Lauren POV
Assim que a luz surgiu, não demorou para que viesse em minha mente que hoje era sábado, o dia que tanto ansiei e ao mesmo tempo temi. Final de semana significa não ver Camila, não observar seu sorriso e não contemplar a garota que desperta copiosos sentimentos em mim. Consequentemente, dia de ir para casa comparecer ao jantar de negócios dos meus pais.
Na verdade, era sempre a mesma coisa maçante: Ficavam falando a respeito do trabalho, minha mãe iniciava um proveitoso diálogo com a outra mulher presente e eu, como primogênita, tinha que aparentar um interesse sacal de como estava amando aquele completo aldrabice.
Meus irmãos e Vero, junto a mim, esperávamos a limusine no encontro da Wheeler com a Main. Prontamente avistamos uma Maybach Landaulet, vindo da Bartlet Street.
O Landaulet foi baseado no estilo das limusines que fizeram de Maybach uma das marcas mais populares de carros de luxo nos anos 1920. Usa um motor V-12 bi-turbo, de 62S 612 cavalos de potência.
O carro ficou famoso por seu teto rígido retrátil que permitia aos passageiros aproveitar o sol. O veículo fora equipado com couro branco, com incrustacões de granito salpicado de ouro.
Nossa limusine parou a alguns metros e logo entramos.
* * *
A trajetória até a mansão se tornou cansativa. O assunto principal englobava Camila, em como Taylor a considerava admirável e no modo com o qual Chris criara um certo fascínio por ela.
Vendo meu aparente desconforto, Vero se absteve de qualquer participação no diálogo.
A limusine, por conseguinte, adentrou Coconut Grove, o mais antigo bairro continuamente habitado de Miami. Era cercado pela North Prospect Drive, ao sul, pela LeJeune Road, a oeste, pela South Dixie Highway e pela Rickenbacker Causeway, ao norte, e pela Biscayne Bay, a leste. É ao sul dos bairros de Brickell e The Roads, e leste de Goral Gables.
Tinha uma área total de 5.607 sq mi (14,52 km²), uma população estimada em 2010 de 20.076 habitantes com densidade de 8.006 / sq mi (3.091 / km²).
Localizado na parte sudeste do estado norte-americano da Flórida, está a Mansão Villa Les Cedres, atual residência da família Jauregui.
Construída em 1830, com 18.000 m² de área, com 35 hectares de jardins bem cuidados, com mais de 14.000 espécies de plantas, e mais de oitenta anos de dedicação às plantas exóticas. A propriedade ainda conta com lagoa artificial, jardim de inverno, jardim de prazer, sala de jantar grande, com 41 metros de comprimento, quadras esportivas e heliporto. Há espaço para até cem carros no estacionamento.
A mansão conta ainda com quatorze quartos, biblioteca de 3.000 livros, piscina olímpica e sacada com vista.
Descemos da limusine e calorosamente fomos recebidos com o entusiasmo de Clara Jauregui.
- Quantas saudades eu senti de vocês - Abraçou cada um de nós. - Não se esqueçam do jantar de hoje à noite. É importante!
- Estamos cientes disso, mãe, fique tranquila - Disse Chris, sorrindo.
- Assim espero. Depois quero saber de tudo o que aconteceu na primeira semana no Phillips Academy Andover. - Argumentou sorrindo. - Tomem um banho e fiquem apresentáveis, temos visita. Um amigo de Michael está aqui e, conseguinte, jantaremos na casa dele hoje à noite.
- Mas, mãe, eu e Chris gostaríamos de ir ao Shopping, precisamos comprar uma roupa - Argumentou Taylor.
- Tudo bem, podem ir. Lauren e Vero, estou esperando vocês na sala.
Camila POV
O estoque Rolls Royce Phantom é um dos carros mais caros do mundo, mas a Phantom Limo é equipada com armadura à prova de balas e escritório de tamanho ideal, juntamente com todas as características de luxo de um Rolls Royce. E possui um motor V12, 6.8 litros, capaz de empurrar 432 cavalos de potência.
A limusine Rolls Royce Phantom Limo havia me deixado em frente a mansão Fairfield Pond, em Coconut Grove.
Esta grande mansão é a casa da família Cabello. Tem 63 hectares, possui 29 quartos, 39 banheiros, 2 campos se tênis, 2 campos de Squash, pista de boliche, sala de jantar e banheira de hidromassagem de US$ 150.000. Fora a casa principal, ainda há uma casa de jogos e duas casas de piscina.
Assim que cheguei em casa, minha mama me colocou para auxiliar. Nem mesmo Sofi escapou de ajudá-la. Sinu estava eufórica com as visitas que receberíamos à noite e exigia que tudo saísse perfeito.
Tentei convencê-la que seria muito mais trivial contratar um buffet, mas ela contestou aceitar.
Nos reunimos na ampla cozinha. O piso de mármore negro contrastava com o design contemporâneo em conjunto com os móveis pretos e o vidro cristalino que compunha a bancada da cozinha. O que ressaltava ainda mais o lustre ortogonal e a porta de vidro escuro.
- Para a entrada, pensei em pudim de chocolate Lindeth.
