Crono, já fora do castelo, se lembrou do que o explorador disse "eu ouvi dizer que a Rainha desapareceu enquanto visitava a catedral e..." era uma dica preciosa, pois não tinham por onde começar. Após desbravar a Floresta de Guardia, onde Crono melhorou relativamente suas habilidades, Lucca o levou a uma loja onde ela teve de fazer malabarismo com suas economias junto às de seu amigo. Um homem muito simpático os atendeu
— Não temos mostruário, o que você vai querer? — Lucca saiu extremamente feliz com sua nova Pistola de Dardos, Crono talvez não tanto com seu Sabre de Bronze.
Agora, lá estavam eles, na porta de uma magnífica catedral. Por dentro, o chão de pedra azul combinava perfeitamente com os bancos de madeira e as freiras tinham um ar assustador que complementava a melancolia do lugar. Elas os observavam dos bancos, dizendo coisas como:
— Tudo que nós queremos é a paz... ta de dente, hehe!
— Nossa, que jovens mais suculen...hã, digo, barulhentos. Façam silêncio!
— Ouçam nosso recital de órgão! E uma experiência de matar!
— Oh, vocês parecem tão cansados! Não querem um lugar para descansar... em paz?
A última frase foi dita pela freira frente a um órgão. Mais ao lado, em frente ao altar, brilhava um pequeno objeto dourado no chão.
— Crono, o que você achou? E um grampo de cabelo. Tem o brasão da Família Real — as freiras caminharam lentamente até cercarem Crono e Lucca. Das de costas para o altar, seus corpos foram incendiados, e das chamas azuis saíram quatro seres místicos, conhecidos como Nagaetes.
Crono desembainhou seu sabre, Lucca empunhou sua pistola, as nagaetes mostraram suas garras, corações voejavam no ar a partir de seus lábios, que, ao atingi-los, os deixavam sob lentidão. Crono as fitava frente a frente, Lucca se abrigou atrás do altar. Ele correu em direção a mais próxima delas, elevou seu sabre e o desceu sobre a mesma, atravessando-a verticalmente como que por meiose, a nagaete foi dividida em duas. Lucca, enquanto Crono lutava, aproveitou para atirar em uma delas, acertando um dardo não muito eficiente. A combinação dos dois era forte, porém as nagaetes eram muitas, quase não conseguiram sair dessa. De costas para o altar Lucca exclama.
— Ufa... Essa foi por pouco! — de repente chamas de um intenso azul nascem novamente as suas costas. Uma nova nagaetes surge. Lucca é arremessada aos pés de Crono, desorientada. O protagonista se arma, preparado para a batalha. Contudo, vindo de algum lugar do teto da catedral aterrissa um sapo equipado com uma lâmina larga e capa. Ele acaba com a nagaete surpresa com um único golpe.
— Não devias baixar a vossa guarda milady!
— Vós também viestes salvar a Rainha? Há muitos monstros por aqui... Acompanhar-me-eis nesta missão? — Lucca arregala os olhos e dá alguns passos para trás um tanto horrorizada.
— U... Um sapo? Crono, é um sapo falante! Eu odeio sapos! — o pequeno em estatura mas valente cavaleiro suspira.
— Minha aparência não vos encoraja? — ele caminha até uma parede e, de costas, diz:
— Fazei como quiserdes, mas eu salvarei a Rainha — Lucca, mordendo os lábios, olha aflita em conflito e diz para o sapo.
— E... espera! Você não parece ser uma má... hã pessoa-sapo-coisa... er, digo... Crono! É muito arriscado para nós irmos sozinhos... o que nós vamos fazer? Já sei! Vamos com o sapo. Er... Vou falar com ele. É só não chegar muito perto. Qual o seu nome?
— Chamai-me de Frog.
— Certo, muito prazer Frog.
— Deve haver alguma porta secreta por aqui. Olhemos nos arredores.
