Capítulo 1
O estranho fetiche por mãos
Mel – Autor(a)
Era segunda-feira outra vez, o que significava que seu inferno semanal na terra recomeçaria outra vez e que teria aula de matemática com Sir Nighteye, um dos professores mais rigorosos de toda a U.A. além de parecer sempre saber quando seus alunos iam aprontar alguma coisa e antecipar todos os seus movimentos, parecia até que ele via o futuro ou algo do gênero.
Também deve ser levado em consideração que não era um dos melhores alunos quando se tratava de matérias exatas apesar de fazer certo esforço para decorar todas aquelas fórmulas complicadas, mas era completamente impossível para si fazer tal feito. Não conseguia, não importa o quanto se empenhasse, compreender o que eram todas aquelas letras no meio das contas, menos ainda sabia dizer ao certo o que eram os catetos e bendita hipotenusa que seu professor tanto falava.
Então, por esses e outros diversos motivos, odiava sem sombra de dúvidas todas as segundas-feiras existentes no mundo. Sem exceção.
Prevendo que o seu dia seria uma perfeita desgraça, como todos os outros de sua vida, suspirou enquanto se encaminhava para a sala de matemática, onde Nighteye diria o óbvio: havia zerado mais uma prova, como de praxe. Esperava que, ao menos, a recuperação fosse um pouco mais fácil para que conseguisse atingir uma nota razoável, pois sabia que não seria capaz de reparar todos os danos causados por tantos zeros em seu boletim.
Estava quase chegando em sua sala quando notou que os alunos espalhados pelo corredor olhavam para alguma coisa atrás de si com extrema atenção. Olhou sobre o ombro conseguindo enxergar três figuras bem distintas andando pelo corredor como se fossem as rainhas da escola, o que, de fato, faltava muito pouco para se concretizar pelo rumo que as coisas andavam.
Ninguém ousava mexer com aquele trio em específico, então conforme as três garotas desfilavam pelo corredor os demais alunos abriam caminho para que elas passassem, nenhum deles sequer se atrevendo a encostar um mísero dedo nelas. Elas eram as queridinhas do time de basquete por fazerem parte do grupo de líderes de torcida e a grande maioria dos professores as adoravam, fazendo das jovens um trio de difícil acesso.
Izuku se encolheu de leve ao perceber que elas estavam andando exatamente em sua direção, seu corpo sendo o principal alvo dos três pares de olhos. Se arrependeu de ter saído da cama ao ver o brilho maldoso nos olhos castanhos ao passo que elas chegavam cada vez mais perto dele, sendo que se lembrava nitidamente de que aqueles mesmos olhos castanhos já haviam em algum momento no passado expressado carinho por sua pessoa.
Era difícil imaginar o quanto algumas pessoas mudavam de forma colossal durante a adolescência, mas essa é a cruel realidade do mundo em que vivemos: a puberdade, por algum motivo desconhecido, transforma nossas doces e inocentes crianças em adolescentes fúteis e babacas que simplesmente param de sentir empatia pelos seus semelhantes.
O que havia de errado com a sociedade? Midoriya queria muito saber.
- Como vai, Deku? – a rosada do grupo perguntou, era a única que era gentil com os alunos menos favorecidos da instituição.
Izuku infelizmente era um desses alunos e, apesar do apelido maldoso pelo qual foi chamado, ele nutria certa afeição por Ashido Mina. Ela, mesmo que andasse com má companhia, ainda tinha um senso de justiça sem igual, e o esverdeado a admirava imensamente por isso.
Midoriya não respondeu, se contentando em sorrir fracamente para a garota, sabendo que poderia encrencar ela com a “líder” caso dissesse algo que não devia. Ninguém poderia saber da amizade mais que secreta que mantinha com Mina desde os doze anos de idade devido a morarem no mesmo bairro suburbano da cidade.
- Por que se dignifica a gastar sua saliva com ele? – a morena o encarou com desprezo. – Ele não passa de uma pedrinha no sapato. – um sorriso de escárnio lhe enfeitou os lábios pintados de vermelho.
- Ochako, não fale dessa maneira. – Ashido pediu em defesa do garoto. – Ele é um ser humano, assim como nós. – afirmou com seriedade.
A garota citada franziu as sobrancelhas em desgosto ao ouvir as asneiras que saíam da boca da amiga, não se impedindo de analisar com total nojo o sardento da cabeça aos pés, ofendida em ser comparada com alguém como ele.