Esse item é feito basicamente com quatro dos melhores chocolates belgas e caviar dourado. A primeira vez que experimentei foi em uma viagem de família à Inglaterra, no restaurante do Chef Marc Gibert. Com certeza, uma ótima escolha como entrada.
- Tudo bem. Podemos acrescentar morangos Arnaud - Completei. Esse prato é uma mistura de morangos, sorvete de baunilha calda de vinho tinto, chantilly e hortelã. - Ou podemos simplesmente servir Carpaccio.
- O que acham de Mattake para o prato principal? - Este é um cogumelo micorrízico altamente cobiçado.
- Não acho uma boa ideia, mama, nem todo mundo gosta de cogumelos. Suponho que Bombay Brassiere's Samundari Khazana Curry seja melhor.
Nesse prato é incluído caranguejo Devon, trufa branca, caviar Beluga em folha de ouro comestível e também lagostas escocesas revestidas de ouro, quatro abalones e quatro ovos de codorna recheados com mais caviar.
- Podíamos fazer também o Craftsteak's Wagyu Ribeye Steak.
A carne Wagyu é um item procurado e as vacas criadas são alimentadas com cerveja e são massageadas regularmente para garantir certa textura.
- Ótima ideia, Sofi - Disse mama, minha irmã sorriu abertamente. Dito isso, começamos a preparar os pratos, deixando a sobremesa para o final.
Peguei uma panela e enchi com bastante água. Priorizei lograr muita água à sobrecarregar a panela com a lagosta. Adicionei uma colher de sal por litro e coloquei um raminho de tomilho, duas folhas de louro e o suco de um limão. Isso fazia com que a água ficasse mais como um caldo do que uma salmoura. Do outro lado da cozinha, Sinu cortava a carne Wagyu e minha irmã preenchia os ovos com caviar.
Peguei as lagostas e lhes tirei a cabeça. Lavei bem o corpo dela, cortei o animal ao meio, começando do topo, onde estava a cabeça, até chegar à cauda. Quando a água finalmente ferveu, coloquei na panela.
Trinta minutos mais tarde, as lagostas ficaram prontas e tudo o que precisei fazer para finalizar foi colocá-la em um prato e revestir de ouro comestível com os quatro abalones e os ovos que Sofi já havia recheado.
Lauren POV
Desci os degraus de mármore negro com a mão direita sobre o corrimão de vidro que descendia na vertical.
O sofá castanho havana com formato em C, dispunha suntuosas almofadas de bronze e fora posto em frente a televisão de oitenta e seis polegadas, que ficava acoplada à parede, acima da lareira.
A mesa de centro era marrom, com um cântaro de orquídeas douradas de Kinabalu. Uma espécie de orquídea em vias de extinção que só pode ser encontrada numa pequena área cercada do Parque Nacional de Kinabalu, na ilha de Bornéu, na Malásia.
A orquídea dourada de Kinabalu prospera em locais úmidos ou com muita água e floresce na estação da primavera, nomeadamente no início do mês de março ou de abril para quem se encontra no Hemisfério Norte, ou setembro e outubro para quem está no Hemisfério Sul.
- Até que enfim, Lauren - Disse minha mãe vindo até mim com um sorriso de repreensão.
Por trás, persistia um homem mediano, de cabelos grisalhos e etnia latina. Uma taça permanecia em sua mão direita.
- Deixe-me apresentá-los - Dissertou meu pai. - Alejandro, esta é Lauren, minha filha. Lauren, este é Alejandro, meu grande amigo.
Alejandro levantou-se com um sorriso amigável, ofertando sua mão em um cumprimento.
- É um prazer revê-la, Lauren - Segurei sua mão com tenência.
- O prazer de conhecê-lo é todo meu, Sr. Alejandro.
- Sem formalidades, por favor. Me chame apenas de Alejandro - Eu sorri plácida.
- Como quiser, Alejandro.
Soltamos as mãos e ele me conduziu até o sofá. Me sentei ao lado de Vero.
- Então, Lauren, seu pai me disse que inicialmente você não queria morar em Miami. Por que tanto impasse?
- Bom... Eu fiquei um pouco insegura quanto a vir morar em um lugar tão desconhecido por mim. As únicas vezes em que visitei Miami foi quando havia jogos dos Lions. Isso contribuiu na minha insistência em ficar em Nova York.
- Não queria abandonar o time - Concluiu.
- Exatamente - Eu sorri cordial.
- Mas ainda insiste em voltar?
- Acredito que isso não será mais um problema. Miami tem um clima tropical muito agradável, e não faz um frio congelante como Nova York.
- E o colégio está sendo agradável? Os alunos estão sendo amáveis com você?
- Sim, o colégio é esplêndido e os alunos foram muito calorosos comigo.
- Especialmente as meninas - Comentou Vero com sorriso mordaz, olhando para mim.
- Ah, isso é muito bom, filha - Expressou meu pai, com gentileza cavilosa.
- Eu não ficaria tão feliz com isso, Michael, Lauren não olha para nenhuma delas - Contou Vero
- Exatamente - Eu disse.