Lucca se abaixou e olhou sob os bancos de madeira, achou algumas espécies exóticas de aranhas, teias e poeira, mas nada como um botão secreto. Frog foi tateando as paredes como um cego, não que isso tivesse surtido algum efeito. Crono encarava friamente o altar, subiu os olhos. Olhou as maravilhosas vidraças coloridas da catedral, chegavam a dissipar um pouco do clima de terror. Caminhou até a parede esquerda da catedral, até o órgão empoeirado, bem antigo. Pressionou uma das teclas, uma melodia tocou automaticamente, Crono chegou a dar um passo para trás. Na parede vazia, à direita, uma porta de carvalho escuro, com puxadores de ferro se abriu, revelando o caminho
Entraram. Se viram em um corredor com místicos em toda sua extensão, além de duas portas. Escolheram a que estava em seu alcance, deram de frente a uma escada. Subiram, continuaram a caminhar em silêncio, fugiram dos rangedores, criaturas que lembravam serpentes roxas. Crono abriu bem devagar a porta após a escada, mais místicos, e eles o viram!
— Podem tirar esses disfarces, não precisamos usar eles aqui - anunciou um diabrete, o coração de Lucca deu um salto, o lacaio do lado oposto da primeira voz comentou.
— Yacra é mesmo um gênio! Seu plano de tomar o lugar do chanceler funcionou perfeitamente! — a nagaete expressou para todos:
— Hummm... Aqueles dos soldados que pegamos parecem tão apetitosos!
— Odeio fingir que sou humano... Vou orar ao nosso rei antes de fazer minha ronda — o diabrete saiu da sala. Os três o seguiram com cuidado, o alvo atravessou outra porta, nos fundos do corredor. Abriram-na com o máximo de cuidado que conseguiram, viram primeiro Marle, porém levemente mais velha, com vestido azul bebê, mostrando que, na verdade, era a Rainha Leena, logo ao seu lado, no altar, o Rei de Guardia, e por último um soldado, com um ar tranquilo:
— Oh, vocês não precisam mais me salvar. O mestre Yacra é muito gentil e decidi ficar aqui. Por que vocês também não ficam?
— Vocês por aqui? O mestre Yacra vai ficar contente em vê-los. Por que vocês não descansam um pouco até que ele possa comê... quer dizer, atendê-los?
— Vocês vieram para salvar a Rainha? Oh, que alívio! — eles retrocedem com vagar, Frog passou a mão pela maçaneta da porta.
— Ei, fiquem mais um pouco... a festa só está começando hehehe! — chamas ciano-magenta consumiram os dois membros da realeza e o soldado, rangedores apareceram! Lucca ainda não empunhava sua pistola quando Frog se armou e saiu disparado em direção aos rangedores, de um salto que, por um tempo fez parecer que o local não possuía gravidade, Frog fez um corte transversal em um dos inimigos, Crono e Lucca não tardaram a atacar. Naquele momento ambos se deram conta que não um qualquer os seguia, mas sim um espadachim de incríveis habilidades. Lucca iria elogiá-lo, mas ouviu uma melodia que desviou sua atenção até da incrível performance que presenciaram:
"Oh, querido Magus,
Seus olhos lindos a brilhar.
E seus cabelos azuis,
Como as ondas sobre o mar.
Nem dias de sol
Poderão nos afetar.
Porque nós cremos em você,
E você virá nos salvar!"
A cantoria parou. Os diabretes adoradores viraram teatralmente. Eles partiram para cima dos protagonistas. Árdua foi a empresa, afinal, independente de quão bons eram, estavam em menor número. Todavia Lucca tinha truques na manga, e Frog, como visto, sabia manusear bem sua lâmina. No final do corredor, observaram, exauridos, um altar com uma estátua de um homem de cabelos e capa longos, portanto enorme foice, em posição imponente, iluminada pela luz solar. A estátua parecia ter vida.
Andando mais, já fora das salas visitadas, descobriram mais cômodos. O primeiro, uma sala deserta, lembrava uma pequena biblioteca, com um relógio de parede e uma cômoda pequena. Crono, fuçando onde não devia, achou o Guizo das Nagas. Três Lacaios vieram reivindicar o objeto, mas os heróis desapareceram quando tiveram chance. No caminho da outra sala um Sabre de Ferro foi achado. E finalmente, Crono sentiu ainda na porta, pessoas! Seres humanos, soldados do reino aprisionados.