Uraraka Ochako com suas roupas caras – que de caras não tinham absolutamente nada, afinal todos sabiam que elas era falsificadas e compradas num brechó qualquer – era o que podemos chamar de líder do grupo, sendo uma das piores pessoas que você poderia ter o azar de ter como inimiga. Antigamente ela era uma menina muito doce e gentil com todos, no entanto alguma coisa a transformou no que era hoje: uma jovem amargurada e maldosa.
Houve uma época em que Uraraka chegou a ser uma amiga bem próxima do esverdeado, uma confidente fiel e uma irmã que ele nunca teve, porém podemos perceber que as coisas mudaram assustadoramente desde que ingressaram na U.A.
- Mas ele não é como nós, Mina! – a outra menina do grupo protestou e Ochako teve a vaga esperança de que ela diria algo sensato uma vez na vida. – Nós somos garotas e ele é um garoto. – comentou certa do que dizia e a morena bateu a mão na própria testa, decepcionada com a capacidade mental dela.
- Toru, fica de boca fechada, por favor! – Ochako pediu com a paciência no limite.
- Eu só falei a verdade. – a loira abaixou a cabeça constrangida.
Hagakure Toru era a menina mais doce e inocente que o sardento já tivera o prazer de conhecer, mas ela também era muito ingênua e facilmente manipulada pela morena, coisa que fazia com que a menina fosse vista com maus olhos por alguns alunos que não a conheciam direito. A loira, além de tudo isso, era conhecida por ter um ótimo gosto para moda.
- Tudo bem, Toru. Sabemos que não fez por mal. – Mina a tranquilizou com um sorriso carinhoso, fazendo a mesma sorrir fracamente.
Uraraka revirou os olhos com tédio pelo jeito exagerado das amigas.
- Ah, quer saber? Meninas vamos embora, o ar aqui parece meio poluído, não acham? – a morena disse irritada, mas sem nunca deixar de tirar sarro do pobre garoto.
- Pra mim, o ar parece perfeitamente limpo. – Hagakure tombou a cabeça para o lado, não entendendo o que a maior falava.
Ochako bufou com raiva e saiu marchando pelos corredores, sendo rapidamente seguida pelas outras duas garotas, com uma loira sem saber o que tinha dito de errado e uma rosada cansada de toda aquela ceninha que a morena gostava tanto de fazer.
Izuku assistiu aliviado o trio se afastar, agradecendo por ter se livrado de suas torturas psicológicas por agora. Temendo que Uraraka pudesse mudar de ideia, ele foi para sua sala o mais rápido possível, preferindo ter uma aula chatíssima de matemática com Nighteye do que ter que aturar os chiliques estúpidos da morena.
[.....]
A aula de matemática havia terminado há pouco tempo e Izuku guardava seus materiais chateado, o maldito 0,5 de sua prova lhe causando antecipadamente dores de cabeça. Suspirou consternado se preparando para sair da sala, mas o professor o chamou para conversar sobre sua nota antes de ir para o intervalo.
Parou na frente da mesa do mais velho, aguardando paciente este começar a falar.
- Suas notas costumavam ser boas, Midoriya. – ele comentou ajeitando as provas da outra turma, certa decepção podendo ser notada na voz. – O que está acontecendo com você? – perguntou fazendo seu papel como um bom educador.
O esverdeado ficou quieto por alguns segundos pensativo sobre qual resposta iria dar, ou melhor ainda, qual desculpa esfarrapada daria para justificar suas notas horríveis. Não queria dizer o quanto sua vida se assemelhava a um verdadeiro inferno e que, por isso, não conseguia mais se concentrar nas aulas como deveria.
- Não é nada, só acho que estou tendo algumas dificuldades com a matéria. – respondeu por fim, tentando parecer o mais natural possível, embora não estivesse mentindo totalmente.
- Midoriya, aconteceu algo na sua casa? – o professor insistiu arrumando os óculos que escorregavam pelo nariz.
- Estou lhe dizendo, não é nada. – o menor afirmou. – De qualquer modo, agradeço pela preocupação, Sensei. – sorriu minimamente.
Nighteye suspirou balançando a cabeça negativamente, não acreditando nem um pouco nas palavras de seu aluno.
- Enfim, também queria dizer que, se não quiser rodar de ano, é melhor se esforçar mais em minhas aulas. – falou rumando na direção da porta. - Ah, e seus amigos estão fazendo confusão no corredor. – disse como se não fosse nada demais.