- Não. Na verdade, ela olha para uma pessoa em especial - Confessou Vero. Com fúria, levei meu olhar até ela.
- É mesmo, Lauren? - Minha mãe perguntou sorrindo para mim.
- Não! - Afirmei. - Eu não olho para ninguém.
- Mas é claro que olha. Você é fascinada por certa garota. Michael, você tinha que ver como a Lauren fica babando por ela no treino das líderes de torcida.
- Veronica! - Sensurei.
- Elas vivem brigando, mas pode apostar, Clara, elas ainda vão namorar.
- Você podia trazê-la aqui, Lauren, gostaríamos de conhecê-la.
- Pai, por favor, isso não é necessário.
- Como ela se chama, Veronica? - Questionou minha mãe.
- O nome dela é...
- O nome dela não importa! - Embarguei sua fala.
- Tudo bem se não quiser falar, Lauren, mas um dia nós iremos descobrir - Disse Clara.
- Mas e então, Alejandro, como vai Sinu e suas filhas? - Meu pai transfigurou o diálogo. Abaixei minha cabeça, atordoada com a série de informações que Vero deu a eles.
- Elas estão bem. Sinu está eufórica com o jantar de hoje à noite. Decidiu que ela mesma iria preparar.
- Sozinha? Não ficará sobrecarregada fazendo tudo desacompanhada? - Minha mãe perguntou com apreensão.
- Ah, não se preocupe, Clara, Sofi e Camila estão ajudando ela.
Meu coração bateu forte contra o peito ao ouvir aquele nome. Eu não conseguia respirar, imagens de Camila vinham em minha mente a todo instante. Nosso esbarrão, as discussões, os olhares, o abraço... o quase beijo. Ela se fazia presente de todas as formas em meus pensamentos.
- Camila - Minha mãe saboreou o nome com leveza. - A última vez em que a vi ela era tão pequena.
- Deve está uma linda moça, eu suponho - Disse meu pai.
- Com toda certeza - Alejandro sorriu terno. - Herdou a mesma beleza e altivez de Sinu. E Sofi está cada dia mais parecida com a irmã.
- Não vejo a hora de rever Camila e finalmente conhecer Sofi - Declarou Clara. Alejandro sorriu.
- Bom... infelizmente, eu tenho que ir - Proferiu com soturnidade enquanto se levantava. - A conversa foi bastante proveitosa. E, Lauren... - O olhei. - Foi um prazer.
- Precisamos levar algo para o jantar à noite?
- De modo algum, faço questão apenas da presença de vocês.
Alejandro POV
Entrei na mansão com calma, distinguindo as vozes que vinham da cozinha.
Adentrei o recinto e avistei Sinu dispondo o Brassiere's Samundari Khazana Curry no prato. Camila terminou de limpar os cogumelos com uma toalha úmida e ulteriormente colocou óleo e levou-os ao forno à uma temperatura elevada.
Sofi estava sentada na cadeira, apenas observando.
- Me digam, que milagre ocorreu para que você não colocasse Sofi para fazer algo? - Perguntei à Sinu, recostando-me na porta.
- Na verdade, eu coloquei, mas ela já terminou. De Camila, infelizmente, eu não posso dizer o mesmo - Provocou. Em seguida, Camila a encarou terrificada.
- Óbvio! Nem na época da escravatura se trabalhava tanto.
- Mas que ser humano exagerado - Sinu respondeu sorrindo. - E como foi na casa do Michael?
Camila caminhou até o fogão, observando os cogumelos ferverem.
- Foi ótimo. Fiquei deslumbrado com a filha deles, ela é muito instruída, soube manter o decoro e por vezes foi muito cortês.
- A qual das filhas está se referindo?
- Lauren.
Camila me fitou com assombro. Por um instante pensei que aquele nome lhe trouxesse lembranças, mas logo esqueci essa idéia. Camila e Lauren eram muito pequenas quando se conheceram, por consequência, eram incapazes de lembrar desse fato, por mais que fossem inseparáveis.
- Ela deve estar deslumbrante. Lauren sempre foi muito bonita.
- Sim, ela está. E pelo que me foi indicado, faz um enorme sucesso entre as meninas.
- E sem dúvida alguma, é um bom partido para você, hija. Fique de olho! - Articulou Sinu. Arquejei estagnado, a fúria começando a ser liberada. - Ora, homem, deixe de ser ciumento. Acha que Camila um dia não vai se apaixonar e se envolver com alguém? Ela não é puritana!
- Eu sei! - Afirmei. - Mas não será qualquer pessoa que terá minha aprovação.
- Então que bom que você gostou de Lauren. Ouviu bem, Camila? Tem meu consentimento e a aprovação de seu pai. Você e Lauren já podem namorar.
- Mama! - Repreendeu com timidez.
- Isso não será possível, Sinu.
- Porque? Ela é comprometida?
- Não ainda, mas paresse que está interessada em alguém do colégio. Então, a menos que Camila seja essa pessoa, esse romance não será possível.
Camila POV
Posteriormente ao auxílio que dei a minha mama, pude ter algumas horas de descanso antes do comparecer da noite.