— Vós, sois...humanos?! Por favor salvem a Rainha, ela está presa no altar dos fundos.
— Eles cultuam Magus em uma das salas desta catedral. Ouvi dizer que tem muitos tesouros por lá.
Apesar de inútil, a visita dos compatriotas os animou, ainda mais sabendo que não estavam ali à toa, a Rainha estava lá. Antes de chegar na sala indicada pelos soldados, eles percorreram corredores que davam no mesmo lugar, e, sem entender como fizeram — mas tinham certeza de que havia outro órgão envolvido — um aviso que antes exibia "Procure bem e achará a saída" agora mostra um "Não Entre" ao lado de uma porta recém surgida, sedutora e entreaberta. Eles ingressaram. Havia um portal de madeira no final do corredor que lhes fora apresentado. No final, ao lado da porta, uma luz entre o azul e a prata brilhava, era um mistério sem tempo de ser resolvido. Eles atravessaram, ainda na porta ouviram.
— Prepare-se Rainha Leena... Hã como vocês conseguiram chegar até aqui? — a Rainha rapidamente se virou.
— Frog! — o sapo, por sua vez, se achegou a Rainha.
— Majestade, dê-nos a honra de salvar-te! — Leena anda até a porta, grata e receosa.
— Tenha cuidado.
O chanceler, nervoso, circula por trás do altar da sala.
— Não adianta lutar. Nenhum de vocês sairá daqui vivo! - o chanceler vibra, circula o altar e ameaça — sapo idiota, não deixarei você intervir em meus planos... transformar agora! — uma metamorfose ao estilo cronenberg ocorre, no lugar do chanceler, surge uma criatura, como um tatu gigante de carapaça amarela. Ele é Yacra.
A batalha se inicia. A criatura percorre toda a área à frente de nossos heróis, pula em cima de Lucca, derrubando-a no chão. Ela não deixa barato, um abafado som de disparo ecoa debaixo de Yacra, talvez o fogo causasse mais dano. Yacra a liberta, olha para os dois, seus olhos completamente azuis acinzentados e leitosos, pareciam focar em cada um ao mesmo tempo. Yacra manda seu ataque mortal, de sua carapaça se disparam espinhos, nossos heróis procuraram desviar, mas reagem tarde demais, Frog foi atingido. Uma gota de sangue vermelho deslizou por sua verde e larga boca de sapo. Crono encoleirou-se, posicionou seu sabre, olhou para Frog. Os dois correram em direção a Yacra como uma seta apontando para o inimigo. Suas espadas se encontraram no corpo de Yacra de tal forma que faíscas saíram de dentro dele em um Ataque em X. O monstro urrou — aaaaahh!
O inimigo investiu contra os três, atacando um de cada vez sem tempo de reação. Lucca gritou o nome de Crono, ele levantou seu sabre. No alto, o sabre se incendeia e aquece como metal fundido, graças às chamas de Lucca. Crono avança contra Yacra envolvendo-o em um Turbilhão de ferro e fogo. A fera devolve arremessando projéteis esféricos em Lucca, que cai desacordada no chão. Crono, que lutava para remover seu sabre da carapaça do bicho, foi arremessado em meio a agitação geral. Frog viu a oportunidade. Posicionou sua lâmina, correu e saltou, aterrissando a lâmina entre os olhos azuis da fera. Yacra geme uma última vez. Houve um clarão. Seu corpo se torna espectral, e, como um fantasma, desaparece. A Rainha sai detrás da porta de madeira da sala.
— Frog, tu viestes me salvar!
— Milady, nós devemos retornar para o castelo — ele se vira e repara em seus companheiros, ambos recém acordados.
— Agradeço a vós, Crono e Lucca.
— Muito obrigada. Por favor, venham conosco. Vamos voltar ao castelo.
— Ei, e quanto a mim?! — o chanceler (verdadeiro) sai de dentro de um baú antes fechado ao lado da poltrona atrás do altar, Crono não reparou, nem por um segundo, naquele baú. Quase se sentiu mal, só que, apesar daquele ser o verdadeiro chanceler, Crono ainda portava a imagem do chanceler em metamorfose para Yacra.
