimidação, eu só conseguia pensar em Yuu naquele momento.

Ele me deixaria se descobrisse?

Senti a mão pesada do moreno virar meu corpo de costas para si, me colocando de bruços sobre o colchão. Antes que eu pudesse reclamar o mais velho puxou minha calça, retirando-a de meu corpo, deixando meu íntimo exposto enquanto eu ficava ali, com a cabeça sobre o colchão. Senti seus dedos frios tocarem minha pele, o contato fazendo meus pêlos enrijecerem e então ele afastou minhas pernas, deixando-me ainda mais exposto, humilhado.

-Vai falar que é assim que você fica para mim? - O moreno separou minhas nádegas, cuspindo na região enquanto eu permanecia em silêncio, absorvendo suas palavras sujas sem ter uma resposta. Ele havia conseguido mais uma vez virar o jogo.

-Yamete... - Supliquei entre as lágrimas que já escorriam de meus olhos, eu escondia meu rosto sobre o colchão, soluçando só com o pensamento de Yuu descobrir tudo, de Yuu me deixar. Eu não queria perder a única coisa que havia conquistado de bom durante todo aquele tempo, eu não podia abrir mão dele.

Ouvi seu zíper ser aberto, mas eu não ousava olhar para trás, eu tinha receio do que poderia ver, então, mais uma vez, eu aguentaria tudo em silêncio por ser fraco demais.

Senti sua ereção entre minhas nádegas, lambuzando a saliva que a pouco o moreno havia depositado sobre o local. Não demorou para que eu o sentisse adentrar meu corpo sem nem avisar, rasgando-me ao meio. Como das outras vezes, a dor absurda se fez presente, me fazendo apertar meus olhos e morder meus próprios lábios. - Iie…dói. -Gemi baixo enquanto o moreno socava seu sexo dentro de meu corpo, sem a mínima preocupação, me machucando mais a cada novo movimento. -Por favor… -Pedia entre os soluços, mas Hiroshi parecia se excitar mais a cada vez que suplicava que ele parasse. Por fim, o moreno puxou novamente meus cabelos, fazendo com que eu inclinasse minha cabeça para trás, deixando-me mais exposto. - Está doendo, yamete...- Dizia enquanto chorava desesperado, mas o moreno apenas inclinou seu corpo para frente, indo mais fundo e trazendo sua boca para próximo de meu ombro que logo foi mordido por cima da blusa.

-Geme mais, geme… -Ele sussurrava rouco enquanto se arremetia mais contra meu corpo. Quando o choro se tornou mais alto, o moreno apenas soltou meus cabelos, tampando minha boca com a mão enquanto a outra segurava minha cintura.

-Não tanto. -Ele falou com um curto sorriso na voz enquanto socava mais seu sexo dentro de mim e eu chorava em silêncio, tendo meus soluços abafados por sua mão. Ficamos assim durante algum tempo até que ele se desfizesse dentro de mim como um animal. Mesmo após ter gozado, Hiroshi ainda se mexia dentro de mim, e quando cansou, apenas saiu de dentro de meu corpo, para então deitar-se sobre minhas costas, respirando contra meu ouvido pesadamente enquanto eu ainda soluçava com o rosto escondido contra o colchão.

-Viu como foi bom? -Ele sussurrava contra minha orelha, beijando meu pescoço. Eu não tinha forças para revidar, não queria falar, eu só queria chorar, talvez até morrer, se isso fosse possível.

Nem mesmo vi quando Hiroshi saiu de cima de mim, só lembro-me de ter ouvido a porta do quarto ser fechada, enquanto eu ficava ali, sobre a cama, ainda chorando. Chorava não só pelo que havia acontecido, mas pelo medo de perder Yuu. Era como se toda minha alegria do final de semana tivesse acabado naquele momento, todos os sonhos. Foi com esses pensamentos que acabei pegando no sono, no mesmo lugar.