A seguir, me banhei e comecei a me arrumar.
Priorizei usar algo formal, como exigia aquela ocasião. Decidi usar um vestido preto, que alcançava as coxas. Dispunha de duas exíguas aberturas na região do abdômen, ombro a ombro e modelagem ajustada ao corpo.
Coloquei uma sandália Knotted 100. Elas eram projetadas com detalhes esculturais, incluindo um calcanhar angular distinto, biqueira quadrada e a assinatura de Stuart Weitzman de grande hardware de metal.
Desci as escadas e encontrei minha família já sentada no sofá. Papa travaja um sofisticado terno da Ermenegildo Zegna.
O terno tinha duas peças em lã e seda cinza escuro. O blazer possuía colarinho com lapelas, bolsos frontais com lapelas e fechamento frontal por botões. Calça com bolsos traseiros com debrum e botões, bolsos laterais e passantes no cós.
- Até que enfim, hija - Disse Sinu. - Eles já devem estar chegando. Vá até a cozinha ver se está tudo certo.
Lauren POV
Parece que o destino gosta de brincar com a gente. Camila era um nome integralmente novo para mim, e já tinha um enorme significado. Era forte, poderoso, confiante e isocronicamente afável e fleumático, em oposição a sua dona.
Na mesma proporção que Camila era fogo e conflagração, eu era paz e calmaria. Opostas, distintas, mas que tinham seus caminhos cruzados de maneira única.
Eu sabia que seria mais prudente deixar meus pensamentos acerca de Camila para outro momento, neste instante, eu precisava me reter a antepor uma roupa para o jantar na casa de Alejandro.
Por conseguinte, vesti uma calça social vinho feito de gabardine de lã stretch embelezada com a logomarca Doulce & Gabbana. Com ajuste fino, fecho de botão e zíper ocultos, passantes para cinto, bolsos frontais inclinados e baixo Kate. A fluidez da Cady é combinada com fendas na bainha, uma mistura vencedora para um movimento elegante.
Uma blusa preta Top Bourbon, confeccionada em malha com toque de cashmere. Possuía mangas longas, gola rolê, modelagem ajustada ao corpo e caimento reto.
Para perfazer, um blazer preto feito a partir de clássico Cady, bolsos externos flap, Lapel Collar, punhos abotoados, dupla aberturas de trás, totalmente forrado, Single-breasted, fechamento frontal e toque texturizado. Com ajuste fino que o tornava feminino e sempre contemporâneo.
Desci os degraus da escada ainda abotoando os punhos do blazer, meus cabelos soltos balançavam em conformidade com a brisa de frescor que passava.
Sentada no sofá, junto aos meus irmãos, estava Vero, rodeada com as suntuosas almofadas e os pés sustados no centro.
- Nossa, Lauren! - Declamou com espanto. - Você pretende conquistar uma das filhas do Alejandro?
- Como disse? - Interpelei confusa. Minhas sobrancelhas desceram e a testa franziu.
- Esse é o modo da Vero dizer que você está irresistível - Relatou Taylor.
- Ah... Obrigada, Vero!
- Não foi um elogio - Revelou séria.
- Que seja - Revirei os olhos, sorrindo.
Meus pais adentraram a sala de estar, vindos da cozinha. Michael portava uma garrafa de vinho tinto nas mãos.
- Todos prontos? - Perguntou minha mãe.
* * *
Com todos os integrantes da casa adequadamente trajados, seguimos em direção à mansão de Alejandro.
Assim que meu pai pressionou a campainha, permanecemos inerte em frente a primorosa porta.
Confeccionado em aço, o portão apresentava folhas decoradas que imitam os fios reticulados de uma folha vegetal, oferecendo desenhos sinuosos e elegantes em uma estilização da natureza. A parte de trás do portão apresentava uma lâmina clara também em metal que reflete a luz de preenchimento. A mistura de materiais surge na cobertura do portão, em varas de bambu, enfatizando o aspecto rústico. Já a cor vibrante dos muros laterais agrega intensidade ao conjunto.
Incontinentemente, a porta foi aberta e com sorriso fortunoso, Alejandro surgiu.
- Bem na hora - Declarou. - Entrem, por favor.
Ingressamos para dentro da mansão, dando vista à sala de estar com seus tons neutros claros. Ela se destacava pelo conforto e pelo aconchego do sofá de linhas retas, das poltronas de design moderno e do tapete fofinho. A mesa de centro espelhada aumentava a sensação de modernidade, que era reforçada pelo painel claro da TV.
À esquerda, descansava um piano de cauda preto. Com o suporte segurando a tampa aberta, ficando visíveis os elementos mecânicos e as cordas horizontais, que aproveitavam o espaço que o instrumento dispunha para ficarem paralelas ao chão.
- Sinu! - Minha mãe proferiu com deleite ao ver a mulher sorridente se aproximar.
- Clara, como é bom revê-la - Discorreu, ofertando um abraço apertado em minha mãe. Sobre o ombro de Clara, seu olhar desencaminhou em minha direção com espavento. - Esta deve ser Lauren - Eu sorri com emoção. - Nossa! A última vez em que a vi você era somente um bebê.