Izuku franziu o cenho confuso, a mente trabalhando arduamente para descobrir sobre quem o adulto falou além querer muito saber como o professor sempre sabia o que iria acontecer. Era surreal.
No entanto, ao cruzar o batente da porta, percebeu a comoção incomum no corredor, sendo que no meio da roda de adolescentes se encontrava o trio de Perdidos que conhecera há pouco tempo discutindo com alguns de seus colegas de classe. Dabi e Himiko parecia discutir calorosamente com Shindo Yo.
- Você realmente está começando a me irritar. – o maior avisou. – Eu só quero saber onde está o brócolis.
Pelo apelido mega original e criativo, e somente por ele, o sardento soube que Touya falava de si, porém isso apenas fez com ficasse com mais dúvidas ainda. Por que aqueles três estariam a sua procura?
- Eu nem sei de quem você ‘tá falando, cara. – Shindo retrucou.
- Não viemos brigar. – a loira disse mais calma que o amigo. – Estamos procurando pelo Izuku. – ela explicou.
- O Deku? – o outro sorriu em escárnio, seu olhar parando diretamente no esverdeado no meio da multidão. – Não podem estar falando sério. – riu sendo acompanhado pelos colegas.
Midoriya desviou o olhar para o chão, o ódio dirigido a sua pessoa lhe machucando profundamente. Todas aquelas pessoas que eram tão gentis consigo no início do ano agora lhe tratavam como se não passasse de um monte de lixo. Sentiu uma súbita vontade de chorar, entretanto não o fez por estar cercado de pessoas.
Olhou bem para aquele trio não sabendo o que eles queriam consigo, mas foi naquele momento que a voz do terceiro integrante do grupo se sobressaiu.
- Não vejo problemas em estarmos procurando o Midoriya. – Shigaraki disse levemente irritado. – Ele não parece uma pessoa ruim, muito pelo contrário.
- Oh, então vocês não sabem. – Yo ficou surpreso.
- Sabemos o quê?
Izuku viu horrorizado Yo olhar para si com um sorriso maldoso nos lábios, entrando em desespero mudo para sair daquela situação. Seu corpo se moveu sozinho e, de repente, já se encontrava de frente para os Perdidos sorrindo nervosamente.
- O que fazem aqui? – perguntou fitando-os em total nervosismo e impedindo que Shindo falasse o que não devia.
- Somos amigos agora, Izuku. – a loira afirmou sorrindo carinhosamente para si.
- Ah, certo. Mas vamos falar disso em outro lugar, por favor. – saiu arrastando a menina até o refeitório.
Se sentaram em uma mesa relativamente afastada do restante dos alunos. Os mais velhos olhavam para o menor com estranhamento devido as suas atitudes duvidosas e principalmente por tê-los arrastado para longe dos outros.
- Está tudo bem? – surpreendentemente, quem perguntou foi Todoroki.
- Claro, tudo está perfeitamente bem! – respondeu atordoado sem olhar na cara de nenhum deles, só deixando eles mais desconfiados ainda.
- ‘Tá legal... – resolveram não questionar.
Midoriya respirou fundo se acalmando e colocando os pensamentos no lugar, antes de finalmente olhar para os rostos do trio. Sorriu ínfimo para Himiko, que feliz devolveu o sorriso.
- Mas, ei, eu estou confuso com uma coisa. – o sardento comentou e os outros pediram para que ele continuassem. – Por que vocês iriam me querer como amigo? – perguntou inseguro.
Shigaraki deu de ombros como se dissesse que não iria responder, Toga sorriu constrangida e Dabi revirou os olhos entediado.
- Haja paciência. – o moreno resmungou. – Veja bem, essa psicótica aqui gostou muito de você e decidiu te adotar como bichinho de estimação dela, então temos que te aturar já que somos amigos dessa coisa. – explicou apontando repetidas vezes para a loira ao seu lado.
A menina olhou indignada para o amigo, desacredita como ele conseguia lhe ofender tantas vezes em uma só frase, ainda mais na frente de seu novo interesse amoroso. Ela não se dignificou a falar qualquer coisa em sua defesa, se contentando em dar um tapa na nuca do rapaz para demonstrar seu descontentamento.
- Caralho! – ele reclamou passando a mão no local atingido. – Que merda colocam na tua comida, menina?