— Leena querida, temi por tua vida. Aquele Yacra maldito causou muitos problemas ao reino...nós precisamos criar um sistema criminal para punir os demônios como ele — o Rei de Guardia pronunciava essas palavras de mão dadas a sua amada. O cavaleiro Frog se aproximou da Rainha
— Não fui capaz de proteger vossa majestade, eu a desonrei.
— Frog! — o anfíbio fez uma última saudação a Rainha, se virou, e saiu por uma das portas entreaberta do salão do castelo. A Rainha se dirige a Crono.
— Vosso auxílio foi fundamental para o meu resgate e eu serei eternamente grata por isso. Mas, onde está a garota que foi confundida comigo?
— Crono, é mesmo, tinha me esquecido da Princesa Nádia. Rápido, vamos até o local de desaparecimento da Princesa — os dois subiram correndo os degraus da torre, abriram a porta do quarto da Rainha com violência, bem a tempo de ver Marle se materializar aos seus olhos:
— Hã, o que aconteceu?
— Princesa Nádia?
— Crono — a voz de Marle falha — eu... estava num lugar frio e escuro, será que isso é morrer? — Lucca abaixa junto a Marle e desdenha.
— Tudo bem com você, Princesa Nádia?
— Oh, você também veio para me buscar, mas eu não sou... hã, er... acho que devo algumas explicações. Me desculpa Crono, eu não queria mentir para você — a Princesa se virou para a parede — Eu sou a Princesa Nádia, meu pai, é o XXXIII Rei de Guardia. Eu realmente gostei de ter ficado com você na Feira mas, se soubesse que eu era a Princesa, não precisa responder, eu sei que você fugiria de mim, por isso preferi manter minha identidade em segredo. A Rainha está salva, não é? É hora de voltarmos para casa!
— Você é a verdadeira Rainha Leena, certo?
— Nós realmente somos muito parecidas!
— Eu desejo que vocês dois sejam muito felizes e tenham muitos filhos... — o Rei e a Rainha se olham com expressões de espanto — ...ou eu vou estar bem encrencada!
— O que? — dizem as realezas em conjunto.
— Er...nada não. Bem, nós já vamos indo.
Quando um de nossos heróis abriu a porta do salão, viram que Frog se encontrava nas escadas, pronto para partir.
— Minha incompetência pôs em risco a vida da Rainha, para o bem de todos, devo partir.
Marle viu o baixo sapo falante se aproximar dela, ela nunca vira nada igual
— Eca!
— Eu realmente posso ver a Rainha em ti — o sapo desce os últimos degraus, parando apenas para interromper uma talvez fala do protagonista.
— Crono, tu tens potencial para ser um grande espadachim — e vai embora...
— Sapinho, você fez o que pôde — suspira Lucca, exalando pena. Logo os três retornam ao cânion Truce. Marle se encontrou no bosque onde a esfera azulada de luz havia a deixado. Algo azul céu brilhava — Como vamos voltar para casa?
— Ahn, majestade, er... princesa, nós...
— Ei! Me chame de Marle!
— Certo... Marle... observe — Lucca lhes mostra um objeto que lembrava a chave de um carro moderno. Esse algo azul que brilhava se transformou na esfera que outrora engolfou Marle.
— Lucca, você é demais!
— Não é verdade....er..hã, quer dizer...
— Não fique envergonhada, você tem muito talento, eu trocaria minha vida chata de princesa pela sua genialidade.
— Bem, se você diz. Voltando ao assunto, eu chamo isso de "Portal". É um tipo de zona de salto que nos leva ao mesmo lugar em épocas diferentes. Portais são muito instáveis, então usei aquele entre meu teleporte para criar a Chave de Portal, com ela posso abrir qualquer portal
— Mas porque este apareceu de repente?
— Talvez tenha sido criado pelo teleporte... ou talvez por outra coisa... isso está ficando cada vez mais estranho. Bem, é melhor nós voltarmos para casa, vamos Crono — os três embarcaram no chamado Portal que se fechou ao aceno de Lucca, e logo o bosque estava silencioso outra vez.
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