- É um prazer conhecê-la - Ofereci a mão.
- Igualmente.
- E estes são Taylor e Chris, os ultimogênitos - Clara disse.
Sinu cumprimentou cada um com inteligibilidade.
- E você deve ser Veronica, acertei? - Inquiriu Sinu.
- Apenas Vero, por favor.
- Bom... Sei que combinamos que eu não traria nada para o jantar, mas lamentavelmente não pude me conter - Michael hasteou o braço, exibindo o vinho que carregava.
- Ah, não era necessário - Disse Alejandro.
- E onde está Camila? - Clara perguntou. - Pelo que Alejandro descreveu ela é uma jovem deslumbrante.
- Está na cozinha - Sinu redarguiu. - Querido, porque não vai guardar o vinho na adega?
- Não, não - Emitiu meu pai. - Lauren pode fazer isso.
- Claro. Seria um prazer - Eu articulei.
- Aproveite e traga Camila com você. Estamos ansiosos para conhecê-la.
Peregrinei de forma irrequieta. Finalmente iria conhecer Camila. Aquele nome tinha um significado colossal para mim, por mais que eu contestasse que ela fosse mais bela do que aquela que ocupava meus pensamentos.
Camila POV
Caminhei apressada e no terceiro passo a frente quase esbarrei com um peito forte. Levantei meus olhos para ver meu obstáculo e abri a boca por reflexo... Surpresa. Lauren estava bem ali, na minha frente, e estava inexprimivelmente linda, ela me olhava com seus olhos verdes brilhantes em uma espécie de aflição portentosa.
Sua fragrância cítrica inconfundível tomou o ar a minha volta como uma nuvem carregada e sem pensar duas vezes inalei profundamente para apreciar cada nota. Era como se estivesse embriagada. E agora estava desnorteada, sem coordenação para reagir.
- O que está fazendo aqui, Camila? - Sua voz rouca ecoou cadenciosa e grave. Poderia passar a noite inteira descrevendo a forma aveludada como meu nome ecoou em meus ouvidos. Sem responder, fitei seu rosto, maravilhada demais para encontrar minha voz.
- Eu lhe faço a mesma pergunta. Aqui é minha casa - Ela pregueou o sobrecenho. Seus olhos brilhavam em um tom mais cristalino, com a consternação provindo sua face.
- Você é a filha do Alejandro - Sua constatação me perpetrou. Instantaneamente, seus lábios se desnivelaram para cima, um sorriso nascendo.
Mas então, seus fortes e robustos músculos se estiraram. Seu rosto se tornou duro e implacável, como ela era.
- Seus pais solicitam sua presença na sala - Ela volteou meu corpo e se redirecionou para em frente à adega climatizada Sommelier 230.
Eram cinco tipos de compartimentos. Dois separados para os vinhos tintos, com armazenagem de aproximadamente 150 garrafas Bordeaux. Um para os brancos, em torno de 35 Garrafas, outro para o Rosé e mais um compartimento para o vinho espumante.
À vista disso, não delongou e logo voltamos para a sala. Andei tão depressa que mal senti os pés no chão. Isso foi engraçado, sabia que estava em movimento, mas era como se meus pés estivessem anestesiados. Senti o chão novamente e balancei a cabeça... Precisava me acalmar.
Respirei fundo, estava criando muitas expectativas para essa noite e isso significa problemas desnecessários para minha vida.
Entrei no cômodo, posteriormente à Lauren. Alejandro e Sinu dialogavam com os pressupostos pais de Lauren, ao mesmo tempo que, Chris e Taylor conversavam energicamente com Vero.
Taylor volveu sua cabeça com lisura e sem hesitação seus olhos fixaram-se aos meus.
- Camila? - Taylor enunciou hermética.
Meus pais e os de Lauren assistiram a surpresa transpassar os olhos de Taylor e Chris.
- Ora, mas que coincidência - Proferiu Vero.
Sofi desceu as escadas como um foguete. Tinha um sorriso embevecido, que se tornou maravilhado ao ver Lauren.
- Olha, Kaki, ela é tão bonita... Parece a minha Barbie - Soltou o elogio com entusiasmo, mas essa comparação era tudo o que eu não precisava ouvir.
- Obrigada! - Ela galgou até Sofi, curvando-se até ficar agachada. - Você também é linda!
- Qual o seu nome?
- Lauren.
- Você é bonita, Lauren. - Seus lábios se curvaram e ela sorriu.
- Você também.
- Papa diz que eu me pareço com a Kaki.
- Kaki? - Interpelou confusa.
- Sim. Ela é minha irmã - Sofi declamou com olhar simplório. - Ela não é bonita?
- Claro! Sua irmã é muito linda.
Lauren se manteve cativa quando seus olhos verdes e perigosos contemplaram meu rosto de forma encantadora. Eu tinha uma vontade de ferro. Estava assustada com a paixão que sentia e não obstante fui capaz de sustentar seu olhar.
Minha mãe pousou o braço por sobre meu ombro com cortesia, me coagindo a resistir àquele olhar.