Toga respondeu a provocação mostrando seu belíssimo dedo do meio para o maior, este que se fez de ofendido e devolveu o gesto sorrindo debochadamente.
Izuku se absteve a observar a discussão infantil que surgia entre os dois com uma cara meio estranha. Se virou para o outro rapaz sentado ao seu lado que mexia no celular distraído sem prestar atenção na briga dos amigos, seus olhos recaindo por um breve momento nos cabelos que eram bem mais bagunçados que seus rebeldes cachos verdes e tinha uma coloração branca puxada para o azul.
Balançou a cabeça para dispersar os pensamentos sem sentido sobre o cabelo do outro e se focou no que queria com o rapaz.
- Hey... – sussurrou chamando o mais velho sutilmente. – Eles são um casal? – apontou para a loira e o moreno.
Tomura lhe encarou por exatos quinze segundos antes de começar a rir discretamente com uma das mãos cobrindo a própria boca. Sabia que eles ficariam raivosos se descobrissem o motivo por trás de sua risada, então tentava conter a mesma para evitar briguinhas desnecessárias no trio – não eram como os populares que ficavam de intriga uns com os outros o tempo inteiro, afinal.
O esverdeado o olhou confuso, não entendendo qual era a graça. Só estava curioso sobre a relação do possível casal devido as provocações e ofensas que eles trocavam entre si, então perguntou o que queria saber, nada demais.
- Eu disse algo errado? – o sardento indagou estando levemente preocupado que pudesse ter feito merda logo quando alguém havia decidido ser seu amigo. Não estranharia se realmente o tivesse feito, pois no fim ele era extremamente azarado.
O azulado (?) negou com a cabeça e olhou de relance para os amigos para ver se eles estavam ouvindo o que ele dizia. Ao confirmar que, não, eles não estavam prestando atenção em sua conversa com o novo integrante do grupo, sorriu malandramente para o adolescente ao seu lado.
- Eles, por mais que pareça, não são um casal. – contou com graça. – Eles, na verdade, têm aquele tipo de amizade que é baseada no ódio, entende?
- Acho que sim. – assentiu ainda um pouco incerto.
- Ótimo. – o maior bagunçou seus cabelos. – E nunca, em hipótese alguma, diga para esses dois que eles parecessem com um casal. Eles vão ficar bem irritados. – avisou voltando sua atenção para o celular que vibrara com uma nova notificação. – Vem cá, vocês dois não vão para de brigar não? Já estão assustando o Midoriya. – falou mais alto para que o “casal” pudesse lhe escutar.
O sardento se assustou ao ser o alvo direto dos dois pares de olhos, um azul e outro dourado, ficando com as bochechas rosadas e encolhendo um pouco os ombros ao ver o moreno arquear uma sobrancelha duvidoso. Limpou a garganta e olhou mortalmente para Shigaraki por colocá-lo naquela situação, este que mordeu o lábio inferior contendo um sorriso.
- Acho que preocupado seria mais correto. – corrigiu rapidamente. – Vocês estavam discutindo e acabei ficando preocupado que a coisa ficasse muito séria. – disse a primeira desculpa que conseguiu pensar.
- Ah, desculpe por isso. – ela pediu ficando vermelha. – Que tal falarmos sobre outra coisa? – sugeriu olhando esperançosa para o garoto a sua frente.
- Claro. – o sardento forçou um sorriso.
Izuku se virou para o azulado, mexendo os lábios silenciosamente dizendo que ele lhe pagava por aquilo depois, fazendo com que o outro apenas devolvesse com um olhar dizendo que duvidava. Queria muito socar a cara dele, pena que não podia fazer com isso quem tinha acabado de conhecer, sua mãe tinha lhe educado muito bem, no final das contas.
- Então... – a loira começou sorrindo sapeca. – Você tem algum fetiche, Izuku? – perguntou com uma naturalidade assustadora.
Midoriya encarou a garota chocado, logo ficando vermelho até as orelhas e desviando o olhar para qualquer outro ponto do refeitório que não fosse a face da garota – parecia um tomate de tão vermelho, tinha certeza. Ele odiava falar de sua vida sexual, ainda mais porque grande parte da escola já tinha conhecimento de pelo menos uma parte dela, mesmo assim não havia como evitar ficar constrangido quando o assunto era abordado.