Quando acordei, já era noite, assim que abri meus olhos pude ver o quanto o quarto estava escuro, a não ser pela pequena fresta de luz que entrava pela janela. Tentei me mover sobre a cama, mas senti uma dor absurda em meu quadril assim que o fiz e tudo o que havia acontecido no final daquela tarde me veio a cabeça como um flash de luz. Quando consegui me sentar sobre o colchão, foi inevitável não voltar a chorar. As lágrimas caíam pesadas mesmo contra minha vontade e novamente eu me encolhi sobre a cama, mas praguejei mentalmente quando senti o cheiro de Hiroshi sobre meus lençóis. Eu não conseguia lembrar dos toques de Yuu para me acalmar, somente dos toques imundos do outro moreno.

Puxei minha bolsa no canto da cama e tirei meu celular da mesma, quando desbloqueei o aparelho pude ver a quantidade de chamadas perdidas de Yuu, assim como as mensagens que ele havia enviado também. Era provável que ele estivesse preocupado, afinal eu sumi e já eram quase 02:00horas da manhã.

Antes de mais nada, tratei de lhe enviar uma mensagem curta, apenas para que ele soubesse que eu estava bem.

*(01:37) -

Yuu, desculpa por não ter atendido, acabei dormindo quando cheguei e não ouvi o celular tocar. Desculpa.

Levantei-me da cama após enviar a mensagem e resolvi seguir para o banheiro, eu ainda precisava me limpar. Assim que adentrei o cômodo, acendi as luzes e fui para a frente do espelho. Quando olhei meu reflexo, tive ímpetos de quebrar o espelho, eu estava horrível. A maquiagem borrada junto com hematomas espalhados por meus braços e ombros, se Yuu visse aquilo, o que ele poderia pensar?

Caminhei para o box e abri o chuveiro enquanto me jogava embaixo da água. Devo ter ficado no mesmo local durante uns 15 minutos, limpando minha pele até que não houvesse resquícios de Hiroshi entre minhas pernas. Quando sai do banho, olhei para o celular sobre a cama, o aparelho estava com o visor aceso, o que me surpreendeu, ainda mais naquele horário. Quando cheguei mais perto, pude ver que o motivo era que Yuu estava me ligando naquele horário e então eu atendi.

-Taka? -Ouvi sua voz preocupada me chamar do outro lado assim que levei o aparelho até minha orelha.

-Hai. -Sussurrei baixinho.

-Você me assustou, o que aconteceu? Você sumiu.

-Gomen, eu acabei dormindo… e bom, só acordei agora.

-Fiquei preocupado koi, nem mesmo consegui dormir. -Ele riu baixinho, acalmando meu coração.

-Gomen nasai. - Falei mais uma vez, me sentindo culpado.

-Está tudo bem, koi.

-Hai. -Sussurrei, me deitando dobre a cama ainda enrolado no roupão de banho.

-Você está com a voz triste.

Arregalei meus olhos naquele momento, era como se Yuu estivesse no quarto junto comigo, olhando em meus olhos e eu tive medo mais uma vez, medo que ele me visse naquele estado deplorável e então eu menti. - É porque eu acordei… estou meio sonolento.

-Então vai dormir mais um pouco, deve estar cansado.

-Hai hai… -Sussurrei enquanto fechava meus olhos, tentando não chorar. - Fica comigo na linha?

-Sim, koi. -Ele disse.

-Aishiteru. -Eu falei enquanto começava a pegar no sono, ouvindo sua respiração.

-Aishiteirumo, Taka.

Ele disse por fim e então eu pude me entregar de vez ao cansaço. Nem liguei em vestir uma roupa, dormi do mesmo jeito que havia saído do banho. Ter a respiração de Yuu do outro lado da linha, sua presença, mesmo que ligada pelo aparelho me deixava mais tranquilo para me entregar de vez ao mundo dos sonhos.