- Esta deve ser Camila. Sou Clara Jauregui, é um prazer conhecê-la.
- A honra é toda minha, Sra. Jauregui.
- Ora, não é necessário me tratar com tamanha formalidade. Por favor, me chame apenas de Clara - Depois do abraço e dos beijos cuidadosos para evitar a transferência de batom dos lábios de uma para a outra, Clara disse. - E este é Michael, meu marido.
- É um prazer. - Ele se moveu, me apertando entre os braços.
- Podemos ir jantar agora, visto que as apresentações já foram feitas - Disse meu papa.
Clara trespassou com deslumbre pela sala, contemplando o piano de cauda preto à esquerda. Sinu estudou seu olhar concomitante com graciosidade.
- Hija, porque não toca algo para que possamos ouvir?
- O que? Eu? - Interpelei com espavento para minha mama.
- Sim. Tenho certeza de que iremos apreciar essa ínfima apresentação - Confessou Michael.
- Mas eu não toco muito bem.
- Camila, não seja modesta. Por favor, toque para nós - Articulou meu papa sorrindo.
- Está bem.
Peregrinei taciturna até o piano, observando as oitenta e oito teclas. As brancas eram cobertas de marfim e as pretas revestidas em ébano. Me sentei na superfície da banqueta almofadada e alçapremei o tampo do teclado. Posicionei as mãos sobre as teclas e comecei a executar a melodia de Nocturne Op. 9, No. 2.
Chopin compôs seu mais conhecido Nocturne em Eb (Mi bemol maior) em forma binária arredondada (A, A, B, A, B, A) com coda, uma passagem que leva uma peça (ou um movimento ) a um fim. As seções A e B tornaram-se cada vez mais ornamentadas a cada recorrência. No penúltimo bar, utilizei considerável liberdade rítmica, indicada pela instrução senza tempo (sem tempo). Abri com uma melodia de legato, contendo graciosos saltos para cima que se tornaram cada vez mais largos à medida que a linha se desenrolava. Esta melodia foi ouvida novamente três vezes durante a peça. Com cada repetição, variado por tons decorativos e trinados cada vez mais elaborados.
Forneci uma base sonora para a linha melódica pelas notas amplamente espaçadas no acompanhamento, conectadas pelo pedal abafador. O acompanhamento em forma de valsa enfatizava suavemente os 12/8 metros, 12 batidas à medida subdividida em quatro grupos de 3 batidas cada.
No momento em que terminei, contive a ânsia de encontrar o olhar dos que estavam me ponderando.
- Isso foi simplesmente... - Chris principiou com cautela.
- Espetacular! - Confidenciou Lauren. Sua voz me envolveu e encontrou meu coração.
- Eu ia dizer incrível, mas isso também se acomoda ao sentido da frase.
Lauren POV
A sala de jantar era integrada à sala de estar, apresentando não apenas o idêntico piso branco, mas também a mesma paleta de cores claras no mobiliário. A mesa de vidro era cercada por cadeiras estofadas lisas e marcantes, com estrutura em alumínio. Um aparador branco servia de discreta divisória entre os dois ambientes e para completar, um belo lustre de cristal sofisticado com design moderno.
- Espero que tenhamos acertado a entrada - Sinu proferiu.
- Decerto que sim - Expôs Clara.
- De acordo. O Carpaccio de vieiras está muito saboroso - Michael divulgou.
O Carpaccio é um prato de matéria de carne ou peixe, finamente fatiado e servido sobretudo como antepasto. Foi inventado em 1950 por Giuseppe Cipriani, do famoso Harry's Bar de Veneza. A criação foi dedicada ao ilustre pintor renascentista Vittore Carpaccio.
O Carpaccio de vieiras é elementar, finas fatias de carne bovina dispostas em um prato com diversos temperos. A vieira é um molusco com sabor muito leve, quase adocicado.
- A idéia inicial da entrada era pudim de chocolate Lindeth com morangos Arnaud, mas Camila achou mais adequado substituirmos por Carpaccio.
- Uma excelente recomendação, devo ressaltar. - Meu pai enunciou com brandura, saboreando a vieira.
- Sim. E Sinu sempre cozinhou exponencialmente bem.
- Muito obrigada, Clara, mas dessa vez quem deve auferir os créditos é Camila - Sinu dissertou, oferecendo um apreciar envaidecido à filha.
Eu e Camila estávamos sentadas defronte e, de repente, ela ergueu o rosto. Vi um brilho em seus olhos que nunca havia percebido antes.
Queria achar uma palavra para descrever esses olhos. Aquele enfitar castanho que me contempla tão profundo que talvez consiga enxergar meu coração. Talvez consiga vislumbrar os machucados e as feridas dele. Talvez consiga entrever como ele fica quando é invadido pelo sorriso mais lindo do mundo. Talvez saiba que ele só bate mais forte com a presença desses olhos e desse sorriso.
Quando eu olho aqueles olhos, por mais fundo que descortine, não sou capaz de compreender nada, simplesmente porque esses olhos me desconcentram.
Já não existem mais problemas quando aquele admirar invade meu coração. Eu flutuo, viajo para longe e meu sorriso entrega tudo isso.