Vendo que o menor não iria responder sua pergunta, Himiko pediu com os olhos para Dabi falar o dele primeiro e assim, quem sabe, o mais novo se sentiria mais confortável para falar de seus gostos pessoais. A menina só faltava implorar, não deixando nenhuma opção para o moreno, que rabugento suspirou.
- Eu gosto de bondage. - Touya assumiu mal-humorado.
- Q-quê? – Izuku balbuciou envergonhado olhando surpreso para o mais velho.
- E eu amo voyeurismo. – Toga confessou sem um pingo de vergonha.
O esverdeado fitou os dois confuso, se perguntando mentalmente se eles realmente estavam lhe contando seus próprios fetiches para que contasse o seu, pois se era isso que pretendiam não iria dar certo. Ele não confessaria seus gostos obscuros nem que lhe chantageassem, não mesmo!
A loira percebeu que o mais novo não iria falar, então chutou com força a canela de Tomura por baixo da mesa e o encarou esperando que ele falasse o que deveria, recebendo em troca somente um revirar de olhos e um dedo do meio por parte deste.
- Por que vocês querem tanto saber disso? – Midoriya estreitou os olhos para a dupla desconfiado.
- Curiosidade. – Dabi deu de ombros fingindo desinteresse. – Só queremos conhecer melhor o nosso novo amigo, brócolis. – justificou-se ao ver que o outro não estava convencido de sua resposta.
- Sei... – o menor murmurou mantendo os olhos esmeraldinos na dupla.
Para início de conversa, aquilo nem fazia sentido! Que tipo de pessoa pergunta qual o fetiche do amigo que acabou de conhecer? Não tinha como cair naquele papo furado.
- Olha, se o Tomura falar o dele, você fala também. Que tal? – a loira sugeriu como sua última jogada. Se aquilo não funcionasse desistiria, por hora.
Midoriya revezou seu olhar entre a dupla e Shigaraki, pensando seriamente no que teria a perder caso aceitasse a proposta. ‘Talvez sua dignidade.’ Sua consciência o alertou. Por fim, olhou bem para o rosto do azulado, notando que ele não parecia com muita vontade de interagir, quanto mais compartilhar seus fetiches.
Fitou Toga sabendo que as chances de se arrepender de sua decisão eram bem grandes antes de sorrir para a garota.
- Se ele disser... – ergueu as mãos como se dissesse que não dependia mais dele, sorrindo despreocupado, no entanto sentiu sua espinha gelar ao ver Tomura lhe sorrir maldoso.
- Já que é assim... – ele começou olhando fixamente para Izuku.
O esverdeado não podia crer que o maior iria revelar uma coisa daquelas apenas para lhe prejudicar, era muita maldade para com a sua pessoa.
Shigaraki realmente não pretendia se envolver na conversa, mas ver a expressão de desespero do sardento estranhamente o divertia e o deixava com vontade de sacanear o mais novo, claro que sem metê-lo em grandes problemas. Coisa normal e saudável de amigos, não é mesmo?
- Se chama quirofillia. – disse calmo com um toque de desgosto na voz. – Eu basicamente sinto atração por mãos. – explicou ao ver que o sardento não sabia do que se tratava.
‘Filho da puta!’ Midoriya o amaldiçoou ao mesmo tempo que olhava estranho para o mais velho. Era novidade para si alguém sentir atração por mãos. Com tantas coisas para se ter um fetiche, por que justamente por mãos? Era esquisito, no mínimo.
Logo o trio de Perdidos estava lhe encarando aguardando sua resposta, fazendo com que o adolescente olhasse para todos os cantos do refeitório buscando uma escapatória. Após pensar e traçar sua rota de fuga com cuidado, fitou os três com um belo sorriso ladino lhe enfeitando os lábios.
- A única coisa que consigo pensar é... – ele fez uma breve pausa. – Não vai ser fácil vocês me fazerem falar. Bye! – se levantou num rompante e saiu correndo do refeitório, não dando tempo para o trio processar a informação corretamente.
Mesmo que tivesse que passar o resto do dia se escondendo daqueles três, Midoriya não iria ceder e falar uma coisa pessoal daquelas. E também ninguém havia obrigado eles a falarem seus gostos sexuais, nem mesmo o estranho fetiche por mãos de Shigaraki.
Tinha arranjado alguns amigos e isso o deixava feliz, só era uma pena que eles eram um bando de loucos que deveria evitar por aquela segunda-feira. Realmente, uma pena.
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