Nego, desminto a mim mesma, contradigo todo mundo, mas eu sei e todo mundo entende... Meu sorriso não é o mesmo quando eu vejo ela, meus olhos não são os mesmos quando vejo Camila.
Tudo muda. O sorriso fica largo, fica bobo. Os olhos brilham, reluzem como o observar de uma criança quando ganha o presente que tanto queria. Os pés flutuam, já não estão mais no chão e a mente viaja... Vagueia para bem longe.
- Tive uma lépida impressão de que se conheciam quando foram apresentados - A voz rompante de Alejandro me compeliu a distanciar o olhar de Camila.
- Sim. Nós já nos conhecemos. - Contemplei as expressões faciais transfigurarem concupiscência.
- Que ótimo. E de onde? - Sinu interpelou venturosa.
- Estudamos no mesmo internato. Eu, Camila e Lauren somos da mesma sala. - Vero esclareceu.
- Ah, Lauren, porque não trouxe sua namorada? Adoraríamos conhecê-la - Sinu sondou. Camila sobrelevou o olhar com languidez.
- Eu não tenho namorada - Esclareci.
- Não? Você está solteira?
- Sim! - Afirmei
- Que ótimo. Camila também.
- Mama! - Ela censurou constrangida. Meus pais exprimiram satisfação ao ouvir o comentário. As sobrancelhas de Alejandro desceram com furor.
- Mas eu presumo que você tenha alguém em vista, não? - Sinu perscrutou com indiscrição. Meu sorriso hasteou, e eu suspirei taciturna.
- Bom... Na verdade...
- Ela tem, sim! - Vero certificou.
- Ela tem? - Chris pregueou o sobrecenho.
- Se tem! - Ela transpareceu cinismo. - Ela é do internato.
- Talvez Camila a conheça - Discorreu minha mãe.
- Provavelmente. Qual o nome dela? -Indagou. Sua hipnotizadora voz era incrivelmente tentadora, ainda que a percebesse lastimosa.
- Não importa - Enunciei com ternura. Seu olhar unificou-se ao meu e senti meu corpo arrepiar.
- Ela é líder de torcida.
- Como é que você sabe disso, Taylor? - Interpelou Vero, com o semblante contérrito.
- Pergunto o mesmo.
- Sou a melhor amiga da Lauren - Esclareceu.
- E eu sou irmã dela.
- E porque eu não sei de nada? - Indagou Chris.
- Isso não importa agora - Asseverei com voz grave. O silêncio enfermiço empossou o ambiente.
- Seja quem for, receio que não seja tão encantadora quanto Camila - Minha mãe expressou e a latina sorriu convidativa.
- Obrigada! - Empunhei a taça de vinho tinto Domaine de la Romanée-Conti Grand Cru.
Produzido na região Cote de Nuits, na França, onde se encontra uma das vinícolas mais famosas do mundo. A bebida pertente a marca Romanée-Conti, uma das mais reconhecidas do mundo.
- Vocês duas seriam um belo casal - Clara confidencia álacre. Minha epiglote falhou e o vinho seguiu para a laringe, me fazendo engasgar. Lobriguei meu pai, Taylor e Vero retendo o gracejo impertinente, na mesma proporção que Alejandro dilapidava o ciúme.
- Hija, saia com Lauren para tomarem um pouco de ar. Creio que ela engasgou com alguma coisa - Sinu enunciou satírica.
Paulatinamente, Camila se ergueu e avançamos em vertente ao jardim.
* * *
As flores brincavam com o marear da brisa e a lua se fazia vivente em sua forma minguante. Camila eclipsava todo o alvor do luar dos apaixonados e seu cheiro fazia o vento dormir. Sua fragrância banhava o ambiente e eu sentia sua essência em cada ar que penetrava meus pulmões.
Alguns minutos com ela, sozinhas, em um ambiente que nos deixava tão próximas. O frio acordou as borboletas que voavam frenéticas. Dessa vez precisei me concentrar para que minha respiração não parecesse ofegante.
Fiquei a analisar cada detalhe de seu perfil enigmático. Depois de um minuto, senti a atmosfera ao nosso redor carregar com uma energia que parecia emanar de nossos corpos. O tempo passava e o silêncio acalentava transformando-se em milhões de partículas que ocupavam todo o espaço vazio, me empurrando para ela. Ajeitei-me, lutando contra essa força atrativa como se fossem imãs magnéticos, ela se ajeitou no mesmo instante. Abaixei os olhos. Era muita pretensão imaginar que Camila ficaria afetada com minha presença. Levantei o olhar só para encontrá-la com os braços em volta do corpo.
Camila POV
- Você está com frio - Articulou e com um movimento rápido tirou o blazer feminino.
Bíceps saltaram de seus braços e minha boca se abriu involuntariamente. Admirei as curvas que delineavam na blusa justa e Lauren se pôs atrás de mim, passando-o sobre meus ombros. Não argumentei, apenas aceitei o blazer preto que estava quente e com sua inconfundível fragrância cítrica. Seu perfume me envolveu como uma onda de prazer e quase fiquei tonta. Tentei me acalmar, estava com medo de dizer algo bobo, e Lauren se ajeitou ao seu lado inicial.
No perfume de rosas brancas e aroma cítrico, eu estava ausente e sonhava. O jardim adormece, entre as folhas e os ramos sobre o céu azul abre-se um luar enamorado, e sua voz rouca que antes falava, murmura um riso agora.
- Do que está rindo? - Já estava formulando uma resposta para seu atrevimento, mas quando encontrei seus olhos verdes brilhando meu coração derreteu. Rendi-me ao seu encanto.
- Nada. É que esta é a primeira vez que não discutimos - Ela respondeu com um sorriso encantadoramente charmoso. - Foi inesperado te encontrar hoje. - Analisei sua conclusão por um segundo. O brilho de seu olhar estava lá novamente, sedutor e irresistível.
Recheado de segredos. Mergulhei nos oceanos verdes tentando desvendar apenas um de seus mistérios e fiquei hipnotizada pela figura. O silêncio que se seguiu trouxe com ele aquela força atrativa de novo, o imã invisível.
Ele estava entre nós, nos aproximando, e podia jurar que dessa vez a força agia sobre Lauren também. Borboletas frenéticas se agitaram em meu estômago e pisquei quando a porta atrás de nós se abriu, revelando Taylor, que nos chamava para dentro.
* * *
Depois do prato principal e da sobremesa, nos direcionamos para a sala de estar.
Sofi, que estava sentada ao meu lado, se levantou e sem timidez alguma, puxou Lauren pelas mãos com um gesto muito natural. Olhei para minha irmã chocada.
- Você ainda não viu meu coelho. Vem ver.
Ela convocou como se a conhecesse. Lauren obedeceu aos comandos dela. Acompanhei a cena com os olhos aflitos e assisti subirem as escadas. Ulteriormente as segui.
Lauren se ajoelhou no chão do quarto enquanto Sofi tirava o coelho de pelúcia da gaiola.
- Acho que não é preciso...
Agachei, tentando me esticar para impedi-la, mas Lauren segurou minhas mãos. Senti o calor de seu toque como pequenos choques e as familiares borboletas se agitaram em meu estômago.
- Quero conhecer o coelho dela - Ela disse com a mesma voz rouca e seus poderosos olhos verdes sorriram para mim, congelei para admira-la.
Lauren largou minhas mãos para pegar a bola peluda que Sofi erguia. Precisei piscar algumas vezes... Em sua feição e elegância, Lauren estava agora sentada no chão do quarto com um brinquedo nas mãos. Minha irmã tagarelava sobre o que o bicho gostava de comer e a Jauregui chegou a desenvolver um diálogo construtivo com ela.
- Fiz um desenho dele... Quer ver? - Perguntou Sofi, animada. Recebendo um sorriso largo em troca.
- Com certeza.
* * *
Não tardou e Sofi finalmente dormiu. Lauren guardou o coelho na gaiola como se fosse a coisa mais natural do mundo. Não resistimos e começamos a observa-la ressonar calmamente em uma respiração ritmada.
- Ela é muito inteligente para a idade dela - Revelou. Eu apenas concordei com a cabeça. - Muito simpática também.
- Desculpe por isso - Apontei para o coelho. Ela sorriu e se levantou elegantemente, com gesto educado estendeu as mãos para me ajudar. - Obrigada! - Digo enquanto era puxada para cima.
Meus olhos pararam em nossas mãos unidas e quando olhei para seus olhos, eles brilhavam. Fazia crescer um calor aconchegante em meu peito, que subia pela minha garganta fazendo meus lábios se esticarem involuntariamente, estava feliz por vê-la hoje.
- O que foi? - Inquiri.
Ela soltou nossas mãos e enquanto a minha formigava, Lauren estendeu a dela até meu rosto. Hesitou por um momento, mas depois, com um olhar decidido, esticou um dedo para tocar o canto da minha boca. Um arrepio percorreu meu corpo enquanto seu dedo quente deslizava lentamente por minha pele, acompanhando o contorno do meu lábio inferior. Permaneci imóvel enquanto ela se concentrava no movimento.
- Você tem chocolate no rosto - Ronronou sorrindo e inesperadamente, recolheu o dedo a boca. - Muito bom.
Por um segundo fiquei parada no mesmo lugar, imaginando se estava sonhando. Mas algo a mais me surpreendeu, Lauren não parou por aí. Com olhar decidido se aproximou de mim calmamente, o que fez minha espinha arrepiar-se, e como se não fosse suficiente, seu rosto se aproximava cada vez mais do meu, eu estava desesperadamente nervosa.
Finalmente seus lábios chocaram-se a minha pele, na bochecha. Seu rosto se separou lentamente. Seus olhos clareavam gradativamente à medida que um sorriso tímido se abria. Lauren poderia ser arrogante e mal-humorada, mas provoca em mim reações que nunca na minha vida senti.
Rapidamente ela desceu as escadas, deixando-me pensativa no quarto de minha irmã. Com um suspiro, voltei à realidade com a contratação que estava perdidamente apaixonada por Lauren Jauregui.
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